CRESCIMENTO, FLUTUAÇÕES E PLANEJAMENTO ECONÔMICO
ALTERAÇÕES DA ESTRUTURA SETORIAL DO EMPREGO NAS DÉCADAS DE 80 E 90
NO BRASIL E SEUS PRINCIPAIS INFLUENCIADORES
Rodrigo Silva Barreto1* [email protected], Silvia Harumi Toyoshima2 (Orientadora)
1, 2 – Depto. De Ciências Econômicas, CCH, UFV, Viçosa/MG
(INTRODUÇÃO) A escalada do desemprego no país tem suscitado muito interesse entre os pesquisadores.
Porém a maioria restringe-se à análise do perfil do emprego atual no país e a dos níveis de desemprego por
região. Contudo, pouca bibliografia é encontrada para trabalhos empíricos que mensuram os deslocamentos
setoriais da mão-de-obra. O objetivo desse trabalho é avaliar o impacto da reestruturação produtiva e
tecnológica, em curso no Brasil, sobre a estrutura do emprego setorial. O estudo centra-se na idéia de que a
demanda por trabalho pode sofrer choques que atingem diferentemente os setores provocando aumento na
demanda por trabalho nos setores favorecidos. Para tanto, o presente trabalho analisa o período compreendido
entre décadas de 80 e 90, onde se pretende fazer um estudo comparativo entre as fases anterior e posterior à
abertura comercial brasileira. Tal comparação apoia-se no pressuposto que a abertura comercial, por incentivar
a adoção de novas tecnologias e processos, tende a ser um fator gerador de choque idiossincrático.
(METODOLOGIA) Geralmente, as novas tecnologias são poupadoras de mão-de-obra. Entretanto, no longo
prazo, os setores mais demandantes destas tecnologias tendem a aumentar a demanda por emprego. Tal
aumento de demanda em alguns setores e a redução em algumas atividades que se tornam menos
importantes, no novo paradigma produtivo, provocam uma ampla transferência do emprego entre os setores. A
pesquisa tem como referencial teórico as discussões sobre os impactos das mudanças tecnológicas nos
setores, enfatizando a questão do emprego. Em geral, choques realocativos são indutores de deslocamentos
setoriais da demanda por capital e trabalho. Ocorrem mudanças e desequilíbrios estruturais devido as taxas de
mudanças técnicas desiguais entre as indústrias. Choques tecnológicos, de mudanças nas preferências dos
consumidores ou de mudanças nos preços dos insumos, por atingirem os setores de maneira diferenciada,
afetam a demanda por trabalho, e cujos impactos sobre o mercado de trabalho requerem maiores estudos.
Como modelo analítico empregou-se o índice de dispersão do emprego setorial utilizado por LILIEN, o qual
tenta captar a incidência de choques setoriais, anualmente – pelo intermédio da diferença do logaritmo do
emprego anual, utilizando a tipologia mais estratificada. Fez-se também um estudo comparativo entre três
bases de dados – RAIS, PME e PNAD. O objetivo de utilizar as três bases de dados é fornecer maior apoio
para realizar a análise crítica-descritiva, dado que a RAIS engloba apenas o mercado formal, enquanto as duas
outras incluem o informal.
(RESULTADOS) Ao calcular índices de dispersão para as três fontes de dados, observou-se certa divergência
entre as mesmas, principalmente no tocante à magnitude dos resultados – fato este que não interfere na
análise dos índices, pois o que se torna relevante não é a magnitude dos valores absolutos, e sim um estudo
comparativo da série como um todo, por base de dados. Os principais resultados mostram que, durante a
década de 80, constatou-se a ocorrência de poucas mudanças na estrutura proporcional do emprego. As que
ocorreram na década de 80 foram, em suma, provocadas por políticas de ajustes interno e externo. Esse
quadro é revertido na década de 90 na qual percebe-se um aumento da dispersão setorial. Principalmente, em
1994 ocorre o ponto máximo global para a RAIS, fato este que não ocorre nas demais, indicando uma maior
reforma da estrutura do mercado formal.
(CONCLUSÕES) Observou-se que os aspectos relacionados a questão estrutural, como o processo de
estabilização macroeconômico, influenciaram significativamente a organização setorial da economia brasileira.
Percebe-se que, para as décadas estudadas no Brasil, as mudanças realocativas sucederam em decorrência
desses aspectos. O aumento da variação da estrutura setorial constatado na década de 90 é atribuído, além à
implementação de políticas de ajuste econômico, à maior adoção de tecnologias em busca de competitividade.
A busca de competitividade foi estimulada, principalmente, pela tentativa de adequação do produto nacional ao
do mercado externo.
Agência Financiadora: PIBIC/CNPq
TRABALHO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
54a Reunião Anual da SBPC - Goiânia, GO - Julho/2002
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alterações da estrutura setorial do emprego nas décadas de 80 e 90