XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. LEVANTAMENTO DENDROLÓGICO NO CAMPUS DE DOIS IRMÃOS, RECIFE-PERNAMBUCO Marcus Aurélio Camelo de Sousa1, Ana Lícia Patriota Feliciano2, Luiz Carlos Marangon3 Introdução A Dendrologia tem as principais funções de identificação, caracterização e distribuição natural das árvores, desempenhando um papel insubstituível na prática da Silvicultura (Marchiori, 2004). Segundo Marchiori (2004), o passo inicial para o conhecimento de uma floresta é o levantamento dendrológico que tem como base conhecer as espécies arbóreas que ocorrem numa região determinada. Em áreas urbanas o plantio de árvores, além de possuir função paisagística, é capaz de interferir perceptivelmente no microclima da região, uma vez que diminui a amplitude térmica, a poluição atmosférica e a sonora, e aumenta a umidade relativa do ar. As árvores atuam também interceptando a radiação solar e interferindo na velocidade e direção dos ventos (Brandão et al., 1997; Costa & Higuchi, 1999). De acordo com Gonçalves et al. (2002), a arborização urbana além da função paisagística proporciona inúmeros benefícios à população, entre eles destacam-se a proteção contra a ação dos ventos, diminuição da poluição sonora, absorção de parte dos raios solares, sombreamento, diminuição da poluição atmosférica neutralizando o excesso de dióxido de carbono purificando assim o ar. A arborização tem influência direta sobre o bem estar do homem, em virtude dos múltiplos benefícios que proporciona ao meio, em que além de contribuir à estabilização climática, embeleza pelo variado colorido que exibe, fornece abrigo e alimento à fauna e proporciona sombra lazer nas praças, parques e jardins, ruas e avenidas de nossas cidades, s e n d o a s s i m indispensável o planejamento da arborização para o desenvolvimento urbano (Dantas & Souza, 2004). Visando a conservação do campus de Dois Irmãos o presente estudo teve como objetivo identificar as espécies arbóreas existentes nas principais áreas, dada a importância das árvores no meio. Material e métodos A. Descrição da área de estudo O estudo foi realizado nas principais áreas do campus de Dois Irmãos da Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE, Recife, Pernambuco, que possui área total de 1.470.000,00 m2, latitude 9°01’S e longitude 34°08’W (PROPLAN, 2004). B. Metodologia O levantamento das espécies arbóreas ocorrentes no Campus Dois Irmãos constou de caminhamento pelas áreas A1, A2, A3 e A4, efetuando o reconhecimento dendrológico de todos os espécimes arbóreos existentes, baseados em literaturas especializadas, consulta a especialistas. Para o material que não foi possível o reconhecimento pelas características dendrológicas foi coletado material botânico e encaminhado ao Herbário Sérgio Tavares do Departamento de Ciência Florestal da Universidade Federal Rural de Pernambuco para identificação taxonômica. Para este estudo foram considerados todos os indivíduos arbóreos com Circunferência a Altura do Peito (CAP) ≥ 15 cm e a altura > 2 m. Após coletados os dados, estes foram transcritos para uma planilha utilizando o aplicativo Microsoft Excel, constando família, nome científico, nome vulgar e quantidade de indivíduos e localização. As espécies foram identificadas de acordo com o sistema de classificação APG III (2009). Resultados e Discussão No levantamento foram encontradas 99 espécies arbóreas plantadas no Campus Dois Irmãos da UFRPE, distribuídas em 31 famílias, e duas espécies estão indeterminadas, que não foi possível a identificação. 1 Estudante do curso de Engenharia Florestal, monitor de Dendrologia, do Departamento de Ciência Florestal, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: [email protected] 2 Professora Associado do Departamento de Ciência Florestal, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av.Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: [email protected] 3 Professor Associado do Departamento de Ciência Florestal, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av.Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: [email protected] XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. As famílias com um maior número de espécies foram: Fabaceae-Caesalpinioideae (9), Fabaceae-Faboideae (8), Fabaceae-Mimosoideae (8), Anacardiaceae, Bignoniaceae e Moraceae, com seis espécies cada; Arecaeae e Myrtaceae com cinco; Malvaceae e Meliaceae, com quatro cada. A família que apresentou o maior número de indivíduos foi a Fabaceae-Caesalpinioideae, com 187 árvores e tendo como destaque o Pau-brasil, Caesalpinia echinata Lam. que esteve presente em todas as áreas do Campus Dois Irmãos e sendo a única espécie a possuir um pequeno bosque com 49 indivíduos. A espécie nativa mais plantada na UFRPE é a Caesalpinia echinata, que segundo Rocha & Barbedo (2008), é uma espécie arbórea do domínio brasileiro da Floresta Atlântica em perigo de extinção conforme a Portaria IBAMA n.37-N, de 3 de abril de 1992, além de ser a árvore nacional por seu valor histórico e simbólico em nossa cultura, cuja comemoração é no dia 3 de maio (Lei Federal n.6.607de 7 de dezembro de 1978). A espécie Mangifera indica L, a Mangueira, é a que apresentou maior número de indivíduo e pertence à família Anacardiaceae, originária da Índia, é uma espécie frutífera e está difundida para muitas regiões de clima tropical assim como o Brasil (Silva, 2006). Referências Angiosperm Phylogeny Group (APG) III. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III Botanical. Journal of the Linnean Society, [s.n.], não paginado, 2009. Brandão, M.; Laca-Buendia, J. P.; Brandão, H.; Gavilanes, M.L. & Ávila G. A. C. Árvores da cidade de Belo Horizonte, MG, nativas e exóticas, utilizadas na arborização de avenidas, ruas, praças e jardins públicos - I: Considerações sobre sua utilização. Daphne, 1997. v.7, p. 22-37. Costa, L. A. & Higuchi, N. Arborização de ruas de Manaus: avaliação qualitativa e quantitativa. Revista Árvore, 23: 223232. 1999. Dantas, I.C.; Souza, C,M.C.; Arborização urbana na cidade de Campina Grande – PB: Inventário de suas espécies. Revista de Biologia e Ciência da Terra, v.4, n.2, 2004. <http://eduep.uepb.edu.br/rbct/sumarios/pdf/arborizaurbana.pdf> 2º Semestre 2004. Gonçalves, W. et al. Plano de arborização urbana de Itaguara-MG. Viçosa-MG, 2002. 36p. Lorenzi, H., Souza, H. M. de; Torres, M. A. V., Bacher, L. B. Árvores exóticas no Brasil: madeireiras, ornamentais e aromáticas. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2003. 368 p. Lorenzi, H. Árvores brasileiras - manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil - v.1. – 4a. edição. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum. 2002. 384 p. Lorenzi, H. Árvores brasileiras - manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil – v.2. – 2a. edição. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum. 2002. 384 p. Lorenzi, H.; Souza, H.M., J.T. de Medeiros Costa, L.S.C. de Cerqueira, E. Ferreira. Palmeiras brasileiras e exóticas cultivadas. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum. 2004. 432 p. Marchiori, J. N. C. Elementos da dendrologia. 2a. ed., Santa Maria, UFSM, 2004. 176 p. PROPLAN. Pró-Reitoria de Planejamento. UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO. Atualização do campus apoiada no aerofotogramétrico da Prefeitura Municipal do Recife. Recife: UFRPE/PROPLAN, 2004. Rocha, Y.T; Barbedo, A.S.C. Pau-brasil (Caesalpinia echinata LAM., Leguminosae) na arborização urbana de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Recife (PE), Piracicaba. Revista SBAU, v.3, n.2, p. 59-77, jun, 2008. Silva, M.G.C.Florescimento e frutificação de Mangueira (Mangifera indica L.) var. Rosa promovidos por diferentes dozes de Placlobutrazol. Bahia: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 2006. 67p. Dissertação Mestrado. XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. Tabela 1: Lista, por ordem alfabética, de famílias e espécies encontradas no Campus de Dois Irmãos na Universidade Federal Rural de Pernambuco. Famílias / Espécies Anacardiaceae Anacardium occidentale L. Mangifera indica L. Schinopsis brasiliensis Engl. Schinus terebinthifolius Raddi Spondias mombin L. Spondias purpurea L. Spondias tuberosa L. Annonaceae Annona muricata L. Apocynaceae Plumeria rubra L. Arecaceae Acrocomia intumescens Drude Roystonea oleracea O.F. Cook Cocos nucifera L. Elaeis guineensis Jacq Pritchardia pacifica Seem. & H. Wendl. 1862 Bignoniaceae Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos Spathodea nilotica Seem Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore Tabebuia elliptica (A. DC.) Sandwith. Handroanthus heptaphyllus (Vell.) Mattos Tecoma serratifolia (Vahl) G.Don Burseraceae Protium heptaphyllum (Aubl.) March. Casuarinaceae Casuarina equisetifolia L Chrysobalanaceae Couepia rufa Ducke. Licania rígida Prance Licania tomentosa (Benth.) Fritsch Clusiaceae Garcinia gardneriana (Planchon & Triana) Zappi Combretaceae Terminalia catappa L. Cupressaceae Cupressus forbesii Jeps. Euphorbiaceae Cnidoscolus phyllacanthus (M. Arg. & Pax et Hoffm.) Hevea brasiliensis (Willd. Ex Adr de Juss.) Muell. Arg. Joannesia princeps Vell. Fabaceae: Caesalpinioideae Bauhinia variegata L. Caesalpinia echinata Lam. Cassia fistula L. Cassia grandis L. Delonix regia Hook. Libidibia ferrea (Mart.) L.P.Queiroz Schizolobium amazonicum Huber ex Ducke Schizolobium parahyba (Vell.) Blake. Senna siamea Lam. Tamarindus indica L. Fabaceae: Faboideae Acacia mangium Willd. Adenanthera pavonina L. Andira nitida Mart. ex Benth. Bowdichia virgiliodes Kunth. Clitoria fairchildiana R.A. Howard Erythrina velutina Willd. Erythrina indica Lam. Leucaena leucocephala Lam. Fabaceae: Mimosoideae Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan Inga flagelliformis (Vell.) Mart. Inga sessilis (Vell.) Mart. Mimosa caesalpineaefolia Benth. Parkia pendula (Willd.) Walp. Pithecellobium dulce (Roxb.) Benth Plathymenia foliolosa Benth. Prosopis juliflora (Sw.) DC. Lauraceae Ocotea sp. Persea americana L. Lecythidaceae Couroupita guianensis Aubl. Malvaceae Ceiba speciosa (A. St.-Hil.) Ravenna, 1998 Adansonia digitata L. Eriotecha gracilipes (K. Schum) A. Rob. Pachira aquatica Aubl. Adansonia digitata L. Apeiba tibourbou Aubl. Meliaceae Azadirachta indica A. juss Cedrela odorata L. Guarea guidonea L. Swietenia macrophylla R.A.King 1886 Moraceae Artocarpus heterophyllus Lam. Artocarpus incisa L. Ficus benjamina L. Ficus mexiae Standl. Ficus elastica Roxb. ex Hornem. Ficus insipida Muntingiaceae Muntingia calabura L. Myrtaceae Eugenia uvalla Camb. Melaleuca leucadendron (L.) L. Psidium guajava L. Syzygium cumini L. Skeels Syzygium jambos L. Oxalidaceae Averrhoa carambola L. Pinaceae Pinus elliottii Engelm. Rhamnaceae Zyzyphus joazeiro Mart. Rubiaceae Calycophyllum spruceanum Benth. Sapindaceae Filicium decipiens (Wt. & Arn.) Thw. Talisia esculenta (St. Hil) Radlk Sapotaceae Chrysophyllum cainito L. Sterculiaceae Theobroma cacao L. Urticaceae Cecropia pachystachya Trécul Verbenaceae Citharexylum pernambucense Moldenke. Tectona grandis Linn.