Identificação Consultor(a) / Autor(a): Antonio Rodrigues dos Santos Filho Número do Contrato: 113080 Nome do Projeto: BRA/IICA/07/009 Oficial/Coordenador Técnico Responsável: Heithel Silva Data /Local: Brasília, 26 de fevereiro de 2014 Classificação Temas Prioritários do IICA Agroenergia e Biocombustíveis Sanidade Agropecuária Biotecnologia e Biossegurança Tecnologia e Inovação Comércio e Agronegócio Agroindústria Rural Desenvolvimento Rural X Recursos Naturais Políticas e Comércio Comunicação e Gestão do Conhecimento Agricultura Orgânica Outros: Modernização Institucional X Palavras-Chave: PRONATEC Campo – PRONAT – PCT – Educação do Campo Resumo Título do Produto: DOCUMENTO CONTENDO PROPOSTA DE ORGANIZAÇÃO DAS INSTÂNCIAS TERRITORIAIS E ESTADUAIS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES FORMATIVAS DO PRONATEC CAMPO NOS TERRITÓRIOS RURAIS E DA CIDADANIA, COM PROPOSIÇÃO DE QUALIFICAÇÃO. Subtítulo do Produto: Organização das instâncias estaduais e territoriais para implementação dos cursos do PRONATEC Campo nos diversos territórios da cidadania. Resumo do Produto: Esta é uma proposta de como deve se organizar as instâncias territoriais e estaduais quando da implementação das ações de formação do Pronaec Campo nos territórios e como qualificar essa organização e oferta. Qual Objetivo Primário do Produto? Este documento tem como objetivo apresentar proposta de organização das instâncias territoriais e estaduais para a implementação das ações formativas do Pronatec Campo nos territórios rurais e da cidadania, com proposição de qualificação. Que Problemas o Produto deve Resolver? Apresentar proposta de organização das instâncias territoriais e estaduais para implementação das ações formativas do Pronate Campo. Como se Logrou Resolver os Problemas e Atingir os Objetivos? A partir de arquivos digitalizados e documentos oficiais existentes na SDT, do Guia Pronatec de Cursos de Formação Inicial e Continuada, do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos e por diversas reuniões e documentos referenciais da Coordenação Geral de Gestão Social. Quais Resultados mais Relevantes? - Fortalecer as redes de educação do campo nos territórios; - Apoiar projetos de educação, formação e capacitação do Pronatec Campo; - Possibilitar o registro e análise das experiências desenvolvidas pelo Pronatec Campo no âmbito do Pronat. O Que se Deve Fazer com o Produto para Potencializar o seu Uso? - Apresentar a proposta de organização das instâncias territoriais e estaduais do Pronatec Campo à equipe da SDT/MDA. PROJETO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA INTERNACIONAL BRA/IICA/12/002 – DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL PRODUTO 03 DOCUMENTO CONTENDO PROPOSTA DE ORGANIZAÇÃO DAS INSTÂNCIAS TERRITORIAIS E ESTADUAIS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES FORMATIVAS DO PRONATEC CAMPO NOS TERRITÓRIOS RURAIS E DA CIDADANIA, COM PROPOSIÇÃO DE QUALIFICAÇÃO. Antonio Rodrigues dos Santos Filho Consultor(a) em Desenvolvimento Rural Sustentável Brasília/DF Novembro/2013 2 Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................... 4 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 6 2. METODOLOGIA ADOTADA ......................................................................................... 14 3. CARACTERIZAÇÃO DAS AÇÕES FORMATIVAS DO PRONATEC CAMPO NOS TERRITÓRIOS RUAIS E DA CIDADANIA. ..................................................................... 15 4. PROPOSTA PARA QUALIFICAR A ORGANIZAÇÃO DAS INSTÂNCIAS TERRITORIAIS E ESTADUAIS NO PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES FORMATIVAS DO PRONATEC CAMPO.......................................................... 18 5. ORGANIZAÇÃO DAS INSTANCIAS ORGANIZATIVAS DO PRONATEC CAMPO. .................................................................................................................................................. 26 5.1. Responsabilidades:....................................................................................................... 26 5.2. Estrutura Organizacional: .......................................................................................... 27 5.3. Passo a Passo do Pronatec Campo nos Estados: ....................................................... 30 5.4. Recomendações/sugestões: .......................................................................................... 31 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 32 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 34 8. ANEXOS ............................................................................................................................. 38 3 APRESENTAÇÃO Este documento tem como objetivo apresentar proposta de organização das instâncias territoriais e estaduais para a implementação das ações formativas do Pronatec Campo nos territórios rurais e da cidadania, com proposição de qualificação. Essa proposta deve estar embasada pelos programas e ações formativas desenvolvidas pelo PRONATEC Campo relacionados ao PRONAT. O presente documento traz as demarcações e características do PRONATEC que tem como objetivo expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos técnicos e profissionais de nível médio e cursos de formação inicial e continuada para trabalhadores. A medida intensifica o programa de expansão de escolas técnicas em todo o País e este com atuação no âmbito do Pronat que é implementado pela Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico (SDT), desde 2003 e tem a parceria de instituições da sociedade civil e dos governos federal, estaduais e municipais. O objetivo do Pronat é acelerar processos locais e regionais que ampliem as oportunidades de geração de renda de forma descentralizada e sustentável, articulados a redes de apoio e cooperação solidária. Sua importância se dá em função de apresentar uma proposta para que seja ampliado o acesso às políticas públicas de educação do campo ofertadas nos Territórios da Cidadania e propor mecanismos para articulação das ações de educação formal relacionadas às demandas dos planos territoriais em uma ação interministerial. O documento técnico se subsidiou a partir de arquivos digitalizados e documentos oficiais existentes na SDT, do Guia Pronatec de Cursos de Formação Inicial e Continuada, (FIC), que é atualizado periodicamente e serve como instrumento direcionador da oferta de cursos, contribuindo para a consolidação de uma política pública que tem como objetivo principal aproximar o mundo do trabalho do universo da Educação, das pesquisas junto ao Sistema de Gerenciamento estratégico, (SGE), da SDT/MDA, por diversas reuniões e documentos referenciais da Coordenação Geral de Desenvolvimento Humano, (CGDH), da SDT/MDA. Para tanto, o documento está organizado da seguinte forma: Apresentação; Introdução geral ao assunto, a metodologia adotada, uma descrição detalhada dos projetos aqui 4 pesquisados, PRONAT, PRONATEC Campo, caracterização das ações formativas nos territórios e proposição de organização das instâncias ofertantes dos cursos do Pronatec Campo, além das considerações finais e Referências Bibliográficas. 5 1. INTRODUÇÃO O Brasil é um país de profundas desigualdades regionais e sociais, que tem origem em um processo de desenvolvimento baseado em políticas públicas de atendimento às prioridades de suas elites rurais e urbanas, resultando em um processo crescente de exclusão da grande massa da população brasileira dos benefícios do desenvolvimento nacional. Especificamente em relação ao espaço rural, ele foi marcado historicamente pela concentração da terra, da renda e riqueza, pela dominação política e econômica das oligarquias agrárias, pela dependência de empresas transnacionais e dos mercados internacionais e pela destruição dos recursos naturais, o que resultou em fome, pobreza e exclusão social. Ao mesmo tempo o Brasil apresenta um quadro de riquezas significativo que se expressa em pujante biodiversidade e recursos abundantes de sua flora e fauna e um mercado de 200 milhões de consumidores, o que vem permitindo ao Estado brasileiro liderar a partir da última década, iniciativas que apontam para a concretização de novo padrão de desenvolvimento sustentável, com a implementação de políticas de desenvolvimento que vêm concorrendo para a crescente inclusão de segmentos sociais antes marginalizados. Considerando essa problemática, no ano de 2003, o governo Lula, através da Secretaria de Desenvolvimento Territorial – SDT, do Ministério de Desenvolvimento Agrário – MDA, iniciou uma política de “promoção de desenvolvimento dos territórios rurais”, considerando que esses são “espaços de integração, articulação e concertação da diversidade atores sociais, identidades culturais, interesses políticos e políticas públicas que nele se manifestam”. Nesse mesmo ano iniciou-se a execução dessa política cujas ações estão ligadas ao Programa Nacional de Apoio aos Territórios Rurais - PRONAT, inserido no Plano Plurianual (20042008). Territórios Rurais O PRONAT é implementado pela SDT desde 2003 e tem a parceria de instituições da sociedade civil e dos governos federal, estaduais e municipais. O objetivo do Pronat é acelerar processos locais e regionais que ampliem as oportunidades de geração de renda de forma descentralizada e sustentável, articulados a redes de apoio e cooperação solidária. A SDT atua nos territórios apoiando a organização e o fortalecimento institucional dos atores sociais 6 locais na gestão participativa. É uma ação da SDT como parte do Programa Nacional de Desenvolvimento Regional e Territorial Sustentável e Economia Solidária. Os projetos do PRONAT são elaborados de forma colegiada entre agricultores familiares, gestores públicos, entidades da sociedade civil e demais atores territoriais. Partindo de uma “nova” perspectiva conceitual e procurando superar no meio rural as persistentes desigualdades econômicas e sociais, o objetivo geral do Programa é promover e apoiar iniciativas das institucionalidades representativas dos territórios rurais que objetivem o incremento sustentável dos níveis de qualidade de vida da população rural, mediante três eixos estratégicos: i. Organização e fortalecimento dos atores sociais; ii. Adoção de princípios a práticas da gestão social; iii. Promoção da implementação e integração de políticas públicas. (Documentos Institucionais – 02-2005. P. 7) Também definiu quatro áreas de resultados a serem alcançados: O fortalecimento da gestão social; fortalecimento das redes sociais de cooperação; dinamização econômica nos territórios rurais; e, articulação institucional. Territórios da Cidadania O Programa Territórios da Cidadania, lançado em 2008 pelo Governo Federal, tem como objetivos promover o desenvolvimento econômico e universalizar programas básicos de cidadania por meio de uma estratégia de desenvolvimento territorial sustentável. Ações relacionadas ao desenvolvimento social, à organização sustentável da produção, à saúde, saneamento e acesso à água, educação, cultura, infra-estrutura, e ações fundiárias estão sendo articuladas nesses Territórios com participação social e a integração entre Governo Federal, Estados e Municípios. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), por intermédio da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SESAN) apoia a implantação de Unidades de Apoio à Distribuição de Alimentos da Agricultura Familiar em municípios pertencentes aos Territórios da Cidadania, por meio de Editais de seleção pública que viabilizam projetos de construção de instalações prediais, além de aquisição de materiais permanentes e de consumo. 7 As Unidades de Apoio à Distribuição de Alimentos da Agricultura Familiar são espaços físicos estruturados e equipados com a finalidade de auxiliar a distribuição, no município e na região, dos gêneros alimentícios, oriundos da agricultura familiar, em especial os adquiridos por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), além de atuar no apoio à comercialização direta da produção de alimentos da agricultura familiar nos mercados locais e regionais, visando o desenvolvimento de projetos de inclusão social e produtiva e o fortalecimento de sistemas agroalimentares de base agroecológica e solidária. Para participação no Edital nº 05/2011, que prevê a implantação das Unidades de Apoio à Distribuição de Alimentos da Agricultura Familiar, os municípios deverão ser pertencentes aos Territórios da Cidadania, ter população de até 50 mil habitantes, e desenvolver o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) nas modalidades Compra com Doação Simultânea, financiados com recursos do MDS, e operadas por meio dos Governos Estaduais, Municipais ou pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Após a implantação das Unidades, os governos municipais devem estruturar equipe técnica específica para o planejamento e acompanhamento das ações desenvolvidas, e assumirem a responsabilidade pela gestão e manutenção dos serviços, podendo, para isso, firmar parcerias com organizações comunitárias e entidades sociais ligadas a programas de geração de trabalho e renda. A SDT atua com duas linhas de ações em que se materializa seu referencial metodológico: a implementação de ações de apoio ao desenvolvimento sustentável dos territórios rurais e o fortalecimento da Rede Nacional de Órgãos Colegiados – formada pelos Conselhos Nacional, Estaduais e Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável assim como pelas instâncias de gestão do desenvolvimento territorial. (SDT/MDA – Série Documentos Institucionais n.2, maio 2005). O objetivo principal da ação é formar agentes de desenvolvimento capazes de atuar de forma organizada na gestão social dos territórios rurais. A formação de agentes de desenvolvimento é uma das linhas de atuação da CGDH. Esta Coordenação integra o Departamento de Gestão Territorial (DETER) da SDT/MDA e, tem 8 como missão “a Capacitação de agentes de desenvolvimento territorial e o fortalecimento institucional dos atores sociais no processo de gestão social do desenvolvimento sustentável”. A formação de agentes de desenvolvimento é uma ação transversal e continuada de implementação do PRONAT e ocorre mediante a realização de várias modalidades formativas como cursos, oficinas, seminários e intercâmbios, organizados em planos de trabalho que buscam fortalecer a estratégia territorial, por meio da gestão social, do planejamento territorial, da dinamização econômica dos territórios rurais e da articulação de Políticas Públicas. A formação de agentes de desenvolvimento está embasada no conceito de educação no qual ela é parte integrante da vida dos sujeitos e se desenvolve por meio de processos escolares e não escolares. Isto significa que, a formação tem caráter processual, permanente, é relacionada à ação dos sujeitos, e se desenvolve na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais, nas experiências de gestão pública, nas organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. É uma forma de educação que se expressa numa multiplicidade de experiências educativas desenvolvidas por diferentes instituições (governamentais e não governamentais) que vem constituindo uma proposta pedagógica que contempla a identidade do campo, a heterogeneidade dos sujeitos sociais que vivem e/ou trabalham direta ou indiretamente com o meio ambiente, que reconhece o modo próprio de vida dos espaços da floresta, da pecuária, das minas, da agricultura, dos pescadores, dos caiçaras, ribeirinhos, extrativistas e povos indígenas, dentre outros segmentos sociais fundamentais no desenvolvimento territorial que se quer alcançar. Nesta perspectiva as ações de desenvolvimento humano, as iniciativas de educação escolar desenvolvidas por parceiros/as precisam ser reconhecidas em sua amplitude e diversidade, no intuito de superar a fragmentação e o isolamento de muitas dessas iniciativas, e alcançar maior grau de institucionalização e ou resultado. O processo de formação dos agentes de desenvolvimento incorpora conteúdos que são mais ou menos acentuados a depender das especificidades que caracterizam cada território, da fase de implementação e consolidação da estratégia de desenvolvimento territorial e do tipo 9 de modalidade formativa demandadas pelos os agentes de desenvolvimento inseridos nas dinâmicas territoriais. Estes conteúdos estão presentes no conjunto do processo de formação dos agentes de desenvolvimento sendo, gradativamente, aprofundados e/ou acentuados. Eles têm assim um caráter cumulativo e processual e devem contribuir para qualificar o debate e a compreensão acerca dos seguintes eixos temáticos: Estado, Políticas Públicas, Participação, Controle Social no Desenvolvimento Rural, Arranjos Institucionais e Gestão Pública; Mediação de conflitos; Desenvolvimento rural sustentável, com abordagem territorial; Organização, Gestão e o Controle Social do Desenvolvimento Rural Sustentável, com enfoque territorial; Educação; Planejamento das ações formativas e da gestão social; Redes Sociais de Cooperação e Sistematização de Experiência. Formar agentes de desenvolvimento constitui-se em uma das ações fundamentais ao desenvolvimento humano e social prevista no PRONAT. Implementado pela SDT/MDA a formação de Agentes de Desenvolvimento considera o conceito de Educação como um processo de formação humana e contextualizada, concepção que vem sendo historicamente debatida e incorporada aos programas implementados por instituições governamentais e da sociedade civil organizada, especialmente para o fortalecimento de políticas públicas inclusivas. A capacitação de agentes de desenvolvimento constituiu-se em uma ação voltada para a promoção do desenvolvimento humano, por meio do aprimoramento das capacidades dos atores sociais territoriais, bem como do estímulo às parcerias e à constituição de redes sociais em prol do desenvolvimento territorial. O seu objetivo foi a formação de agentes de desenvolvimento capazes de atuar coletivamente na organização e fortalecimento institucional da gestão participativa do desenvolvimento sustentável dos territórios rurais. Pensar o desenvolvimento territorial, significa dialogar com sua integralidade, percebêlo em todas as suas nuances e processos, por exemplo, não podemos pensar um processo de dinamização econômica de um território, se conjuntamente com isso, não tiver um processo formativo para que os sujeitos sociais envolvidos não ação exerçam seu protagonismo na gestão e controle social do desenvolvimento. 10 Os novos paradigmas de educação e de desenvolvimento, na perspectiva da transformação do social e do humano, consolidam-se a partir de sua capacidade de aumentar o potencial transformador dos sujeitos - tanto social quanto econômico - investindo no processo de informação e reflexão sobre a “verdade”, pela decodificação da realidade e de melhores serviços que lhes possam favorecer este movimento, tais como: a educação, a cultura, a saúde, a alimentação, a tecnologia, um meio ambiente saudável assegurando que os frutos do desenvolvimento econômico favoreçam, realmente, a melhoria da qualidade de vida. Devem permitir, igualmente, que as pessoas sejam consideradas protagonistas da história e não apenas receptáculos de resultados de ações demandadas de ambientes exógenos e distanciados de seus interesses. O conjunto de ações de desenvolvimento territorial apoiadas pela SDT está estritamente vinculado às ações de outros ministérios que também têm o território como foco de sua política. A SDT compreende que a articulação entre as políticas e ações desenvolvidas em cada ministério é fundamental para garantia e fortalecimento da política de desenvolvimento territorial. O espaço de diálogo construído entre a SDT e o MEC, para a parceria na implementação de políticas e ações formativas junto a agricultura familiar, assentados da Reforma Agrária e comunidades tradicionais, vem se mostrando um espaço profícuo de construção e articulação de políticas públicas. PRONATEC Campo Nesse sentido o PRONATEC Campo que se destina aos públicos da agricultura familiar, povos e comunidades tradicionais e da reforma agrária (assentados(as)), e visa a formação e capacitação técnica para o trabalho desse grupos, por meio de uma expansão democrática da oferta de educação profissional para os diferentes públicos do rural, orientada nos princípios da Educação do Campo e na integração entre formação e as estratégias de desenvolvimento sustentável e solidário do campo, que envolvem as políticas públicas de inclusão social e produtiva. Uma das maiores dificuldades que encontramos atualmente para pactuação e execução dos cursos do Pronatec Campo é de como se deve organizar as instâncias territoriais e estaduais para a implementação das ações formativas do Pronatec Campo nos territórios rurais e da cidadania. 11 O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego - PRONATEC Campo tem como objetivo promover a inclusão social de jovens e trabalhadores do campo por meio da ampliação da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica e da oferta de cursos de formação inicial e continuada para trabalhadores de acordo com os arranjos produtivos rurais de cada região. Por meio da interface com o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego - PRONATEC, o PRONACAMPO promoverá o acesso à educação profissional e tecnológica aos jovens e trabalhadores do campo e quilombolas, disponibilizando vagas nos cursos de formação inicial e continuada - FIC e no Programa Escola Técnica Aberta do Brasil - E-Tec, constantes no Guia Pronatec de cursos técnicos e de formação inicial e continuada. O Ministério do Desenvolvimento Agrário/MDA é o demandante desta ação e Institutos Federais, escolas técnicas vinculadas às Universidades Federais, CEFET e redes estaduais são instituições ofertantes. Especificamente na Bolsa-Formação PRONATEC Campo, os ofertantes poderão estabelecer parcerias com prefeituras, redes de ATER, Centro Familiar de Formação por Alternância - CEFFAs, entre outras entidades, para ampliar a oferta de cursos e viabilizar a execução das metas previstas pelo Plano Safra de Agricultura Familiar 2012/13, criando Unidade Remotas, com salas de aulas funcionando fora da sede da instituição ofertante. Para a implementação do Pronatec Campo, deveram ser constituídos: Comitês Estaduais PRONATEC Campo - organizados pelas Delegacias Federais do MDA compostos por Delegado (a) do MDA, Superintendência Regional do INCRA, Ofertantes, Representantes de Movimentos Sociais e Sindicais, Fórum Estadual de Educação do Campo (ou equivalente), EMATER, UNDIME, Rede Estadual de Colegiados Territoriais, Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável. O Comitê estadual deverá coordenar, monitorar e criar estratégias para implementação da PRONATEC CAMPO no estado, sendo responsável por pactuar os cursos demandados pelas Instâncias Territoriais bem como o número de vagas e forma de funcionamento com as instituições ofertantes. Colegiados PRONATEC Campo Territoriais – organizados nos colegiados territoriais, constituído pelas câmaras temáticas de educação, sempre que houver, por 12 representantes dos ofertantes e podendo ser ampliado de acordo com a articulação de cada território. É responsável por definir os cursos necessários e de interesse do público do território, considerando as demandas de formação contidas nos Planos Territoriais de Desenvolvimento Rural Sustentável - PTDRS e respeitando os princípios da Educação do Campo, bem como as estratégias para a mobilização dos beneficiários e acompanhamento dos cursos. Porém nem sempre estas duas instâncias são constituídas, então como superar esses desafios para que a qualificação dos cursos pactuados e ofertados possam suprir as necessidades de cada um dos territórios onde serão ofertados? É preciso criar mais mecanismos de gestão compartilhada. A troca de experiências e espaços é fundamental para o funcionamento dos cursos ofertados pelo Pronatec Campo. As instâncias territoriais, por exemplo, devem dialogar mais com os governos estaduais e federais para melhoria dos espaços e equipamentos educacionais, que, porventura, são de responsabilidade da esfera estadual ou federal. Dessa forma, a efetivação dos espaços nos territórios que podem ser consumidos de forma mais plena, alcançando assim o que se espera de uma educação de qualidade. O presente documento pretende abordar o tema da organização das instâncias envolvidas no planejamento, discursão, oferta e pactuação dos cursos do Pronatec Campo. 13 2. METODOLOGIA ADOTADA O documento técnico se subsidiou a partir de arquivos digitalizados e documentos oficiais existentes na SDT, do Guia Pronatec de Cursos de Formação Inicial e Continuada, (FIC), que é atualizado periodicamente e serve como instrumento direcionador da oferta de cursos, contribuindo para a consolidação de uma política pública que tem como objetivo principal aproximar o mundo do trabalho do universo da Educação, do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos (CNCT) que é uma importante referência para a oferta dos cursos técnicos de nível médio nos diferentes sistemas de ensino Federal, Estadual/Distrital e Municipal do país, das pesquisas junto ao Sistema de Gerenciamento estratégico, (SGE), da SDT/MDA, o SGE é uma ferramenta que a SDT/MDA disponibiliza para que os Colegiados Territoriais e os diferentes gestores da Política de Desenvolvimento Territorial, qualifiquem seu próprio desempenho a partir da gestão de informações e de processos de comunicação, por diversas reuniões e documentos referenciais da Coordenação Geral de Desenvolvimento Humano, (CGDH), da SDT/MDA. 14 3. CARACTERIZAÇÃO DAS AÇÕES FORMATIVAS DO PRONATEC CAMPO NOS TERRITÓRIOS RUAIS E DA CIDADANIA. Existem diversos eixos que são de interesse comum entre Ponatec Campo, PRONAT e PTC, já que todos estão de alguma forma procurando promover o Desenvolvimento Sustentável do Campo, cada deles a sua maneira, mas com uma base comum que é a Educação dos Povos do Campo, então nada mais justo que esses programas criassem uma parceria para o Desenvolvimento Sustentável. Hoje as atividades do campo brasileiro não se restringem mais àquelas atividades relacionadas apenas à agropecuária e agroindústria. Nos últimos tempos, o rural vem ganhando novas funções - agrícolas e não-agrícolas - e oferecendo novas oportunidades de trabalho e renda para as famílias. Agora, as atividades agrícolas dividem espaço com um conjunto de atividades ligadas ao lazer, prestação de serviços e à indústria, e esse é o cenário que está se delineando e se desenvolvendo nesse novo rural. Por exemplo: O turismo rural cresce expressivamente no mercado. Essa acelerada expansão justifica-se pela necessidade do produtor rural diversificar sua renda e é caracterizada pela tendência do publico urbano em resgatar suas tradições e raízes. Este segmento do turismo além de ser uma alternativa complementar de renda é uma ferramenta para conservação dos recursos naturais e valorização da cultura local, já que, o turismo se apropria desses recursos e os transforma em bens de consumo. Outra coisa que deve ser pensada é que os jovens que vivem nesse novo rural são os mais afetados por meio desta diluição das fronteiras entre os espaços rurais e urbanos, ajustada com o agravamento da situação da falta de perspectivas para os que vivem da agricultura, e que, no cenário socioeconômico, deve-se considerar que os jovens procuram afirmações para o seu futuro e aspiram à construção de seus projetos, que estão geralmente ligados ao desejo de inserção no meio onde vivem. Devemos lembrar que as políticas de desenvolvimento territorial rural voltadas para a juventude não podem limitar-se à agricultura, tendo em vista que a agricultura familiar é altamente diversificada e pluriativa. E esses futuros agricultores (jovens) serão cada vez mais pluriativos, assim sendo, suas rendas dependerão da agricultura, mas também de outras 15 atividades. Quanto mais os jovens estiverem preparados para essas “novas atividades”, maiores suas chances de permanência no campo e de realização pessoal e profissional. Por isso quando se pensa em ofertas de cursos técnicos não se pode pensar apenas em cursos ligados à agricultura, mas em curso que possam atender as novas perspectivas desse novo rural, pensado inclusive na qualificação dos jovens que vivem nesse rural. A fim de fortalecer a inclusão social na área rural e de manter, na agricultura, jovens, mulheres e agentes de assistência técnica e extensão rural, é que foi criado o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego no Campo (Pronatec Campo). O objetivo é fortalecer a reforma agrária e a agricultura familiar, por meio da expansão democrática da oferta de educação profissional e tecnológica para os diferentes públicos do meio rural, orientada com uma proposta pedagógica baseada nos princípios da Política de Educação do Campo e conformando as estratégias de integração da formação com as políticas públicas de inclusão social e produtiva O número de vagas pactuadas em 2012 para o ano de 2013, com a rede federal e estadual de educação e instituições de ensino profissionalizante, é de 29.666 vagas. O Pronatec Campo, que também se destina a trabalhadores rurais, povos e comunidades tradicionais, além de assentados da reforma agrária, é fruto de uma parceria entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Ministério da Educação (MEC). Voltado para o eixo de educação profissional e tecnológica, o programa também unifica o conhecimento científico e os saberes das comunidades e povos tradicionais. Ofertando cursos nas áreas relativas ao campo e recursos naturais, com parceria do MDA. Até março de 2013, foram realizadas mais de 28 mil matrículas em cursos com esse perfil. O atendimento da demanda dos movimentos do campo por inserir a Rede CEFAS como ofertante do PRONATEC tornou-se possível com a recente regulamentação da entrada das escolas técnicas e universidades privadas no programa, para oferta de cursos técnicos de nível médio, na modalidade subsequente. Após solicitarem adesão, o que já está sendo feito desde o segundo trimestre, essas instituições estão passando por um processo de habilitação com avaliação in loco. 16 Pronatec Campo tem como meta, até 2014, ofertar 180 mil vagas, sendo 120 mil bolsasformação Pronatec e 60 mil na rede E-Tec (à distância). Em 2012, efetivou-se a pactuação para a oferta de 20 mil vagas de bolsa-formação e 10 mil vagas no E-Tec, sendo 4.000 agentes de ATER, 13.000 agricultores familiares e assentados e para 13.000 jovens agricultores familiares e assentados Segundo a matriz do PTC o Pronatec Campo será sempre implementado prioritariamente nas áreas dos Territórios da Cidadania. Cada estado conta com um Comitê Estadual do Pronatec Campo, coordenado pela Delegacia Federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário (DFDA), e é composto por representantes de instituições públicas e da sociedade civil. O Comitê Estadual tem como atribuições, dentre outras, receber as solicitações de cursos e vagas das instâncias territoriais e pactuá-las com as instituições ofertantes. 17 4. PROPOSTA PARA QUALIFICAR A ORGANIZAÇÃO DAS INSTÂNCIAS TERRITORIAIS E ESTADUAIS NO PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES FORMATIVAS DO PRONATEC CAMPO. Nas federações, como é o caso brasileiro, a coordenação federativa é essencial para garantir a interdependência entre governos. Isso envolve duas dimensões. Uma delas diz respeito à cooperação entre territórios, incluindo formas de associativismo e de consorciamento. Trata-se da criação de entidades territoriais, formais ou informais, que congregam mais de uma esfera de governo de entes federados diversos. A outra dimensão da coordenação está ligada à conjugação de esforços inter e intragovernamentais no campo das políticas públicas. A questão da coordenação federativa é, portanto, estratégica para o desenvolvimento do Estado brasileiro, e sua importância tem crescido nas últimas décadas por conta da combinação de fatores envolvendo a democratização, a descentralização e a ampliação das políticas sociais. Nesse sentido, cabe ressaltar que os sistemas federativos de políticas públicas e as formas de associativismo territorial têm procurado resolver o dilema básico das relações intergovernamentais brasileiras: como fazer uma descentralização em que o município, que se tornou ente federativo com a Constituição de 1988, seja uma peça-chave no processo, levando--se em conta a necessidade de lidar com as desigualdades regionais e intermunicipais por meio da participação indutiva e colaborativa da União e dos estados. Mesmo com os avanços verificados nos últimos anos, a coordenação federativa ainda apresenta muitos problemas em várias políticas sociais. Na Educação, isso se reflete na ausência de um Regime de Colaboração efetivo e de um sistema nacional como há na Saúde, por exemplo. Vale salientar, porém, que um passo importante nessa direção foi dado quando da promulgação da Emenda Constitucional nº 59/2009, que visa articular o Regime de Colaboração e o Sistema Nacional de Educação (SNE). É importante também destacar que a não institucionalização até aqui desse sistema tem promovido uma lógica organizativa fragmentada e desarticulada do projeto educacional brasileiro. Como consequência dessa falha institucional, o País não resolve a contento e na velocidade necessária os principais desafios da Educação. 18 Durante a última Conferência Nacional de Educação, realizada em 2010, ficou evidente que a construção de um SNE requer o redimensionamento da ação dos entes federados, garantindo que diretrizes educacionais comuns sejam implementadas em todo o território nacional, visando à superação das desigualdades regionais e à regulamentação do Regime de Colaboração. Ficou claro também que a efetivação do SNE e a regulamentação do Regime de Colaboração dependem da superação do modelo de responsabilidades administrativas restritivas às redes de ensino. Desse modo, de forma cooperativa, colaborativa e não competitiva, União, estados, Distrito Federal e municípios devem agir em conjunto para enfrentar os desafios educacionais de todas as etapas e modalidades da Educação nacional. Uma das maneiras de colocar em prática esse tão desejável e necessário Regime de Colaboração foi implementada recentemente, a partir dos chamados Arranjos de Desenvolvimento da Educação (ADEs). Os ADEs, não obstante a forte característica intermunicipal, agregam a participação dos estados e da União, incluindo ou não a participação de instituições privadas e não governamentais, tais como empresas e organizações diversas. Todos os envolvidos assumem o objetivo comum de contribuir de forma transversal e articulada para o desenvolvimento da Educação em determinado território, que ultrapassa os limites de um só município. Trabalhar com ADEs significa trabalhar em uma rede na qual um grupo de municípios com proximidade geográfica busca trocar experiências e solucionar conjuntamente dificuldades na área educacional, trabalhando de forma articulada com os estados e a União, assim promovendo e valorizando a cultura do planejamento integrado e colaborativo no plano territorial. É importante registrar que o próprio Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado pelo Ministério da Educação em 2007, já nasceu com essa percepção, ao enfatizar a importância do enlace entre território, Educação e desenvolvimento, e ao reconhecer que é no território que as clivagens culturais e sociais se estabelecem e se reproduzem. Clivagens essas que se reproduzem também entre bairros, entre municípios, entre estados e entre Regiões do País. Portanto, o PDE foi concebido como um instrumento para enfrentar estruturalmente essas desigualdades em termos de oportunidades educacionais, que devem ser abordadas a partir do conceito de arranjo educativo: “Reduzir desigualdades sociais e regionais na 19 Educação exige pensá-las no plano de País. O PDE pretende responder a esse desafio por meio de um acoplamento entre as dimensões educacional e territorial operado pelo conceito de arranjo educativo” . Diante dos problemas que se apresentam, uma das soluções possíveis é a criação de incentivos institucionais para os governos subnacionais montarem modelos de associativismo territorial. Sendo o Brasil é uma República Federativa, isso tem implicações nas políticas públicas. Primeiro porque as federações baseiam-se em uma divisão especial de poder entre os níveis de governo, cujo objetivo principal é compatibilizar a autonomia dos entes federados com a interdependência existente entre eles. Os entes federativos são montadas para dar conta dessa dupla demanda. De um lado, garantem a autonomia dos diversos níveis de governo e de seus direitos territoriais. De outro, criam mecanismos de coordenação intergovernamental. De forma clássica, o maior problema dos países federativos era garantir a integridade de cada ente. Embora isso ainda seja problemático em algumas federações, na maioria delas o principal desafio atualmente é a articulação entre as instâncias territoriais. Isso tornou-se mais importante com a ampliação do número de políticas públicas, que levou à descentralização e, sobretudo, à necessidade de compartilhar decisões e políticas, especialmente entre os estados federais, marcados pela existência de entes autônomos que só atuam em conjunto se assim o desejarem. Trata-se do dilema do processo de decisão compartilhada, assim resumido por Paul Pierson: “No federalismo, dada a divisão de poderes entre os entes, as iniciativas políticas são altamente interdependentes, mas são, de forma frequente, modestamente coordenadas” (PIERSON, 1995, p. 451). Sendo assim, é preciso constituir mecanismos e espaços institucionais capazes de articular a ação das esferas governamentais, propiciando um ambiente de negociação e cooperação. Basicamente, há cinco formas de gerar melhores resultados intergovernamentais e que podem acontecer de maneira isolada ou combinada: 1. por meio de fóruns federativos nos quais os níveis de governo possam negociar mecanismos para dirimir conflitos e coordenar ações; 20 2. por meio de mecanismos de indução dos níveis mais centralizados às instâncias descentralizadas, buscando auxiliar o poder local e/ou aumentar a cooperação entre eles; 3. por meio de um sistema de políticas públicas cujo objetivo é articular os entes federativos no exercício de suas competências em determinada área governamental; 4. por meio do associativismo territorial, horizontal e/ou vertical, realizado em um território contíguo para resolver um problema da coletividade que alcance mais de uma jurisdição político-administrativa; 5. por meio de associações horizontais entre níveis de governo em torno de um tema ou problema, constituindo um mecanismo de advocacia federativa para ser usado na barganha intergovernamental. Para enfrentar os desafios de coordenação, devem ser utilizados os cinco mecanismos citados acima. Comecemos pelos fóruns federativos. De forma mais institucionalizada, existem hoje os Conselhos estaduais e municipais de Educação, que, além de envolver membros com cargos estatais, incluem representantes da sociedade civil. De maneira não institucionalizada, há grupos de negociação e gestão federativa. Os fóruns federativos da Educação, sobretudo quando comparados aos quadros institucionais da Saúde e da Assistência Social, são frágeis. Eles não têm um papel deliberativo importante, especialmente no campo da gestão. No plano vertical, os estados não possuem um canal institucionalizado de diálogo e negociação com a União, e os municípios estão em uma posição ainda pior, porque não dispõem de canais para atuar com os governos estaduais e federal. Desse modo, uma mudança fundamental para aperfeiçoar o Regime de Colaboração é constituir e fortalecer os fóruns federativos. A existência de um sistema de políticas públicas que articule os níveis de governo é mais uma forma de coordenação federativa. O caso mais emblemático no Brasil é o do Sistema Único de Saúde (SUS), que define os papéis e as formas de articulação dos entes dentro da dinâmica da própria política pública. Outras políticas seguiram tal paradigma e a Educação também o fez, com a promulgação da Emenda nº 59, em 2009. 21 No entanto, o processo de institucionalização desse sistema ainda não avançou na política educacional. O que existe, por ora, é mais uma intenção constitucionalizada do que um conjunto de estruturas e instrumentos – um aspecto essencial para o Regime de Colaboração. A lógica federativa também supõe a existência de alianças e de organizações destinadas a representar horizontalmente os entes, atuando tanto como mecanismo de aprendizado entre governos de um mesmo nível quanto na defesa dos interesses dessas esferas em relação às outras, em especial as de maior grau de agregação no plano vertical. Trata-se de um eixo que tem se desenvolvido bastante no Brasil e que também aparece na Educação, em particular por meio da União dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação (CONSED). Aqui está um dos campos em que o federalismo educacional brasileiro tem evoluído sobremaneira. Porém, o CONSED, mesmo tendo melhorado nos últimos anos, não tem a mesma capacidade de disseminar experiências e de refletir sobre a área que outros correlatos, como ocorre, por exemplo, com o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Administração (CONSAD). No caso da UNDIME, as diferenças são muito grandes em todo o território nacional. Em alguns estados há UNDIMES fortes; em outros, a entidade está fragilizada. De todo modo, o que se quer ressaltar é que há um importante espaço de aperfeiçoamento- dessas instituições, que já são centrais para a construção da política educacional. Por fim, a coordenação federativa pode ser reforçada por mecanismos de associativismo territorial. Trata-se do aspecto que menos evoluiu dentro do federalismo educacional brasileiro. Do ponto de vista territorial, há duas possibilidades para o Regime de Colaboração. Uma é a articulação vertical, reunindo, no mínimo, estados e municípios, e podendo agregar também a União. Outra maneira é a cooperação horizontal, em consorciamentos estritamente intermunicipais. Uma não é melhor que a outra, assim, é preciso fomentar espaço para ambas e para a combinação entre elas. De qualquer modo, como a maioria das municipalidades tem sérias fragilidades gerenciais, é desejável que os governos estaduais- participem do processo, e tanto melhor se também o governo federal for, de algum modo, parceiro na criação de associativismos territoriais. 22 O enfoque territorial estimula as parcerias entre órgãos de governo e entre estes e organizações da sociedade e do mercado. Mas não basta complementaridade e convergência. Trabalha-se para que todos os envolvidos tenham confiança mútua e estejam de fato engajados, pois o compartilhamento do poder e da responsabilidade entre Estado e Sociedade Civil possibilita a construção de uma nova institucionalidade. Cabe assinalar que os territórios são heterogêneos e diferentes e não revelam uma identidade única. É preciso conhecer suas especificidades porque não se pode aplicar processos idênticos a todos. É preciso construir novas estratégias à medida que os trabalhos progridem. O enfoque territorial busca resultados nas soluções que contemplem uma combinação de dimensões diversas do desenvolvimento sustentável – ambiental, econômica e social. A possibilidade de articulação de políticas públicas está diretamente ligada à capacidade de gerar um ambiente inovador para o desenvolvimento sustentável, através do acesso a serviços e recursos que possam materializar no território os resultados do trabalho, garantindo tanto a geração de riqueza quanto sua apropriação mais equitativa. Esse ambiente visa apoiar os sistemas produtivos, formados principalmente por agricultores familiares, agricultores sem terra, micro e pequenos empreendedores , potencializando as intervenções externas em seus diversos canais mediante participação em políticas públicas e de outras esferas. As instituições públicas têm a missão original de gerenciar o patrimônio público e de animar os processos de concertação, rumo ao desenvolvimento. Sua ação permite desenvolver o capital social, criando um contexto de fomento às iniciativas empreendedoras, por meio da cooperação e da articulação interinstitucional. Trata-se de possibilitar o acesso a serviços inovadores - financeiros, de informação, tecnológicos, de capacitação e apoio -, que facilitem e apoiem a formação de redes de cooperação. As articulações de políticas públicas a partir do território permitem integrar horizontalmente programas públicos com foco na realidade territorial e, paulatinamente, rearticulá-los e recriá-los a partir de novos arranjos institucionais – fóruns, comitês, conselhos, consórcios, comissões e oficinas de desenvolvimento –, com autonomia, representatividade e legitimidade. Também permite uma verticalização de baixo para cima, rompendo as visões normalmente predominantes nas políticas públicas, que tendem a 23 desconsiderar as diversidades locais e regionais. Resulta deste processo um conjunto de institucionalidades que representam uma nova concepção de desenvolvimento. A articulação de políticas públicas é, portanto, o maior desafio a ser vencido pela proposta do desenvolvimento territorial, pois ela se mostra necessária em todos os níveis de poder, sendo que, para alguns, as articulações podem significar mudanças importantes na correlação de forças e nas dinâmicas tradicionais dos espaços de poder. A política de desenvolvimento territorial tem como objetivo facilitar o exercício do diálogo entre o poder público e os atores sociais. Já houve uma mudança de postura por parte do setor público, tanto na esfera federal quanto estadual, abrindo espaços e instâncias que permitem a prática do diálogo. As articulações para o desenvolvimento territorial, poderá se dar, cada vez mais, mediante a descentralização político-administrativa - que já ocorre em inúmeros casos - dos processos de planejamento e gestão territorial. A definição das políticas públicas de desenvolvimento, das estruturas de governança regional e dos processos de planejamento e gestão requer o envolvimento do governo e da sociedade civil, atuando em diferentes espaços de organização social através de diversos instrumentos, como os Colegiados Territoriais, e mecanismos de participação. Para o fortalecimento das ações do Pronatec Campo nos territórios, a colaboração recíproca entre os ministérios envolvidos, MDA e MEC, que já existe, as secretarias, os conselhos de Educação, os comitês estaduais do Pronatec Campo e colegiados territoriais, mais que uma recomendação, é um dispositivo fundamental e necessário para dar conta dos desafios que se apresentam para pactuação e implementação dos cursos. A autonomia e a diversidade dos entes federados não podem justificar a continuidade da desarticulação política e administrativa em suas estratégias, ações e metas em territórios com problemas comuns e soluções possíveis, perante a responsabilidade da federação com a viabilização de acesso à Educação Básica de qualidade e à permanência na escola, a cooperação federativa entre entes, vinculados não apenas pelos princípios constitucionais, mas também por processos culturais, geográficos, territoriais e socioeconômicos, é importante 24 instrumento para a democratização das relações políticas e sociais, e para a transparência e otimização de recursos. 25 5. ORGANIZAÇÃO DAS INSTANCIAS ORGANIZATIVAS DO PRONATEC CAMPO. Desde meados de 2012 o MDA em conjunto com o MEC vem construindo a proposta de implementação do Pronatec Campo, que prevê a educação profissional e tecnológica para o rural brasileiro, e que tem como objetivo melhorar as condições de vida de agricultores e agricultoras familiares por meio de cursos apropriados para sua qualificação profissional, criando melhores oportunidades de geração de renda e emprego. Para a implementação do Pronatec Campo foram formados os Comitês Estaduais, coordenados pelas Delegacias do MDA, e que contam com a participação de diversas instituições, especialmente as que representam a agricultura familiar e as que atuam como ofertantes do Pronatec. A formação e funcionamento destes Comitês foi um processo que demandou articulações diversas para o envolvimento e participação efetiva destes atores, e que apresentou, e ainda apresenta, dificuldades diversas, dependendo do Estado e de suas características. Mesmo assim, a estratégia de se consolidar uma referência estadual para o Pronatec Campo, articulada com os territórios e localidades, com as Instituições Ofertantes, e com a gestão nacional, vem funcionando bem, e melhorando à medida que os Estados melhor entendem os detalhes do funcionamento do Pronatec Campo. Esse entendimento passa pela necessidade de articulação e apoio constante do MDA e MEC como suporte diretivo aos Estados, sendo cada vez mais fundamental que as orientações quanto ao processo de execução e implementação do Pronatec Campo sejam bem estabelecidas e definidas, e que MEC e MDA criem as condições necessárias para um eficaz atendimento às constantes demandas apresentadas pelos Comitês Estaduais e Colegiados Territoriais. 5.1. Responsabilidades: a) Ministério da Educação; • Regulamentar a oferta e atualização de cursos de educação profissional e tecnológica no âmbito da Bolsa-Formação por intermédio do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos e do Guia Pronatec de Cursos de Formação Inicial e Continuada; • Monitorar e avaliar a execução dos cursos e o cumprimento da pactuação por parte dos parceiros ofertantes; 26 • Solicitar oficialmente ao FNDE a efetivação das transferências de recursos para a Bolsa-Formação, indicando os valores a serem transferidos a cada parceiro ofertante; • Prestar assistência técnica aos parceiros ofertantes e demandante. b) Ministério do Desenvolvimento Agrário; • Coordenar as ações vinculadas à implementação da Bolsa-Formação do Pronatec Campo; • Divulgar a Bolsa-Formação em seu âmbito de atuação, amplamente e em conjunto com os parceiros ofertantes, informando os potenciais beneficiários quanto aos objetivos e as características dos cursos a serem ofertados; • Atuar na mobilização e seleção de candidatos à Bolsa-Formação em seu âmbito de atuação; • Constituir o Comitê Estadual Pronatec Campo; c) Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e as Redes Estadual e Distrital de Educação Profissional e Tecnológica (Ofertantes (sistema S, CEFFAS etc.)): • Ofertar e ministrar os cursos técnicos e de formação inicial e continuada ou qualificação profissional no âmbito da Bolsa-Formação Pronatec Campo, para atender às demandas do Plano Safra da Agricultura Familiar; • Fornecer gratuitamente aos beneficiários todo insumo necessário para a participação nos cursos da Bolsa-Formação, incluindo materiais didáticos, cadernos, canetas, materiais escolares gerais ou específicos e uniformes, quando exigidos pela instituição ofertante. 5.2. Estrutura Organizacional: Nacional: O MDA irá constituir um Grupo de Trabalho do Pronatec Campo, que prevê a participação e o controle social das organizações da sociedade civil envolvidas no Programa. O GT se reunirá periodicamente para planejar e avaliar as ações do programa e realizar ações 27 de mobilização e acompanhamento necessárias. Anualmente irá apresentar relatório de atividades para planejar, avaliar e monitorar todas as suas ações. Estadual: Em cada estado será constituído um Comitê Estadual do Pronatec Campo, que será coordenado pela Delegacia Federal do MDA, e sua composição contará, no mínimo, com um representante e um suplente das seguintes organizações: • Rede Estadual de Colegiados Territoriais; • Superintendência Regional do Incra; • Secretaria Executiva do Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável; • Emater (ou equivalente); • Instituições Ofertantes (federais, estaduais, municipais ou particulares); • Movimentos Sociais representativos do público beneficiário; • Movimentos Sindicais representativos do público beneficiário; • Fórum Estadual de Educação do Campo (ou equivalente); e • União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME). Compete ao Comitê Estadual do Pronatec Campo: • Coordenar, monitorar e criar estratégia para implementação da Pronatec Campo no estado; • Monitorar as cotas de números de beneficiários a serem mobilizados por território e encaminhar ficha de cadastro; • Apoiar a mobilização dos Colegiados Territoriais e outros órgãos e entidades nas ações de definição dos cursos e mobilização dos participantes, definindo um responsável para apoio em cada unidade territorial; • Garantir, no currículo dos cursos, o debate e a viabilização de estratégias para o acesso dos beneficiários às políticas públicas de inclusão social e produtiva; • Receber as solicitações de cursos das Instâncias Territoriais e encaminhar às Instituições Ofertantes; 28 • Propor, conjuntamente com a instituição ofertante, as ementas, objetivos, conteúdos, metodologia e forma de funcionamento dos cursos, garantindo os princípios da educação do campo; • Avaliar a possibilidade de alteração e encaminhar proposição do curso à Setec/MEC nos casos em que a demanda do colegiado não estiver contemplada no guia Pronatec Campo de Cursos FIC ou no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos; • Definir estratégias para a mobilização dos beneficiários, para os casos em que a Instância Territorial não o fizer, envolvendo as organizações locais, os Movimentos Sociais e Sindicais do campo, da floresta e das águas; as Prefeituras; o Conselho Municipal da Agricultura Familiar; as Organizações Territoriais e da educação do campo; a Pastoral da Juventude Rural; as Secretarias Municipais (Agricultura, Educação, Assistência Social, Redes de Ater); • Pactuar os cursos demandados pelas Instâncias Territoriais bem como número de vagas e formas de funcionamento com as Instituições Ofertantes; • Indicar a Unidade Operacional por território para realizar as pré-inscrições e o acompanhamento dos cursos; • Definir o Gestor de demanda da Unidade Operacional Territorial; • Definir critérios e promover a seleção dos beneficiários, quando o número de vagas for superior à oferta. Compete à Instância Territorial, coordenada pelo Colegiado Territorial, quando for o caso: • Indicar uma pessoa responsável pela comunicação com a Instância Estadual; • Definir os cursos necessários e de interesse do publico do território, considerando as demandas de formação contidas nos Planos Territoriais de Desenvolvimento Rural Sustentável (PTDRS) e respeitando os princípios da educação do campo; • Definir estratégias para a mobilização dos beneficiários, envolvendo as organizações locais, os movimentos sociais e sindicais do campo da floresta e das águas; as Prefeituras; o Conselho Municipal da Agricultura Familiar; as Organizações Territoriais e da educação do campo; a Pastoral da Juventude Rural; as Secretarias Municipais (Agricultura, Educação, Assistência Social, Redes de Ater); 29 • Sugerir assessores de mobilização com cotas de números de beneficiários a serem mobilizados; • Fazer o levantamento dos interessados em participar dos cursos e encaminhá-los para a Unidade Operacional Territorial; • Indicar à instância estadual, locais para realização de cursos e possíveis ofertantes; • Informar aos cadastrados o resultado do processo de seleção e monitorar sua participação nos cursos; • Criar uma Comissão Pedagógica para cada curso. A Comissão Pedagógica: A Comissão Pedagógica é formada por representantes dos alunos e alunas, da instituição ofertante, e do Colegiado Territorial para cada Curso, prevendo a participação dos Movimentos Sociais e Sindicais, e do poder público local, e terá as seguintes atribuições: • Realizar reuniões periódicas para avaliar o andamento e buscar soluções para o bom funcionamento do curso; • Motivar os educandos e educandas a frequentarem o curso integralmente; • Garantir a qualidade e o êxito do curso; • Repassar as avaliações para as instâncias Territorial e Estadual e Nacional. 5.3. Passo a Passo do Pronatec Campo nos Estados: • A Delegacia Federal do MDA cria o Comitê Estadual Pronatec Campo e assume a sua coordenação, com uma representação do Incra, Movimentos Sociais, Fórum Estadual de Educação do Campo, Emater, Undime, Rede Estadual de Colegiados Territoriais e CEDRS. • As Instâncias Territoriais são articuladas, por meio dos colegiados Territoriais, para mobilizar e fazer levantamento de interessados, escolher o gestor de demandas local e a unidade operacional local; • O gestor geral Pronatec Campo no MDA faz a habilitação do Gestor local e da Unidade Operacional (preferência Emater) no Sistec/MEC; • O Comitê Pronatec Campo Estadual recebe e organiza as demandas da Instância Territorial; 30 • O Comitê Estadual pactua a demanda dos cursos com as instituições ofertantes (Institutos Federais e Redes Estaduais de Ensino Médio); • A instituição ofertante registra a pactuação das vagas e oferta as turmas no Sistec/MEC; • O Comitê Estadual elabora critérios e realiza o processo seletivo; • O gestor de demandas local realiza a pré-matrícula na unidade operacional; • Os beneficiários confirmam e efetivam a matrícula na instituição ofertante (que poderá ser a sede onde funcionarão as aulas ou Unidade Remota) com apoio do gestor de demandas; • Aula Inaugural com a participação das instâncias Estadual, Territorial e local para estabelecimento de compromissos e controle social do processo; • Criação da comissão pedagógica (= Conselho de Classe) para acompanhamento dos beneficiários e avaliação do processo ensino aprendizagem e o êxito do curso. 5.4. Recomendações/sugestões: O modelo de organização pensado para o Pronatec Campo e apresentado acima, se seguido em toda sua estrutura conseguirá satisfazer com eficiência a implementação dos cursos pensados para os territórios. Porém a pouca articulação existente entre os governos, as diversas instâncias do Pronatec Campo e os principalmente os Institutos Federais, colocam em xeque esse funcionamento. Sendo assim o fortalecimento dessas instâncias e a articulação entre os envolvidos na oferta dos cursos, poderá sanar de forma definitiva os problemas hoje enfrentados quanto da oferta de todos os cursos do Pronatec Campo nos Territórios. Seguir todos os passos e tramites já antes pensado para realização do programa e com colaboração real das instâncias envolvidas. Fará com que as ações do Pronetec Campo sejam implementadas de forma qualitativa e com real retorno para os territórios. 31 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS A despeito das inovações presentes nas várias formas de relacionamento entre os estados e os municípios, há poucos casos de indução ao associativismo intermunicipal. Embora o governo federal tenha colaborado mais com os municípios nos últimos anos, também não apresenta, ainda, uma estratégia de articulação territorial na Educação, a despeito de os presidentes Lula e Dilma terem incentivado a abordagem territorial em outras políticas. No entanto, a partir da aprovação da Emenda Constitucional nº 59, a área da Educação terá de criar um sistema nacional de política pública, o que envolverá a criação de instrumentos de coordenação federativa, entre os quais um mecanismo de cooperação intergovernamental. Segundo parecer de Mozart Neves Ramos (2011) entregue ao Conselho Nacional de Educação (CNE), o objetivo central de um ADE é desenvolver uma metodologia para apoiar municípios a alavancar ações e indicadores educacionais, visando à melhoria da qualidade da Educação no âmbito local e promovendo o fortalecimento do Regime de Colaboração. O texto do parecer é muito interessante, porque advoga uma série de visões que se coadunam com os desafios de cooperação da federação brasileira. Por isso, vale a pena citar um trecho-chave: O Arranjo de Desenvolvimento da Educação é um modelo de trabalho em rede no qual um grupo de municípios com proximidade geográfica e características sociais e econômicas semelhantes busca trocar experiências e solucionar conjuntamente dificuldades na área da Educação. Fica cada vez mais evidente que a cultura do “tamanho único”, de abordagens rígidas, não consegue resolver de forma efetiva problemas mais complexos e multifacetados, como a recuperação de comunidades vitimadas pela droga e o desempenho educacional insatisfatório. Tais situações exigem modelos mais flexíveis, criativos e ágeis. Por essa razão, a formação de redes cooperativas vem ganhando cada vez mais espaço na gestão das políticas públicas. Um sistema trabalhando em rede favorece a inovação, como consequência da experimentação, e a interação cooperativa entre os diferentes tipos de organização. Outro aspecto importante desse modelo de gestão é a flexibilidade, aumentando assim a velocidade das respostas e ampliando a capacidade de ajuste às mudanças. Em função de sua estrutura hierárquica de tomada de decisão, as burocracias inflexíveis, por sua vez, tendem a reagir lentamente a novas situações. Naturalmente, a tarefa de quebrar estruturas antigas não é simples, exige uma nova postura, requer tempo e perseverança. Os ADEs não são, sem dúvida, uma solução definitiva para resolver os problemas da Educação brasileira. Mas se forem implantados com sucesso, poderão melhorar sensivelmente a colaboração federativa, um dos pontos mais frágeis de nosso sistema educacional. 32 Diante do alto grau de descentralização do sistema educacional brasileiro, das acentuadas disparidades regionais e das vulnerabilidades sociais e econômicas que atingem as comunidades, o quadro de fragilidades e carências na infraestrutura escolar e nas condições de oferta educacional só poderá ser superado mediante a ação coordenada das três esferas de governo. A valorização da educação deve constituir estratégia central para uma política efetiva de inclusão social, geração de emprego e renda e desenvolvimento sustentável. Mudar o panorama da educação é um dos maiores desafios educacionais que o Brasil tem pela frente. 33 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAMOVAY, Ricardo. Paradigmas do capitalismo agrário em questão. São Paulo, Hucitec; Rio da Janeiro, ANPOCS, Campinas, Editora da UNICAMP, 1992. AGÊNCIA BRASIL. Primeira TV Digital do Brasil vai promover inclusão social, educação e democratização da informação. www.radiobras.gov.br/centro%20imprensa/tv_digital_231203/mat_tvdigital.php. ALMEIDA, Jalcione & NAVARRO, Zander (orgs.). Reconstruindo a agricultura: ideias e ideais na perspectiva do desenvolvimento sustentável. Porto Alegre, Editora Universitária / UFRGS, 1996. AQUINO, Joacir Rufino de; TEIXEIRA, Olívio Alberto; TONNEAU, Jean-Philippe. “O Pronaf e a „nova modernização desigual‟ da agricultura brasileira”, Revista Raízes, vol 22, nº 1, jan-jun, 2003. BASTOS, J. A. A educação tecnológica: conceitos e perspectivas. In: BASTOS, J. A. Tecnologia e interação. Curitiba: Cefet-PR, 1998. 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