XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 Gestão dos custos de produção que não agregam valor aos produtos estudo de caso em indústria de embalagens plásticas Sérgio Renato Ferreira Decker (UCPel) [email protected] Leomar Gerber (UCPel) [email protected] Sérgio Souza (UCPel) [email protected] Juan Carlos Stasi (UMSA) [email protected] Patrícia Medeiros Cardoso (UCPel) [email protected] Resumo Este estudo avaliar o impacto da utilização de medidas de controle e gerenciamento dos custos que não agregam valores aos produtos ou serviços. O trabalho apresenta uma metodologia viável para ser utilizada pelas empresas como uma ferramenta na gestão de custos, obtendo assim, uma melhor avaliação dos métodos de qualidade empregados nas empresas e sua eficiência. Aplicou-se o método em uma empresa que possui características de manufatura, buscando medir o impacto da qualidade sobre a lucratividade da organização e identificando oportunidades de melhorias. A análise dos resultados mostrou que os custos não agregadores de valor tem um impacto negativo na lucratividade da empresa, causando desperdício e perdas de produtividade. Concluiu-se que a utilização de medidas de controle e gerenciamento dos custos que não agregam valores aos produtos ou serviços oferecem suporte para a tomada de decisão, possibilitando um maior retorno do investimento, melhoria da qualidade e satisfação dos clientes. Palavras chave: Gestão, produção, custos 1. Introdução O mundo atual tem experimentado um crescente desenvolvimento de novas tecnologias e abertura de mercados. Por isso, a padronização de procedimentos e níveis de qualidade atinge quase todas as facções industriais da atualidade. Segundo Magrath (1994), o que antes era um ambiente simples e estático, transformou-se numa indústria dinâmica, complexa e consciente. Esse aumento da competitividade faz com que, cada vez mais, os consumidores estabeleçam os padrões mínimos de qualidade e preços aceitáveis no mercado. Isso tem levado as empresas a buscarem ferramentas que as auxiliem a melhorar sua produtividade e eficiência, a aumentar fatias de mercado e lucratividade através da redução de custos, visando sempre atingir a satisfação total de seus clientes. Assim, a utilização de Programas de Qualidade Total e Melhoramento Contínuo são ingredientes comuns em organizações que atingiram padrões de manufatura de classe mundial, ou seja, aquelas que têm a capacidade de se adaptar às constantes mudanças e competitividade globais (COMPTON, 1994). Mas, da mesma forma que programas de qualidade e melhoria contínua têm se mostrado eficientes em algumas empresas, muitos desses programas falham em atingir os resultados esperados, principalmente no que se refere ao aspecto econômico, quanto ao retorno dos investimentos. Por isso, discute-se, hoje, a aplicação destes programas, seus pontos positivos e negativos. ENEGEP 2006 ABEPRO 1 XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 Feigenbaum (1994) e (1990) comenta que a qualidade ainda é freqüentemente vista como um campo técnico, ao invés de uma política econômica e social fundamental e determinante, além de ser base estratégica de negócios. Kaplan (1993, p. 134) enfatiza este aspecto, quando diz que “todas as ações de melhoria deveriam estar relacionadas com a estratégia de negócios. Além disso, as áreas financeiras e operacionais devem estar integradas de modo a atingir bons resultados”. Nesse contexto, esse trabalho busca discutir a importância da integração de programas de melhoria com medidas de controle que permitam conduzi-los para o sucesso operacional e econômico. 2. Modelo de gerenciamento de custos que não agregam valor aos produtos O modelo utilizado, conforme Figura 1, tem como objetivo possibilitar o controle de programas de qualidade e melhoria contínua a partir do gerenciamento de custos e custos da qualidade. A utilização de medidas precisas em programas de melhoria visa assegurar o retorno dos investimentos através da redução dos custos da má qualidade, buscando sempre a satisfação total do cliente. Este modelo baseia-se na metodologia de gerenciamento de processos proposta por James Harrington (1990) e (1991) apud Coral (1996), o qual, enfatiza a utilização de medidas de custos que não agregam valores aos produtos ou serviços através do sistema de custeio das UEAs (Unidades de Esforço das Atividades). Além disso, utiliza-se do conceito do valor agregado em todas as suas fases, buscando a satisfação do cliente interno e externo. Análise das Organizações Obtenção de Medidas Análise de Custos Obtenção de Soluções Melhoria Contínua Fonte: James Harrington (1991) apud Coral ( 1996) Figura 1: Modelo de controle e gerenciamento de custos que não agregam valor aos produtos A seguir, apresentam-se as cinco fases do modelo de gerenciamento de custos e suas respectivas etapas. O presente estudo foi desenvolvido numa expressiva empresa industrial que produz embalagens plásticas, na cidade de Pelotas – Rio Grande do Sul – Brasil. 2.1. Análise da Organização A primeira fase do gerenciamento de custos consiste de uma análise detalhada da organização e seus processos, buscando relacionar as atividades internas da empresa com o valor do cliente e com as políticas, estratégias e metas organizacionais (DAVENPORT, 1994). 2.2. Conhecimento da Organização Esta etapa consiste em contatar diretores e gerentes responsáveis por todas as áreas da empresa e levantar informações sobre a política da empresa, seus objetivos, metas, planos de expansão, fatias de mercado, estratégias competitivas, quem são seus clientes e o que agrega valor para os mesmos. Além disso, deve-se buscar o conhecimento de como suas metas são alcançadas e quais as áreas que se encontram em maior dificuldade. ENEGEP 2006 ABEPRO 2 XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 2.3. Mapeamento dos Processos O mapeamento de processos é a etapa de conhecer os processos da empresa, levantando informações sobre suas entradas, saídas, equipamentos e materiais necessários, número de pessoas, layout, etc. Para isso, estabelece-se uma equipe responsável pela coleta de dados, que pode ser composta por membros de diversas áreas da empresa, pois uma equipe multidisciplinar facilita a integração das diferentes áreas. A elaboração de um fluxograma pode ser utilizado para visualização do fluxo produtivo e complexidade de alguns processos. A seguir, passa-se para o estudo detalhado de cada processo, contendo informações sobre o nome do processo, as atividades envolvidas, classificação das atividades em: Aagregadoras de valor e N-não agregadoras de valor, tempo necessário para execução de cada atividade e outras informações relevantes. 2.4. Obtenção de Medidas Medidas são necessárias para avaliar os processos, sua lucratividade e necessidades de melhorias, e também para justificar novos investimentos. Assim, esta metodologia sugere que se estabeleça o relacionamento entre os custos e os processos, bem como com o valor do cliente, para medir o impacto causado pelas ações de melhorias. Nessa etapa, define-se uma equipe para o levantamento das informações dos itens de custos em cada processo. A etapa anterior de mapeamento de processos pode ser utilizada para identificar as atividades para o sistema de custos. O modelo utiliza-se do sistema de custos das UEAs, pois o mesmo permite uma análise detalhada das perdas dos processos, adaptando-se adequadamente a obtenção dos custos que não agregam valores. Além disso, este sistema pode ser utilizado tanto em empresas produtoras de bens como em empresas fornecedoras de serviços, oferecendo uma flexibilidade necessária a esta metodologia. 2.5. Definição das Atividades que Comporão as UEAs Pode-se custear atividades ou processos no modelo das UEAs. O nível de detalhamento deve ser definido pela equipe de custos de acordo com os objetivos e escopo do programa. Definidas as atividades para o sistema de custos, passa-se, então, para o levantamento dos recursos de mão-de-obra, equipamentos, material, supervisão e custos indiretos relacionados com cada processo e atividade em questão. 2.6. Obtenção dos Tempos-padrão O tempo-padrão de um produto em uma atividade corresponde ao tempo médio, em condições normais, que um produto despende em uma atividade. O tempo-padrão normalmente é dado pela fração de hora que um produto passa em uma atividade. Assim, deve-se fazer o levantamento dos tempos-padrão de todos os produtos a serem considerados no sistema de custos. Caso estas informações não estejam disponíveis através dos dados históricos da empresa, medições devem ser feitas por um período de tempo que seja suficientemente representativo na determinação da média dos tempos-padrão. 2.7. Obtenção do Foto-custo das Atividades O foto-custo das atividades é determinado através da soma de todos os recursos necessários para realizar tal atividade em um período de tempo, que em geral é de uma hora. ENEGEP 2006 ABEPRO 3 XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 Os custos de suporte, manutenção e outros custos indiretos devem ser alocados às atividades através de direcionadores de custo, que podem ser diferentes do tempo. A soma de todos os recursos em uma atividade corresponde ao foto-custo desta atividade. Para fins de depreciação e seguros, o valor dos equipamentos deve ser calculado com base no valor de mercado dos mesmos, pois valores contábeis não expressam a realidade. O valor por hora de um equipamento em uma atividade é determinado através de seu valor de mercado, sua estimativa de vida e a sua capacidade real instalada de utilização. 2.8. Obtenção do Foto-custo dos Produtos O foto-custo dos produtos é obtido através da multiplicação de seus tempos-padrão pelo foto-custo das atividades necessárias para fabricá-lo. A soma dos custos de um produto em todas as atividades pelas quais este passa no fluxo produtivo será o foto-custo do produto. 2.9. Cálculo das UEAs A partir do foto-custo das atividades e foto-custo dos produtos, deve-se escolher um produto base para compor a Unidade de Esforço de Atividade. Essa unidade pode ser composta por um produto ou pela soma de dois ou mais produtos. A escolha do produto-base fica a cargo da equipe de custos, devendo este ser um produto que seja representativo do fluxo produtivo. O foto-custo do produto escolhido, ou a soma dos foto-custos de vários produtos comporá, então, uma UEA (Unidade de Esforço da Atividade), que representa uma unidade de esforço produtivo da empresa. A partir desta unidade, pode-se comparar produtos diferentes em termos de esforço de produção, o que permite avaliar e gerenciar processos diferentes com base em uma unidade homogênea. 2.10. Obtenção dos custos que não agregam valores Esta metodologia considera a definição de Morse (1993) e Roth (1991) considera todas as atividades realizadas na empresa que não contribuem para a satisfação do cliente, ou seja, não agregam valor, fazem parte dos custos que não agregam valores aos produtos ou serviços (não qualidade) interna e externa. Portanto, a equipe de custos deve classificar as atividades realizadas na empresa que fazem parte da prevenção da qualidade, das falhas internas e falhas externas. 2.11. Análise de custos As informações sobre os custos das atividades e custos que não agregam valores servirão para o planejamento do gerenciamento de custos e para tomada de decisões no sentido de controlar e minimizar os custos que não agregam valores. Para isso, relatórios devem ser apresentados e analisados pela equipe de melhorias. 2.12. Obtenção de Soluções A partir do conhecimento da performance dos processos críticos, pode-se analisar os problemas encontrados e suas causas, com o objetivo de obter soluções para os mesmos, de forma a desenvolver o processo de acordo com metas pré-estabelecidas. 2.13. Definição de metas e melhoria contínua A equipe de projetos deverá definir metas e objetivos a serem atingidos através do gerenciamento de custos para o processo em questão. A busca de soluções deve ter como objetivo alcançar as metas pré-estabelecidas para o processo. O acompanhamento periódico dos relatórios de custos que não agregam valores servirá de base para a tomada de decisões ENEGEP 2006 ABEPRO 4 XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 quanto à melhoria contínua dos processos, pois a essa implica na constante busca da excelência, satisfação dos clientes internos e externos e crescimento da empresa. 3. Aplicação do modelo Para aplicação do modelo, escolheu-se uma empresa que possui características tanto fabris como de serviço, e que possui uma extensa base de dados, possibilitando desta forma a aplicação do modelo. 3.1. Mapeamento dos Processos Foram feitas entrevistas com gerentes, supervisores e pessoas que trabalham diretamente com os processos. Procurou-se, através destas entrevistas, identificar os principais processos e atividades. Uma das primeiras ações realizadas durante este levantamento foi a identificação do “Fluxo do Processo de Filmes Plásticos” que pode ser visualizado através da Figura 2, a seguir: EXTRUSÃ O IMPRESS ÃO SIM LAMINA ÇÃO ACABAM ENTO EXPEDIÇ ÃO COLAG TINTAS IMPRE LAVAGE M DE Fonte: Dados da pesquisa Figura 2: Fluxo do Processo de Produção As informações detalhadas sobre as atividades de cada processo, seu tempo de ciclo, classificação em agregadoras de valor ou não agregadoras de valor foram obtidas por meio de um formulário de coleta de dados dos processos, tomando-se como referência o principal produto, que é a Embalagem de 5Kg com 6 cores. ENEGEP 2006 ABEPRO 5 XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 3.2. Obtenção de Medidas Foram identificadas 45 atividades no processo produtivo que compõem o sistema de custos da empresa. Na seqüência do estudo, foram identificados os tempos-padrão do produto, já citado anteriormente, nas atividades listadas e separadas em agregadoras e não agregadoras de valor. Assim, por exemplo, pode-se concluir que o produto é produzido em 56,85 horas, considerando a sua passagem nas 45 atividades do processo. A partir da obtenção do valor do custo por hora, elaborou-se a Tabela 1 que representa o foto-custo das atividades por hora em R$ por atividade de cada um dos produtos em foco. PRODUTO P1 ATIVIDADE TEMPO PROCESSO A001 0,05000 A002 0,66667 A003 0,08333 A004 0,08333 A005 24,00000 A006 0,05000 A007 0,25000 A008 0,83333 A009 0,01667 A010 0,08333 A011 1,16667 A012 1,66667 A013 0,08333 A014 0,01667 A015 0,05000 A016 0,33333 A017 0,03333 A018 0,03333 A019 0,01667 A020 0,50000 A021 0,08333 A022 0,05000 A023 0,01667 Fonte: Dados da pesquisa P1 CUSTO PRODUTO BASE EM R$ POR ATIVIDADE ATIVIDADE R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ A024 A025 A026 A027 A028 A029 A030 A031 A032 A033 A034 A035 A036 A037 A038 A039 A040 A041 A042 A043 A044 A045 TOTAL 2,49 33,20 4,15 4,15 1.195,20 2,49 12,45 41,50 0,83 4,15 58,10 83,00 4,15 0,83 2,49 16,60 1,66 1,66 0,83 24,90 4,15 2,49 0,83 TEMPO PROCESSO 0,01667 0,08333 0,01667 0,50000 0,16667 0,16667 0,16667 0,16667 0,16667 0,16667 4,00000 0,50000 10,00000 0,01667 0,03333 0,05000 0,16667 0,16667 0,13333 8,50000 1,00000 0,50000 56,85000 CUSTO PRODUTO BASE EM R$ POR ATIVIDADE R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 0,83 4,15 0,83 24,90 8,30 8,30 8,30 8,30 8,30 8,30 199,20 24,90 498,00 0,83 1,66 2,49 8,30 8,30 6,64 423,30 49,80 24,90 2.831,13 Tabela 1: Foto Custo das Atividades Para melhor ilustrar, tomando como exemplo para o produto em foco tem-se um custo total de transformação no valor de R$2.831,13. 3.3. Análise de custos Esta etapa do estudo apresenta uma análise dos custos que não agregam valor anteriormente identificados. Utilizando o método da Classificação ABC, onde estão demonstrados esses custos em ordem decrescente, bem como, definiu-se como processos críticos aqueles que representam em torno de 80% dos custos não agregadores. A Tabela 2, a seguir, apresenta a classificação do produto objeto do trabalho. Assim observou-se que 72% do valor acumulado dos custos que não-agregam valor, refere-se a dez atividades conforme a Tabela 2. Observa-se que as principais atividades não agregadoras de valor estão concentradas nos processos de Pc1-Extrusão, Pc5-Impressão e Pc6-Acabamento, que somados equivalem a 72%. ENEGEP 2006 ABEPRO 6 XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 3.4. Obtenção de soluções Para a obtenção de soluções e conseqüente redução de custos não agregadores, a empresa em foco possui um departamento de Gestão da Qualidade, que monitora através de um conjunto de indicadores e de métodos estatísticos de controle de qualidade, os processos produtivos, bem como programa ações visando à melhoria contínua. Fonte: dados da pesquisa Tabela 2: Classificação ABC dos custos que não agregam valor: Embalagem de 5kg com 6 Cores 3.5. Desenvolvendo soluções Como visto anteriormente, as principais atividades não agregadoras de valor estão dentro dos processos Pc1-Extrusão, Pc5- Impressão e Pc6- Acabamento. Através do método de Paretto, verifica-se as ocorrências de reclamações do período de 01/03/2005 a 31/03/2005: 38,46% das reclamações são verificadas no processo de impressão (Pc-5); 30,77% das reclamações são verificadas no processo de extrusão (Pc-1); 15,38% das reclamações são verificadas na unidade Pelotas; 7,69% das reclamações são verificadas no processo de acabamento (Pc-6); 7,69% das reclamações são verificadas no processo de produção geral. O desenvolvimento de soluções para as reclamações e problemas detectados, parte da reclamação que é encaminhada para o Setor de Gestão de Qualidade que por sua vez verifica a procedência da reclamação. Caso seja procedente é emitido um relatório chamado de RNC – ENEGEP 2006 ABEPRO 7 XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 Relatório de Não Conformidade, pelo qual é analisada a reclamação para ver se é passível de ação corretiva ou não. 4. Conclusões O modelo aqui apresentado buscou identificar os custos que não agregam valores aos produtos ou serviços e apresentou uma maneira de gerenciar os processos de forma a reduzir tais custos, relacionando as atividades realizadas no processo produtivo da empresa com o impacto no custo total de produção. Assim, o gerenciamento dos custos que não agregam valores aos produtos ou serviços visa não somente a redução de custos, mas a integração das áreas operacionais e financeiras, num esforço conjunto para alcançar os objetivos da empresa. Neste sentido, a aplicação do modelo atingiu os objetivos esperados, avaliando os custos que não agregam valores, buscando soluções para resolver os problemas dos processos críticos. Sendo que esta aplicação deu-se em um processo piloto, muitas das soluções propostas não foram implementadas no período de tempo em que os custos que não agregam valores foram avaliados. Porém, pode-se verificar as oportunidades de redução de custos, sem a necessidade de aumentar as vendas. O gerenciamento dos custos que não agregam valores na aplicação prática mostrou que esta empresa tem condições de reduzir consideravelmente seus custos que não agregam valores, o que vai de encontro com a bibliografia estudada, em que a maioria das empresas tem perdas de produtividade que variam entre 20 e 40%. Além disso, o relacionamento dos custos que não agregam valores com as atividades produtivas, mostrou que, neste caso, existe uma relação direta entre custos e a falta de qualidade, ou seja, quanto maior o número de atividades realizadas pela empresa, que não agregam valor para o cliente, maiores serão os custos que não agregam valores aos produtos ou serviços, fazendo com que o retrabalho e o desperdício aumentem a ineficiência da empresa, que consome recursos, os quais não serão transformados em vendas. Sendo este um modelo genérico para identificação dos custos que não agregam valores aos produtos ou serviços, a classificação dos itens de custo deve ser adaptada de acordo com a realidade de cada empresa, e de acordo com a disponibilidade de informações. Este modelo contribui como ferramenta para gerenciar custos e guiar melhorias nos processos. Alguns itens dos custos que não agregam valores, principalmente àqueles relacionados com falhas externas, como por exemplo, insatisfação do cliente e custos relacionados com o comprometimento da imagem da empresa, são difíceis de serem medidos, devido a complexidade das variáveis e falta de informações suficientes. 5. Referências COMPTON, Ted R. Using Activity Based Costing in Your Organization (part 2), Journal of Systems Management, April 1994, v45, n4, p36 CORAL, Eliza, Avaliação e Gerenciamento dos Custos da Não Qualidade, Florianópolis; UFSC, 1996. Monografia de Mestrado em Engenharia de Produção. 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