Por que não crescemos? NOVEMBRO DE 2014 O Brasil não cresce suficientemente há mais de 30 anos Variações anuais do PIB Brasileiro 1979 – 2014* % a.a. PIB PER CAPITA 10,0 Governo Variação Real % Anual 8,0 6,0 4,6 3,5 2,9 2,5 2,5 2,0 2,1 1,7 1,2 0,0 -2,0 3,2 Figueiredo 1979-1984 0,1 Sarney 1985-1989 2,3 Collor Itamar 1990-1994 -0,4 FHC I 1995-1998 0,9 FHC II 1999-2002 0,4 Lula I 2003-2006 2,2 Lula II 2007-2010 3,5 Dilma* 2011-2014 1,0 1979-2013 Brasil 1,2 Mundo 1,9 2013 Dilma 2011 2009 2007 2005 2003 FHC II Lula I Lula II 1999 1997 1995 FHC I 2001 Collor + Itamar 1993 1989 1987 Sarney 1985 1983 1981 1979 Figueiredo 1991 -4,0 -6,0 Média % 1901-1978 Média % no período 4,0 Período Fonte: IBGE. Elaboração: DCEE/ABIMAQ. *Previsão com PIB de 2014 igual a 0,4%. 2 Nós crescemos menos do que mundo, menos que a América Latina e muito menos que os emergentes DESEMPENHO ACUMULADO DO PIB 500 Emerging market and developing economies World 400 Brazil 350 300 250 200 150 100 50 2014 2013 2012 2011 Dilma 2010 2009 2008 2007 Lula II 2006 2005 2004 2003 Lula I 2002 2001 2000 1999 FHC II 1998 1997 1996 FHC I 1995 1994 1993 1992 1991 1990 Collor + Itamar 1989 1988 1987 1986 1985 Sarney 1984 1983 1982 0 1981 Figueiredo 1980 Número índice Base: 1980 = 100 450 Fonte: FMI – Fundo Monetário Internacional. Elaboração: DCEE/ABIMAQ. 3 O Brasil é um país emergente? Na realidade ele perde participação no mundo nos últimos 20 anos BRASIL: Relação entre o PIB (PPP) do Brasil, do Mundo e das economias desenvolvidas – 1995-2014 6 OCDE 5,5 Participação percentual 5 World 5,3 4,7 4,5 4 Termos de troca crescente 3,5 3,1 2,8 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 2 1995 2,5 2014 3 Fim do ciclo de commodities Fonte: FMI – Fundo Monetário Internacional. Elaboração: DCEE/ABIMAQ. 4 Afinal, porque não crescemos nas últimas décadas? Existem “explicações” para todos os gostos: • • • • • • • • • Faltam investimentos em infraestrutura Os investimentos em educação e inovação são baixos O nível de poupança é insuficiente O tripé foi abandonado e o Banco Central não é independente Exigências de conteúdo local e protecionismo aumentam custos Baixa concorrência externa e falta de acordos comerciais Subsídios do tesouro ao consumo e ao BNDES Aumento do salário acima da produtividade, que não cresce “Custo Brasil” São todos condicionantes importantes mas, nós crescemos bem, durante alguns períodos, apesar de coexistirmos com estes mesmos problemas e outros mais... 5 Então de quem é a culpa: do mundo ou nossa? Fonte e elaboração: Credit Suisse. 6 Fatores internos responsáveis pelo baixo crescimento Baixa taxa de investimento há mais de duas décadas Investimento - FBCF/PIB (%) BR 17,3 Média últimos 13 anos (2000-2012) 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 AL 21,0 Mundo 22,0 18,1 19,3 19,5 RIC 32,4 18,1 19,1 17,4 16,4 15,9 16,1 15,3 16,4 17,0 16,8 5,00 7,00 9,00 11,00 13,00 15,00 17,00 Brasil 2013 = 18,3 2014 = 17,1 (preliminar) 19,00 21,00 23,00 25,00 Fonte: IBGE e World Bank. Elaboração: DCEE/ABIMAQ. 8 O resultado é um baixo estoque de capital produtivo, o que reduz a produtividade 9 Fim do bônus demográfico vai nos obrigar a aumentar a produtividade, se quisermos crescer Taxa de crescimento anual do PIB (%): Contribuição do aumento de trabalhadores e da produtividade 10 A produtividade do trabalho decorre principalmente do investimento em recursos produtivos GRÁFICO 6 – Produtividade global do trabalho e suas fontes, 1980 – 2011 Fonte: R b t Inklaa an Ma l . n ng n 11 Por que o Brasil investe pouco? Será porque a poupança é baixa? % a.a. Fonte: IBGE; Elaboração: CEMEC 13 O real apreciado (doença holandesa + âncora inflacionária) reduz as margens da Indústria de Transformação. Fonte: Banco Central 14 Os juros elevados encarecem a produção e fazem concorrência aos investimentos produtivos TAXA DE JUROS REAIS DE EMPRÉSTIMOS - 2012 Fonte: FMI – Fundo Monetário Internacional. Elaboração: DCEE/ABIMAQ. 15 O retorno líquido da indústria entre 2008 e 2012 acumula 47% contra 62% nas aplicações e em renda-fixa*** Taxa de juros nominais à PF - Pessoa Física e PJ – Pessoa Jurídica 140 PF* 120 PJ** 103,05 % ao ano 100 88,61 80 60 50,06 43,74 40 20 nov/14 set/14 jul/14 mai/14 mar/14 jan/14 nov/13 set/13 jul/13 mai/13 mar/13 jan/13 nov/12 set/12 jul/12 mai/12 mar/12 jan/12 nov/11 set/11 jul/11 mai/11 mar/11 jan/11 0 Fonte: Anefac - Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade * Média ao ano das modalidades de crédito: Juros do comércio, Cartão de crédito, Cheque especial, CDC-Bancos, Empréstimo pessoal Bancos, Empréstimo pessoal Financeira **Média ao ano das modalidades de crédito: Capital de giro, Desconto de duplicata, Conta garantida (Cheque especial para PJ) ***DECOMTEC-FIESP 16 Estes juros levaram a uma hipertrofia do setor financeiro em detrimento dos demais setores Fonte: Bovespa. Elaboração: Frederico Torres de Souza, Master of Sciences in Management pela Purdue University e Leandro Novais e Silva, Professor Adjunto de Direito Econômico na FDUFMG. 17 Composição setorial da S&P 500 pela equivalência patrimonial mostra que o peso do setor financeiro nos EUA é metade do nosso Elaboração: Frederico Torres de Souza, Master of Sciences in Management pela Purdue University e Leandro Novais e Silva, Professor Adjunto de Direito Econômico na FDUFMG. 18 O resultado, é um forte aumento do déficit público em função dos altos juros sobre a dívida líquida 19 E um baixo retorno sobre o patrimônio das empresas não financeiras Fonte e Elaboração: Frederico Torres de Souza, Master of Sciences in Management pela Purdue University e Leandro Novais e Silva, Professor Adjunto de Direito Econômico na FDUFMG. 20 CONSEQUÊNCIAS: BAIXA COMPETITIVIDADE Produzir aqui custa 37 p.p. mais que produzir na Alemanha ou EUA Custo Brasil - ∆ entre Brasil e EUA/Alemanha (para BKMs em 2012) 37,0 1 Custos dos insumos 20,5 2 Impacto dos juros sob o capital de giro 6,5 3 Impostos não recuperáveis na cadeia produtiva 4,7* 4(R)Demais Itens Revisado; * Média do período pós desoneração do INSS patronal da folha de pagamento. 5,3 Fonte: IBGE, BCB, ILOS,FED de St. Luis, Banco Mundial, BNDES, ABIMAQ, Macrodados. Elaboração: DCEE/ABIMAQ. 22 Exportação brasileira por fator agregado: estamos jogando fora a industrialização feita nas décadas de 60 e 70 1964 a 2013 - Participação % 90,0 BÁSICOS SEMIMANUFATURADOS MANUFATURADOS 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 1964 1965 1966 1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 0,0 Fonte e elaboração: MDIC. 23 Fonte: IBGE . Elaboração: DCEE/ABIMAQ. 24 jul-14 jan-14 jul-13 jan-13 jul-12 jan-12 jul-11 110 jan-11 jul-10 jan-10 jul-09 jan-09 jul-08 jan-08 jul-07 jan-07 jul-06 jan-06 jul-05 jan-05 jul-04 jan-04 jul-03 jan-03 jul-02 jan-02 Nº índice base: 2002 = 100 O incentivo ao consumo não beneficiou a indústria nacional 210 190 COMÉRCIO 170 150 130 PRODUÇÃO INDUSTRIAL 90 O aumento do consumo foi suprido por importados que dobraram seu “Market share” Coeficiente de penetração dos produtos importados Indústria de transformação 25 20,8 20,9 21,7 19,1 20 17,3 15,5 15,3 15 13,5 11,3 12,1 10,8 10,1 11,6 11,8 10,5 10,3 11,1 11,9 10 5 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Fonte: Funcex . Elaboração: DCEE/ABIMAQ. 25 Agenda de curto prazo para retomar o crescimento Principais desafios para retomar o crescimento a partir de 2015 1. Ajustar a taxa de câmbio (câmbio flutuante administrado) e mantê-lo competitivo em termos reais 2. Reduzir Selic (para IPCA + 1 a 2 p.p) com equilíbrio nominal das contas públicas 3. Reduzir juros de mercado ao nível médio dos países emergentes através da eliminação da cunha fiscal, redução do compulsório, fim da sua remuneração e maior concorrência 4. Restabelecer a confiança para reverter expectativas (políticas consistentes e transparentes) 5. Levar a inflação para a meta num período de dois a três anos 27 Mário Bernardini E-mail: [email protected]