HOTEL DE NEGÓCIOS Mary Lessa Alvim Ayres Ilka Gonçalves Daemon Paulo Cesar Siruffo Fernandes* Resumo Muito têm-se falado de hotéis de negócios: oportunidades de investimentos, experiência projetos ou desse grupos estrangeiros divulgando segmento em alardeando intenção nosso de País. No sua desenvolver entanto, esse ainda é um conceito novo entre nós. O estudo aqui parâmetros utilizados classificar categoria, tem apresentado seus bem pela esclarecer indústria analisar tanto pelo a dentro tendência lado da alguns hoteleira estabelecimentos como sinalizado pretende que dessa o demanda para mercado quanto da oferta de quartos ou unidades habitacionais. Para tanto, relativos por a são taxas categoria e examinados de dos Simultaneamente, os ocupação, hóspedes procura dados disponíveis distribuição pela traçar motivação dos da paralelos hotéis viagem. entre os movimentos anunciados pela política econômica brasileira e suas contribuições ao mercado hoteleiro. A partir algumas dessas estatísticas, hipóteses de evolução foram na estabelecidas oferta de hotéis voltados ao atendimento de viajantes a trabalho. __________________ * Respectivamente, gerente, administradora e engenheiro da Gerência Setorial 4 do BNDES. Introdução Hotel de negócios facilidades seus o meio necessárias deslocamento Entre é resultante clientes estão ao de de hospedagem abrigo sua que de atividade incluídas, também, reúne pessoas as em econômica. as pessoas 1 que se hospedam para participar de eventos com vistas ao seu aprimoramento profissional tais como convenções, feiras e exposições, treinamentos ou congressos. Os hotéis de negócio geralmente estão localizados nos centros urbanos e urbano-industriais, diferentemente dos hotéis de lazer, prioritariamente situados próximos a atrativos naturais, desportivos ou socioculturais. Os hotéis classificados estrelas, isto turística superior hóspedes em é, três, pertencentes e luxo, viagens preferência com nos de às categorias concentram trabalho permite quatro ou e cinco turística, grande número treinamento. considerar essas de Essa categorias constituídas predominantemente por hotéis de negócios. TABELA 1 D istribuição da O cupação dos H otéis -1996 -em % C ATEG O R IA LU XO TU R ÍSTIC A SU P TU R ÍSTIC A Lazer 34,7 30,8 49,2 N egócio 43,4 45,5 39,1 C ongresso 16,6 15,2 7,7 O utros 5,3 8,5 4,0 Fonte:H orw arth C onsulting O diferencial nos hotéis de negócio está na adequação de suas instalações eficiência dos comunicações como: service um serviços check-in, 24 necessidades eficiente, que hotel de são geração espaços nível de de room exemplos negócios. virtuais, realização prestação repercutem escritórios e a de preparados e seus de forma com e clientes Um serviços service alguns têm e que na de express laundry serviços positiva na ou imagem reproduzam material de apresentam a e sistema especialmente congressos competitividade de Ambientes equipados eventos de prestados. check-out, horas, atendimentos de às última para a elevado preferência dos hóspedes. 2 Hoje esses hotéis se modernizam Health-Clubs e Fitness Center com a implantação de exclusivos ao atendimento dos hóspedes executivos que valorizam aspectos relativos a sua saúde e aparência. Panorama Mundial A indústria mundial do turismo movimenta por ano cerca de US$ 3,4 trilhões e empregando 260 milhões de pessoas, o que equivale países essa a 9% dos relação postos chega de a trabalho. 17 % Em dos alguns empregos existentes. Em 1995, o congressos turismo e de negócios seminários foi e a participação responsável por 52,1 em % do hotéis de total das viagens realizadas. De acordo Hong Kong, anuais em com de Japão os países dos acima hoteleira da mesmas CEE, Howard Consulting, Austrália mundiais. valores essas de e ocupação termos indústria dados Os de que apresentam 75%, sendo destaques continuam com juntos são a as do a de maiores da Norte responsáveis regiões médias faturamento América Paralelamente, sede taxas estas de envolvidos. são os e por 76% observa-se que 80% dos congressos realizados mundialmente. Panorama Nacional A participação últimos esse em dez setor anos faturou negócios receitas do setor de situou-se receitas diretos provenientes e turismo no em torno de da ordem de indiretos, do PIB segmento nacional 8%. R$ sendo de Em nos 1997, 3,2 bilhões 2/3 dessas turismo de negócios. O turismo resultante de viagens motivadas por interesses comerciais, negócios e convenções foi o que mais cresceu no Brasil entre 1991 e 1995, apresentando crescimento de 13%, enquanto o turismo de lazer teve redução de 10%. GRÁFICO 1 3 R epresentatividade do PIB Turístico Frente ao PIB N acional 10 % 8 6 4 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993* 1994 Fonte:FG V,IBG E e Em bratur Quanto à atualmente que *estim ativa geração de cerca 6 equivale capacidade a é de população em o turismo pessoas no emprega Brasil, o ativa. A econômicamente de empregos média, 0,53 esse índice diretos pessoa com no por a setor unidade categoria de localização do estabelecimento. com em milhões variando pesquisa Desenvolvimento (FADE) empregos, geração hotel e com a acordo da de, habitacional, De de 8% de hoteleiro 1995 da da Fundação Universidade convênio com a de Federal Embratur, Apoio de a ao Pernambuco taxa média de ocupação dos hotéis brasileiros situa-se em 47,7%. O presidente (ABEOC) - da Associação Regional eventos a ocupação dos garantindo Rio de Janeiro responsabilidade hotéis assim tanto uma Brasileira credita por do boa mais Rio de ao da como de Eventos turismo de metade da São rentabilidade Paulo, mesmo nos períodos de baixa temporada. Nos últimos anos apresentado estabilização de com o crescimento da economia investidores e informações da pessoas turismo a negócios como brasileira, no Brasil tem consequência da bem como da vinda comerciantes estrangeiros. De Embratur, 1996 28,7% em cerca de acordo das vieram ao país com esse objetivo. Em 1997, este índice atingiu o índice de 32,6%. GRÁFICO 2 4 Visitantes Estrangeiros em Viagens a N egócios % 40 30 20 10 0 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 Fonte:Em bratur Os números teve no Paulo. de Embratur turismo de revelam negócios que o maior Rio de Janeiro incremento que São Entre 1996 e 1997, as viagens de negócios ao Rio cresceram 23%, enquanto em São Paulo foi verificada uma variação de 5%. Além de São Paulo acolhimento Federal. de A e Rio, turistas capital da outro de importante negócios república é é centro o de Distrito responsável pela realização de um grande número de congressos, seminários e reuniões, Conforme por ser um importante centro estimativas da secretaria de de decisões. turismo, 70% das viagens à capital federal são decorrentes dessa natureza de turismo. A cidade de São Paulo tem sido considerada a capital de eventos da América do Sul, porém a sua oferta de espaços qualificados Motivados para por localizados na esse este fim fato, capital ainda alguns paulista é insuficiente. hotéis estão de luxo concentrando alguns de seus investimentos na área de eventos. Novos estabelecimentos adequados às atuais já foram concebidos necessidades desse com espaços segmento de negócios. GRÁFICO 3 5 Participação do Turism o de N egócios na R eceita de H otéis B rasileiros O thon (RJ) Vila Rica Transam érica (SP) Sofitel Novotel L’Hotel Le Canard CaesarPark (CE) CaesarPark (RJ) CaesarPark (SP) M eliá 0 20 40 60 80 100 120 % Segundo dados Hoteleira negócios - da Associação ABIH no -RJ, total a de Brasileira participação visitantes que da dos Indústria turistas de desembarcaram no Rio, no primeiro trimestre do ano 1998, alcançou o dobro do índice registrado Paralelamente despesas média 3,70 ocorreu no um mesmo aumento diárias dos visitantes estada dos turistas da dias. A taxa média da que de período de 50% na cidade, passou ocupação de 1997. média bem de das como 3,23 na para registrada nos hotéis do Rio nos primeiros meses deste ano foi de 70%. Sistema BNDES O setor hoteleiro por seu boa relação como alto poder merecido gerador investimento/ exemplo observamos tem uma os hotéis taxa de atenção empregos, emprego de 0,66 Sistema BNDES observada gerado. classificados média do com empregado Se 4 sua tomarmos estrelas, por U.H. e 6 um investimento de R$ 192 mil para cada novo emprego Sistema BNDES aprovou milhões para gerado. Entre 1993 créditos e junho no valor de de 1998 o US$ 633 apoio a projetos do setor hoteleiro. TABELA 2 Sistem a B N D ES A provações e D esem bolsos para o Setor H oteleiro -valores em U S$ m ilhões 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998* Aprovações 17,4 21,5 34,6 99,1 97,4 141,8 133,3 122,8 39,2 D esem bolsos 20,2 12,1 30,8 36,7 75,9 118,5 112,2 119,0 37,1 * Janeiro-Junho/98 Tendências O setor de turismo associações tem sido especializadas Anualmente versando o concernentes. A são turismo leitura de estudo das e das agências de fomento e desenvolvimento. sobre objeto publicados e questões dessas vários que dados lhe publicações são deixa à mostra a ocorrência de algumas inconsistências nos dados apresentados e lacunas em suas informações. Ainda assim, qualquer avaliação sobre o presente e o futuro da atividade apenas os agências pelas turística dados nacional publicados oficiais, diversas organiza. mas ainda, ter pela Embratur também associações Mais deve os através para como que das são quais alcançarmos os base e não demais produzidos o setor se objetivos pretendidos devemos admitir alguns pressupostos. Existem somando 1996 cerca no Brasil 561.740 apenas de cerca unidades 2.334 141.000 cadastrados junto de meios unidades a 18.000 meios de habitacionais. de Todavia, hospedagem, habitacionais, Embratur. Esses hospedagem até representando encontravam-se estabelecimentos apresentam taxa média de ocupação de 48%, evoluindo para 78% durante os meses classificados na taxa ocupação média de faixa de de alta 4 e superior 5 temporada. estrelas aos Os hotéis apresentam demais, 55% e a 53%, 7 respectivamente, e compõem a principal oferta de hotéis voltados ao atendimento de viagens de negócios. Os índices de ocupação média hoteleira no país revelam a existência de suficiente entanto, ao unidades atendimento durante apresentada a é recomendados habitacionais das alta temporada inferior para a atuais aos número necessidades. a No disponibilidade índices administração em estratégicos hoteleira. Esse fato, junto à nova realidade brasileira resultante da abertura econômica, dos consolidação processos do de Mercosul, privatização recomenda o e da estudo e a avaliação da ampliação da oferta dos meios de hospedagem O gráfico 4 apresenta as taxas de ocupação de hotéis, no período 1994 / 1996, segundo sua classificação. GRÁFICO 4 Taxa M édia de O cupação 75 50 % 5* 4* 25 3* 0 1994 1995 1996 Fonte:Sotecontie Em bratur No Brasil cerca classificam-se cinco hipótese, em visita trânsito estimadas a Embratur, dedicadas ao em a como de disponibilidade dos de 1997, U.H. dos negócios, negócios. representam As hotéis categorias existência habitacionais atendimento as Assim, pela a 45% segundo estrelas. cadastrados de base cerca número de turismo dos de 63.000 de turistas 11% de como unidades Essa para o estrangeiros nacionais habitacionais do e hotéis negócios. hóspedes unidades quatro admitir, suficiente 980.000 cerca o três, podemos foi e de existentes total em assim disponível 8 em todos os meios de hospedagem cadastrados ou não junto a Embratur. No entanto, quando confrontado com o estoque de acomodações mercado, de aquela conforto estimativa mínimo passa exigido a por representar esse 70% do novo total. Quando se avalia alojamentos, atuação que nesse dimensão do 4,2% ano. ao as segmento, A que necessidade cumpram consideradas. pressupõe a a PIB condições duas por turístico Nesse de novas até o U.H. ou ano novos necessárias para devem natureza brasileiro caso, de hipóteses primeira, demanda futura ser otimista, cresça na seja razão 2.002 à mesma deverão de ser construídas cerca de 14.500 novas unidades habitacionais o que representa um investimento da ordem de R$ 1,6 bilhões. A segunda demanda razão hipótese, por que conservadora, alojamentos a média do pressupõe classificados PIB brasileiro cresça nos que a na mesma últimos anos. Desta forma, até o ano de 2002, objeto de nossa atenção, deverão ser atendimento ofertadas dessa mais meta 4.535 serão U.H.. necessários Para o gastos de aproximadamente R$ 500 milhões. Em ambos os exercícios consideramos os índices médios de investimento formado por por unidade hotéis das habitacional categorias de do conjunto três, quatro e cinco estrelas. Registre-se incluem que gastos os valores com reforma assim ou dimensionados modernização dos não ativos existentes, restringindo-se unicamente à oferta de novas unidades habitacionais. No cenário otimista, distribuição pressupomos existente regional que até para o a visualizarmos desses distribuição momento será como novos dará a investimentos espacial mantida. se da Assim, oferta a região Sudeste que detêm 48 % das U.H. do país será contemplada com investimentos de cerca de R$ 800 milhões. As regiões Norte e Nordeste que respondem por cerca de 4,2 % e 17 % do total das unidades habitacionais do país 9 receberão investimentos da ordem de R$ 70 milhões e R$ 300 milhões, respectivamente. As regiões 6,2 a a % Sul das Centro-Oeste unidades manutenção região milhões e de habitacionais desses Sul abrigam índices será pode-se em de brasileiras. contemplada investimentos cerca prever com novas U.H. e até 2002 R$ 400 de e % Admitindo que cerca 24 a região Centro-Oeste com R$ 100 milhões. Caso as todas hipóteses as aqui unidades consideradas habitacionais, sejam aplicadas cadastradas ou a não, adequadas à hospedagem de turistas de negócios, os novos investimentos construção atingir em de reforma, novas valores modernização, unidades cerca de adaptação habitacionais 40% maiores e poderão que os aqui apresentados. Quanto à hipótese de 9.600 geração otimista novos de empregos, propiciará, empregos unidades habitacionais, empregos indiretos. unidades No habitacionais podemos até o ano afirmar que 2002, oferta diretos na o corresponde a conservador, as que cenário propiciarão operação a 3.000 novos das a novas 38.000 novas empregos diretos e cerca de 12.000 indiretos. 10