Portugal foi o país europeu que mais evoluiu na inovação Investimento. Comparação dos indicadores de 28 países, entre 2006 e 2013, coloca Portugal à frente na subida. Mas os últimos anos foram de contração e continuamos abaixo da média PEDRO SOUSA TAVARES mento público e privado em ino- Portugal foi o país da União Europeia (UE) que mais evoluiu nos indicadores da inovação entre 2006 e 2013, revela o estudo "Inovation UnionScoreboard2ol4". Amánotícia é que, apesar da média de 3,9% de crescimento neste indicador, o País regrediu 5% entre 2010 e 2013 e continua abaixo da média comunitária na maioria dos indicadores, integrando um grupo de países definidos como "inovadores moderados". O relatório baseia-se na conjugação de um conjunto alargado de indicadores que vão do investi- vação e desenvolvimento, tanto na indústria como em outros sectores-chave da economia, à evolução das qualificações dos recursos humanos e ao retorno obtido pelo investimento tanto ao nível das patentes e dos papers científicos como dos ganhos reais e mensuráveis para a economia dos países. O embalo de sucessivos anos de reforço do investimento público em inovação e desenvolvimento, aliado à progressão também acima da média no ritmo de qualificação dos cidadãos, incluindo doutorados, ajuda a explicar a evolução portuguesa, a um ritmo superior em bastante mais do dobro à média da UE, que foi de 1,7%. E a liderança não é conseguida apenas devido ao facto de o ponto de partida ser baixo. A performanceportuguesa, quando comparada com outros países da mesma categoria de "inovadores moderados", continua a destacar-se claramente, com a Letónia a ser a mais próxima, com uma média de progressão de 2,6% . A vizinha Espanha, por exemplo, progrediu apenas 1,4% ao ano. Mas os efeitos da crise económica, sobretudo a partir da inter- venção da troika, em 2011, são também notórios na descida dos últimos três anos. Desde logo, porque o Estado passou a investir menos nestas áreas, com as instituições do ensino superior e as próprias empresas a acompanharem a tendência. Dependência do Estado Uma quebra que confirma a dependência que estas áreas estratégicas têm da iniciativa do próprio Estado, aliada ao financiamento comunitário. Essa relação é mais bem comprovada num outro documento, intitulado "Regional Inovation Scoreboard2ol4" onde, para além da divisão dos indicadores pelas diferentes ses, são detalhados regiões dos paíalguns dos mo- tivos dos desempenhos. Nesse documento é possível verificar que, apesar de os gastos do Estado português em investigação terem sido e desenvolvimento sempre inferiores à média comunitária, oscilando entre os 50% e os 80% da mesma, o investimento de iniciativa privada é substancialmente inferior, não chegando aos 50% da média em mais de metade do território do País (incluindo Alentejo, Algarve e ilhas) . As pequenas e médias empresas são as que mais investem nesta área em Portugal, superando mes- mo os máximos comunitários nesse grupo. Mas fazem o investi- mento essencialmente em proveito próprio, raramente promovendo consórcios entre si. Portugal está bem classificado ao nível do aproveitamento que é feito dos fundos estruturais europeus que apoiam a inovação. No que toca à utilização de fundos destinados à pesquisa e athddades tecnológicas, o País tem mesmo o melhor desempenho, a par da Alemanha, com uma taxa de utilização de 50%. Também a utilização dos fundos para a área da inovação comercial e comercialização, com uma taxa de 20%, permite figurar entre os melhores, a par de países como a França, a Itália e a Suécia. A utilização é no entanto muito variada entre as diferentes regiões do País, o que se reflete nos desempenhos. Lisboa é a única região do País a conseguir resultados ao nível dos "inovadores líderes" da Europa. Aliás, em toda a Península Ibérica, só partilha esse estatuto com o País Basco. As restantes regiões de Portugal acompanham a tendência de "inovadores moderados" com a Madeira a ser a exceção pela negativa, tendo passado do nível moderado para o modesto. O DN questionou o Ministério da Educação e Ciência mas não teve resposta em tempo útil. RETRATO LÍDERES SÓ NA SUBIDA > O crescimento anual de 3,9% nos indicadores da inovação dá a Portugal, a progressão mais significativa de toda a União Europeia, entre 2006 e 2013. No entanto, como o ponto de partida era bastante baixo, o País continua com um desempenho inferior à média comunitária e dis- tante dos melhores. CRISE TEM IMPACTO > Apesar da subida consistente, anos têm sido de estagnação e mesmo de descida. Em 2010, PortugaL tinha atingido índices equivalentes a 79% da média da UE. Em 2013, já tinha caído para os 74%. Os efeitos da crise, nomeadamente o corte no investimento público na investios últimos gação e desenvolvimento, refletem nas estatísticas. já se LISBOA É CASO ÚNICO > A região da capital é a única no País (em toda a Península Ibérica apenas o País Basco o acompanha) com um desempenho ao nível dos líderes da inovação na UE. As restantes regiões do País estão dentro da tendência nacio- nal para a inovação "moderada", com a Madeira a destacar-se pela negativa com um nível considerado modesto.