XXII Congresso de ALAM
I Congresso de ASACIM
INFLUÊNCIA DO AMBIENTE NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE
Ipomoea grandifolia EM SOLOS SOB A CONDIÇÃO DE PALHADA E SEM
PALHADA
Mônica Satie Omura1, Dana Kátia Meschede1, Marli de Moraes Gomes1, Gustavo
Azevedo1, Eli Carlos de Oliveira1, Lúcia Sadayo A. Takahashi1
1
Centro de Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Londrina.
[email protected]
RESUMO
O experimento foi conduzido em casa de vegetação na Universidade Estadual de
Londrina e teve por objetivo verificar a influência da cobertura vegetal na germinação
de corda-de-viola através de análises de temperatura e umidade em diferentes
profundidades de solo com presença e ausência de palhada. Em cada unidade
experimental foram semeadas em 10 sementes de corda-de-viola em 3 profundidades:
10, 5 e 2cm, totalizando 8. As repetições consistiam em 4 desses recipientes cobertos
com palha de milho na proporção de 6000 kg.ha-1 e os outros 4 sem cobertura. Foram
realizadas 3 avaliações diárias, às 6:00 horas, meio dia e às 18:00 horas, por um
período de 21 dias através do aparelho Microlloger Campbell Scientific inc. Pelas
avaliações foi possível constatar que os fatores ambientais, tais como disponibilidade
de água no solo, menor variação da amplitude térmica são elementos que promovem
o aumento da germinação da corda-de-viola nas lavouras em condição de plantio
direto, quando comparadas com áreas de sistema convencional.
Palavras-chave: plantas daninhas, germinação, cultivo
SUMMARY
The experiment was conducted in a greenhouse at the State University of Londrina and
aimed to verify the influence of vegetation cover in Ipomoea grandifolia germination
through temperature and humidity analysis in different soil depths with and without
straw. In each experimental unit were seeded in 10 seed I. grandifolia depths in 3: 10,
5 and 2 cm, totaling 8. consisted of 4 replicates of the containers covered with corn
straw in the proportion of 6000 kg ha-1 and other 4 without cover. 3 daily evaluations
were performed, at 6:00 am, noon and 18:00 hours, for a period of 21 days via
Microlloger Campbell Scientific Inc. unit. The evaluations, it determined that
environmental factors such as water availability in the soil, less variation of temperature
range are elements that promote increased germination of Ipomoea grandiolia in crops
in no-till conditions compared with conventional system areas.
Keywords: weeds, germination, crops
INTRODUÇÃO
A corda de viola (Ipomea grandifolia) pertence à família Convolvulaceae e se
reproduz através de sementes [1]. Por entrar em estado de dormência pode abranger
vários fluxos de emergência dificultando o controle químico [2] e dependendo do
estado de infestação, tornam se problemáticas para várias culturas, tais como: soja,
feijão, cana de açúcar, interferindo na colheita mecanizada. A germinação é um
estádio crítico na sobrevivência e na adaptação das espécies no ambiente e seu
sucesso está diretamente relacionado aos aspectos fisiológicos e bioquímicos da
semente [3] combinados aos fatores extrínsecos a ela. Esse processo pode se mostrar
muito sensível aos resíduos culturais deixados no solo no sistema de plantio direto,
devido a alterações na camada superficial do solo por fatores de natureza física,
química e biológica e suas interações [4]. Em relação aos efeitos físicos da cobertura
morta, pode se destacar a conservação da umidade do solo, redução da
disponibilidade da radiação solar [5], alterando a quantidade e a qualidade do
comprimento das ondas luminosas e, redução da oscilação da temperatura [6],
dificultando a germinação de espécies daninhas, mostrando se eficaz como uma
alternativa para o controle de plantas invasoras [7]. O objetivo do trabalho foi verificar
a influência da cobertura vegetal na germinação de Ipomea grandifolia através de
análises de temperatura e umidade em diferentes profundidades do solo, com
presença e ausência de palha.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação na Universidade Estadual
de Londrina, utilizando sementes de I. grandifolia, adquirida por empresa revendedora
de sementes de plantas daninhas que garante 70% de germinação. Cada unidade
experimental foi constituída por uma caixa plásticas de polietileno de alta densidade
com capacidade para 12 litros e dimensões internas de 50 cm de comprimento, 33,5
cm de largura e 14 cm de altura, totalizando 8. As quais foram preenchidas com solo
misto peneirado, semeando 10 sementes, escarificadas mecanicamente, a 10, 5 e 2
cm de profundidade em cada caixa e regando-as até atingir a capacidade de campo.
Em 4 desses recipientes foi feita uma cobertura com palhada de milho na proporção
de 6000 kg.ha-1 e os outros 4 foram deixados sem cobertura. Foram realizadas 3
avaliações diárias, às 6:00 horas, meio dia e às 18:00 horas, por um período de 21
dias, que é o tempo final para a germinação da corda de viola segundo a regra de
análises de sementes [8]. A temperatura foi medida nas três profundidades e na
superfície através de quatro termopares conectados ao aparelho Microlloger Campbell
Scientific inc. Ao mesmo tempo foi feita a medição da umidade do solo realizada com
o mesmo aparelho a 5cm de profundidade, já que as caixas não foram regadas
posteriormente.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Na figura 1 são apresentados os resultados da amplitude térmica, que é
representada pela variação da temperatura entre o período da manhã, tarde e noite
durante os 21 dias de avaliação para germinação da corda de viola nas diferentes
profundidades de solo, em condição de palha e sem palha. Comparando a condição
de palha e sem palha verificou-se que no solo sem palha a amplitude variou em média
de 16 graus diário e de 1 grau a cada profundidade, enquanto na condição de palha a
amplitude teve pequena alteração ao longo dos dias avaliados, mantendo valores
próximo a 17 e 31 graus nas diferentes profundidades, sendo que a diferença entre a
mínima e máxima temperatura ficou em torno de 14 graus. Esses resultados mostram
que na superfície a palhada é a grande responsável pela oscilação das temperaturas
reduzindo a mudança de temperatura ao longo do perfil. No solo sem palha a
amplitude térmica é maior, com variação média de até 2 graus acimas das
temperaturas em maiores profundidades, o que indica e cada 5cm a temperatura é
alterada em 1 grau. Essa diferença da amplitude na condição de palha e sem palha,
provavelmente tem relação com a luz e umidade, o solo com palha manteve a
umidade média acima de 85% (540 mv) contra o sem palha que ficou ao redor dos
60% (420 mv), portanto o solo com palha manteve a umidade superior ao sem palha
em média 25% maior, sendo que a noite na maioria dos dias ele atingia a capacidade
de campo (602 mv).
Figura 1. Amplitude térmica ao longo de 21 dias de avaliação na profundidade de 10 cm, 5cm,
2cm e superfície do solo, na condição de palha e sem palha.
Figura 2. Germinação da corda de viola na condição de palha a 5 cm de profundidade e na
superfície a baixo da palha ao logo de 21 dias após semeadura.
Avaliando a germinação em diferentes profundidades sob condição de palha e sem
palha é possível inferir que o comportamento para as diferentes condições foi
semelhante, sendo para condição de palha os índices de germinação da corda de
viola foram moram maiores na superfície, e a 5 cm praticamente não diferiram entre si
(Figura 2). Na superfície verifica-se a palha influiu aumentando a germinação em
relação ao solo sem palha, e o início da germinação para ambas as condições,
ocorreu 4 dias após a semeadura, no final da avaliação em condição de palha
germinaram aproximadamente 40% a mais de semente de corda de viola. O fator que
pode ter influenciado é a amplitude térmica, onde a menor amplitude em relação ao
solo descoberto imposta pela palha, aumentou os índices de germinação aliado a
umidade do solo, onde o solo com palha manteve a umidade média acima de 85%
(540 mv) contra o sem palha que ficou ao redor dos 60% (420 mv), portanto o solo
com palha manteve a umidade superior ao sem palha em média 25% maior, sendo
que a noite na maioria dos dias ele atingia a capacidade de campo (602 mv), além
disso a variação diária de umidade no solo foi mínima quando comparado com o sem
palha. A 5cm de profundidade com palha e sem palha, tiveram percentual de
germinação muito próximos, esse resultado também deve estar relacionado com a
amplitude térmica, que é menor nessa profundidade e a umidade que tende também a
ser maior em ambos os solos quando comparada com a superfície que perde água
rapidamente, quando este não tem cobertura
CONCLUSÃO
A germinação da Ipomoea grandifolia é influenciada pelas condições
ambientais, sendo que as menores amplitudes térmicas, aliadas a manutenção de
umidade no solo, aumentam a germinação dessa espécie.
AGRADECIMENTOS
Ao programa de pós-graduação da Universidade Estadual de Londrina, a
CAPES pela concessão da bolsa e a todos que contribuíram para a conclusão deste
trabalho.
REFERÊNCIAS
[1]. Manual de identificação de plantas daninhas da cultura da soja (2006). In:
Convolvulaceae, 47-51pp. Embrapa soja.
[2]. Planta daninha (2009), 27 (1), pp.23-27.
[3]. Seeds: physiology of development and germination. (1994) Plenum Press, 445p.
[4]. Ecologia das plantas daninhas no sistema de plantio direto. In: ROSSELLO, R. D.
Siembra directa en el Cono Sur. Montevideo: PROCISUR, 2001. p. 203-210.
[5]. Ecology (1991), 72 (3), pp. 1024-1031.
[6]. Weed Research (1980), 20 (1), pp. 135-138.
[7]. Pesquisa Agropecuária Brasileira (2001), 36 (1), pp. 37-41.
[8]. BRASIL. Ministério da Agricultura e da Reforma Agrária. Regras para análise de
sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 2009. 192p.
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