Rádio e Televisão-Laboratório
Uma Nova fase no ensino da Comunicação
Prof º Nicolau Maranini UGF/RJ
1-Nota Introdutória
A
proposta do trabalho é demostrar a possibilidade de
apresentação de um estudo que beneficie todas as escolas de
comunicação no Brasil na questão dos laboratórios. Este novo
entendimento poderá modificar as práticas de ensino, elevando o
nível de qualidade das Instituições, adicionando uma injeção de “
uma dose considerável de vivenciamento de situação com as
realidades humanas mais variadas”1.
As escolas ainda vivem em uma situação de isolamento em
relação ao mundo dos mídias e das atividades de comunicação. E o
objetivo deste trabalho é uma aproximação real do mercado e a
academia.
A metodologia aplicada parte da experiência do ensino de
radio e TV
modificações
na Universidade Gama Filho , que vem sofrendo
nos
seus
conceitos
didático-pedagógicos
em
conseqüência da entrada em funcionamento da Rádio e TV interna
da
universidade.Essa
mudança
está
proporcionando
uma
transformação no papel do professor, de detentor de conhecimento
para o de animador que busca trocar informações através dos
alunos, que se propõem a trabalhar para serem avaliados
sistematicamente.
A partir da análise da experiência na Universidade Gama
Filho será feito uma série de ações visando mudar o atual modelo de
laboratórios existentes.
2-Uma Nova Visão
Recentemente foi entregue um documento a Delegacia
Regional do Rio de Janeiro do Ministério das Comunicações,
visando uma aproximação que sensibilize as autoridades a uma
possível
regulamentação
das
emissoras
das
escolas
de
comunicação , provenientes dos laboratórios.O documento foi um
primeiro passo para de um planejamento que começa a ser
elaborado.
“A Legislação do ensino superior , vigente no Brasil,
obriga as faculdades de comunicação a montarem laboratórios de
Rádio, de TV e de mídia impressa para a prática de seus alunos. 2 O
Presente documento tem, portanto , a intenção de oferecer subsídios
para que as unidades de ensino superior possam cumprir esta
exigência.
Evidentemente
,
quando
se
pensa em laboratório
de
jornalismo, fica claro que se trata da instalação de um jornal
laboratório de um jornal ou revista a ser impresso para circular nos
prazos definidos. O que esperar, então, dos laboratórios de Rádio e
TV?
Num
primeiro
momento,
as
Institutições
universitárias
instalaram estúdios acarpetados e equipamentos de última geração
que serviam mais de demostração
para diferentes públicos e
interesses do que para a funcionalidade, embora produzissem algum
material, que era transmitido de nenhum lugar para lugar algum.
Surgiu, então, uma saída, através de ligações via cabo, o que
algumas faculdades fizeram, ligando suas Tvs e suas Rádios por
esse sistema. O cabo demostrou ser inviável
funcionalmente,
por
apresentar
uma
série
de
econômica e
restrições
,
especialmente naquelas Institutições com uma área grande de seu
campus ou que tenham vários campi.
O que as escolas precisam, para cumprimento de sua função
pedagógica , é de verdadeiras Rádios e Tvs que sejam de fato
laboratórios de aprendizagem , permitindo o domínio por parte dos
alunos de todos os aspectos e de todas as etapas que envolvem a
produção áudio e televisual. Por laboratórios de Rádio e TV ,
entendemos emissoras funcionando regularmente e produzindo uma
programação preparada por alunos para alunos, supervisionadas por
professores e/ou monitores, sem vínculo comercial e transmitida por
ondas e passível de ser captada dentro do espaço do campus e/ou
campi.
Existem significativas diferenças entre os propósitos das rádios
comunitárias e os das laboratoriais. as primeiras defendem
interesses comunitários, culturais , políticos e financeiros, ao passo
que as segundas se destinam à prática das técnicas aprendidas nas
faculdades por alunos, o que os capacitará de modo mais
adequado.Elas
são
ainda
um
espaço
privilegiado
para
experimentação de formatos, linguagens e tratamentos.
Uma vez que a grande preocupação das autoridades
educacionais do País e elevar o nível de qualidade de ensino em
todos os setores , salta aos olhos que as Rádios e Tvs-laboratório
agregarão novos valores, já que os alunos poderão ouvir/ver sua
produção em qualquer aparelho de recepção dentro do campus.
Obviamente , para manter sua característica essencial, as
estações laboratoriais devem permanecer subordinadas à área
acadêmica em cada Instituição , para que haja uma supervisão
efetiva da produção acadêmica de alunos e professores , o que
impedirá que venham a ser utilizadas para outros fins que não os de
natureza pedagógica”.3
3- As Mudanças Solicitadas
Os diversos segmentos sociais da Comunicação constataram
que é necessário uma série de mudanças visando um melhor
aproveitamento dos profissionais e do mercado de trabalho. O
Presidente da Associação Nacional de Jornais( ANJ), Paulo Cabral
de Araújo, afirmou que as escolas devem ser mais bem equipadas.
A opinião é compartilhada pelo Presidente da Federação Nacional
dos Jornalistas (FENAJ) , Américo Antunes e endossada pelo
Ministro da Educação , Paulo Renato . Até mesmo os estudantes
apontam , através da Executiva Nacional dos Estudantes de
Comunicação Social, que tem como Presidente, Rodrigo Murtinho,
como uma das saídas para melhorar a qualidade do ensino.
No documento Fiscalize Sua escola ! da ENECOs a questão
dos laboratórios é uma das mais criticadas. Os problemas apontados
demostram uma enorme deficiência dos cursos e raras foram as
escolas que tinham laboratórios bem equipados, que fornecessem a
capacitação técnica que se espera de um profissional da área. Há
problemas variados, desde a falta de equipamentos básicos até a
dificuldade em contar com pessoal técnico qualificado.4
O último Congresso Brasileiro de Ensino de Comunicação,
realizado entre 3 a 6 de Julho de 1996, na cidade paulista de
Taubaté,
a principal linha de discussão girou em torno da
constatação de todos os segmentos presentes de que, diante das
novas tecnologias da comunicação, abriu-se um fosso muito grande
entre o mercado de trabalho e a formação acadêmica oferecida
pelas maioria das mais de 100 escolas responsáveis pelo
aprendizado dos profissionais que atuarão neste mercado.
O atual currículo das escolas de comunicação é uma espécie
de “camisa de força”., define o professor emérito da Faculdade
Cásper Líbero( SP) e ex-presidente da Associação Brasileira de
Escolas de Comunicação, Erasmo de Freitas Nuzzi 5, que elaborou
uma Atualização das Normas do Ensino de Comunicação Social .
Em seu anexo o documento define técnicamente quais os critérios
necessários para que funcione os laboratórios:
6
.
Laboratório de Radialismo- Mesa de som, no mínimo. oito (8)
canais, isolamento
acústico, gravadores, toca-discos, Cds com
aparelhos de cinco reciclagens ,microfones,gravadores de sons
individuais e portáteis para uso em reportagens externas . Material
de consumo: fitas de gravação, fitas gravadas de efeitos sonoros ou
equivalentes e acervo de fitas gravadas.
Laboratório e Estúdio de Telejornalismo- Cinco câmeras
portáteis com tripés , sistema NTSC, Super VHS; duas ilhas de
edição, sistema NTSC, Super VHS ou U Matic, com remoters; dez
sunguns de Um KW para cada gravações internas e externas; seis
baterias de Ac para conjunto de câmeras, oito microfones para
gravações internas e externas ; mesa de som de oito canais ; quatro
caixas acústicas; um equipamento para cinco Cds ; sistema de Tv a
cabo, com extensão para algumas salas de aulas
Estúdio de Tv com, no mínimo 60m2, pé direito de 6 m,
tratamento acústico, equipamento de luz e de som, fundo infinito e
área para cenários.
4- Os Antigos e Novos Exemplos
4.1- Os Antigos: A utilização do cabo
A maior parte das Instituições adotou, em diferentes momentos,
o sistema de cabeamento das emissoras laboratoriais de Rádio e
TV.
O cabo, numa determinada época - não podemos nos
esquecer que vivemos em regime de ditadura militar durante muitos
anos e, era praticamente impossível pensar em sistemas que não
fossem por cabos- pode ter sido a melhor solução encontrada para
colocar em prática a divulgação dos produtos acadêmicos
produzidos pelos alunos.
Existe uma diferença espacial de campus , que no nosso
entendimento é fundamental para o sucesso do modelo adotado. As
escolas que tem concentradas em uma única área do campus seus
laboratórios , salas de aula, departamento e secretaria levam uma
grande vantagem para que o projeto seja bem sucedido. Vale a pena
destacar que, apesar de atender os pré-requisitos necessários, ela
não cumpre uma das novas funções da escola moderna , que é a
interdisciplinalidade.
As escolas inseridas nos campus o campi que não possuem
uma configuração própria de área, encontram mais dificuldades na
elaboração e manutenção do sistema de Rádio e TV via cabo. Por
isso, o modelo, na maioria das vezes não é viável economicamente
e de produção acadêmica e científica.
4.2- Os novos: A utilização do espectro sonoro
O Diretor do Centro de Comunicação Social da Unisinos de
São Leopoldo, Pedro Gilberto Gomes, afirmou
7
que deve-se investir
no ensino nas faculdades brasileiras. Outra questão levantada por
Gomes é o bom relacionamento entre a Instituição e os alunos, o
que ele identifica como um ponto positivo dentro da Universidade.
Pedro Gilberto informou que novos laboratórios de redação
informatizados e micro-computadores interligados à Internet; acesso
a uma agência de notícias nacional , que permite a feitura de um
jornal diário; dois estúdios de TV com equipamentos profissionais de
trabalho e uma rádio de verdade para o ensino de radiojornalismo.
“Acabamos de montar uma rádio, a Rádio Unisinos FM 103.3.
A universidade investiu neste projeto perto de US$ 500 mil , em
equipamentos.É
uma
das
mais
modernas
do
país.
Ela
é
informatizada , com salas de redação ligadas em rede com o estúdio
. Temos ainda dois estúdios de gravação; um servidor geral com
capacidade para até seis mil músicas , o equivalente a 700 horas de
gravação. Os alunos participam como monitores e podem fazer
estágio na própria rádio. Os profissionais que trabalham na FM são
contratados e formados pela própria Unisinos.Na área de TV temos
dois estúdios . um especialmente para telejornalismos e outro,
grande, para disciplinas de publicidade e propaganda . Em, termos
de equipamentos , temos duas ilhas de edição, uma antiga, com UMatic e uma nova com Super VHS, que está acoplada a um
computador para computação gráfica e produção eletrônica. Todo o
equipamento está a disposição dos alunos.8
O exemplo continua sendo dado pelo Sul do país através
PUC/RS. O professor João Britto Cunha disse, no simpósio sobre o
ensino de Rádio e TV,9 que no 8 º semestre de jornalismo o projeto
experimental rádio transmite ao vivo para o estúdio e na semana
seguinte monta-se o noticioso e tudo começa e termina no estúdio.
O projeto tem um programa que dura 1 hora aos domingos à
tarde.Já o ensino de TV é dividido em três cadeiras e mais o projeto
experimental. Nossos equipamentos são novos e modelos Betacam,
Super V com Ilhas e de Super V e Digitais.
Nos 2 estúdios de rádio centralizam a distribuição de TV a cabo
da TV universitária na PUC/RGS e é aberta para a comunidade. A
TVE também abre espaços para os nossos programas . Já com a
TV a cabo a PUC/RS está para colocar no ar canal universitário no
ar com convênios com empresas particulares solucionar problemas.
Do Sul
do País vamos para o Nordeste com o professor
Carlos Benevides , da UCPE que explicou que em Recife existe a
Rádio Universitária e a Rádio Clube. Elas possuem um estúdio
funcionando e um projeto em andamento para tocar a rádio
comunitária.
5- Conclusão
Seguindo o que Onésimo de Oliveira Cardoso define como
“ensino de maneira transgressora, o campo do ensino não é um
universo sagrado, é preciso assumir com competência a prática das
violações.Sem transgressão não nos é possível superar um ensino
extremamente compartimentalizado, fundamentado em teorias
envelhecidas e metáforas viciadas” 10.
Voltamos a afirmar que as escolas de Comunicação precisam,
para cumprimento de sua função pedagógica , é de verdadeiras
Rádios e Tvs que sejam de fato laboratórios de aprendizagem ,
permitindo o domínio por parte dos alunos de todos os aspectos e de
todas as etapas que envolvem a produção áudio e televisual. Por
laboratórios de Rádio e TV , entendemos emissoras funcionando
regularmente e produzindo uma programação preparada por alunos
para alunos, supervisionadas por professores e/ou monitores, sem
vínculo comercial e transmitida por ondas e passível de ser captada
dentro do espaço do campus e/ou campi.
No Rio de Janeiro a UFRJ montou uma rádio-laboratório feita
pelos alunos de Comunicação Social do campus da Praia vermelha.
A Rádio Interferência, 91,5FM, já está no ar e seu sinal pode ser
captado pelos bairros do Flamengo, Botafogo, Urca e Laranjeiras. 11
Por se tratar de Universidade Federal existe uma maior
liberdade de ação para a criação destes fatos,mas não podemos de
afirmar que não existe controle do departamento e da instituição com
este modelo.
Analisando o quadro atual do sistema de educação, á década
de 2010 parece chave para se alcançar a nova configuração das
faculdades de comunicação. Até esse período, as instituições de 3º
grau- pelo menos as que levam o ensino a sério- estarão em
transição para dar prioridades a um novo tipo de formação ao
comunicador, sobretudo ao jornalista.12
Referências Bibliográficas:
1-Algumas reflexões sobre o Curso de Comunicação Social ,
cadernos Iacs, Antonio A. Serra.
2-Regulamentação MEC.
3-Documento elaborado em 18/06/97 pelos professores Nicolau
Maranini,Israel Belo de Azevedo,Marlene Bloise e Cauby Dumonte.
4- Documento da ENECOS Fiscalize sua Escola !
5- Documento produzido pela Agência JB de Notícias
6- Atualização das Normas do ensino de Comunicação Social
produzido pelo professor Emérito da faculdade Cásper Líbero,
Erasmo de Freitas Nuzzi
7- Extra pauta Jornal d Sindicato de Jornalista do Paraná nº 25 Julho
de 1996
8-idem
9- Simpósio de Rádio e TV realizado na PUC/MG em maio de 1996
10 -CARDOSO, Onésimo de Oliveira,Comunicação e Educação:
novos meios novas idéias,Comunicação e Sociedade nº 22, Editora
IMES.
11- Jornal Sinopse- Ano 7 nº 70, UGF
12-Comunicação Social: configuração do ensino e mercado para
2010, trabalho elaborado no Curso de Pós-Graduação do Instituto
Metodista de Ensino Superior.
.
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