As Ostras e poluição : Que Ligação? Resumo Numerosas espécies indígenas têm desaparecido em resultado do desenvolvimento industrial e do fabrico de compostos químicos sintéticos que têm provocado graves e diversos problemas nos ecossistemas. Utilizando um índice biológico STI (Shell Thickness Index) como ferramenta de biomonitorização pretende‐se avaliar a qualidade do meio onde se inserem as ostras objecto da nossa análise pois as ostras, estando em contacto permanente com o meio, reflectem o estado da qualidade do sistema onde se inserem. Palavras Chave: TBT, Ria Formosa, Ostras, Poluição, STI. Introdução As ostras desenvolvem‐se em águas marinhas e podem ser encontradas em todos os mares do mundo, menos em águas muito frias e ou poluídas.Quando precisam de se alimentar, abrem as conchas e sugam a água para dela retirar seus nutrientes que ficam presos no seu muco e de lá são transportados até a boca, chegando a filtrar, cada uma delas, até 5 litros de água por hora. Trata‐se de uma espécie euritérmica e eurihalina que está adaptada a sistemas lagunares, normalmente associada à zona interdital onde se fixa através da valva inferior aos fundos lodosos da ria. Constatou‐se que o desaparecimento dos principais bancos naturais de ostras em quase todo o Mundo estava relacionado com os elevados teores de TBT (Tributil ‐ de – estanho) nos tecidos das ostras e estabeleceram‐se correlações, entre a incidência de malformações e os teores destes compostos químicos, os quais, têm sido incorporados em tintas anti‐
vegetativas, para evitar o aparecimento de organismos nas superfícies onde são aplicadas. Na presença de TBT, a ostra toma uma forma esférica porque espessa a sua concha o que origina o enfraquecimento do animal, que fica mais sujeito aos parasitas, reflectindo deste modo, o estado da qualidade do sistema onde se inserem, sendo por isso utilizadas como bioindicadores. A partir da determinação de um índice biológico STI (Shell Thickeness Index) podemos ter uma indicação do estado da qualidade do meio, neste caso, na laguna da Ria Formosa, onde ostra se desenvolveu. A realização deste trabalho visa conhecer as características externas e internas da ostra, da espécie Crassostrea angulata, identificando as diferenças de espessamento da concha de acordo com os locais do seu crescimento. Verificar, através do cálculo de um índice biológico, o nível de qualidade da água da zona estudada. Para tal recolhemos uma amostra de Ostras num viveiro perto da Casa do Ramalhete (Ria Formosa), em frente á praia de Faro. O Parque Natural da Ria Formosa (PNRF), abrange uma área de aproximadamente 18 400 ha, cerca de 11 000 são de zona húmida sob influência de marés. A laguna é externamente delimitada por uma barreira constituída por duas penínsulas (Ancão e Cacela), e cinco ilhas (Deserta, Culatra, Armona, Tavira e Cabanas). Material e procedimento Seguimos o protocolo fornecido pela Ciência Viva de forma a obteremos os dados biométricos das ostras necessários ao cálculo do STI. Resultados e conclusão Da análise dos resultados de uma amostra com 30 ostras, podemos verificar que os valores do índice STI variam de ostra para ostra atingindo um valor mínimo de 2,7 e máximo de 23,5, sendo o valor médio de 9,8, o qual revela que a água apresenta nível de poluição baixo (ver tabela em anexo). Este índice resulta da divisão entre o tamanho da valva direita (mm) e a espessura da valva direita (mmm). Sabe‐se que para níveis mais baixos de STI a espessura da concha é mais elevada, o que pode indicar os efeitos do TBT no espessamento da concha em alguns exemplares desta amostra e a existência de alguns focos de poluição neste ecossistema Os resultados gerais obtidos indiciam que existe uma eficaz renovação das águas dentro da laguna o que permite reduzir as substâncias poluentes na Ria Formosa e/ou que há uma diminuição no uso do TBT pelas embarcações. Bibliografia Ferreira, Isabel Maria M.M. Guimarães (2003) Crescimento e qualidade da ostra (Crassostrea gigas) em viveiros da Ria Formosa sujeitos a diferentes condições de cultura e situações ambientais Msc ICBAS/IPIMAR‐CRIP Sul, pp 1‐
52. Ramos, L., Dias, J. A.(2000) Atenuação da vulnerabilidade a galgamentos oceânicos no sistema da ria formosa mediante intervenções suaves overwash vulnerability attenuation in ria formosa system through soft interventions.3º Simpósio sobre a Margem Ibérica Atlântica, pp361‐362. (http://www.cienciaviva.pt/rede/oceanos/2desafio/ostrasaluno.pdf). (http://www.cienciaviva.pt/rede/oceanos/2desafio/ostrasprof.pdf). Ficha de caracterização das amostras Ostra intacta Nº Valva direita
Valva esquerda
Volume Tamanho Largura Espessura Tamanho Largura Peso (g)
Espessura Tamanho Largura Espessura Total P.edível (ml) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (g) (g) 1 100 112,5
2 70 99,6
3 100 135,1
4 40 61,9
5 100 121,7
6 50 73,3
7 30 54,2
8 60 95,5
9 40 67,1
10 100 137,1
11 70 102,6
12 70 107,4
13 50 79,1
14 30,5 48,7
15 60,5 108,5
16 35 56,9
17 80 97,8
18 50 80,4
19 100 115,9
20 50 59,8
21 50 80,4
22 60 115,9
23 50 84,2
24 50,5 93,1
25 100 193,2
26 100 144,8
27 60 74,3
28 60 111,8
29 80 138,5
30 40 99,3
Méd. 64,55 98,3533
D.P. 23,4629 32,0274
Mín. 30 48,7
Máx. 100 193,2
81 56 90 55 92 65 70 45 87 40 83 50 80 46 102 46 71 45 123 63 76 28 98 50 101 50 73 39 44 54 70 42 97 67 82 49 95 63 78 52 71 50 95 50 77 60 10 52 106 74 97 64 82 53 87 56 103 65 93 64 83,8 53,1 20,3951 9,89375 10 28 123 74 44
40
40
30
51
34
21
45
35
42
40
37
30
38
40
36
36
43
31
33
30
30
36
33
46
31
29
36
49
42
36,9333
6,67953
21
51
70
63
70
65
80
7,3
67
8,7
6,4
11,8
8,7
75
9,4
72
6,8
66
7,8
72
80
8,1
6,9
85
6,8
9,2
90
8,6
79
74
92
7,7
43,8067
34,5038
6,4
92
55
46
60
40
50
4,2
45
3,8
4,1
6,3
4,7
45
4,4
48
6
36
5,3
45
59
4,7
4,9
39
6
4,1
70
5,4
45
58
56
4,9
28,86
23,7096
3,8
70
15
4
6
6
5
1,2
5
1
0,8
2
0,9
10
0,4
9
0,6
10
1,2
6
30
1
0,9
7
1
0,5
15
0,9
9
6
11
1
5,58
6,35889
0,4
30
84
77
90
71
86
8,5
28
10,2
7,5
11,8
9,6
90
10,2
77
7,3
69
9,8
86
95
8,7
7,3
94
7,7
9,9
103
9,6
83
84
101
8,2
48,1433
39,2769
7,3
103
66
52
62
41
54
5
49
3,8
4,3
5,6
5,7
50
4,9
37
5,4
37
6
52
64
5,1
4,9
48
5,4
5,1
80
7,1
50
55
64
5,8
31,17
25,943
3,8
80
45 36 40 22 40 2,4 18 3,7 3 1,2 3,5 30 2 35 2,9 17 3,2 34 33 2,7 3,3 28 3 2,8 45 3,2 24 30 38 3,4 18,51 16,1459 1,2 45 Peso
V. dir. (g) 103,1
85,7
123,9
50,7
100,2
62
44,2
81,7
57,3
117,5
92,1
94,4
58,7
46
96,3
39,1
80,4
69,6
99
58,5
69
75,5
72,9
93,1
162,8
142,7
68,8
86
116,8
77,2
84,17
28,93
39,1
162,8
21,2
9,1
17,9
5
8,3
8,5
3,1
10,6
8,1
13,3
17,2
10,2
5,1
5,5
8,7
2,6
12,5
7,7
9,9
5,2
8,6
11,2
10,4
28,2
18,6
29,6
13
9,4
3,3
18,2
11,34
6,7696
2,6
29,6
49,4
32,5
81,9
17,7
58,9
76,6
81,7
24,3
106
17,8
27,9
45,7
25
66,9
91,9
18,6
34,9
53,5
13,7
27,4
41,1
23,9
47,2
71,1
16,9
32,3
49,2
44,2
60
104,2
28,6
46,3
74,9
23,1
61,1
84,2
19,4
34,2
53,6
13,9
26,6
40,5
29,5
58,1
87,6
10,5
26
36,5
19,7
48,2
67,9
20,8
41,1
61,9
32,5
56,6
89,1
20,5
32,8
53,3
40,9
19,5
60,4
22,9
41,4
64,3
25,7
36,8
62,5
38,8
26,1
64,9
99,8
44,4
144,2
77,6
35,5
113,1
38,2
17,6
55,8
23
53,6
76,6
37,9
75,6
113,5
35,2
23,8
59
32,25 40,587 72,833
20,95 15,217 25,162
10,5
17,6
36,5
99,8
75,6
144,2
A ‐ coloração do miolo da amostras (B – normal ‐ beje; BC –beje‐claro; BE –beje‐ escuro)
B ‐ Existe um contraste nítido de coloração entre o bordo do manto e a sua restante superfície?(+ ‐ sim; +/‐ ‐ medianamente vísivel; ‐ ‐ pouco visível) STI A B 4,7
15,8
11,7
10,8
16,0
6,1
13,4
8,7
8,0
5,9
9,7
7,5
23,5
8,0
11,3
6,6
6,5
12,0
2,7
8,1
7,7
12,1
6,8
18,4
6,0
9,6
8,8
12,3
8,4
7,7
9,8
4,4
2,7
23,5
B
BE
B
BE
BE
BE
BE
B
B
BC
B
BC
BE
BC
B
BE
B
BC
B
BE
B
BC
BC
BC
B
BC
B
BE
BE
BC
+
+/‐
‐
‐
+/‐
+
+
‐
+/‐
‐
+
+
+
‐
+/‐
+
‐
+
+
+/‐
+
+
+
+/‐
+
‐
+
+/‐
‐
+
P V. esq. Concha
edível/Total
(g) 0,206
0,106
0,144
0,099
0,083
0,137
0,07
0,13
0,141
0,113
0,187
0,108
0,087
0,12
0,09
0,066
0,155
0,111
0,1
0,089
0,125
0,148
0,143
0,303
0,114
0,207
0,189
0,109
0,028
0,236
0,131
0,056
0,028
0,303
Valor Médio STI
9,8
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