Teresina-PI | Edição nº 35 | Ano IX
ISSN 1809-0915
Publicação Cientíica da FAPEPI
entrevista
eventos
dcr
Presidente fala sobre os
avanços e desaios da Fapepi
Fomento a eventos cientíicos
cria nova cultura no Piauí
Programa diminui
desigualdades regionais
FuNdAção dE AmPAro à PESquISA
do ESTAdo do PIAuí
“A missão da FAPEPI é induzir e fomentar a pesquisa
e a inovação cientíica e tecnológica para o
desenvolvimento do estado do Piauí”.
www.fapepi.pi.gov.br
2
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi) completa 20 anos
em 2013. Entre suas realizações, está a revista Sapiência, canal de divulgação
da Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado.
230.000
216
exemplares
impressos
matérias
142
artigos
131
teses
196
indicações
de livros
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
3
* Fonte: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí - FAPEPI
realizações FAPEPI
sapiência e suas conquistas
eXpediente
7
foto: Vanessa Soromo
Bárbara Melo fala sobre avanços,
desaios e o futuro da Fapepi.
N° 35 Ano IX
ISSN - 1809-0915
PublIcAção SAPIêNcIA
Publicação produzida pela Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí
Publicação Quadrimestral
coNSelho edItorIAl:
Ademir Sérgio Ferreira de Araújo
Ana Regina Barros Rêgo Leal
Antônia Jesuíta de Lima
Bárbara Olímpia Ramos de Melo
Carlos Augusto de França Rocha Júnior
Diógenes Buenos Aires de Carvalho
Francisco Chagas Oliveira Atanásio
Hermes Manoel Galvão Castelo Branco
João Batista Lopes
Maria José Lopes de Carvalho
Raimundo Isídio de Sousa
Ricardo de Andrade Lira Rabêlo
Rivelilson Mendes de Freitas
Foto: Edienari dos Anjos
edItoreS, redAção e fotoS:
Cássia Sousa
Edienari dos Anjos
Marco Aurélio do Amaral
Vanessa Soromo
revISão de teXtoS:
Raimundo Isídio de Sousa
ProJeto GrÁfIco e dIAGrAmAção:
Genilson Santiago
ImPreSSão e AcAbAmeNto:
Graiset Gráica e Editora
tIrAGem:
5 mil exemplares
ao leitor
Para críticas, sugestões e contato:
[email protected]
www.fapepi.pi.gov.br
Av. Odilon Araújo, 372, Piçarra
Teresina-PI • CEP 64017-280
Fone: (86) 3216-6090
Fax: (86) 3216-6092
4
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
Programa dá autonomia
e ixa pesquisadores no Piauí.
Sumário
Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Ascom Cavet
Trajetória da Fapepi
é tema de dossiê.
15
21
democratização de eventos
cientíicos amplia participação
de comunidades.
24
Bolsas contribuem para
desenvolvimento de C&T
no Piauí.
26
Pesquisadores comentam
contribuições do Pronex.
e mais...
artigos, teses e
dicas de livros.
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
5
Marcas de
uma trajetória
A
Editorial
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí
(Fapepi) completa 20 anos e, para comemorar esse
momento, a Sapiência edição 35 apresenta um dossiê
especial sobre o assunto. O passado, o presente e o futuro da única agência de fomento à ciência, tecnologia e inovação
do Estado são narrados em três matérias especiais.
A aprovação da lei nº 4.664, de 20 de dezembro de 1993, que
criou a Fapepi, foi o resultado dos esforços de um grupo de pesquisadores determinados que gestou, por muito tempo, a ideia
de o Piauí ter uma instituição de fomento à pesquisa. A matéria
de abertura do dossiê conta um pouco da história do principal
idealizador da Fapepi, professor Afonso Sena Gonçalves. Ele,
juntamente com seus parceiros, trabalhou com ainco em busca
da concretização de um sonho que viria a beneiciar milhares de
pesquisadores das mais diversas áreas do conhecimento.
Vamos conhecer também os presidentes que ajudaram a escrever os capítulos dessa história e que representam os colaboradores que contribuíram para a consolidação da Fundação. Na
sessão Entrevistas, a atual presidente da Fapepi, professora Bárbara Melo, faz uma análise das conquistas alcançadas, os avanços
e os desaios enfrentados pela Fundação. Além disso, revela as expectativas e os planos traçados para as futuras ações da agência.
Nesta edição comemorativa, vale destacar os importantes editais lançados nos últimos anos pela Fundação em parceria com as
agências federais de fomento, tais como: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientíico e Tecnológico (CNPq) e a
Agência Brasileira da Inovação (Finep).
Programas, como o de Desenvolvimento Cientíico Regional
– DCR/Piauí, estão sendo responsáveis pelo crescente desenvolvimento da Ciência e Tecnologia (C&T) em todo o Estado. Isto
é percebido pelo surgimento de novas culturas relacionadas às
áreas de C&T, pelo aumento de capital humano qualiicado e pela
ixação deste na região, pela interiorização das pesquisas e pela
consolidação dos programas de pós-graduação.
A equipe responsável pela Sapiência agradece a todos que,
direta ou indiretamente, colaboraram para a produção desta edição, que é a última de 2013, ano em que a Fapepi comemora seus
20 anos de fundação. Por aqui, seguimos no trabalho árduo por
novas edições que mostrem o crescimento da pesquisa cientíica
no Piauí. Boa leitura.
6
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
redes
sociais
Por Publicação Sapiência
EntrEvIStA
para a presidente da Fapepi,
o conhecimento cientíico deve estar a
serviço das demandas sociais
Foto: Vanessa Soromo
A única agência de fomento ao desenvolvimento cientíico e tecnológico do
Piauí coleciona avanços e desaios ao longo dos seus 20 anos de fundação.
Bárbara melo é doutora
em Linguística pela
universidade Federal
do Ceará e, há dois
anos e meio, preside
a Fundação de
Amparo à Pesquisa
do Estado do Piauí
(Fapepi) “Prof. Afonso
Sena Gonçalves”. É
professora adjunta da
universidade Estadual
do Piauí (uespi),
atuando na graduação
e no mestrado
proissional em Letras.
Exerceu a função da
Pró-reitora de Ensino
de Graduação na uespi
e de diretora Geral do
Núcleo de Educação
a distância da uespi.
Na entrevista a seguir,
a presidente destaca
as linhas de atuação,
os desaios e os planos
da instituição que
comemora 20 anos de
fundação.
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
7
Foto: Carlos Rocha
As ações da fapepi têm crescido
signiicativamente nos últimos anos.
essa evolução se deve a quê?
Esse quadro se deve principalmente
ao apoio que o Governo do Estado,
os parceiros da esfera federal e a
comunidade cientíica têm dado à
Fundação. Esse apoio é materializado,
em algumas situações, na forma de
assegurar
contrapartidas.
Nossas
maiores ações em montante de
recursos são frutos de parcerias com
o Governo Federal. Para tanto, é
necessário garantirmos o pagamento
da contrapartida, pois, se não
assegurarmos que o Governo do Estado
vai pagar, não conseguimos pactuar
com esses órgãos, em especial, Capes,
CNPq e Finep.
Outro avanço importante é no
apoio à participação e à organização de
eventos. Essa é uma ação que possibilita
à Fapepi estar presente em todo o
Estado, apoiando eventos cientíicos. E
é importante destacar que esse apoio é
concedido só com recurso do Tesouro
Estadual. São editais que estamos
regularmente reeditando há quase três
anos de forma que os pesquisadores
já sabem que podem contar com esse
tipo de edital, que vem dando uma
grande visibilidade para a divulgação
do conhecimento cientíico produzido
8
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
no Estado.
A senhora falou que as principais
ações da fapepi são oriundas de
acordos e parcerias. Qual o relexo
disso nos resultados da fundação?
O Governo do Estado tem sido
muito pontual no pagamento das
contrapartidas. Nós tínhamos feito
importantes acordos. Um deles foi com
a Capes no ano passado, em que estão
sendo investidos 14 milhões de reais só
em bolsas de mestrado e de doutorado.
Essas bolsas tanto vão para os
programas de pós-graduação sediados
no Piauí, como vão também para os
professores efetivos de universidades
e do instituto federal do estado do
Piauí, que estão cursando doutorado
fora. É difícil fomentar pesquisa em
um estado como o Piauí que ainda tem
uma arrecadação incipiente em relação
a outros estados da federação, só com
recursos do Tesouro. Então, os acordos
com a Capes, com o CNPq e com a
Finep têm sido muito importante. E
eu repito: a gente só tem conquistado
irmar acordos porque estamos
tendo credibilidade. Se a Fapepi não
estivesse conseguindo executar aquilo
que propõe em seus acordos, não
conseguiríamos pactuar para novas
parcerias.
A fapepi atua como ponte entre as
políticas públicas e a sociedade. de
que forma isso vem acontecendo?
Esse é um grande desaio nosso
– integrar a demanda da academia,
as políticas públicas inanciadas pelo
Governo do Estado e as demandas da
sociedade no que se refere à solução
de problemas. Então nós temos sido
responsáveis por ligar esse tripé e não
tem sido fácil. O primeiro passo é
estreitar o diálogo com a comunidade
cientíica, pois os nossos demandadores
são os pesquisadores. Então, se eles não
acreditam em nossas ações, nós não
teremos demandadores. Isso é algo que
paulatinamente estamos conquistando:
a credibilidade da comunidade
cientíica.
Sabemos que há demandas urgentes
e emergenciais para serem inanciadas,
como por exemplo, na área da saúde
pública, então o gestor tem que escolher
o que é mais urgente inanciar. Temos
procurado interfaces, por exemplo,
como a pesquisa cientíica pode ajudar
a resolver problemas da saúde pública,
lançando editais especíicos para apoiar
pesquisa na área do Sistema Único de
Saúde. E o outro passo importante é
tentar ouvir a demanda da sociedade.
O que a sociedade espera que uma
fundação que fomenta a pesquisa
cientíica e tecnológica possa apontar
para resolver problemas locais. Sobre
isso temos procurado lançar os nossos
editais com temas prioritários. Desde
o início de nossa gestão, buscamos
lançar nossos editais focando as áreas
prioritárias para o estado do Piauí, para
que as pesquisas acompanhassem os
investimentos feitos pelo Estado, desse
modo, garantimos, de certa forma, que
o resultado destas pesquisas possam
chegar na prática a quem de fato se
destinam.
A senhora está presidindo a
fundação há dois anos e meio. Quais
são os desaios enfrentados pela fapepi
atualmente?
Os principais desaios envolvem o
orçamento. Sabemos que o Estado tem
Presidente, a senhora concorda
que a fapepi tem tido um papel de
suma importância no que se refere a
atrair investimentos para o sistema
de ciência, tecnologia e inovação
do estado, focando nas demandas
regionais como é o caso do edital
PPSuS que, no último lançamento,
investiu mais de 1 milhão de reais?
Temos procurado atender a essas
demandas de C&T e Inovação no nosso
Estado, sempre atrelando com o que
o Estado necessita. Isso tem sido uma
ação interessante e importante para
o Estado, porque, no último Edital
PPSUS, nós investimos um milhão e
vinte e seis mil reais na área de saúde,
mas nós tínhamos propostas para
contratar mais de dois milhões. Então
vimos que, nessa área de saúde pública,
tanto temos pesquisadores dispostos
a pesquisar, quanto temos demandas
que a sociedade reclama que sejam
resolvidas. Um desaio mesmo seria um
montante de recurso ainda maior.
A fapepi tem buscado incentivar
como pode ser deinida a
experiência de estar à frente da
fundação?
É uma experiência que tem sido
muito gratiicante e desaiadora,
porque, quando eu aqui cheguei, vinha
com uma visão muito só da academia,
de professora, de pesquisadora. Tinha
uma pequena experiência na área de
gestão, mas não imaginava o tamanho
da missão. Então, essa experiência
tem sido gratiicante e de muito
aprendizado. Posso dizer que a Fapepi
hoje tem uma gestão diferenciada e
de resultados. Reconhecemos que
tais resultados só são possíveis com
o apoio das entidades inanciadoras,
dos pesquisadores e da comunidade
cientíica, bem como do excelente
serviço prestado pelos servidores a
quem agradecemos sempre.
EntrEvIStA
a divulgação cientíica no estado
com editais especíicos e difundir
as informações da área de c&t,
com a revista Sapiência, o site e as
redes sociais da fundação. em sua
opinião, qual a importância destes
instrumentos?
Esse é um aspecto crucial. Temse o mito de que o conhecimento
cientíico ica encastelado nas paredes
da academia, das universidades e
dos institutos de pesquisa. A Fapepi
tem priorizado e investido em ações
de divulgação, por acreditar que o
conhecimento cientíico deve estar a
serviço das demandas da sociedade.
Precisamos dizer, de forma clara, como
esse conhecimento pode servir para
apontar alternativas, resolver problemas
ou mesmo apontar problemas pontuais
das demandas do nosso Estado.
em termos de futuro, o que a
senhora pode dizer sobre as atividades
da fapepi e os rumos da c&t para os
próximos anos no Piauí?
O futuro da Fapepi que esperamos,
desejamos e que temos trabalhado para
isso é que investimento em pesquisa,
ciência e tecnologia na inovação
seja uma constante; que o poder
público consiga regulamentar um
valor especíico a ser destinado para a
Fundação, possibilitando um fomento
à pesquisa de forma mais planejada;
que a Fapepi consiga manter-se em
uma posição de credibilidade junto
à comunidade cientíica, junto aos
órgãos de fomento do governo federal;
que consigamos ter um quadro de
servidores que trabalhe aqui com
tranquilidade; que seja efetivo da
Fundação. Então, vislumbramos que,
em um futuro próximo, os gestores
do Estado possam fortalecer ainda
mais a visão da Fundação como órgão
estratégico para o desenvolvimento do
Estado.
Foto: Arquivo Fapepi
demandas urgentes e emergenciais, que a
nossa arrecadação é uma ainda pequena
comparando-a ao restante do país, mas
precisaríamos de mais investimentos.
Outro ponto: a Fapepi hoje precisaria
de um quadro de funcionários efetivos.
Precisaríamos de analistas em ciência e
tecnologia, contadores, administradores
etc; essa é uma proposta que está
tramitando na SEAD. Estamos na
perspectiva de realizarmos um concurso
público no próximo ano. A instituição,
tendo esse quadro efetivo, icará bastante
fortalecida, pois hoje todos os nossos
colaboradores são cedidos de outros
órgãos. E o outro desaio é estreitar o
diálogo entre a comunidade cientíica
e o poder público intermediado pela
Fapepi. Essa é uma missão nossa também
de que o poder público representado
pela Fapepi possa estreitar esse diálogo
com a comunidade cientíica, para que
possamos ainar nossas ações com base
no que a comunidade cientíica espera e
o que a sociedade lá na ponta também
demanda.
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
9
Por Edienari dos Anjos
MAtérIA
programa dcr dá autonomia e ixa
pesquisadores no piauí
Foto: Edienari dos Anjos
Em parceria com o CNPq, o programa tem por objetivo principal
diminuir as desigualdades regionais no país
No laboratório, a professora Juliana bendini observa lâmina com pólen
A
ssistindo a um programa de
televisão, a professora doutora
Juliana Bendini se apaixonou
pelo projeto “Mel com Qualidade”, desenvolvido na UFPI e em outras instituições parceiras no município de Simplício Mendes. Segundo o que se pôde
constatar na reportagem, seu objetivo
é adequar o mel às exigências de mercado, principalmente no que se refere à
exportação do produto.
Graduada em Biologia pela Universidade de Taubaté (SP), ela já trabalha-
10
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
va com a apicultura e, quando tomou
conhecimento do projeto, se encantou.
“Esse trabalho com viés social me chamou muita atenção”, declara. Dessa experiência, o interesse para vir ao Piauí
foi aguçado. Por aqui, conseguiu o título
de mestre, e o doutoramento foi adquirido em seu estado natal.
Através da recomendação do Prof.
Dr. Darcet Costa Souza (UFPI) que lhe
explicou o funcionamento e as exigências do edital DCR, a professora Juliana
viu a possibilidade de pesquisar o semi-
árido piauiense. O projeto sob o título
“Desenvolvimento de uma proposta
integrada para apicultura: mapeamento
lorístico-geográico na região de Simplício Mendes/ Piauí- Brasil” teve êxito
na seleção da Fapepi no ano de 2010.
Por ele, um calendário de loração foi
feito para registrar a ocorrência e o tipo
de loração de interesse para as abelhas.
“O mapeamento serve para orientar os
apicultores no manejo das colmeias em
uma determinada lorada, tanto para
produção de mel ou para manter as abe-
MAtérIA
disposição correta das colmeias facilita produção de mel
lhas na região”, explica a pesquisadora.
A pesquisa no semiárido do Piauí
rendeu o desenvolvimento e a criação
de uma palenoteca, ou seja, uma coleção de pólens de plantas. Por ela, é possível identiicar por qual planta é produzido o mel pelas abelhas através da
incidência do tipo de pólen encontrado
no produto.
“Ter uma palenoteca de referência nos
ajuda saber a origem botânica não só dos
méis, mas também dos pólens e outros
produtos das abelhas.” A coleção tem, até
o momento, mais de 50 lâminas de pólens
que vão propiciar o desenvolvimento de
outros estudos.
Quanto à importância do DCR, a professora Juliana Bendini é categórica em
dizer que o programa lhe deu autonomia
e amadurecimento como pesquisadora.
“É importante não apenas para o
desenvolvimento de projetos cientíicos a partir de áreas temáticas carentes
de pesquisa no Estado, mas também
pelo amadurecimento do proissional
como pesquisador. A gente sai do dou-
torado exaurido por tantas cobranças
e exigências em relação aos Programas
de Pós-Graduação, especialmente em
relação ao aproveitamento de disciplinas que nem sempre são do objeto de
nosso estudo. A possibilidade de se dedicar exclusivamente a um projeto de
pesquisa desenvolvido e coordenado
pelo próprio recém-doutor é muito enriquecedora”, relata a pesquisadora que
completa: “Sou fascinada por este Estado! Pretendo morar aqui por muitos e
muitos anos”.
dcr estimula pesquisadores a
desenvolver pesquisa no piauí
C
om o propósito de estimular o
desenvolvimento de pesquisas
inéditas no Piauí e de ixar
doutores no estado, o Programa
DCR (Desenvolvimento Cientíico e
Tecnológico Regional) completa nove
anos de implantação no estado e, nesta
quase uma década de execução, bons
resultados foram colhidos junto aos
pesquisadores vindos de diferentes
estados do país.
O DCR foi implantado pela
FAPEPI (Fundação de Amparo à
Pesquisa do Piauí) no ano de 2003
numa parceria com o CNPq (Conselho
Nacional
de
Desenvolvimento
Cientíico e Tecnológico). Muitos
doutores de instituições de ensino
superior e pesquisa, institutos de
pesquisa, empresas públicas de
pesquisa e desenvolvimento, empresas
privadas e microempresas que
atuam em investigação cientíica ou
tecnológica já se beneiciaram com
o programa. A iniciativa propicia a
criação, manutenção e fortalecimento
dos grupos de pesquisa já existentes e
a criação de novas linhas de pesquisa
de interesse regional, mediante a
integração entre os setores acadêmico
e cientíico do Piauí.
Dentre seus objetivos, está
a diminuição das desigualdades
regionais, priorizando as instituições
localizadas nas regiões Norte,
Nordeste, Centro-Oeste (exceto
Brasília) e em microrregiões,
reconhecidas pelo CNPq, pela
precarização do desenvolvimento
cientíico e tecnológico. Seu método
de atuação se ixa em duas vertentes: a
regionalização e a interiorização.
O programa beneicia o
estado do Piauí e o pesquisador
envolvido. “Ganha a comunidade
cientíica piauiense, porque conta
com proissionais competentes e
gabaritados em determinadas áreas do
conhecimento e ganha o proissional
ao fazer essa ponte com o estado,
fortalecendo as linhas de pesquisa do
Piauí. É uma via de mão dupla”, disse
o então Diretor Técnico Cientíico da
Fapepi, Ricardo de Andrade.
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
11
anderson passos de aragão1 • durcilene alves da silva2 • ricardo de andrade Lira rabêlo3
1
2
ArtIGO
3
Professor Temporário da Universidade Estadual do Piauí • Contato: [email protected]
Professora Adjunta Universidade Federal do Piauí • Contato: [email protected]
Professor Adjunto da Universidade Federal do Piauí • Contato: [email protected]
aplicações de inteligência
computacional à nanotecnologia
A
nanociência é considerada uma
área multidisciplinar, pois engloba pesquisas nos mais variados
campos de estudo como, por exemplo,
eletrônica, ciência da computação, física,
química, medicina, biologia, entre outras.
Ela estuda as propriedades dos materiais
em escala nanométrica. Quando tal conhecimento é utilizado para a produção e
controle de nanomateriais com objetivos
práticos e comerciais, é chamado de nanotecnologia (POLETO, 2008).
Dentre os produtos desenvolvidos
pela nanotecnologia, merecem destaque
as nanopartículas metálicas devido principalmente às suas propriedades exclusivas associadas com a alteração da macro
para a nanoescala (MEHTA et al., 2010).
Dentre os metais nobres, a prata tem
sido amplamente empregada na produção de nanopartículas por apresentarem
propriedades óticas, elétricas (QIN et
al., 2010), antibacterianas, potencial anti-inlamátório e cicatrizante de feridas
(VIGNESHWARAN et al., 2006). Devido
a isso, a confecção de nanopartículas de
prata (AgNPs) com diferentes morfologias e tamanhos têm sido amplamente
estudada, encontrando-se diversas rotas
alternativas para este im (SHARMA et
al., 2009 & KONWARH et al., 2011). Durante a última década, houve um interesse
crescente sobre o tema síntese “verde”, que
representa uma abordagem voltada a projetar materiais sustentáveis, promovendo
a redução de resíduos, buscando oferecer
o máximo benefício desses produtos para
a sociedade e para o ambiente (RAMIREZ
et al., 2009).
A produção de AgNPs é um trabalho
oneroso devido, principalmente, à alta
reavidade da prata, diicultando o desenvolvimento de soluções coloidais desse
12
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
metal (THAKKAR et al., 2010). Outro a
ser analisado na produção das nanopartículas é o fato de que as variáveis envolvidas no processo de produção, tais como, a
concentração do agente redutor, do agente estabilizante, o pH do meio reacional,
a temperatura, o tempo de síntese, entre
outros, inluenciam fortemente no tamanho e na forma da partícula e tendem a
afetar as características do produto inal
(HUSSAIN et al., 2011).
Podemos concluir, desta forma, que
síntese de nanopartículas de prata se apresenta como um problema de análise multivariada no qual uma pequena mudança
em qualquer uma das variáveis supracitadas pode acelerar o processo de formação
de AgNPs ou até mesmo impedir a formação das mesmas. Para a resolução de problemas com esta magnitude a aplicação de
modelos computacionais pode fornecer
uma generalização da complexidade do
sistema sendo capaz de proporcionar uma
visão sobre a relação entre a síntese e as
variáveis envolvidas no processo. Dentre
os modelos computacionais que podem
ser aplicados a este tipo de problema, merecem destaque as redes neurais artiiciais,
por suas características e por seu alto poder de aprendizado e generalização.
As Redes Neurais Artiiciais (RNAs)
são modelos computacionais inspirados na estrutura e no funcionamento do
cérebro humano capazes de processar
dados, aprender e generalizar (SILVA et
al., 2010). As RNAs são compostas por
unidades de processamento chamadas
neurônios artiiciais, que são capazes
de extrair relacionamentos não lineares
relativos ao comportamento de um determinado processo/sistema e, por meio
do conhecimento adquirido, elas podem
interpolar resultados de condições desejadas (HAYKIN, 2001).
Essas habilidades permitem sua aplicação em problemas que envolvam processos multivariados nas mais diversas
áreas do conhecimento (CHANSANROJ
et al., 2011), como na área farmacêutica
(SUN et al., 2003), na biologia molecular
(WU et al., 2011), na medicina (LISBOA
& TAKTAK, 2008) e nas engenharias.
É sabido também que as RNAs se mostram superiores a métodos estatísticos
comumente utilizados em processos multivariados, devido à existência de relacionamentos não-lineares entre os componentes, como pode ser visto em Amani et
al. (2008), Takayama et al. (1997), Barmpalexis et al. (2010), entre outros.
Nesse sentido, foram promovidos estudos para a otimização e síntese de AgNPs reduzidas e estabilizadas por meio
de um polímero natural, utilizando redes
neurais artiiciais, buscando um modelo
matemático para a obtenção de AgNPs
de tamanhos adequados para as mais variadas aplicações. Os resultados demonstram ser possível utilizar as RNAs como
aproximadores funcionais para a síntese
de AgNPs.
Francisco Gerson amorim de Meneses1 • Lanna Letícia Goes silva oliveira2
Professor do Ensino Básico Técnico e Tecnológico Instituto Federal do Piauí – Campus Parnaíba-PI e Mestre em Ciência da Computação – UFF
Contato: [email protected] | 2Aluna do Ensino Médio Integrado ao Técnico - Curso Desenvolvimento de Sotware do Instituto
Federal do Piauí – Campus Parnaíba-PI e Bolsista do Programa de Bolsas de Iniciação Cientíica – PIBIC/PIBICjr do
Instituto Federal do Piauí – Campus Parnaíba-PI | Contato: [email protected]
Geolocalização de
sítios arqueológicos
A
arqueologia computacional é uma área
para a qual se destinam algoritmos e aplicações especíicas para a arqueologia. O
surgimento dessa linha de pesquisa demonstra o
quanto a computação pode ser útil ao prover uma
série de técnicas para auxiliar os arqueólogos em
seus trabalhos. Neste estudo, trata-se do Google
Earth, sotware desenvolvido pela empresa Google e disponibilizado gratuitamente na internet.
Por meio dele, é possível fazer uma visita virtual
aos lugares mais longínquos da Terra. Sua interface permite diversos tipos de visualização da superfície, além de controlar a altura com que se deseja observar os objetos de interesse na superfície.
O sistema de coordenadas utilizado pelo Google
Earth permite representar uma superfície esférica
em uma superfície plana, através do plano cartesiano. Desse modo, os objetos da Terra podem ser
localizados o mais corretamente possível.
Com esses recursos, o Google Earth pode ser
utilizado para simular um ramo da arqueologia
chamado arqueologia aérea, campo responsável
pela prospecção de sítios arqueológicos a partir
da vista aérea. Ademais, há diversos recursos na
ferramenta que permitem uma gama de interações com sua interface, dentre as quais se destaca
a marcação de pontos de interesse na superfície
da terra.
Demonstrar-se-á, neste trabalho, um recurso
computacional que permite localizar sítios arqueológicos no sotware Google Earth. Para tanto,
realizou-se prévia visita de campo, a im de obter
as coordenadas geoespaciais dos sítios através
de GPS. Como ambiente de teste, foi escolhido
o município de Bom Princípio, localizado no
norte do Piauí, escolha justiicada pelas evidências da existência de alguns sítios com pinturas
rupestres na área do município. Para localizá-los,
foram relevantes a listagem obtida a partir do site
do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional) <www.iphan.gov.br> e principalmente a ajuda de moradores locais.
A partir daí, criou-se um arquivo computacional do tipo KMZ que, ao ser executado, mostra, no globo digital do Google Earth, os pontos
onde foram coletados os dados de localização,
bem como os dados descritivos e fotográicos do
Logo após serem colocadas todas as informações sobre os sítios arqueológicos, parte-se,
então, para a criação do arquivo KMZ. Devese clicar no menu arquivo / salvar / salvar lugar
como, escolher o formato e colocar um nome
para o arquivo (Figura 4).
sítio em questão, proporcionando ao arqueólogo
e pesquisador da área um indicador que orientará as visitas; além disso, é possível fazer uma análise espacial do entorno, podendo ser obtidas diversas conclusões que vão subsidiar as pesquisas.
Solução Proposta
Inicialmente, devem ser coletadas as informações para catalogação do sítio, a saber: nome,
dados geoespaciais a partir de GPS, fotograia e
demais informações relevantes (Figura 1).
De posse desse arquivo, será possível disponibilizá-lo por meio da internet para outros
pesquisadores e interessados. Importante salientar que o arquivo pode ser editado e agregado outros sítios e informações.
O arquivo KMZ com os sítios de Bom
Princípio-PI pode ser baixado a partir do seguinte link: <http://www.ifpiparnaiba.edu.
br/SA_BP-PI.kmz>. Ao executá-lo, os sítios e
as informações nele encapsulados podem ser
vistos na tela com base na navegação entre os
marcadores que representam a localização dos
sítios, conforme Figura 5.
De posse dessas informações, dá-se o processo de localização desses sítios no Google Earth
por meio dos dados geoespaciais coletados na visita. Para tanto, são inseridas as coordenadas latitude e longitude e adicionadas imagens e demais
informações sobre o sítio, etapa na qual é necessário um conhecimento, mesmo que básico, em
programação de computadores (Figura 2).
Após a inserção dos dados referentes a um
determinado sítio, localiza-se o marcador na tela
e clica-se sobre ele. Em seguida, observa-se uma
janela com informações sobre o sítio (Figura 3).
Conclusão
Conforme demonstrado, o Google Earth
é um sotware que, em muito, pode auxiliar os
arqueólogos. Seu globo digital interativo pode
perfeitamente ser usado como alternativa à
arqueologia aérea e, além do mais, trata-se de
uma ferramenta que pode prover uma série de
recursos por meio das quais é possível interagir
das mais diversas formas com a superfície terrestre, inclusive marcando pontos de interesse
visualmente ou pontualmente a partir de dados
geoespaciais obtidos via GPS. O posicionamento desses locais que, no contexto desse trabalho
são sítios arqueológicos, além de outras informações descritivas e fotográicas, pode ser empacotado em um arquivo e distribuído para a
comunidade de pesquisadores arqueólogos.
Tem-se, portanto, um recurso de grande utilidade, porque agiliza e orienta o trabalho do
pesquisador ao se deslocar até o sítio.
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
13
ArtIGO
1
Maria do amparo Lopes ribeiro
ArtIGO
Bolsista CAPES
Contato: [email protected]
representações de saúde na Umbanda
S
e levarmos em conta o conceito de saúde como um estado de
completo bem estar físico, mental
e social e não somente como a ausência de infecções e/ou enfermidades,
postulado pela Organização Mundial
da Saúde, teremos que concordar com
Laplantine (2004), quando diz que
não há sociedade onde a doença não
tenha uma dimensão social, repleta
de representatividades por ela acometidas, sendo ao mesmo tempo a mais
íntima e individual das realidades,
fazendo com que o “campo de conhecimento e signiicado do doente” seja
caracterizado pelo sofrimento e pela
consciência da experiência mórbida
com seus componentes irracionais
de angústia (de ser portador de uma
doença incurável) e de esperança (de
curar-se).
Com isso, segundo Minayo (2006,
p. 205), “as doenças, a saúde e a morte não se reduzem a uma evidência
orgânica, natural e objetiva, mas sua
vivência [...] está intimamente relacionada com características organizacionais e culturais de cada sociedade”,
ou seja, a doença e a saúde são socialmente construídas e o indivíduo doente é, sobretudo, um ator social que
dá sentido aquilo que vivencia.
Conforme Giovanella (2008), o
modelo médico hegemônico não possibilitaria ao indivíduo encontrar tal
sentido em suas vivências, por estar
inserido em um modelo de saúde caracterizado por: individualismo, que
trata o estado de saúde/doença como
mercadoria e que dá maior ênfase
ao biologismo (encarando a doença
como uma disfunção isiológica de determinado órgão ou sistema biológico
do organismo); privilégio da medicina
14
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
curativa em detrimento de uma medicina preventiva; medicalização dos
problemas; estímulo ao consumismo
médico; participação passiva e subordinada dos consumidores, ou seja, dos
usuários dos serviços de saúde.
Disso resulta que as pessoas procurem outras estratégias/alternativas,
além da assistência prestada nos moldes do modelo médico hegemônico,
para minimizar e/ou atender a necessidades de saúde, e não somente em
termos biológicos, mas o acolhimento
e a atenção para suprir suas angústias
e inquietações trazidas pela doença,
assim, por exemplo, a busca pela cura
nos terreiros de Umbanda complementaria as práticas médicas oiciais
(MELLO & OLIVEIRA, 2010).
A Umbanda é uma religião de
matriz africana, de tradição oral de
transmissão de seus saberes e práticas
culturais em espaços denominados de
terreiros relacionados aos cuidados,
acolhimento e solidariedade para a
promoção da saúde, pois faz parte de
seu conjunto de crenças, o cuidado
do corpo adoecido, para que o mesmo possa restabelecer seu equilíbrio e
daí retomar seu estado saudável, proporcionando ao indivíduo seguir com
suas funções sociais, independentemente do grupo ao qual pertença.
(SILVA, 2005).
De tais aportes, surgem os seguintes questionamentos: como tais representações terão uma carga de sentidos
cada vez maior na medida em que ele
se sinta acolhido ou de acordo com as
próprias experiências vivenciadas no
transcorrer do tratamento recebido
em tais espaços? E quanto aos próprios adeptos da Umbanda, pais e/ou
mães de santo e ilho (as) de santo, o
que teriam a dizer sobre essa angústia
e a busca que esses indivíduos empreendem pela cura e/ou alívio de suas
doenças? Qual o sentido da saúde, da
doença e da cura nos espaços de terreiros de religiões de matriz africana?
Por isso, também estaremos atentos aos próprios signiicados e representações de saúde na Umbanda,
procurando pensar sobre a questão da
doença e da cura no interior desta religião, considerando sua cosmologia,
seus rituais e as práticas de seus agentes (adeptos) em termos de saúde, doença e cura nos terreiros e como seus
adeptos legitimam tais espaços. Esta
pesquisa é inanciada pela CAPES,
fazendo parte do grupo de pesquisas
sobre Ritual e Simbolismo, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia, da Universidade Federal do Piauí
(UFPI).
Por Cássia Sousa
DOSSIê
Família relembra a trajetória de
afonso sena Gonçalves
Foto: Arquivo Pessoal
A perseverança era um traço marcante da personalidade do
pesquisador que idealizou a Fapepi
Professor Afonso Sena Gonçalves, idealizador da fapepi
N
este ano, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do
Piauí completa 20 anos. São
duas décadas de investimento na pesquisa cientíica local que tem gerado
frutos para o desenvolvimento cientíico e tecnológico do Piauí. Entretanto, o
percurso trilhado para a existência da
Fapepi não foi fácil. Para esta edição
comemorativa de aniversário da instituição, a Sapiência entrevistou a família do Prof. Afonso Sena Gonçalves,
reconhecido como um dos principais
fomentadores da instituição e, por isso
mesmo, a Fundação recebe seu nome,
no intuito de conhecer um pouco mais
sobre esse personagem importante para
a história da Fapepi.
Natural de Minas Gerais, Afonso
Sena Gonçalves nasceu em 10 de julho
de 1948 e formou-se em Química pela
Universidade de Brasília (UnB). Em
1973, veio ao Piauí juntamente com o
então reitor Elson Saraiva para integrar
o quadro inicial de professores do curso de Química da Universidade Federal
do Piauí (UFPI), que estava sendo fundada naquele ano. Em Teresina, havia
até então as faculdades de Odontologia,
de Direito e de Filosoia, que se uniram
formando a UFPI.
“Ele veio pra montar o curso de
Química. Gostou e aqui icou. Cerca de
um ou dois anos depois, ele foi a São
Paulo fazer mestrado na Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp). Retornou a Teresina porque na época não
era dado muito espaço para se fazer
mestrado e doutorado seguidamente
como hoje. Ele veio, icou dois anos e
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
15
16
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
des foram muitas. De acordo com os
Professores João Batista e Conceição
Lage, o cenário piauiense da época era
desfavorável. Havia poucos professores
com mestrado e menos ainda com doutorado. “O pensamento das autoridades
das universidades desprivilegiavam o
doutorado para os professores, pois era
muito caro esse tipo de formação. Para
fazer pesquisa, era preciso qualiicação
e o fato de haver poucos mestres e doutores diicultava a pesquisa cientíica no
Piauí”, explica o Prof. João Batista.
Segundo Miracel, havia também
problemas relacionados às prioridades
das autoridades da época. “Hoje eu
Foto: Cássia Sousa
DOSSIê
Foto: Cássia Sousa
retornou novamente para fazer o doutorado.”, explica Miracel Ribeiro Gonçalves, viúva do Prof. Afonso. Em 1985,
ele tinha concluído os dois cursos. Foi
também diretor do Centro de Ciências
da Natureza (CCN) da UFPI.
Maricel relembra que o marido
sempre gostou de fazer pesquisas, sendo ligado a várias instituições, como a
Sociedade Brasileira de Química que
existe desde julho de 1977 e é a principal sociedade da área do país. E, mesmo
diante dos impasses, numa época em
que a pesquisa apenas engatinhava no
nosso estado, o Prof. Afonso conseguia
realizar pesquisas, coordenava alunos e
trabalhava em parceria com pesquisadores de outros centros da UFPI. “Ele
não desistia no primeiro não. Se marcasse uma audiência com alguém e a
pessoa por um motivo qualquer não
podia estar no momento nem se preocupasse que ele voltava novamente.”,
airma Miracel.
Com este peril de pesquisador determinado, o Prof. Afonso Sena juntou-se a outros pesquisadores, dentre
eles os professores João Batista, José
Arimateia Dantas Lopes, Francisco
Guedes Alcoforado Filho, Conceição
Lage, Francisco Rodrigo Freire, Almir
Bittencourt e Jônatas de Barros Nunes,
em torno de um ideal: uma fundação
que desse suporte à pesquisa no estado do Piauí. Inicialmente as diiculda-
vejo que as coisas são mais articuladas
em termos de estado, as pessoas têm a
mente mais aberta e naquela época as
pessoas não valorizavam muito a pesquisa.” É um ponto também ressaltado
pelo prof. João Batista. As autoridades
da época entendiam o inanciamento às
pesquisas como gasto e não como investimento na ciência.
Coube a esse grupo de pesquisadores, liderados pelo Prof. Afonso Sena, a
missão de sensibilizar as autoridades da
importância da pesquisa cientíica. Infelizmente, o Prof. Afonso não chegou
a ver a Fapepi ser criada. Faleceu em 22
de maio de 1993, vítima de infarto fulminante enquanto dormia, meses antes
da fundação da Fapepi. Ao ser questionada sobre isso, Miracel enfatiza que o
importante é que “ele plantou a semente e ela brotou” .
Alessandro Ribeiro Gonçalves, ilho
do professor, concorda com o ponto de
vista da mãe. “É lógico que a gente se
sente orgulhoso do resultado, ainda
mais porque ele era aiccionado pela
parte de pesquisa. Muitas vezes eu fui
buscá-lo dez horas da noite porque ele
não vinha para casa, sempre trabalhando no laboratório. Fico orgulhoso não
só pelo projeto ter se ampliado como
pelo fato de ter beneiciado não apenas
às pesquisas dele, mas de diversas outras áreas.”, inaliza ele.
a Fapepi completa 20 anos.
Uma história de muitas conquistas
A criação da Fapepi relatada por meio de histórias de lutas e conquistas
de um grupo de pesquisadores liderados pelo Professor Afonso Sena.
C
orria o ano de 1992 quando alguns professores e pesquisadores de Teresina começaram a
vislumbrar a possibilidade de criar uma
fundação de apoio à pesquisa no Estado.
Surgia assim o embrião do que hoje é a
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi).
O cenário da pesquisa naquela época
deixava muito a desejar, justamente pela
ausência de incentivo e de editais que
contemplassem as necessidades dos pesquisadores locais.
Preocupados com os rumos da situação, nomes como: Afonso Sena Gonçalves, Jônatas de Barros Nunes, Luiz
Júnior, Valdenir Queiroz, João Batista
Lopes, Francisco Guedes Alcoforado Filho, Francisco Rodrigues, Rodrigo Freire,
Maria Conceição Soares Meneses Lage,
Almir Bittencourt, entre outros, organizaram uma comissão que realizava reuniões
periódicas para articular a criação de uma
agência de fomento à pesquisa.
O grupo se inspirou na fundação que
já existia no estado do Maranhão cuja
realidade era parecida com a piauiense:
as mesmas diiculdades, os problemas
com renda, acessibilidade e tecnologia.
Naquela época, a Fundação do Amparo à Pesquisa do Maranhão (Fapema)
atravessava um período de auge nos
aspectos organizacionais e de incentivo
ao trabalho de pesquisa. Um grupo de
pesquisadores da Fapema desempenhou
papel determinante para a estruturação
da Fapepi. Um núcleo de pesquisadores do Maranhão orientou os colegas de
proissão sobre os procedimentos que
deveriam realizar para alcançar êxito na
criação da Fundação.
A luta pela criação da Fapepi
Antes da criação da Fapepi não há
um registro numérico concreto sobre a
quantidade de pesquisadores com nível
de doutorado. De acordo com o Prof.
João Batista Lopes, este número era reduzido, “o certo é que não eram muitos
os doutores com tese aprovada, e esse
fato atrasava um pouco a evolução da
pesquisa no nosso estado”.
Este panorama só poderia ser modiicado mediante o estabelecimento de
uma fundação que apoiasse esse tipo de
atividade acadêmica. A grande diiculdade para viabilizar a Fapepi era sensibilizar as autoridades para que compreendessem a relevância de uma iniciativa
como aquela. O Estado deveria conceber
a pesquisa como fator de desenvolvimento que precisava ser inanciado. A
competição no âmbito nacional era muito difícil e todo apoio seria bem-vindo
para que os pesquisadores piauienses se
destacassem.
A Professora Maria Conceição Soares Meneses Lage, que foi integrante do
primeiro Conselho Superior da Fapepi,
discorreu sobre a importância de um
inanciamento para a pesquisa acadêmica. Para ela, “qualquer inanciamento
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientíico e Tecnológico (CNPq),
hoje em dia, destina 30% para editais de
pesquisa dos estados das regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste e, mesmo assim, as pesquisas realizadas aqui ainda
são pouco numerosas em comparação
com outras universidades”. A professora
airma que atualmente esse é o panorama apresentado, pois na época da criação da Fapepi os recursos não eram disponibilizados.
A Universidade Federal do Piauí chegou a publicar alguns editais no período
anterior à criação da Fapepi, mas a competição pelas bolsas era uniicada com todas
as instituições de ensino superior do país,
o que diminuía muito as chances de aprovação dos pesquisadores piauienses que
não possuíam condições apropriadas de
trabalho.
No intuito de modiicar este cenário e
de pleitear a criação da fundação, o grupo
de pesquisadores foi em busca de apoio das
autoridades locais. Depois da luta de vários
professores e pesquisadores da UFPI e da
Uespi, o sonho tornou-se realidade.
A Fundação do Amparo à Pesquisa
do Estado do Piauí “Prof. Afonso Sena
Gonçalves” foi criada pela Lei nº 4.664,
de 20 de dezembro de 1993, no governo
de Antônio de Almendra Freitas Neto,
com a inalidade de estimular o desenvolvimento cientíico e tecnológico do
estado do Piauí.
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
17
DOSSIê
Por Marco Aurélio do Amaral
Por Marco Aurélio do Amaral
DOSSIê
os presidentes da Fapepi
elmano de Almeida férrer
O primeiro a assumir foi Elmano de Almeida Férrer, entre os anos de 1994 e 1995. Durante sua gestão,
Elmano manteve o foco no planejamento e na estruturação da instituição. Foi formado o quadro de pessoal
da Fundação com servidores recrutados de outras instituições, além das instalações físicas da Fapepi.
maria de fátima Aquino matos
Foi nomeada em 20 de março de 1996. A gestão da professora de Geograia procurou organizar a
instituição e capacitar o quadro de pessoal.
valdionor Albuquerque barros
Assumiu em 1º de janeiro de 1999 e teve uma gestão curta, já que no dia 06 de julho de 2000 o cargo foi
ocupado por Marta Maria dos Santos.
marta maria dos Santos
A quarta presidente da Fapepi icou menos tempo no cargo do que seu antecessor - menos de três meses,
e saindo no dia 27 de outubro de 2000.
Antônio de Pádua costa lima
Antônio permaneceu na presidência de 27 de outubro de 2000 a novembro de 2001, e também ocupou o
cargo de gestor por um breve período devido à substituição prematura dos gestores do Governo.
maria de fátima Aquino matos
Em 30 de novembro de 2001, Maria de Fátima voltou a presidir a Fapepi, agora como presidente interina,
exercendo o cargo até dezembro de 2002.
Acácio veras
Com a entrada do Prof. Dr. Acácio Veras na presidência da Fapepi em janeiro de 2003, a fundação foi dirigida pela
primeira vez por um pesquisador. As ações levaram a uma profunda mudança na atuação da fundação, que direcionou
suas atividades de forma mais efetiva aos pesquisadores. O presidente ainda icou no cargo por mais uma gestão e
alcançou o objetivo de tornar a Fapepi uma fundação de amparo à pesquisa de reconhecimento estadual e nacional.
bárbara melo
Professora Doutora em Linguística, Bárbara Melo foi nomeada no dia 15 de abril de 2011, na gestão do Governador
Wilson Nunes Martins. Atual da presidente da Fapepi, Bárbara sempre prezou em manter os programas vigentes
e implantar novos programas e principalmente buscar parcerias junto aos órgãos estaduais e federais. Além de
presidente, é pesquisadora e tem como meta estreitar o diálogo entre os pesquisadores do estado, procurando
atender às demandas da comunidade cientíica piauiense.
18
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
Fapepi: papel, ações e
comprometimento com a pesquisa
cientíica
Foto: Marco Aurélio do Amaral
Vários pesquisadores piauienses já foram contemplados pelos programas
de incentivo à pesquisa, e o resultado é o crescimento, fortalecimento e
continuidade dos núcleos de pesquisa.
D
urante os seus 20 anos de
atuação, a Fundação de
Amparo à Pesquisa no
Piauí (Fapepi) vem desenvolvendo vários programas de fomento à
pesquisa no estado. Como agência
de fomento, sua participação efetiva
teve início no ano de 2001, quando
desenvolveu suas atividades articuladas com as diretrizes políticas do
Governo do Estado. Firmada essa
união de forças, a meta principal
do plano de trabalho foi, e sempre
será, o empenho em ações de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I),
de modo a traçar o desenvolvimento socieoeconômico sustentável do
Estado.
Para melhor atender às necessidades dos pesquisadores e à plena expansão do saber cientíico, a
Fapepi está, a cada ano, buscando
novas formas de aproveitar e valorizar os pesquisadores nativos e os
demais que se interessem em realizar atividades de pesquisa e extensão no Piauí.
Parcerias com agências fomentadoras nacionais, como a Capes
(Coordenação de Aperfeiçoamen-
to de Pessoal de Nível Superior)
e o CNPq (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Cientíico e Tecnológico), proporcionaram uma
maior distribuição de bolsas de
inanciamento aos estudantes matriculados em cursos strictu sensu
de mestrado e doutorado, além da
parceria com o governo do Piauí,
que estimula os alunos do Ensino
Médio a desenvolver ciência em
conjunto com seus professores. Essa
postura de comprometimento com
o avanço da pesquisa cientíica estatal vem gerando resultados importantes numa relação mútua de interesse entre pesquisadores e governo
estadual.
O resultado disso é o salto na
quantidade e qualidade dos programas de pós-graduação scritosensu. No último edital de bolsas
(009/2012), a Fapepi distribuiu 130
bolsas em nível mestrado e 35 em
nível de doutorado.
O programa de bolsas da Capes
atende a duas modalidades: para
docente vinculado efetivo às instituições de ensino do Piauí e para
estudantes de mestrado e doutorado. Com a expansão dos cursos de
pós-graduação para os campi dos
municípios do interior do Piauí,
houve uma maior adesão dos pes-
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
19
DOSSIê
Por Edienari dos Anjos
DOSSIê
quisadores residentes fora da capital do estado, o que fortalece, valoriza e diversiica as pesquisas, pois
trazem particularidades de cada
região. Parnaíba e Picos são cidades com campi contemplados pelo
programa. “Isso melhora os núcleos de pesquisa, uma vez que se tem
um maior número de pesquisadores
atuando e formando novos futuros
pesquisadores”, relata Eliana Abreu,
gerente técnico-cientíica da Fapepi.
Frisa-se, contudo, que o crescente resultado positivo das ações
desempenhadas em duas décadas é
fruto da valorização dos pesquisadores e de investimento inanceiro.
Os que se interessam pelas bolsas de
estudo participam dos editais dos
programas cumprindo suas exigências e direcionamentos, numa concorrência democrática e igualitária.
Os agraciados passam a receber
uma ajuda de custo mensal, cujo valor varia com as especiicidades de
cada edital e com nível de ensino.
“A Fapepi está evoluindo a passos largos e concretos. Prova disso
é o reconhecimento das agências de
fomento nacional, como a Capes e
CNPq que nos parabenizaram através do relatório de desempenho dos
programas da fundação”, comemorou o então Diretor Técnico Cientíico da Fapepi, Ricardo de Andrade. “Atualmente a Fapepi é uma
das fundações estudais mais importantes do país”, completa a Gerente
Técnico-Cientíica, Eliana Abreu.
Dentre os programas desenvolvidos pela Fapepi, destacam-se ainda o Pronex. O primeiro edital foi
lançado no ano de 2011 e tem por
objetivo inanciar pesquisas de excelência em parceria com algumas
instituições, a exemplo da Univer-
20
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
sidade Federal do Piauí (UFPI) e o
CNPq. O Programa Primeiros Projetos (PPO), que atualmente possui
42 projetos aprovados e em vias de
produção, sendo que destes 30% são
executado no interior no estado,
visa melhorar a estrutura dos núcleos de pesquisa.
Com o propósito de ixar pesquisadores de outros estados no País
que tenham interesse de explorar as
potencialidades do estado e fortalecer as linhas de pesquisa, o Programa de Desenvolvimento Cientíico
e Regional (DCR), em parceria com
o CNPq, estimula a permanência de
recursos humanos com experiência
em ciência, tecnologia e inovação.
O Programa de Bolsas de Iniciação Cientíica PIBIC/Júnior foi
implantado no ano de 2003 e visa
conceder bolsas para estudantes
matriculados no Ensino Médio em
escolas públicas do Piauí. Até o ano
de 2012, foram concedidas mais de
mil bolsas. Os municípios de Picos,
Floriano e Bom Jesus são contemplados neste programa. O pesquisador, quando submete o projeto, realiza uma avaliação junto aos alunos
e seleciona dez deles. Por meio do
PIBIC/Júnior, os futuros pesquisadores dos programas de pós-graduação e de instituições públicas são
revelados. É a oportunidade que o
estudante, ainda matriculado no
ensino regular, tem para desenvolver habilidades e aptidões para produção de conhecimento cientíico.
Nesta edição comemorativa dos
20 anos da FAPEPI, você vai conhecer como cada um destes programas
atua no desenvolvimento técnico e
cientíico do Piauí por meio de seus
propósitos e relato dos pesquisadores contemplados.
dentre as parcerias irmadas pela
Fapepi, destacamse o Governo Estadual com o ministério de Ciência,
Tecnologia e Inovação (mCTI), o Conselho Nacional de
desenvolvimento
Cientíico e Tecnológico (CNPq),
a Financiadora de
Estudos e Projetos (Finep), o ministério da Saúde,
a Coordenação de
Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível
Superior (CAPES) e
a rede Nacional de
Pesquisa (rNP) e a
Secretaria Estadual
da Saúde e Secretaria Estadual da
Educação.
Por Vanessa Soromo
MAtérIA
Fomento a eventos cientíicos
cria nova cultura no piauí
Foto: Arquivo Fapepi
o Programa de Auxílio para organização de reunião Cientíica tem sido
responsável pelo surgimento de uma nova cultura relacionada
à divulgação da C&T no Piauí.
Abertura da I Jornada extensionista da universidade estadual do Piauí (uespi).
O
ritmo crescente do desenvolvimento da ciência tem intensiicado, ao longo do tempo, a
necessidade de diversiicar as formas de
circulação do conhecimento cientíico.
Inicialmente a comunicação entre os
pesquisadores era feita por meio de cartas ou durante participação de reuniões
entre seus pares; atualmente os eventos
cientíicos e/ou tecnológicos mostramse imprescindíveis para a divulgação,
para o debate e para a relexão da Ciência e Tecnologia, por contarem com um
público-alvo mais heterogêneo oriundo
de diversos âmbitos e comunidades.
Consciente do papel da ciência
como atividade social, há três anos a
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi) vem apoiando a
realização de congressos, conferências,
seminários, workshops, entre outros tipos de eventos, por meio do Programa
de Auxílio para Organização de Reunião Cientíica (Edital 005/2013), que
tem o objetivo de contribuir para o intercâmbio do conhecimento na área de
C&T produzido por pesquisadores de
instituições piauienses.
“Muitas vezes o pesquisador pode
estar tão centrado no seu trabalho e conversa somente com seus pares, a conversa ica plenamente entendida. Mas
quando entra em contato direto com a
sociedade, ele vai ter uma dimensão de
como o trabalho dele está atingindo-a,
se é obrigado a buscar outros elementos
para poder respondê-la. Essa é a importância dos eventos”, explica o professor
Diógenes Buenos Aires de Carvalho, da
Universidade Estadual do Piauí (Uespi),
campus Clóvis Moura, que coordenou
o “IV Encontro Acadêmico de Letras
(Enal): Linguagem, Contemporaneidade e Ensino”.
Somente em 2013, o Programa de
Auxílio para Organização de Reunião
Cientíica apoiou, com recursos do Tesouro Estadual, 24 eventos que foram
sediados na capital e em cidades do
interior do Estado. A democratização
desses eventos tem contribuído para
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
21
22
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
de deslocamento ou falta de condições
inanceiras para adentrar nesses espaços exclusivos de circulação de conhecimento cientíico.
O estudante do 5º período do curso de Letras Português, do Instituto
de Educação Superior do Brasil (Iesb),
Raimundo Dias, que participou como
ouvinte do “IV Encontro Acadêmico
de Letras (Enal): Linguagem, Contemporaneidade e Ensino”, revela a importância do evento para sua formação
acadêmica:
Foto: Edienari do Anjos
MAtérIA
Foto: Ascom Cavet
o surgimento de uma nova cultura no
Piauí no que se refere à divulgação cientíico-tecnológica.
A Professora Eugênia Bridget Gadêlha Figueirêdo, do Núcleo de Estudos em Saúde Pública da Universidade
Federal do Piauí (NESP/UFPI), campus de Parnaíba, que coordenou o “III
Congresso Piauiense de Saúde Pública”
juntamente com o “III Seminário de
Ensino na Saúde”, acredita que “os encontros promovidos por esses eventos
potencializam o desenvolvimento de
conhecimentos e práticas necessários à
promoção cientíica e proissional das
disciplinas envolvidas e possibilita a
troca de experiências, diálogos sem os
quais seria impossível conhecer para
inovar. Portanto, garantir a existência
desses espaços é fundamental” e acrescenta que “o Programa permite a descentralização e a interiorização dessas
práticas, fomentando a circulação e a
apropriação mais democrática de conhecimentos”.
Essa descentralização das reuniões
cientíicas, que anteriormente eram realizadas prioritariamente nos grandes
centros urbanos, vem resultando em
uma participação mais efetiva e massiva de estudantes, pesquisadores e
proissionais, que agora não precisam
enfrentar obstáculos como diiculdade
“O Enal trouxe pessoas de alto gabarito. Nós tivemos a oportunidade de
vê-los aqui em Teresina, até mesmo algumas obras que eles trouxeram”, conta Raimundo Dias, que enfatiza que
é grande a sua vontade em enveredar
pelos eventos relacionados à sua área de
estudo, realizados no país ou fora dele,
mas que as diiculdades econômicas
acabam por não permitir.
A professora doutora Lívia Suassuna, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), está entre os estudiosos
que o estudante de Letras Português se
refere. Lívia Suassuna veio a Teresina
em setembro deste ano, para compor ao
lado de outras renomadas professoras a
mesa redonda: Ensino de Língua Portuguesa na Contemporaneidade: Desaios e Perspectivas, durante o “IV Enal”.
“Para mim, é uma alegria sempre grande vir a Teresina, porque isso tem um
peso para o desenvolvimento do Estado, o desenvolvimento acadêmico, cientíico, pessoal e cultural das pessoas, dos
envolvidos e dos alunos”, declara.
Para a doutora em linguística, a interação entre os estudantes e os pesquisadores, o acesso a novas informações e
o intercâmbio de conhecimentos agrega
valor na formação desses alunos, que na
maioria das vezes é o público-alvo desse
tipo de promoção cientíica. “Quando
Abertura do Iv encontro Acadêmico de letras (eNAl).
Foto: Vanessa Soromo
Foto: Arquivo Fapepi
vou a eventos de um modo geral, me
preocupo em levar algo que o aluno da
graduação entenda, que ele possa depois buscar novas fontes, fazendo uma
espécie de polifonia acadêmica, mas
sempre muito voltada para o peril do
grupo”, entaiza a professora Lívia Suassuna.
O Programa também tem contribuído para cidades, como Bom Jesus,
que ica a 635 km da capital do Estado,
sediarem eventos como o “II Curso de
Atualização em Medicina Veterinária
(Cavet)”, que proporcionou novas experiências a estudantes que sofrem com
MAtérIA
do Ceará, ao evento que tinha dimensão
regional, até então. “Com o IV Enal, nós
demos uma dimensão nacional e pudemos trazer seis pesquisadores, ou seja,
nós crescemos três vezes o número de
convidados e foram pesquisadores que
são respeitados nas suas áreas nacionalmente e fora do Brasil. Só foi possível
trazer os seis pesquisadores, porque
tivemos o apoio do Programa. Com a
dimensão que a Uespi tem hoje e o orçamento que proporcionalmente é muito
menor do que ela precisa, nós não conseguiríamos. Até poderíamos fazer um
encontro, mas não com a dimensão que
nós conseguimos fazer”, inaliza o coordenador do Enal.
Foto: Edienari do Anjos
limitações estruturais nas suas rotinas
acadêmicas, como explica a professora
Karina Rodrigues dos Santos.
“A Fapepi proporcionou aos nossos
alunos, quando nos apoiou, práticas que
estes só poderiam ter acesso quando saíssem para seus estágios no 10º período,
já que Bom Jesus ainda não possui uma
rotina hospitalar. O auxílio foi de grande valia para ampliar os conhecimentos
de nossos alunos que não precisaram se
descolocar 645 km ou mais para obter
mais conhecimento”, ressalta a coordenadora do II Cavet.
A consolidação dos eventos fomentados pela Fundação, por meio do Programa de Auxílio para Organização de
Reunião Cientíica, tem sido outro relevante ponto que comprova essa nova
cultura que se vem conigurando no
Estado. “A Fapepi nos apoia desde a primeira versão do evento que já se encontra em sua terceira edição. Poder contar
com este apoio nos tem feito avançar na
promoção desse espaço de interlocução
entre as áreas da saúde e na ampliação
do alcance do público-alvo. Planejamos
uma próxima versão a nível internacional e esperamos contar novamente com
o incentivo do Programa”, expõe a professora Eugênia Bridget, coordenadora
do III Congresso Piauiense de Saúde
Pública.
De acordo com o coordenador do
Encontro Acadêmico de Letras, professor Diógenes Buenos Aires de Carvalho, em 2012, o apoio da Fapepi
possibilitou trazer dois renomados pesquisadores, um de Minas Gerais e outro
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
23
Formação de pesquisadores é
uma das prioridades da Fapepi
Bolsista e coordenadores de programas de pós-graduação stricto sensu relatam
como os subsídios ofertados pela Fundação e seus parceiros vêm contribuindo
para o desenvolvimento acadêmico, cientíico e tecnológico do Piauí.
A
s bolsas de pesquisa são reconhecidas pelas agências de
fomento como um dos pilares
para a formação dos pesquisadores e
fundamentais para o desenvolvimento
da ciência. São instrumentos utilizados
com a inalidade de apoiar o aluno que,
em contrapartida, se dedica exclusivamente às atividades de pesquisa.
Nos últimos dez anos, a Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí
(Fapepi) irmou importantes parcerias
com o Governo Estadual e agências federais, que possibilitaram a concessão
de bolsas de apoio e o inanciamento
de projetos de pesquisa desenvolvidos
em instituições piauienses, em áreas do
conhecimento consideradas prioritárias
para o desenvolvimento do estado.
Visando ampliar a oferta de bolsas
para os programas de pós-graduação
stricto sensu sediados no Piauí, para o
atendimento à formação de recursos
humanos qualiicados, bem como na
consolidação de cursos novos e na interiorização das atividades de pesquisa,
em 2012, a Fapepi assinou um acordo
com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)
para a concessão de 130 bolsas de mestrado e 35 bolsas de doutorado.
Um dos beneiciados é o estudante
do mestrado em Ciências da Computação, da Universidade Federal do Piauí
(UFPI), José Victor Vasconcelos Sobral.
A pesquisa do bolsista é voltada para a
“Internet das coisas”, também conhecida como Comunicação Ubíqua. “Meu
trabalho é desenvolver qualidade de
serviço para a internet das coisas. Em
24
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
Foto: Vanessa Soromo
MAtérIA
Por Vanessa Soromo
um futuro não muito distante, todas as
coisas vão estar ligadas à internet: um
livro, uma roupa, uma sala, um ar-condicionado. Tudo vai trabalhar em conjunto para dar mais comodidade às pessoas”, explica.
José Victor participou de dois grandes eventos neste ano. O primeiro foi o
“IEEE Congress on Evolutionary Computation”, que aconteceu em Cancun,
no México, onde apresentou o trabalho
“An Approach Based on Fuzzy Inference
System and Ant Colony Optimization for
Improving the Performance of Routing
Protocols in Wireless Sensor Networks”. E
mais recentemente esteve no 11º Congresso Brasileiro em Inteligência Computacional (CBIC), realizado juntamente com o 1º Congresso BRICS (grupo
econômico formado pelo Brasil, Rússia,
Índia, China e África do Sul), em Porto
de Galinhas (PE).
“A bolsa é bastante importante, porque você consegue se dedicar mais aos
estudos, ao programa de pós-graduação. O incentivo é bom, até para que os
estudantes possam participar de eventos. Foi devido ao dinheiro da bolsa que
recebo que consegui participar de todos
esses eventos”, airma o mestrando.
Estão sendo destinados ao Programa de Bolsas de Mestrado e Doutorado
para os Programas de Pós-Graduação
sediados no Piauí recursos no valor de
R$ 4.212.000,00 (quatro milhões, duzentos e doze mil reais), sendo que R$
2.916.000,00 (dois milhões, novecentos
e dezesseis mil reais) são oriundos da
Capes e R$ 1.296.000, 00 (um milhão,
duzentos e noventa e seis mil reais), do
Tesouro Estadual. As bolsas serão concedidas pelo prazo de 24 meses para
mestrado e de 48 meses para doutorado.
De acordo com a professora Maria
Acelina Martins de Carvalho, coordenadora do doutorado em Biotecnologia, da Rede Nordeste de Biotecnologia
(RENORBIO), que tem como instituição nucleadora no estado a Universidade Federal do Piauí, esse é um momento histórico, pois nunca havia tido um
incentivo tão substancial nesta área. O
programa foi contemplado com 13 bolsas de apoio à pesquisa.
“A ação de lançamento deste Edital
juntamente com a Capes foi uma das
principais ações da Fapepi e do Governo
do Piauí e de grande importância para o
desenvolvimento do nosso Estado, pois
as atividades de pesquisa estão orga-
nizadas, principalmente, tendo como
ponta de lança os cursos de pós-graduação. Isso demonstra o reconhecimento
do Governo de que não há desenvolvimento cientíico-tecnológico em uma
nação sem que as áreas da pesquisa e
pós-graduação sejam priorizadas dentro da política de desenvolvimento sustentável”, destaca a coordenadora.
Para o professor Feliciano José Bezerra Filho, coordenador do Mestrado
Acadêmico em Letras da Universidade
Estadual do Piauí (Uespi), que teve seu
programa de pós-graduação contemplado com cinco bolsas por meio do
Edital 009/2012, os subsídios ofertados
pela Fundação contribui de forma signiicativa para a consolidação dos novos
programas, além de ixar os pesquisadores no estado.
“Uma das grandes diiculdades do
pesquisador piauiense para fazer uma
carreira acadêmica mais aprofundada é
a questão do deslocamento, ter que sair
para fazer um mestrado, um doutorado
fora. Essas bolsas ixam o pesquisador
no estado, desde que, evidentemente, a
demanda e os cursos ofertem vagas, e
programas sejam criados cada vez mais
e em várias áreas”, ressalta o coordenador.
“Me inscrevi para três mestrados:
na UFPI, na Universidade Federal do
Ceará (UFC) e na Universidade de São
Paulo (USP). Felizmente eu fui aprovado nas três, mas, como havia essa oportunidade de bolsa, consegui icar no
meu estado. Isso é bom, porque estou
gerando publicações para a minha universidade e para o meu estado”, conta o
mestrando José Victor.
O professor Feliciano José Bezerra
Filho explica que a adequação da pesquisa para outra realidade ou cultura é
um dos maiores obstáculos enfrentado
pelo pesquisador piauiense que necessita cursar uma pós-graduação fora
do estado. Revela que muitos colegas
tiveram que redirecionar sua linha de
pesquisa, focando, por exemplo, em um
autor carioca ou riograndense, pelo fato
de o orientador está trabalhando nessas
áreas. Dessa forma, perde o pesquisador, que poderia dedicar-se a iguras,
histórias e costumes de sua terra. E o estado, que não conta com a possibilidade
de ampliar seu número de pesquisas e
publicações.
“Com a bolsa, essa questão desaparece. O pesquisador ica livre para
pesquisar algo regional ou universal. E
há uma ênfase da própria Capes ultimamente para que as pesquisas e os programas de mestrado tenham cunho regional, principalmente o Nordeste onde
ainda há deicit em número de bolsas.
O empenho da Capes em favorecer os
programas do Nordeste é justamente
para que apareçam pesquisas genuinamente nordestinas”, esclarece o professor Feliciano Bezerra que acrescenta
que “a Capes e a Fapepi vêm corroborar com essas bolsas a possibilidade do
pesquisador permanecer na sua região,
pesquisar objetos da sua região”.
Um dos critérios de avaliação
das propostas submetidas ao Edital
009/2012 foi a relevância das áreas de
pesquisa para o desenvolvimento cientíico, tecnológico e de inovação para
o Estado do Piauí. Na prioridade 1, icaram a Saúde Coletiva, Farmácia, Ci-
Para a professora maria Acelina martins de carvalho,
o Programa é um marco na história da fapepi
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
25
MAtérIA
ências Agrárias, Ciências Exatas e da
Terra, Ciências Biológicas, Engenharias
e Multidisciplinares como Programa
em Desenvolvimento e Meio Ambiente.
As áreas deinidas como prioridade 2
foram – Ciências da Saúde e Medicina
Veterinária. As Ciências Humanas, Sociais, Letras e Linguística forma classiicadas como prioridade 3.
Segundo a professora Maria Acelina
Martins de Carvalho, a área do doutorado que ela coordena na UFPI é de suma
importante para o desenvolvimento
cientíico e tecnológico do Piauí e para
a melhoria das condições de vida da população e que os efeitos multiplicadores
das bolsas de incentivo concedidas pela
Fundação não tardaram a surgir.
“Daqui a quatro anos, serão 08 doutores na área de Biotecnologia em Recursos Naturais, 01 na área de Biotecnologia em Saúde, 02 em Biotecnologia
Industrial e 02 na área de Biotecnologia
Agropecuária. Isso é um salto muito
alto. Vamos ter esses 12 doutores, bolsistas da Fapepi/Capes que vão dar um
retorno mais rápido, porque, com as
bolsas, eles têm mais condições de sustentabilidade no curso e, lógico, o curso
vai crescer com a possibilidade de eles
saírem antes, em um período curto”,
conclui a coordenadora Maria Acelina.
Por Marco Aurélio do Amaral
MAtérIA
pronex e ppp - incentivadores
do crescimento da pesquisa
cientíica no piauí
Foto: Arquivo Fapepi
Programas ofertados pela Fapepi têm ajudado com bolsas
destinadas a vários setores, gerando grande crescimento em diversas
áreas de pesquisas no estado do Piauí.
D
esde 2011, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do
Piauí (Fapepi) concedeu quarenta e cinco bolsas por meio do Programa Primeiros Projetos (PPP) e quatro
bolsas através do Programa de Apoio a
Núcleos de Excelência (Pronex). Os dois
programas permitem o desenvolvimento
cientíico e tecnológico do estado. Enquanto o PPP visa dar suporte à ixação
de jovens pesquisadores, o Pronex apoia
grupos de pesquisa já consolidados.
O Pronex é uma iniciativa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientíico e Tecnológico (CNPq) que visa
apoiar projetos de grupos já formados ou
de novos grupos de pesquisas cientíicas,
tecnológicas ou de inovação em vias de
consolidação. O Programa mantém parceria com instituições, como a Coorde-
26
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
nação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes) e a Financiadora
de Estudos e Projetos (Finep) e atualmente conta com quatro projetos aprovados e contratados no Piauí nas áreas de
farmacologia, zootecnia, planejamento
urbano e regional e medicina veterinária.
Um dos beneiciados pelo Pronex é o
grupo de excelência em Farmacologia e
Biologia (FARBIO). “Nosso projeto visa
contribuir para o desenvolvimento de
novos produtos e a obtenção de tecnologias inovadoras que resultem na geração
de patentes de processos e de novos produtos da área, incentivando o desenvolvimento do setor farmacêutico em nosso
estado e país”, airma o Prof. Dr. Rivelilson Mendes de Freitas, coordenador do
FARBIO. Ele ainda airma que o Pronex
tem contribuído de forma signiicativa
para a consolidação do grupo.
Já o projeto de planejamento urbano
e regional tem como responsável a Profa. Doutora Antônia Jesuíta. Esse projeto
é uma iniciativa com grandes desaios
partindo do olhar da integração interproissional e interinstitucional. “A pesquisa está na sua fase de implantação. É
um projeto que envolve 21 municípios
piauienses. Nesse momento, estamos
consolidando os dados preliminares que,
numa primeira apreensão, já permitem
vislumbrar a ausência dos principais instrumentos urbanísticos previstos no Estatuto da Cidade”, comenta a professora.
Outra pesquisa é a do Prof. Dr. João
Batista Lopes, da área de Zootecnia, que
tem obtido como resultado a produção
de dissertações e teses dos discentes que
orienta. Seu projeto contempla duas linhas de estudo: o uso de minerais nas
dietas de frangos de corte e estudos
com alimentos alternativos que possam
substituir o milho na alimentação destas
aves. “A partir dos subprojetos com o uso
de minerais e vitaminas antioxidantes, já
se tem resultados concretos, com duas
dissertações de mestrado concluídas,
três estão em andamento e três teses de
doutorado já se encontram em fase de
conclusão”, ressalta o professor.
A quarta pesquisa contemplada pelo
programa é o projeto “Biodiversidade
de Solo e Plantas no Parque Nacional
de Sete Cidades”, coordenado pelo Prof.
Dr. Ademir Sérgio Ferreira, da área de
ecologia microbiana do solo. Segundo o
pesquisador, o Pronex tem auxiliado sua
MAtérIA
Foto: Arquivo Fapepi
Foto: Arquivo Fapepi
pesquisa por meio de recursos às diversas atividades. “Nossa proposta é avançar
no conhecimento da diversidade biológica do parque através de ferramentas de
análise avançadas”. O Prof. Sérgio analisa
uma enorme gama de microrganismos
presentes no Parque Nacional de Sete
Cidades e progride na etapa de identiicação por meio da extração de DNA.
Enquanto o Pronex visa consolidar
grupos de pesquisa, o PPP dá as condições necessárias para que o pesquisador
recém-doutor ou recém-contratado por
alguma instituição de pesquisa possa
executar projetos. Este auxílio refere-se
à aquisição, instalação, modernização,
ampliação ou recuperação da infraestrutura de pesquisa cientíicas e tecnológicas. No Piauí, o PPP contemplou 41
bolsas de pesquisa voltadas para ciências
biológicas, química, farmacologia, ento-
mologia, ciências da saúde, engenharia
da computação, entre outras.
Um exemplo é pesquisa da Profa.
Dra. Michelle Vetorelli, da UFPI campus
Parnaíba, da área de Ciências Biológicas,
que estuda o camarão Macrobrachium
com o intuito de estabelecer a estrutura populacional e biológica reprodutiva
da espécie no estado do Piauí. “Já temos
alguns resultados preliminares que são
importantes para a espécie em estudo.
Com base nos dados das coletas, podemos estabelecer o período reprodutivo
da espécie e suas relações com fatores
ambientais, bem como o tamanho dos
animais em início desse período”.
O projeto que busca alternativas para
o tratamento das leishmanioses utilizando informações contidas em materiais
genéticos também foi um dos contemplados pelo programa. O Prof. Dr. Da-
niel Liarte, que coordena a pesquisa,
revela que pode ser possível reverter a
resistência do parasita utilizando combinações do tratamento convencional,
bem como reduzir doses de medicamentos mais tóxicos nesse processo. “Alguns
desses compostos podem ser adquiridos
pela pessoa com leishmaniose diretamente pela alimentação, mas esses dados
precisam ser melhor estudados.”, analisa.
O Programa também tem auxiliado
a pesquisa da Profa. Dra. Luciana Barboza Silva, da UFPI campus Bom Jesus,
que é da área de Entomologia. Em sua
pesquisa, a professora avalia o desempenho de populações de Sitopholuszeamais
que é o gorgulho-do-milho, importante
praga econômica na cultura e no armazenamento do grão de milho. O objetivo
do estudo é comparar populações desse
inseto coletadas em diferentes regiões do
Brasil, pois são alimentadas com diferentes variedades de milho. Por meio da
pesquisa, será possível avaliar com mais
precisão a longevidade da planta do milho. “A relevância da proposta feita reside
no fato de integrar estudos com insetos
de produtos armazenados e insetos que
atacam a cultura no campo, destinados
ao consumo humano”, airmou a pesquisadora.
O PPP está subsidiando recursos para o pesquisador Vinicius Ponte
Machado, professor de Engenharia da
Computação, que analisa o Sistema Tutor com base em agentes na plataforma
Moodle no apoio a atividades pedagógicas da Universidade Aberta do Piauí
(CEAD-UFPI). O Sistema Tutor que
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
27
MAtérIA
Foto: Arquivo Fapepi
se basear em qualquer sistema de computador fornece instruções diretas ou
feedback aos alunos que com ele interagem. A plataforma Moodle constitui-se
na sistemática administrativa de atividades educacionais destinadas à criação
de comunidades on-line, voltadas para a
aprendizagem colaborativa. O Professor
coloca que “dois dos três agentes propostos já foram desenvolvidos: o Agente
de Peril, que é responsável por captar o
peril do aluno, identiicando suas deiciências e necessidades e o Agente Comunicador, que servirá de elo entre o processo do STI e o tutor, colocando-lhe a
par das atividades exercidas pelos alunos
e sugerindo intervenções pedagógicas”.
Foto: Arquivo Fapepi
organograma do fArbIo como sistema cooperativo entre outros estados e o estado do Piauí
Arquitetura geral da proposta demonstrando os agentes responsáveis
pelas ações de auxílio pedagógico (na plataforma de dados).
28
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
bandeja com recipientes para disposição dos cultivares de
milho para o experimento com chance de escolha. A região
central indica o local de liberação dos insetos.
Por Cássia Sousa / Vanessa Soromo
MAtérIA
piauí apresenta propostas inéditas
para o pcti/ne
Potencial de desenvolvimento do semiárido e agroindústria com caráter regional
foram propostas feitas pelos representantes do sistema de CT&I do Estado
Foto: Marco Aurélio Amaral
N
as próximas décadas, é possível que
o Nordeste alcance maiores níveis de
desenvolvimento nas áreas de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). Para isto,
está sendo elaborada a proposta do Plano de
Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (PCTI/
NE) que surge da necessidade de orientar e
fomentar a atuação estratégica e planejada
dos atores institucionais destas áreas. A iniciativa é dos presidentes das Fundações de
Amparo à Pesquisa (FAPs) e dos secretários
de CT&I dos estados nordestinos, do Espírito
Santo e de Minas Gerais.
O Centro de Gestão em Estudos Estratégicos (CGEE), órgão ligado ao Ministério
da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI),
foi escolhido para conduzir as etapas do processo de elaboração da proposta. Uma delas
são as Oicinas Estaduais de Planejamento
Participativo que integram a 1ª Rodada de
Consultas da Região Nordeste, que tem como
requisito básico ouvir atores de diversos segmentos sociais dos 11 estados.
A oicina realizada no Piauí foi a sexta promovida pelo CGEE e teve o apoio da
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
do Piauí (Fapepi), que icou responsável por
mobilizar os atores vinculados ao sistema de
CT&I do Estado.
Os temas discutidos pelos grupos nas oicinas foram: Base Cientíica e Tecnológica Regional; Inovação, Competitividade e Empreendedorismo; e Potencialidades Locais e Regionais
– Oportunidades e Estímulos. Participaram do
debate representantes da Universidade Estadual
do Piauí (Uespi), da Embrapa Meio Norte, do
Serviço de Apoio às Pequenas e Médias Empresas do Piauí (Sebrae-PI), da Secretária de
Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Maranhão (Sectec – MA), do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Piauí (Sinepe-PI),
das empresas Bioalimentos e Infoway, da Uespi
campus Parnaíba, da Secretaria do Desenvolvimento Rural (SDR), da Secretaria do Planejamento do Estado do Piauí (Seplan), da Sedet,
da Universidade Federal do Piauí (UFPI), da
Agência de Tecnologia da Informação do Estado (ATI – PI) e da Fapepi.
As oicinas englobaram dois momentos:
no primeiro, foi realizada a apresentação da
proposta do plano e a metodologia a ser aplicada pelo CGEE; no segundo, os participantes elaboraram alvos estratégicos e iniciativas
para atingi-los.
De acordo com José Roberto Lima, coordenador do grupo responsável pela temática “Inovação, Competitividade e Empreendedorismo”,
os participantes das oicinas demonstraram conhecimento da conjuntura dos outros Estados.
“Algumas ações sugiram de formas extremamente novas. Uma delas, por exemplo, considerou o semiárido como uma região para o desenvolvimento do Nordeste, passível de receber
realmente ações voltadas à ciência, tecnologia e
inovação de convivência com a seca, voltadas ao
desenvolvimento sustentável do semiárido. Isso
nos chamou a atenção, porque não apareceu
em nenhum dos outros estados consultados.
Muitos estão focados na ciência e tecnologia no
litoral, criando “clusters”. Não pensaram na interiorização do semiárido”, airma o coordenador.
Outro ponto ressaltado por José Roberto
Lima é que as propostas no Piauí não se pautaram somente no potencial do Estado. “Pensouse em apoio às potencialidades, como a mineração que tem caráter regional, a agroindústria
com caráter regional, focando questões como
caju e outros produtos regionais de potencial
de mercado. Pensou-se em coisas extremamente novas na área, por exemplo, do agronegócio
que pode ser tratada de forma muito forte no
sul do Piauí, no Maranhão e por parte da Bahia,
mas que abre espaço também para outras possibilidades de agronegócio a partir das potencialidades regionais, coisa que os outros Estados não
apontaram. Eles pensaram apenas do ponto de
vista pessoal.”, comenta Lima.
A próxima etapa da elaboração da proposta do PCTI/NE está prevista para o primeiro semestre de 2014. A intenção é aprimorar os resultados para então ser feita a
versão inal do texto. “Nós vamos nos encontrar de novo em uma segunda rodada, já em
posse de um plano previamente elaborado”,
endossa Henrique Villa, um dos coordenadores dos grupos de discussão.
Caso seja aprovado pelo governo federal,
a aplicação total do Plano deve acontecer nas
próximas duas décadas. O diferencial desta
proposta é o fato de ser uma ação que parte
de instituições de CT&I, dos empresários, da
academia e de outros segmentos sociais relevantes. A intenção é que as estratégias para
CT&I determinadas nas oicinas estejam em
sintonia com a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) de modo
a alicerçar o desenvolvimento de acordo com
as necessidades da região.
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
29
DIcAS DE lIvrOS
HerMenêUtica e
FiLosoFia MoraL
eM aLasdair
Macintyre
autor: Helder Buenos Aires de Carvalho
Número de páginas: 352
ano: 2013
E-mail:[email protected]
Em Hermenêutica e Filosoia Moral em alasdair Mcintyre,
Helder Buenos Aires de Carvalho
busca explicitar a inluência da
hermenêutica ilosóica de H.-G.
Gadamer na constituição da estrutura conceitual de sua teoria
moral. Segundo o autor, a trajetória da ilosoia moral de Alasdair
MacIntyre se caracteriza por uma
permanente abertura dialógica crítica às diferentes posições teóricas
com que se defronta. A riqueza
conceitual e temática nela presente
proporciona múltiplas possibilidades de diálogo ilosóico substantivo, deixando rastros e marcas
desse embate teórico. A inluência
da hermenêutica ilosóica de Gadamer na base conceitual de sua
teoria moral é um destes diálogos.
30
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
DIcAS DE lIvrOS
reLações
de Gênero e
eMpoderaMento
de MULHeres
autor: Ana Célia de Sousa Santos
Número de páginas: 223
ano: 2013
[email protected]
Resultado de relexões e experiências desenvolvidas no mestrado em Educação da UFPI, o livro
RELAÇÕES DE GÊNERO E EMPODERAMENTO DE MULHERES: uma experiência de pesquisa-ação analisa como as práticas
educativas desenvolvidas junto à
Associação de Produção “Mulheres Perseverantes” contribuíram
para a construção de um processo
emancipatório e de empoderamento desse grupo de mulheres
nas dimensões humana, político-organizativa, de incorporação da
economia solidária e construção
de um novo olhar sobre as relações de gênero.
Biodiversidade
do piaUí:
PESquISAS &
PErSPECTIVAS
organizadores: Francisco Soares Santos-Filho, Ana Flávia Cruz Leite Soares
e Eduardo Bezerra de Almeira Jr.
Número de páginas: 264
ano: 2013
[email protected]
Organizado por Francisco Soares Santos Filho, Ana Flávia Cruz
Leite Soares e Eduardo Bezerra de
Almeida Jr., o segundo volume de
Biodiversidade do Piauí: pesquisas & perspectivas contém 16 artigos inéditos.
Nos capítulos, são apresentados trabalhos da área de Botânica,
sendo um deles fruto de pesquisa
desenvolvida na única Floresta Nacional (FLONA) do Piauí, além de
estudos sobre animais envolvendo
espécies que atacam culturas, transmissão de doenças e grupos de importância ecológica.
o direito natUraL
e a desiGUaLdade
entre os HoMens
no pensaMento de
roUsseaU
autor: Esther Maria de Sá
Castelo Branco
Número de páginas: 226
ano: 2012
[email protected]
Nesta obra, a autora analisa
duas obras de Rousseau, ressalta
a contradição conceitual entre estado de natureza e de sociedade,
destacando que a teoria da consciência, desenvolvida no emilio,
relete a noção de direito natural
de Rousseau, ao tempo em que
acentua a complementaridade
desta com sua teoria da sociedade,
apresentada no discurso da desigualdade entre os homens.
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
31
tESES
Hermes Manoel Galvão castelo Branco
Maria rosângela de souza
Prof. Adjunto do Centro de Tecnologia e Urbanismo
da Universidade Estadual do Piauí
defesa: Escola de Engenharia de São Carlos
Universidade de São Paulo, 2013.
[email protected]
modelagem multiobjetivo para o
Problema da Alocação de monitores de
qualidade da Energia em Sistemas de
distribuição de Energia Elétrica
P
roblemas ocasionados por perturbações na
Qualidade da Energia Elétrica (QEE) podem
provocar sérios prejuízos, tanto de cunho social, quanto inanceiros, aos clientes conectados ao
sistema elétrico de potência como um todo. Neste
contexto, os clientes que mais sofrem são os clientes
industriais, pois possuem cargas sensíveis a vários
distúrbios associados à falta da QEE. Sendo assim,
para adoções de medidas preventivas, ou corretivas,
que melhorem os índices de QEE, faz-se necessário
um monitoramento dos sistemas elétricos que permita um melhor acompanhamento da ocorrência
dos distúrbios. Nesta pesquisa, é proposta a modelagem do problema de alocação ótima de monitores
de QEE em sistemas de distribuição com múltiplos
objetivos: minimizar o custo do monitoramento,
minimizar a ambiguidade topológica, maximizar o
monitoramento das cargas, maximizar a quantidade de ramais monitorados, minimizar a quantidade
de afundamentos não monitorados e maximizar a
redundância do monitoramento dos afundamentos.
Na resolução do problema, foi utilizado o Algoritmo
Evolutivo Multiobjetivo com Tabelas (AEMT), adotado por ter boa capacidade de resolução com muitos
objetivos. Os resultados obtidos permitiram observar
que o AEMT forneceu as fronteiras de Pareto com soluções diversiicadas e bem distribuídas ao longo das
fronteiras, mostrando-se de grande relevância para o
planejamento de sistemas de monitoramento da QEE
em sistemas de distribuição de energia. A principal
contribuição desta tese é o fornecimento de um modelo que permite às empresas de energia avaliar os
investimentos que farão nos seus sistemas de monitoramento considerando os objetivos distintos, permitindo uma maior lexibilidade no estabelecimento
do plano de monitoramento e uma melhor análise do
custo/benefício de acordo com os objetivos avaliados.
32
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
Profa. Adjunta I do Departamento de Ciências Sociais
da Universidade Federal do Piauí
defesa: Universidade Federal do Ceará – UFC, 2013
[email protected]
As velhices que habitam os sertões:
cartograia dos modos de envelhecer
e de morrer no semiárido piauiense
E
ste estudo apresenta imagens e narrativas dos
agricultores e das agricultoras idosas do semiárido Piauiense, desenvolvidas durante a realização do trabalho de campo entre os anos de 2010 a
2012, nas cidades de Simões, Francisco Santos, Picos
e povoados (Angical dos Domingos, Lagoa dos Félix
e Chapada dos Mocambos), que compõem o Território Vale do Rio Guaribas, parte da macrorregião de
Picos. Inspirada na prática etnográica e com uma
caixa de ferramentas na mão (caderno de campo,
gravador, ilmadora e máquina fotográica), adentrei
as trilhas do sertão piauiense com o objetivo de dialogar com os trabalhadores e as trabalhadoras idosas
e seus familiares, para conhecer e analisar seus modos de vida, observando que sentidos e signiicados
da velhice são compartilhados, como percebem as
marcas corporais impressas pelo envelhecimento, por
que permanecem na roça após aposentadoria, como
vivenciam a morte e simbologias do morrer entre outros aspectos. Assim, o trabalho de observar, escutar
e escrever as narrativas ofereceu um rico e instigante
campo de interpretações, aberto a tessituras teóricas
e metodológicas no âmbito das Ciências Sociais, particularmente para a antropologia visual e a sociologia. Os signiicados atribuídos ao envelhecimento e à
morte no contexto rural abrem outras possibilidades
de diálogos e estudos, uma vez que as experiências de
velhices cartografadas sugerem o reconhecimento de
uma velhice sintonizada à paisagem, ao território e às
práticas de convivência com o semiárido, pois as relações sociais, os modos de vida e os valores compartilhados expressaram a lógica desse pertencimento.
Margareth torres de alencar costa
Professora adjunta da Universidade Estadual do Piauí
defesa: Universidade Federal de Pernambuco, 2013
[email protected]
o Aleph e seus duplos: mímesis e
autorrelexividade na obra de
Jorge Luis Borges
A
tese aborda a prosa de icção de Jorge Luis
Borges sob a ótica dos conceitos de mímesis e
da autorrelexividade. Parte-se da hipótese de
que o Aleph é o símbolo central do universo iccional
de Borges e que sua retomada e reescrita ao longo de
toda a obra borgeana vincula-se a uma relexão sobre
as possibilidades e os limites da mímesis. Divide-se
o trabalho em três partes, cada uma contendo dois
capítulos. A primeira parte – Revisão bibliográica e
fundamentos conceituais da pesquisa – discute a fortuna crítica do autor (Capítulo 1) e os conceitos que
dão sustentação à pesquisa (Capítulo 2). A segunda
parte – Sobre o projeto estético de Jorge Luis Borges –
delineia o projeto literário defendido por Borges: sua
concepção de literatura e suas matrizes ideológicas
(capítulo 3); seu antipsicologismo e sua nostalgia do
epos (capítulo 4). A terceira e última parte intitulase O Aleph e seus duplos; no capítulo 5, analisa-se o
conto “El Aleph”, considerando sua centralidade na
obra borgeana e como nele se elabora uma relexão
sobre a mímesis; no capítulo 6, sob a mesma perspectiva, analisam-se quatro contos de diferentes obras do
autor – “Funes el memorioso”; “El Libro de Arena”;
“El evangelio según Marcos” e “Del rigor en la ciencia”. Constata-se que a literatura de Borges, autoconsciente de seus processos, como o demonstram seu
senso paródico e sua procedência livresca, exaspera
a crise mimética da linguagem e tensiona os liames
que unem icção e realidade, porém não sucumbe a
perspectiva niilista de fechamento da literatura ao
mundo.
tESES
José Wanderson Lima torres
UESPI – Campus Joseina Demes – Floriano
defesa: Natal-RN, 2012
[email protected]
Sóror Juana Inés de La Cruz:
Autobiograia e recepção
N
ossa contribuição neste estudo toca em dois aspectos relacionados à vida e a duas cartas escritas
por sóror Juana Inês de La Cruz, a monja mexicana que viveu e produziu sua obra no século XVII. Assim,
nosso objetivo neste é mostrar que sóror Juana Inês de La
Cruz fez sua autobiograia na carta escrita por ela, denominada de Respuesta a Sor Filotea de la Cruz e investigar
como ocorreu a recepção de duas cartas, a denominada
Crisis, posteriormente intitulada Carta Atenagórica e a
Respuesta. Dessa forma, o estudo em tela tentará evidenciar a escrita do eu na Carta Respuesta a Sor Filotéa de La
Cruz bem como a recepção da referida carta nos séculos
XVII, XVIII, XIX e XX como um elemento essencial para
a identiicação e interação texto x leitor e, consequentemente, comprovar que o texto é um veículo de eiciente
assimilação, tanto pela inluência que gera sobre o trabalho da autora, quanto pelo impacto direto que causa no leitor. Para alcançar os objetivos lançaremos mão das teorias
de: Lejeune (2008), Willemart (2009), Mireaux (2005),
Bosi (1994) Gomes (2004), Iser (1996) Gale (2009), Tirado (1998) Benveniste (2005), Blancafort e Valls(2008),
Fairclough(2001), Mangueneau (1997) e Amossy(2005).
Hans Robert Jauss (1994) e Wolfang Iser (1996)Alatorre
(2007) Paz (1992) e outras pesquisas existentes sobre o assunto. A Respuesta a sóror Filotea de la Cruz é um texto
autobiográico? Que marcas da enunciação do discurso a
caracterizam como escrita de si? De acordo com a teoria
voltada ao estudo da escrita autobiográica e da negação
do eu, o texto escrito por sóror Juana Inês de La Cruz é
ou não um texto autobiográico? Como foi a recepção das
duas cartas escritas por sóror Juana Inês de la Cruz entre
seus contemporâneos e através dos séculos? Sóror Juana
tinha um projeto social e estava decidida a alcançá-lo. De
quais estratégias lança mão para alcançar seus objetivos?
Para responder a todos estes questionamentos dividimos
a tese em três capítulos. Mostramos através de argumentos
apoiados nos teóricos mencionados que sóror Juana escreveu sua autobiograia denominada neste trabalho de autoicção e ethos e expôs-se à recepção das cartas escritas por
sóror Juana entre seus contemporâneos até o século XX.
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
33
cOnSElhEIrOS
Conheça um pouco mais a respeito de cada um dos membros
do conselho editorial da Publicação Cientíica Sapiência.
adeMir Sérgio Ferreira de araújo
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Agronomia-Produção Vegetal (PPGA) e docente permanente do mestrado
em Agronomia-Solos e Nutrição de Plantas (PPGSNP), ambos
da UFPI. Tem experiência na área de Agronomia-Ciência do
Solo, com ênfase em Microbiologia e Bioquímica do Solo.
aNa regiNa BarroS rêgo leal
Atua como professora no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Piauí. Tem experiência
na área de Comunicação Corporativa e desenvolve pesquisas em
assessoria de imprensa, teorias do jornalismo, ética, webjornalismo e história da imprensa.
aNtôNia jeSuíta de liMa
Doutora pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Atualmente é professora associada da Universidade Federal do
Piauí. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Direitos Sociais, atuando principalmente nos seguintes temas: políticas públicas, pobreza urbana, espaço urbano, cidade e gestão
democrática.
BárBara olíMPia raMoS de Melo
Presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do
Piauí - Fapepi, Professora Adjunta I da Universidade Estadual do
Piauí, Doutora pela Universidade Federal do Ceará, desenvolve
pesquisa na área de Linguística nas temáticas: letramento, argumentação, letramento digital, gêneros textuais, gêneros digitais,
educação a distância e educação de jovens e adultos.
CarloS auguSto de FraNÇa roCHa júNior
Vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação
pela Universidade Federal do Piauí (PPGCom-UFPI). Atuou
em Jornalismo Impresso, Jornalismo On-line e Assessoria de
Comunicação. Desenvolve pesquisa na área de Mídia e Produção de Subjetividades, voltada principalmente para a Análise de
Discurso Crítica.
diógeNeS BueNoS aireS de CarvalHo
Doutor em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul e professor Adjunto I da Universidade Estadual
do Piauí, atuando na Graduação em Letras e no Mestrado em
Letras. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Teoria
Literária, atuando nos temas: estética da recepção, literatura infantil e juvenil, leitura literária.
FraNCiSCo CHagaS oliveira ataNáSio
Professor Assiste I da Universidade Estadual do Piauí, campus
Ariston Dias Lima, São Raimundo Nonato. Tem a produção de
identidades, o estudo das memórias, literatura, representações
sociais e antropologia histórica com eixos centrais de sua pes-
34
sapiência 35 Publicação Cientíica da FAPEPI
quisa. Atualmente, também faz incursão por temas, como: biograia, história política.
HerMeS MaNoel galvÃo CaStelo BraNCo
Atua como professor do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Estadual do Piauí. Atualmente exerce a função de diretor
técnico-cientíico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
do Piauí. Suas principais áreas de interesse envolvem inteligência
artiicial, computação evolutiva, proteção de sistemas elétricos
de potência e qualidade da energia elétrica.
joÃo BatiSta loPeS
Pós-doutor pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura da
Universidade de São Paulo e professor associado do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Piauí. Participa como orientador dos cursos de
mestrados e doutorados dos Programas de Pós-Graduação em
Ciência Animal e Desenvolvimento e Meio Ambiente, ambos da
UFPI. Fez parte do grupo que atuou no processo de criação da
Fapepi.
Maria joSé loPeS de CarvalHo
Mestra em História Social pela PUC/SP, especialista em História
e Sociologia pela URCA/CE. Professora efetiva da SEDUC-PI e
titular do curso de Licenciatura Plena em História da Faculdade
do Médio Parnaíba-FAMEP. Com experiência em coordenações
do Núcleo Universitário - Uespi e Polo da UAB em Simões-Piauí.
raiMuNdo iSídio de SouSa
Professor Assistente da Universidade Estadual do Piauí (Uespi),
Diretor Adjunto do Núcleo de Educação a Distância da Uespi,
Mestre em Estudos de Linguagem, tem experiência na área de
Letras, Linguística, com ênfase nos seguintes temas: análise de
discurso, educação a distância, heterogeneidade discursiva e leitura.
riCardo de aNdrade lira raBêlo
Professor Adjunto da Universidade Federal do Piauí (UFPI).
Doutor em Ciências (Engenharia Elétrica) pela Universidade de
São Paulo (USP). Suas áreas de interesse são: Sistemas Inteligentes, Programação Matemática. Robótica e Sistemas Elétricos de
Potência.
rivelilSoN MeNdeS de FreitaS
Pós-doutor na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra e no Grupo de Investigação Redox Biology in Health and Disease do Centro de Neurociências e Biologia Celular e professor
Adjunto III do Curso de Graduação em Farmácia e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência Farmacêutica
da Universidade Federal do Piauí.
PARCEIROS:
FUNDAÇÃO DE AMPARO A PESQUISA DO ESTADO DO PIAUÍ | FAPEPI
Av. Odilon Araújo, 372, Piçarra • CEP: 64017-280 • Teresina-PI
CNPJ: 00.422.744.0001-02 • Contato:(86) 3216-6090 / Fax: (86) 3216-6092
Horário das 7:30h às 13:30h, de segunda à sexta
Download

rodrigues rodrigo