Recurso Um Direito Constitucional Democrático CHARLEY TEIXEIRA CHAVES Doutorando em Direito Processual, Mestre e Especialista em Direito Processual pela PUC Minas. Diretor Acadêmico, Coordenador de Curso de Direito e Pesquisador/Procurador Institucional da FASPI. Revisor da revista De Jure do Ministério Público de Minas Gerais. Professor de Graduação e Pós-Graduação. Recurso Um Direito Constitucional Democrático Belo Horizonte 2013 CONSELHO EDITORIAL Álvaro Ricardo de Souza Cruz André Cordeiro Leal André Lipp Pinto Basto Lupi Antônio Márcio da Cunha Guimarães Carlos Augusto Canedo G. da Silva David França Ribeiro de Carvalho Dhenis Cruz Madeira Dircêo Torrecillas Ramos Emerson Garcia Felipe Chiarello de Souza Pinto Florisbal de Souza Del’Olmo Frederico Barbosa Gomes Gilberto Bercovici Gregório Assagra de Almeida Gustavo Corgosinho Jamile Bergamaschine Mata Diz Jean Carlos Fernandes Jorge Bacelar Gouveia – Portugal Jorge M. Lasmar Jose Antonio Moreno Molina – Espanha José Luiz Quadros de Magalhães Leandro Eustáquio de Matos Monteiro Luciano Stoller de Faria Luiz Manoel Gomes Júnior Luiz Moreira Márcio Luís de Oliveira Mário Lúcio Quintão Soares Nelson Rosenvald Renato Caram Rodrigo Almeida Magalhães Rogério Filippetto Rubens Beçak Vladmir Oliveira da Silveira Wagner Menezes É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio eletrônico, inclusive por processos reprográficos, sem autorização expressa da editora. Impresso no Brasil | Printed in Brazil Arraes Editores Ltda., 2013. Coordenação Editorial: Fabiana Carvalho Produção Editorial: Nous Editorial Revisão: Alexandre Bomfim Capa: Gustavo Caram e Hugo Soares C512 Chaves, Charley Teixeira Recurso: um direito constitucional democrático / Charley Teixeira Chaves. – Belo Horizonte: Arraes Editores, 2013. 166p. ISBN: 978-85-8238-005-5 1. Direito penal. 2. Recurso – Direito constitucional. 3. Recursos penais. I. Título. CDD: 341.5 CDU: 343 Elaborada por: Maria Aparecida Costa Duarte CRB/6-1047 Avenida Brasil, 1843/loja 110, Savassi Belo Horizonte/MG - CEP 30.140-002 Tel: (31) 3031-2330 Belo Horizonte 2013 www.arraeseditores.com.br [email protected] “O que garante a legitimidade das decisões são antes garantias processuais atribuídas às partes e que são, principalmente, a do contraditório e da ampla defesa, além da necessidade de fundamentação das decisões. A construção participada da decisão judicial, garantida num nível institucional, e o direito de saber sobre quais bases foram tomadas as decisões dependem não somente da atuação do juiz, mas também do Ministério Público e fundamentalmente das partes e dos seus advogados.” (Marcelo Andrade Cattoni de Oliveira) “Do silêncio não se extrai nada. Apenas os sujeitos são capazes de construir uma realidade, ampliando os horizontes interpretativos. Uma decisão solitária pode ser autoritária. Uma testificação (recurso) pode confirmar ou modificar a racionalidade de uma decisão. A possibilidade de rever uma decisão se faz necessária para um modelo democrático. Sem a possibilidade de testificação via recurso a falibilidade possivelmente nunca poderá ser demonstrada, a manutenção de uma realidade sem questionamento pode ser falaciosa e incapaz de acompanhar a dinamicidade da sociedade.” (Charley Teixeira Chaves) V Agradecimentos Agradeço aos que me escutaram e proporcionaram um diálogo constante que ajudou na produção desta obra. Otacílio Gonçalves Tomé – um piumhiense que sabe que não é no silêncio que os homens se fazem, mas nas palavras, no trabalho, na ação-reflexão, pois conhecer é tarefa de sujeitos, não de objetos. À FASPI por confiar no meu trabalho e pelo incentivo institucional. Em especial: Mirian Eulália Fonseca Lage, Hilberto Carvalho de Lopes e professores. Este trabalho contou com a revisão de alguns capítulos pelos meus ex-alunos Liliam Goulart Rodrigues, Rodrigo Ferreira de Oliveira e pelo Prof. Uelton Carlos Porto. Meus agradecimentos. Aos Professores e Colegas do Programa de Pós-Graduação em Direito Processual da PUC Minas, por todas as lições. Ao Professor Doutor Fernando Horta Tavares, respeito e admiração. Ao Juiz de Direito do TJMG e Ex-Defensor Público – Alair Soares Mendonça, obrigado pela oportunidade única de aprendizado como seu Assessor, toda admiração pelo estímulo ao pensar. Aos meus alunos e ex-alunos, pela oportunidade de ensinar e aprender. À Minha família, que sempre está pronta para me ajudar. Aos meus pais, Levy Chaves e Joselita (Dona Nena) por tudo. À minha filha Ana Carolina, meu Amor. Aos colegas, professores e amigos, por dividir angústias e lições. A todos que colaboraram para a elaboração desta obra. VII Sumário PREFÁCIO................................................................................................ XIII INTRODUÇÃO.......................................................................................1 Capítulo 1 RECURSO: UM DIREITO CONSTITUCIONAL DEMOCRÁTICO....................................................................................3 1. Direito Constitucional de Recorrer (Instituto do Recurso).........3 1.1. A necessidade de criar critérios recursais uniformes..................6 2. Da sistematização.................................................................................10 2.1. Da uniformização recursal..............................................................10 2.2. Recurso indiferente...........................................................................11 2.3. A terminologia utilizada para o Recurso Ordinário e Extraordinário........................................................................................13 2.4. Vícios de linguagem. Impropriedade terminológica..................14 3. Referências bibliográficas...................................................................15 Capítulo 2 PRINCÍPIOS INSTITUTIVOS E INFORMATIVOS DOS RECURSOS...............................................................................................19 1. Introdução..........................................................................................19 2. Princípios fundamentais dos recursos..........................................22 2.1. Princípio do duplo “grau” de “jurisdição”............................23 2.2. Princípio da taxatividade..........................................................29 IX 2.3. Princípio da singularidade, ou unirrecorribilidade, ou unicidade................................................................................30 2.4. Princípio da fungibilidade........................................................32 2.5. Princípio da proibição da reformatio in pejus......................34 2.6. Princípio da voluntariedade.....................................................36 2.7. Princípio da lesividade do provimento..................................37 2.8. Princípio da dupla conformidade ou doppio conforme......38 2.9. Princípio da consumação..........................................................38 2.10. Princípio da variabilidade dos recursos...............................39 2.11. Princípio da complementaridade..........................................39 2.12. Princípio das decisões juridicamente relevantes.................40 2.13. Princípio da dialogicidade ou dialeticidade........................42 2.14. A distribuição dos recursos....................................................42 3. Considerações finais.........................................................................43 4. Referências bibliográficas................................................................44 Capítulo 3 PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE E EFEITOS DOS RECURSOS...............................................................................................49 1. Distinção entre error in judicando e error in procedendo.........49 2. Natureza Jurídica do Recurso.........................................................51 3. Juízo de Admissibilidade e Juízo de Mérito................................53 4. Natureza do Juízo de Admissibilidade.........................................53 5. O art. 285-A e seus parágrafos, e o parágrafo 1º do art. 518 do CPC.................................................................................54 6. Pressupostos de Admissibilidade...................................................62 6.1. Requisitos genéricos...................................................................63 6.1.1. Cabimento.............................................................................63 6.1.2. Legitimidade para Recorrer................................................64 6.1.2.1. Legitimação aos Recursos Penais................................65 6.1.2.1.1. Assistente da acusação (procedimento penal)....65 6.1.3. Interesse em Recorrer..........................................................66 6.1.4. Tempestividade (recurso manifestamente serôdio)........67 6.1.4.1. A existência dos prazos impróprios como violação aos princípios da duração razoável do procedimento e da isonomia.................................69 6.1.4.2 Conclusão dos Autos – Obstáculo Judicial – Devolução do prazo......................................................75 X 6.1.4.3. Autos retirados pela parte contrária – Restabelecimento de prazo..........................................76 6.1.4.4. Tempestividade recursal...............................................78 6.1.4.5 No procedimento penal – tempestividade recursal..78 6.1.4.5.1 Prazos para manejamento de recursos e suas finalidades.................................................................78 6.1.4.5.2. No procedimento Penal (Prazos).........................78 6.1.4.5.3 Preclusão Temporal no procedimento Cível (Prazos)............................................................80 6.1.5. Regularidade formal............................................................80 6.1.5.1. Técnica normativa estrutural dos recursos – Técnica de arrazoar recursos.......................................82 6.1.6. Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer..................................................................84 6.1.6.1. Desistência – art. 501 do CPC.....................................84 6.1.6.2. Renúncia – art. 502 do CPC........................................85 6.1.6.3. Aceitação.........................................................................85 6.1.7. Preparo (pena de deserção).................................................86 6.1.7.1. Deserção no procedimento penal...............................87 6.1.8. Prequestionamento..............................................................87 7. efeitos dos recursos...........................................................................88 7.1. Efeito Devolutivo.......................................................................88 7.2. Efeito Iterativo (também conhecido como regressivo ou diferido)..................................................................................89 7.3. Efeito Suspensivo da eficácia da decisão................................90 7.3.1. Antecipação dos efeitos da tutela recursal.......................90 7.3.2. No procedimento penal......................................................91 7.4. Efeito Expansivo.........................................................................91 7.5. Efeito Translativo.......................................................................92 7.6. Efeito Substitutivo......................................................................93 7.7. Questões de fato não invocadas por motivo e força maior 94 7.8. Efeito impeditivo da preclusão................................................95 7.8.1. Preclusão Consumativa.......................................................95 7.8.1.1. Da juntada de documentos antes da contestação....96 7.8.1.2. Da compatibilidade da preclusão consumativa com o art. 320, II, do CPC. Necessidade da ausência de contestação. Obrigatoriedade apenas do autor provar os fatos...............................................99 XI 7.9. Efeito Extensivo..........................................................................102 7.10. Os recursos e o direito intertemporal..................................103 8. Referências Bibliográficas................................................................104 Capítulo 4 REPERCUSSÃO GERAL: A OBJETIVIZAÇÃO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO..............................................................................109 1. Introdução..........................................................................................109 2. Do nascedouro da repercussão geral.............................................110 2.1. Modelo dos Estados Unidos....................................................111 2.2. Da Arguição de Relevância versus Repercussão Geral........115 3. A abstrativização do recurso extraordinário e sua aproximação do controle da constitucionalidade (difuso e concentrado)...................................................................................119 4. Processamento da repercussão geral..............................................123 4.1. Do quorum..................................................................................124 4.2. Apreciação da repercussão geral via Plenário Virtual..........124 4.3. Fatores objetivos e subjetivos da repercussão geral..............125 4.4. Súmula 126 do Superior Tribunal de Justiça (STJ)..............129 4.5. Da necessidade ou não da manutenção do prequestionamento da questão constitucional.....................129 4.6. Da multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica controvérsia..................................................................130 4.6.1. Sobrestamento indevido da tramitação de algum recurso extraordinário.........................................................132 4.7. Eficácia do reconhecimento da repercussão geral da questão debatida.........................................................................132 4.8. Dos recursos................................................................................134 5. Considerações finais.........................................................................134 6. Referências bibliográficas................................................................137 Capítulo 5 MANDADO DE SEGURANÇA: EXCEÇÃO À PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA..............................................................................141 1. Introdução..........................................................................................141 2. Jurisprudência escolhida..................................................................141 3. Conclusão...........................................................................................151 4. Referências bibliográficas................................................................152 XII Prefácio É com muito gosto que singelamente me associo a este novo livro do Professor Charley Teixeira Chaves, Recurso – um direito constitucional democrático, escrevendo o seu Prefácio. Nesta ocasião, julgo ser de interesse referir três palavras sobre o autor, a obra e as relações luso-brasileiras na área do Direito. E serão palavras breves porque é sempre de não esquecer a advertência segundo a qual “…pior do que um Prefácio, é um prefácio ainda maior ”. Uma primeira palavra será sobre o autor, que conheço bem, e que tem atrás de si, apesar da sua juventude, um currículo científico e pedagógico invejável, além do exercício das profissões forenses. Sem dúvida que o Direito em geral – e muito particularmente o Direito Processual – só tem a ganhar com a multiplicidade de perspectivas que o domínio simultâneo destas várias valências pode proporcionar, sendo certo que o Direito é uma Ciência teórica e prática, interpretativa e dogmática. Ora, é fácil ver que o Professor Charley Teixeira Chaves colocou todo o seu engenho e arte na elaboração do presente livro, que muito se beneficia das suas qualidades de inteligência, capacidade analítica e sentido crítico, de resto, qualidades fundamentais nos textos de natureza jurídica. Uma segunda palavra se faz sobre a obra que neste momento se dá à estampa pela prestigiada Arraes Editores, uma editora já com créditos firmados em todo o Brasil e mesmo já internacionalmente. Trata-se de uma monografia muitíssimo bem escrita e sistematizada, cuidando dos tópicos fundamentais que se vislumbram no recurso como instrumento jurídico-processual. XIII Todavia, o esforço do autor não é apenas um mero repositório de observações desgarradas ou de simples intervenções exegéticas das fontes normativas aplicáveis. Vai muito para além disso, na medida em que problematiza as questões, sendo de frisar especialmente a relação íntima que o Direito Processual – e todos os seus institutos – deve ter com a Constituição, numa concepção atualizada com as exigências de um “Constitucionalismo irradiante”, qual Rei Midas que, depois de tocar em qualquer recôndito lugar da Ordem Jurídica, a torna legítima e justificada à face dos valores de que é portador. Uma terceira palavra é apresentada sobre o excelente momento que estamos vivendo nas relações luso-brasileiras no nível do Direito, o que também sucede noutros planos da comunhão que os povos brasileiro e luso têm tido de há muito tempo a esta parte. Para trás ficam períodos piores de algumas incompreensões e até de acrimônias frívolas, porventura ainda resquícios de um passado colonial que tardou em dissipar-se nos confins do tempo. Tenho tido a felicidade – como professor universitário, como político e como cidadão – de participar deste novo tempo de amizade e de partilha de projetos entre os brasileiros e os portugueses no ensino e na investigação do Direito. Isso tem sido cada vez mais frequente na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa (www.fd.unl.pt) a que pertenço e onde tenho desenvolvido um especial gosto pela cooperação com os Países de Língua Portuguesa, neles evidentemente o Brasil, ressaltado com um papel central. Mas igualmente tem sido possível cimentar essas relações a partir do recentemente criado Instituto do Direito de Língua Portuguesa (www. idilp.net), associação de juristas lusófonos – universitários e profissionais forenses – que tem a nobre missão de aprofundar os laços que um Direito Comum de Língua Portuguesa naturalmente sugere e enraíza. Em síntese: creio que temos aqui todas as boas razões para comprar e ler o livro do Professor Charley Teixeira Chaves, em boa hora publicado pela Arraes Editores, o qual estou seguro que propiciará o maior proveito a este público lusófono cada vez mais global. Lisboa, 28 de dezembro de 2012. JORGE BACELAR GOUVEIA Professor Catedrático da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa e da Universidade Autónoma de Lisboa Presidente do Instituto do Direito de Língua Portuguesa XIV