AGRONEGÓCIO DE FLORES E FOLHAGENS TROPICAIS: ALTERNATIVAS PARA EXPANSÃO DO CONSUMO [email protected] Apresentação Oral-Comercialização, Mercados e Preços CARLOS ALBERTO MACHADO DE FRANÇA; JOSÉ MOREIRA DA SILVA NETO; ANDRÉ MEJIA CAMELO; MÁRCIO HELENO DE SOUZA RODRIGUES; RODRIGO CÉSAR SILVA MOREIRA. UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA (UNIR), PORTO VELHO - RO - BRASIL. AGRONEGÓCIO DE FLORES E FOLHAGENS TROPICAIS: ALTERNATIVAS PARA EXPANSÃO DO CONSUMO Grupo de Pesquisa: Comercialização, mercados e preços. RESUMO Este estudo tem como objetivo identificar as razões para o baixo consumo de flores e folhagens tropicais no município de Porto Velho e apresentar alternativas para expansão do consumo desse segmento do agronegócio. A floricultura tropical vem despertando interesse comercial no Brasil e no Mundo em função da beleza, exotismo, variedade de cores e formas, resistência ao transporte e durabilidade pós-colheita. Em Rondônia o consumo de flores e folhagens tropicais vem apresentando um baixo desempenho, apesar da evolução da área plantada. As flores tropicais têm sido utilizadas apenas na decoração de parte dos eventos empresariais e em alguns projetos de paisagismo, gerando um valor comercializado inexpressivo. A metodologia utilizada na pesquisa é de natureza qualitativa, realizada junto aos estabelecimentos comerciais e prestadores de serviço que atuam no ramo da floricultura, mediante a aplicação de questionário estruturado, por meio de entrevistas pessoais. Os principais motivos para o baixo consumo da floricultura tropical em Porto velho são: falta de valorização da flor tropical e o preço elevado. A principal medida para reverter o baixo consumo é a implantação de ações mercadológicas para divulgação da floricultura tropical. Palavras-chave: floricultura, flores tropicais, expansão do consumo, agronegócio de flores, folhagens tropicais. ABSTRACT The aim of this study is to identify the reasons for the low consumption of flowers and tropical plants in the city of Porto Velho and present alternatives to expanding the consumption of that segment of agribusiness.The tropical flowers is attracting commercial interest in Brazil and the world in terms of beauty, exoticism, variety of colors and shapes, durability and resistance to the transportation post-harvest. In Rondônia the consumption of tropical flowers and foliage has shown a poor performance, despite the development of the area planted. The tropical flowers have been used only in the decoration part of the 1 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural business events and some of landscaping projects, generating a value traded expressionless.. The methodology is utlizada in search of a qualitative nature, held close to shops and service providers that operate in the floricultural industry, through the application of structured questionnaire, through personal interviews. The main reasons for the low consumption of tropical flowers in Porto Velho are: lack of appreciation of tropical flowers and the price high. The main measure to reverse the low consumption is the implementation of marketing activities for the dissemination of tropical flowers. Key words: flowers, tropical flowers, expansion of consumption, agribusiness of flowers, tropical foliage 1. INTRODUÇÃO O agronegócio brasileiro é extremamente competitivo, isto fica evidente a cada nova safra nas diversas cadeias produtivas. O Brasil se consolidou como referência no fornecimento de alimentos e de matérias-primas para os mais concorridos mercados mundiais. Na esteira das grandes commodities a floricultura igualmente vem revelando força incomum (REETZ et. al, 2007). A floricultura possui uma abordagem ampla envolve o cultivo de plantas ornamentais, de clima temperado, tropical e subtropical, considerando flores de corte e plantas envasadas, floríferas ou não, e ainda produção de sementes, bulbos e mudas de árvores de grande porte. O mercado interno de flores movimenta US$ 1,3 bilhões por ano, tem um consumo per capta de US$ 7,00, possui 18.000 pontos de vendas em todo País e possui 28 centros atacadistas. A participação no mercado está assim distribuída: 50% para flores em vasos, 40% para flores de corte e 10% para plantas ornamentais. A produção está distribuída em 304 municípios, envolvendo aproximadamente 4 mil produtores em um área cultivada de 6 mil hectares. O setor gera 120 mil empregos diretos, sendo 58 mil na produção, 4 mil na distribuição, 51 mil no comércio varejista e 7 mil no setor de apoio (REETZ et.al, 2007). O maior produtor, consumidor e exportador de flores e plantas ornamentais do Brasil é o Estado de São Paulo, que detém 74,5% da produção nacional, porém outros Estados começam a se destacar, tais como: Santa Catarina, Pernambuco, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Goiás, Bahia, Espírito Santo, Amazonas e Pará (BUAINAIN; BATALHA, 2007). Os mesmos autores ressaltam que o principal mercado para floricultura brasileira é o interno. A Região Sudeste é o principal centro consumidor, tendo a maior concentração no Estado de São Paulo. O Nordeste vem registrando um expressivo crescimento e a Região Norte do Brasil é possivelmente a que tem maior potencial de expansão da floricultura. A produção de flores de clima temperado está concentrada principalmente nas Regiões Sul e Sudeste, enquanto as de clima tropical se concentram nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, em função do clima propício para o cultivo dessas espécies. As flores de clima temperado são as que detêm a maior preferência do consumidor brasileiro, isso se explica em função das origens da floricultura 2 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural comercial brasileira, fortemente vinculada aos hábitos e costumes trazidos pelos imigrantes europeus e asiáticos, a partir do final do século 19. Essas origens condicionaram o surgimento de um mercado de consumo voltado para espécies conhecidas e apreciadas em alguns países da Europa e da Ásia, quase sempre de características de clima temperado ou subtropical de produção. A valorização da cultura européia adquirida em função do processo de colonização, associada aos hábitos dos imigrantes, favoreceram, no decorrer do tempo, o desconhecimento das espécies de clima tropical ( TERÃO; CARVALHO; BARROSO, 2005). Apesar da preferência pelas flores de clima temperado, a floricultura tropical vem despertando interesse comercial no Brasil e no Mundo em função da beleza, exotismo, variedade de cores e formas, resistência ao transporte e durabilidade pós-colheita (LOGES et. al, 2005). Segundo Aki (2004) o mercado mundial de flores demonstra uma saturação em relação à oferta de flores tradicionais, abrindo uma grande oportunidade para agrofloricultura tropical em relação à produção e comercialização. As plantas ornamentais tropicais destinadas ao corte de flores e folhagens possuem origem, em sua grande maioria, de regiões tropicais e subtropicais das Américas Central e do Sul- destaque para Colômbia e Brasil. Os nomes mais comuns dessas plantas são: Heliconias, Alpínias, Bastão do Imperador, Musas, Costus, Tapeinóculo, Sorvetão, Antúrio, Calathea burle-marxii, Cordylines e Dracenas. São utilizadas principalmente em jardins e arranjos florais (LAMAS, 2001). No Brasil o pioneiro no cultivo de flores e de plantas tropicais foi o Estado de Pernambuco, graças ao paisagista Roberto Burle Marx que em 1934 implantou um grande projeto utilizando estas espécies que foi o Jardim da Praça da Casa Forte em Recife. A partir desta iniciativa a sua utilização foi disseminada, principalmente entre proprietários de grandes mansões. Comercialmente a produção de flores e plantas tropicais em Pernambuco teve início em 1993, envolvendo visitas técnicas a países produtores, como Colômbia, Costa Rica e Equador. Inicialmente foram plantados 3 hectares e atualmente são 200 hectares de várias espécies, cultivadas por 120 produtores. 60% do volume produzido destinam-se a exportação (VENCATO et. al, 2006). Segundo os mesmos autores outros Estados nas Regiões Nordeste e Norte se destacam na produção de flores e plantas tropicais que são: o Ceará, considerado o maior exportador de rosas e de flores tropicais, conta com aproximadamente 250 produtores; Alagoas que conta com 45 produtores em atividade, num total de 200 hectares cultivados; Bahia com 200 hectares de área plantada e o Pará cuja atividade de maneira comercial iniciou em 1996 e atualmente conta com 233 hectares ocupados com a floricultura, cultivando espécies de clima tropical, subtropical e temperado. Em Rondônia a produção de flores e plantas tropicais está concentrada nos municípios de Porto Velho e Ji-Paraná, e a área cultivada com estas espécies são 36,2 hectares, segundo dados do Instituto Fecomércio de Pesquisa e Desenvolvimento do ano de 2007. Um dos grandes entraves para um desenvolvimento mais acelerado da floricultura no Brasil está relacionado ao baixo índice de consumo per capita, em torno de US$ 7,00(REETZ et.al, 2007), enquanto que na Suíça gira em torno de 3 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural US$ 170 (BUAINAIN; BATALHA, 2007). O baixo consumo de flores está vinculado a algumas características do mercado interno de flores e plantas ornamentais, que são: mercado com pequeno número relativo de compradores freqüentes, compras centradas em produtos bastantes tradicionais, forte concentração sazonal da demanda em datas especiais e comemorativas, como Dia das Mães, Finados, Namorados, entre poucas outras (JUNQUEIRA; PEETZ, 2008). Em Rondônia a floricultura tropical vem sendo consumida basicamente em parte dos eventos empresariais e em alguns projetos de paisagismo, gerando um consumo muito pequeno. No ano de 2007, segundo dados do Instituto Fecomércio de Pesquisa cada produtor comercializou em média apenas R$ 297,58 (duzentos e noventa e sete reais e cinqüenta e oito centavos). Apesar do baixo consumo de flores e plantas tropicais em Rondônia, estudo recente desenvolvido por Junqueira e Peetz (2008) demonstra que existe um grande potencial de consumo dessas espécies nos municípios pesquisados, Porto Velho e Ji-Paraná, que segundo os autores o volume atual produzido não seria suficiente para atender a demanda potencial.Diante deste contexto quais os fatores que determinam o consumo de flores e folhagens tropicais em Porto Velho? O objetivo do presente artigo é identificar as razões para o baixo consumo de flores e folhagens tropicais no município de Porto Velho e apresentar alternativas para expansão do consumo desse segmento do agronegócio. 2. AGRONEGÓCIO DE FLORES TROPICAIS EM RONDÔNIA A floricultura tropical em Rondônia é muito recente, teve início de forma artesanal no ano de 1997. O setor começou a se organizar com a criação no ano de 2000 da Associação Rural dos Produtores e Distribuidores de Flores Tropicais de Rondônia. Desde o início a atividade teve apoio do Sebrae em Rondônia, através de cursos, palestras e informações que eram demandadas individualmente pelos produtores. A partir de 2005 o Sebrae criou um projeto específico para estruturar a produção e fortalecer os elos da cadeia produtiva da floricultura. O Projeto do Sebrae denomina-se Rondônia em Flores Tropicais que tem como público alvo, produtores e varejistas de flores e folhagens tropicais e exóticas, nos municípios de Porto Velho, Candeias do Jamari e Ji-Paraná e tem como objetivos estruturar a produção sustentável de flores e folhagens tropicais e exóticas, integrar e fortalecer os elos da cadeia produtiva da floricultura tropical nos municípios de Porto Velho, Candeias do Jamari e Ji-Paraná, com foco na comercialização (SEBRAE RONDÔNIA, 2006). A cadeia produtiva de flores e plantas tropicais em Rondônia envolve: fornecedores de insumos, produtores, varejistas(viveiros, floriculturas e supermercados), prestadores de serviço(empresas de eventos, paisagistas e decoradores) e o consumidor final. A produção de flores tropicais no Estado de Rondônia está concentrada nos municípios de Porto Velho e Ji-Paraná, através da Associação Rural dos Produtores e Distribuidores de Flores Tropicais de Rondônia – AFLORON em Porto Velho e pela Cooperativa dos Produtores de Flores Amazônicas de Rondônia em Ji-paraná. Dedica-se a esta atividade segundo dados do Instituto Fecomércio de Pesquisa do ano de 2007, 31 produtores. 4 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural A área plantada com flores e plantas tropicais tem evoluído consideravelmente, em 2005 a área ocupada com estas espécies era de 17,9 hectares e passou para 36,2 hectares em 2006, um crescimento de 102% (INSTITUTO FECOMÉRCIO DE PESQUISA, 2007). Rondônia ocupa a 3ª colocação em área cultivada com floricultura tropical na Região Norte, ficando atrás apenas dos Estados do Pará e Tocantins (JUNQUEIRA E PEETZ, 2008). Os produtores apresentam o seguinte perfil: o sexo predominante é o feminino com 65%, 61% encontram-se na faixa etária entre 40 a 69 anos, sendo que a faixa etária mais representativa é a de 40 a 49 anos com 23%; em termos de escolaridade predomina curso superior completo com 38,7%, seguido de ensino médio completo com 29% e de superior incompleto com 12,9%; somente 13% dos produtores têm no cultivo de flores sua principal fonte de renda e 64,5% dos produtores estão na atividade a menos de dois anos (INSTITUTO FECOMÉRCIO DE PESQUISA, 2006). Outras características importantes relacionadas aos produtores de flores e de plantas tropicais de Rondônia são às seguintes: a maior parte dos produtores de flores e plantas era originária de outras profissões e ingressaram na floricultura como uma atividade alternativa e ou complementar de suas ações, 60% dos produtores possuem de 1 a 3 anos de experiência com a floricultura e apenas 20% dos produtores possuem dedicação integral a atividade (JUNQUEIRA E PEETZ, 2008). As principais espécies produzidas nos municípios de Porto Velho e Ji-Paraná são: Heliconias, Alpínias, Bastão do Imperador, Orquídeas, Costus, Sorvete, Dracenas e Musas. Existe uma concentração na produção de Heliconias com uma participação de 74,1% e uma produção anual de 46.390 hastes, seguido pelas Alpínias com 16,18% e uma produção anual de 10.500 hastes (INSTITUTO FECOMÉRCIO DE PESQUISA, 2007). Segundo dados do mesmo Instituto, as espécies de flores tropicais mais comercializadas são: Heliconias com 2160 hastes por ano e Bastão do Imperador com 810 hastes por ano. Verifica-se claramente com base nos dados de produção apresentados que existe dificuldade no escoamento da produção, o que está sendo comercializado representa um percentual muito pequeno em relação à produção, Heliconias em torno de 5% e Bastão do Imperador em torno de 35%. O agronegócio de flores em Rondônia, começa a despontar como um segmento promissor para a economia estadual. O fluxo financeiro anual na cadeia produtiva nos municípios de Porto Velho e Ji-Paraná é de R$ 3.494.212,20 (três milhões, quatrocentos e noventa e quatro mil, duzentos e doze reais e vinte centavos) no varejo (floriculturas, lojas de plantas, feiras livres, ambulantes e supermercados) e de R$ 2.374.935,80 (dois milhões, trezentos e setenta e quatro mil e novecentos e trinta e cinco reais e oitenta centavos) no setor de serviços (decoração e ornamentação, paisagismo, jardinagem e funerárias). Vale ressaltar que no valor apresentado estão inclusos a comercialização de flores tropicais, temperadas e plantas para paisagismo (JUNQUEIRA E PEETZ, 2008). Segundo os mesmos autores predomina o consumo de flores de clima temperado, com a preferência de 56% da população pesquisada em Porto Velho e de 58,9% no município de Ji-Paraná. A floricultura tropical em toda a Amazônia apresenta um grande potencial de desenvolvimento em função de suas vantagens competitivas, tais como: potencial de produção ininterrupta; produção de espécies próprias, sem similares em outras regiões produtoras; produção em condições competitivas com potencial 5 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural de exportação para outros estados do País; existência de elevado patrimônio genético natural nativo, especialmente aptos para a produção de folhagens tropicais de corte, que, na venda conjunta com as flores tropicais regionais, pode vir a significar e garantir um grande potencial de diferenciação nos âmbitos nacional e internacional e existência do potencial de uso da “Marca Produtos da Amazônia”, com forte apelo ecológico nos mercados mais evoluídos (JUNQUEIRA E PEETZ, 2008). 3. EXPANSÃO DO CONSUMO DE FLORES E FOLHAGENS TROPICAIS Alguns fatores favorecem a ampliação do consumo de flores tropicais, um deles é a mudança de comportamento do consumidor, que está cada vez mais prático em função do seu pouco tempo disponível, devido às inúmeras tarefas do dia a dia, o que tem provocado uma transferência gradual do consumo de espécies de flores menos duráveis para as mais duráveis (OPITZ,2007). Esta mudança favorece o consumo de flores tropicais, pois possuem durabilidade superior às de clima temperado. A flor tropical é exótica, e a crescente procura no mercado internacional por flores desse tipo, coloca o Brasil em uma situação privilegiada como um fornecedor natural, em função da sua rica biodiversidade amparada por climas e solos propícios dos variados ecossistemas (CRESTANA, 2005). É através do desenvolvimento da floricultura tropical que o Brasil apresenta suas maiores possibilidades ecológicas, produtivas e comerciais, na consolidação e na comunicação internacional de uma marca e de um estilo próprio de viver, produzir, consumir e exportar (TERÃO; CARVALHO; BARROSO, 2005). Opitz (2006) ressalta que o hábito de consumo de flores no Brasil é dez vezes menor do que a média européia e para elevação do consumo são necessárias campanhas que possam sensibilizar o consumidor a adquirir flores e plantas no dia a dia e não só em datas comemorativas. A Região Nordeste é a maior produtora de flores e folhagens tropicais, da mesma forma como acontece no Estado de Rondônia, algumas cidades desta Região tiveram dificuldades para expandir o consumo e adotaram algumas estratégias que vem conseguindo bons resultados. Aproveitando a exuberância, o colorido e a formas inusitadas das flores tropicais, os produtores da cidade de Maceió passaram a produzir arranjos florais e comercializá-los através de um modelo denominado assinatura de flores. Esta estratégia comercial de fidelização estabelece com o cliente um contrato formal para fornecimento de arranjos florais semanalmente ou quinzenalmente. O pagamento ocorre mensalmente. A cada semana ou quinzena o fornecedor substitui as hastes. Esta forma de comercialização tem como principal público alvo: hotéis, restaurantes, Shopping Center, consultório médico e academias de ginástica. Na cidade de Maceió a maioria dos hotéis já utiliza este sistema (SEBRAE ALAGOAS, [200-]) 6 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Na mesma cidade de Maceió uma outra estratégia comercial que vem conseguindo bons resultados, foi à criação de kits de experimentação, voltado para os decoradores informais, onde são adquiridos por este público embalagens com três flores e quatro folhagens. No CEASA em São Paulo 50% das vendas são realizadas para decoradores informais (AKI,2007 ). Uma outra forma criativa para expansão do consumo de flores tropicais foi adotada pela Cooperativa dos Produtores e Exportadores de Plantas, Flores e Folhagens Tropicais de Alagoas – Comflora, instalada na zona da mata em Alagoas, com a criação de buquês de flores tropicais para exportação. Esta foi uma forma pioneira no Brasil para agregar valor ao produto. Os buquês têm como principal destino a Suíça. O sucesso da comercialização deste produto se deve principalmente a mão de obra qualificada utilizada e a embalagem adequada, que permite um perfeito acondicionamento dos buquês (DUARTE, 2007). Segundo o mesmo autor, além da criação de um produto com valor agregado, utilizou-se também estratégias para promover a floricultura tropical de Alagoas através da criação de: catálogos, DVD, panfletos, banner, adesivos, mala direta e site. Foi produzido um material de excelente qualidade com tradução para o inglês e espanhol, o que facilitou a comercialização dos buquês (DUARTE, 2007). Uma estratégia bem sucedida para ampliação do consumo da floricultura tropical foi adotada na cidade de Natal, com a criação de um dia específico para divulgação do produto, batizado com o slogan “sexta-feira é dia de flores”, como forma de estimular o consumo casual para ornamentação residencial. Neste dia alguns produtores vão para as floriculturas preparar arranjos florais na presença do público, esta ação estimula o consumo. Finalizado o arranjo o mesmo permanece na floricultura para comercialização (AKI, 2007). O mesmo autor ressalta que o poder público municipal pode contribuir para ampliar o consumo de flores tropicais, primeiro incentivando a utilização de flores tropicais na ornamentação dos seus eventos e segundo melhorando o ajardinamento da cidade, este tipo de ação cria uma demanda por produtos locais e gera também um estímulo a população para o consumo desses produtos para ornamentação de suas moradias. Uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Floricultura – IBRAFLOR, para estimular o consumo de flores e fazer com que o brasileiro incorpore no seu dia a dia a utilização de flores, e não fique o consumo restrito apenas em datas comemorativas, foi à criação do Programa + flores. Este programa utiliza ferramentas de marketing como: cartazes, outdoors, busdoors, banners e propagandas em cinemas, rádios, TV’s e jornais, com mensagens direcionadas ao público em geral, a fim de sensibilizá-lo a consumir flores com maior freqüência.O programa já foi implantado na cidade de Campinas em São Paulo em 2006 e este ano será lançado nas capitais do Distrito Federal, do Ceará e do Rio Grande do Sul (REETZ et.al, 2007). A agregação de valor é um dos instrumentos com potencial de expandir o consumo da floricultura tropical. Segundo Porter (1989) valor pode ser definido como o montante que os compradores estão dispostos a pagar por aquilo que uma empresa lhe fornece. As atividades de valor são atividades físicas e 7 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural tecnologicamente distintas, por meio delas pode ser criado um produto valioso para os consumidores. O mesmo autor ressalta que a agregação de valor é uma forma de diferenciar o produto em relação à concorrência, a diferenciação é obtida na medida em que se crie valor de forma singular para o comprador. A diferenciação sustentável é obtida desde que se execute uma gama de atividades de valor que influenciem os critérios de compra. Na produção rural a agregação de valor aos produtos poderá ocorrer por meio de incorporação de tecnologia diferenciada, obtenção de maior nível de qualidade e logística de atendimento ao mercado (BATALHA, 2001). Segundo o mesmo autor agrega-se valor a produção rural utilizando formas adequadas nos processos de produção, colheita e pós-colheita, com vistas a atender às expectativas dos consumidores em relação à qualidade intrínseca e/ ou percebida no produto. O transporte adequado é outra forma de agregar valor, desde o local da produção até o centro de distribuição e comercialização. A embalagem de transporte apropriada é fundamental para o manuseio, acondicionamento, transporte e armazenamento dos produtos, proporcionando a conservação necessária. Ter presença de oferta é fundamental para ampliação do consumo de flores tropicais, pois as flores são compradas por impulso e, portanto as mesmas precisam ser colocadas de forma permanente à disposição da população através dos pontos vendas, tais como: floriculturas, supermercados, centrais especializadas para comercialização, quiosques, entre outros (AKI, 2007). Segundo o mesmo autor, a utilização do supermercado como canal de varejo para ampliar a comercialização de flores é uma tendência que vem se consolidando no Brasil e no Mundo. Antes os supermercados vendiam flores apenas em vaso, atualmente já comercializam hastes. Aki(2007), ressalta que as flores tropicais para terem uma boa aceitação é necessário: ter padronização, classificação, quantidade,qualidade, variedade, estar presente na mídia,ter presença de oferta e uma boa embalagem. O produto tem que ter boa qualidade, se não todo o resto será inútil, ao mesmo tempo em que, também não acrescentará nada se for excelente e não satisfizer em confiabilidade, pois esta é a maior diferenciação que o produtor de flores tropicais pode ter (AKI,2004). 4. METODOLOGIA A presente pesquisa é de natureza qualitativa, foi realizada no município de Porto Velho no período de 17 a 22/09/08, junto aos estabelecimentos comerciais e prestadores de serviço que atuam no ramo da floricultura, conforme detalhado no quadro abaixo: Entrevistados Empresas de promoção de eventos Paisagista Decorador Floriculturas TOTAL Quantidade 07 01 02 05 15 8 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Quadro 1 – Descrição quantitativa dos entrevistados Fonte – Composição do autor Foram escolhidos empresas de promoção de eventos e profissionais de decoração e paisagismo, em função do potencial deste canal para escoar a produção de flores e folhagens tropicais do município de Porto Velho. A escolha das floriculturas se deu no sentido de identificar junto a este segmento do varejo os reais motivos da resistência em comercializar flores e folhagens tropicais, já que identificamos através de dados secundários obtidos através do SEBRAE/RO que as floriculturas preferem comercializar apenas flores de clima temperado. Para identificação dos entrevistados foi utilizado o cadastro da cadeia produtiva do segmento econômico de floricultura do Estado de Rondônia, elaborado pela empresa Bureau Máster em dezembro de 2005 e indicações da gestora do Projeto Rondônia em Flores Tropicais do SEBRAE/RO. Foram selecionados para entrevistas às sete principais empresas que atuam no ramo de promoção de eventos, a principal paisagista que utiliza flores e folhagens tropicais em seus projetos, os dois principais decoradores que trabalham com flores tropicais e ainda foi selecionado cinco floriculturas das seis cadastradas. Os dados primários da pesquisa foram coletados através da aplicação de questionários, por meio de entrevistas pessoais. O questionário foi estruturado com questões abertas e fechadas com as seguintes abordagens: se o entrevistado adquire flores e folhagens tropicais, freqüência da compra, espécies que adquire, valores de compra, canais mais freqüentes de compra, desejo de adquirir mais flores tropicais, principais problemas encontrados na aquisição de flores e folhagens tropicais, o que leva em consideração ao escolher as flores e folhagens tropicais, fontes de influência na decisão de compra, principais clientes, tipo de público mais comum na clientela, motivo do consumo de flores e folhagens tropicais ser reduzido e medidas que possam estimular o consumo de flores e folhagens tropicais. As questões relativas: aos principais problemas encontrados na aquisição de flores e folhagens tropicais, o que leva em consideração ao escolher as flores e folhagens tropicais e fontes de influência na decisão de compra, foram estruturadas através da escala likert, utilizando o critério opinião. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Conforme demonstrado no gráfico 1 abaixo, 53% dos entrevistados não adquirem flores e folhagens tropicais. O que corresponde a quatro floriculturas e quatro empresas do ramo de promoção de eventos. Apenas uma floricultura adquire flores tropicais, o que confirma a informação obtida junto ao SEBRAE/RO de que as mesmas preferem comercializar flores de clima temperado. A floricultura que adquire flores tropicais além de comercializar flores, atua também como prestadora de serviço de decoração. 9 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 47% 53% Adquirem Não adquirem Gráfico 1 - Aquisição de flores e folhagens tropicais Fonte: Dados da pesquisa O principal motivo das floriculturas para não adquirir flores e folhagens tropicais, é que segundo elas não existe demanda. Uma floricultura até tentou comercializar arranjos florais, mas desistiu em função da dificuldade de aceitação por parte do consumidor final. No caso das empresas de promoção de eventos, o principal motivo para não adquirir flores e folhagens tropicais diretamente, é que terceirizam integralmente o serviço de decoração. A partir da questão inicial relativo à aquisição de flores e folhagens tropicais, os entrevistados que responderam às demais questões foram reduzidos para sete, já que os assuntos investigados tinham ligação direta com usuários de flores e folhagens tropicais. Dos entrevistados que adquirem flores e folhagens tropicais predomina a aquisição esporádica com 58%, o que demonstra uma baixa demanda pelo produto. As principais espécies adquiridas são: Heliconias, Alpínias e Bastão do Imperador. Em relação ao gasto médio por cada compra se situa no intervalo de R$ 80,00 a R$ 600,00 e o canal mais freqüente de compra é direto do produtor local com 71%, seguido das floriculturas com 29%. A baixa demanda pela floricultura tropical está vinculada ao hábito de consumo do brasileiro, que consome flores na maior parte das vezes apenas em datas comemorativas como: dia das mães, finados, namorados, entre poucas outras (JUNQUEIRA; PEETZ, 2008). São necessárias campanhas que possam sensibilizar o consumidor a adquirir flores e plantas no dia a dia e não só em datas comemorativas (OPITZ, 2006). 10 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 14% 14% 14% 29% 71% 58% Quinzenalmente Uma vez por semana Esporadicamente A cada dois meses Gráfico 2 - Freqüência de compra Fonte: Dados da pesquisa Diretamente do produtor local Floricultura Gráfico 3 - Canal mais freqüente de compra Fonte: Dados da pesquisa Dos usuários de flores e folhagens tropicais, todos gostariam de adquirir mais flores e folhagens tropicais do que compram hoje, porém condicionam a ampliação das compras desde que o preço fosse menor, houvesse maior demanda pelo produto e maior divulgação e ainda houvesse um show room com flores e folhagens tropicais no centro de Porto Velho. A principal condição apontada foi o preço com três indicações, seguido de maior demanda com duas indicações. A indicação do show room partiu de uma das principais empresas do ramo de promoção de eventos, pois alegou que muita das vezes tem dificuldade em convencer o seu cliente a utilizar no seu evento flores tropicais, pois não possui um local de fácil acesso e bem estruturado que pudesse levá-lo rapidamente para conhecer in loco essas espécies. No processo de divulgação da floricultura tropical é importante ressaltar um dos seus grandes diferenciais que é a sua durabilidade, pois o atual comportamento do consumidor está exigindo produtos cada vez mais práticos que demandem pouca manutenção (OPITZ, 2007). Nos quadros 2,3 e 4 são apresentados respectivamente os dados relativos ao principais problemas na aquisição de flores e folhagens tropicais, atributos mais valorizados na aquisição e as fontes de influência na decisão de compra. Os dados foram obtidos utilizando a escala likert com cinco opções: concordo totalmente, concordo, não concordo nem discordo, discordo e discordo totalmente. Para fins de tabulação foram agrupadas as opiniões concordo totalmente e concordo e extraído um percentual de concordância e também foram agrupadas as opiniões discordo totalmente e discordo e extraído um percentual de discordância. A opinião não concordo e nem discordo, não foi apresentado no quadro com os dados da pesquisa, tendo em vista que objetivo principal é mostrar o grau de concordância ou discordância em relação a cada item. Os principais problemas apontados pelos entrevistados foram: preços com 72%, à falta de oferta/mix com 57% e falta de qualidade e logística com 43%, como se observa no quadro 2 . No quesito relativo à oferta/mix, os entrevistados se ressentem de uma variedade maior de flores e folhagens tropicais a disposição, isto se confirma se observarmos a pequena variedade de espécies adquiridas, segundo informações da pesquisa apresentada acima. Em relação à falta de qualidade, um dos entrevistados ressaltou que ela ocorre apenas no período da 11 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural seca.Segundo Aki(2007), a qualidade é fator fundamental para boa aceitação da floricultura tropical, se não todo resto será inútil. Principais problemas %Respostas Concordância Discordância 43 57 57 43 28 72 86 Falta de qualidade Falta de oferta/mix Falta de regularidade na oferta Falta de confiança e credibilidade do fornecedor Descumprimento de contratos 14 86 Desconhecimento sobre 86 fornecedores e produtos locais Logística 43 57 Preços 72 28 Quadro 2 – Principais problemas na aquisição de flores e folhagens tropicais Fonte: Dados da pesquisa Com exceção da embalagem, todos os demais atributos identificados no quadro 3 são valorizados pelos entrevistados na aquisição das flores e folhagens tropicais, com maior destaque para: qualidade, atendimento do fornecedor e facilidade de acesso ao produto. Em relação à embalagem, a baixa valorização se explica em função de que apenas um entrevistado adquire arranjos florais prontos, que neste caso demanda uma embalagem mais sofisticada, os demais adquirem as flores em hastes. Vale ressaltar que mesmo para àqueles que adquirem as flores em hastes, o produtor não pode negligenciar a embalagem de transporte, pois ela é fundamental para manter a boa aparência do produto. %Respostas Atributos mais valorizados Concordância Discordância Qualidade 100 Prazos e condições de pagamento 57 14 Atendimento do fornecedor 100 Prazos e condições de entrega 71 29 Apresentação do produto no local 28 43 de venda Beleza e aparência do produto 86 14 Durabilidade 86 14 Facilidade de acesso ao produto 100 Embalagem 14 86 Quadro 3 – Principais fontes de influência na decisão de compra Fonte: Dados da pesquisa O que mais influencia na decisão de compra é o preço, com 57%, seguido de revistas especializadas, atendimento do fornecedor e apresentação do produto com 43% cada. Em relação a revistas especializadas, segundo os entrevistados, ver matérias jornalísticas positivas sobre as qualidades das flores tropicais é algo que influencia a decisão de compra. A produção de belos arranjos florais e buquês são formas de agregar valor a floricultura tropical, dar um requinte na apresentação do produto facilitando sua a 12 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural aquisição. Estas estratégias já foram testadas com sucesso em Alagoas (DUARTE, 2007; SEBRAE ALAGOAS, [ 200-]). %Respostas Fontes de influência na decisão de compra Concordância Discordância Propaganda 28 43 Ver o produto na televisão 28 43 Receber indicações 14 57 Revistas especializadas 43 43 Formadores de opinião 71 Profissionais do ramo 28 57 Facilidade de encontrar o produto 28 57 Atendimento do fornecedor 43 43 Promoção 28 57 Preços 57 43 Apresentação do produto 43 43 Quadro 4 – Principais fontes de influência na decisão de compra Fonte: Dados da pesquisa O gráfico 4 abaixo apresenta os principais clientes dos entrevistados, e a empresa privada é a que se mostra mais acessível em utilizar as flores e folhagens tropicais em seus eventos. Vale observar que às empresas de outros Estados que estão se instalando em Porto Velho, já exigem que a ornamentação do evento seja feita com a utilização de flores locais. A maior resistência em utilizar flores tropicais em eventos como formatura, festa de quinze anos e casamentos são de pessoas físicas locais, que associam a flor tropical como algo pejorativo. Uma das empresas pesquisadas que trabalha com promoção de eventos, já conseguiu recentemente introduzir a flor tropical em uma decoração de casamento, associada a flores de clima temperado, o resultado final foi muito elogiado pelo cliente. O que se percebe diante desta constatação é que as pessoas em geral precisam inicialmente conhecer um pouco mais da exuberância das flores tropicais para que possam utilizá-las. 13% 49% 38% Empresa privada Público em geral Pessoa física Gráfico 4 – Principal cliente Fonte: Dados da pesquisa 13 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural A falta de valorização da flor tropical seguido do preço, são os principais motivos apontados para o baixo consumo dessas espécies, como demonstrado no gráfico 5. A flor tropical ainda é vista por uma parcela dos consumidores de forma pejorativa, chegam a associá-la a “mato”, pois são encontradas facilmente na nossa Região. Os consumidores ainda acreditam que utilizar flores de clima temperado é mais nobre. Percebe-se claramente que é necessário uma maior divulgação das flores tropicais, enfocando suas qualidades como: beleza exótica, colorido, durabilidade, entre outros, como forma de quebrar este paradigma de que utilizar às flores de clima temperado valorizará mais o evento. 9% 18% 37% 36% Falta de valorização da flor tropical Preço elevado Falta de hábito de consumo Cliente não conhece a flor tropical Gráfico 5 – Motivação para o baixo consumo de flores e folhagens tropicais Fonte: Dados da pesquisa Questionados os entrevistados sobre medidas que poderiam ser adotados para ampliar o consumo de flores tropicais, os mesmos apontaram a maior divulgação do produto e redução do preço, como as principais, conforme demonstrado no quadro 5 abaixo. Por se tratar de um produto pouco conhecido da população em geral o processo de divulgação deve utilizar instrumentos variados entre eles: a produção de catálogos, para apresentar o produto ao consumidor final; site específico; campanhas publicitárias, a exemplo do Programa + flores do IBRAFLOR; criação de um dia específico para divulgação da flor tropical, como ocorre em Natal que tem como slogan “sexta-feira é dia de flores”; entre outros (DUARTE, 2007; AKI, 2007; REETZ et. al, 2007). Medidas para ampliação do consumo Número de indicações 3 1 1 1 2 1 1 Maior divulgação Exposição em feiras Produzir folhagens para complementar as flores Capacitar pessoas para trabalhar com flores tropicais Reduzir preço Produzir catálogo Criar Show Room em local de fácil acesso Decoradores e varejistas deveriam ressaltar as qualidades das flores tropicais Quadro 5 – Medidas para ampliação do consumo de flores e folhagens tropicais Fonte: Dados da pesquisa 1 14 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 6. CONCLUSÃO Com base na presente pesquisa pode-se concluir que os principais fatores que determinam o consumo de flores e plantas tropicais em Porto Velho são: preço, qualidade, variedade, logística adequada, prazos e condições de pagamento, prazos e condições de entrega e durabilidade. O preço que os produtores estão praticando foi considerado elevado pelos entrevistados, esta é uma questão que precisa ser investigada com maior profundidade, se faz necessário averiguar como o produtor está formando o seu preço de venda e comparar com os preços praticados na comercialização de flores de clima temperado. A qualidade do produto é algo que não pode ser negligenciada em hipótese alguma, o nosso consumidor a cada dia fica mais exigente. Quando se fala em qualidade de flores tropicais deve se levar em consideração a utilização de técnicas adequadas de colheita e pós-colheita, como forma de elevar a sua durabilidade e proporcionar ao produto uma aparência exuberante. O consumo de flores tropicais está restrito a um número reduzido de espécies como: Heliconias, Alpínias e Bastão do Imperador, são importantes a ampliação desses mix como forma de dar mais opções de consumo para os varejistas e prestadores de serviço do ramo de paisagismo e decoração. A logística é um fator que interfere na qualidade do produto e no processo de comercialização. Devem-se utilizar os meios de transporte e embalagem adequados, como forma de disponibilizar o produto nos prazos contratados e manter as características intrínsecas das flores tropicais. Em relação à comercialização o processo logístico deve proporcionar que as flores tropicais estejam em um número maior de pontos de vendas, principalmente em locais de grande fluxo de pessoas, a fim de estimular o consumo, já que as flores são adquiridas por impulso. Conclui-se ainda que as razões para o baixo consumo de flores e plantas tropicais no município de Porto Velho é a falta de valorização dessas espécies por parte da população em geral, que gera uma baixa demanda pelo produto, seguido do preço elevado. A utilização das flores tropicais está restrita basicamente a ornamentação de eventos empresariais. As pessoas ainda não perceberam as qualidades da floricultura tropical como: durabilidade, formas exóticas, seu colorido entre outras. Os principais canais de comercialização das flores tropicais são: os decoradores e paisagistas, as empresas de promoção de eventos e muito raramente as floriculturas. O grande motivo para as flores tropicais não estarem sendo comercializadas de uma forma mais efetiva nas floriculturas, diz respeito à baixa demanda pelo consumidor. Existe uma preferência muito significativa pelas flores de clima temperado oriundas das Regiões Sul e Sudeste, as flores tropicais não são valorizadas pelo consumidor local, pois os mesmos acreditam que usar flores de clima temperado é mais nobre, colocam a flor tropical como uma espécie de segunda linha. A falta de valorização da floricultura tropical está associada ao pouco investimento na divulgação do produto, os consumidores de uma forma geral não conhecem a flor tropical, as mesmas são vistas apenas em algumas feiras e exposições e em alguns eventos empresariais. È necessário à realização de uma divulgação mais agressiva, através de: catálogos, sites específicos, campanhas publicitárias, a exemplo do programa + flores 15 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural desenvolvido na cidade de Campinas; criação de pontos de vendas alternativos, como quiosques em locais de grande fluxo de pessoas; entre outras medidas que possam fazer com que os consumidores de uma forma geral possam conhecer melhor estas espécies. Outras medidas já adotadas com sucesso por cidades como Maceió e Natal, podem também ser adotadas em Porto Velho como forma de estimular o consumo como: campanha “sexta-feira é dia de flores”, onde produtores preparam arranjos florais na presença dos consumidores, e a criação de kits de experimentação voltados para decoradores informais. O processo de divulgação deve enfocar as qualidades e a forma de utilização da flor tropical e mostrar claramente para a população os benefícios que irão obter com a aquisição do produto, como: durabilidade maior do que as flores de clima temperado, a geração de emprego e renda local, entre outros benefícios. A ampliação de consumo da floricultura tropical passa por um envolvimento de toda a cadeia produtiva, como forma de agregar maior valor a este produto e ainda de forma conjunta e coordenada entre todos os elos da cadeia, promover uma divulgação que seja capaz de quebrar este paradigma de que a flor tropical é uma espécie de segunda linha. 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