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Confiança e ambições em comum constroem parcerias
Para tal, é necessário que ambos saibam o que procuram, para que
não surjam problemas de incumprimento do que foi estabelecido
anteriormente. Rodrigo Ferreira Rocha, sócio-administrador da
Ferreira Rocha Advogados, fala dos benefícios que a criação de
parcerias traz para ambas as empresas e acrescenta: “o
aconselhamento jurídico é bom, mas é importante que as empresas
antes de recorrerem ao mesmo tenham uma relação de parceria
bem cimentada, pois este é para limar algumas arestas”.
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PME.
Quando é que surgiu a necessidade de formar parceria e
que vantagens trouxe para a empresa?
A parceria nasce porque uma empresa se sente pequena no país ou
mercado onde está inserida. Olhando para Moçambique, o país tem
um mercado muito limitado, limitando também a procura daquilo
que é a nossa oferta. Quando Moçambique começou a aparecer
nos mapas económicos internacionais, o que sucedeu foi que as
empresas que vinham investir no país não davam credibilidade aos escritórios que existiam no mercado e queriam
trazer os legal advisers dos seus países de origem. Portanto, as parcerias no nosso ramo de actividade nascem porque
surge a necessidade de conferir uma maior credibilidade à operação. Por exemplo, a Ferreira Rocha Advogados tem
uma parceria com a Abreu International Legal Solutions, um escritório registado em Portugal e que tem bastante
know how em várias áreas. O facto de estabelecermos esta associação significa que, na troca de conhecimentos que
existe no âmbito de uma parceria firmada, nós podemos considerar também como nossa bagagem toda a experiência
que esse escritório tem.
Que critérios a empresa usou para seleccionar a sua parceira e que cuidados as PME em geral devem ter
no processo de selecção?
No caso dos serviços jurídicos, ao contrário daquilo que há em outros tipos de serviços, em que as empresas
procuram produtos, nós olhamos para a capacidade técnica do nosso parceiro. Ou seja, saber que é uma empresa que
produz material de qualidade, que tem bom nome no mercado, que tem uma reputação ao nível internacional, são
essencialmente os critérios que nós usamos para começar a fase do “namoro”. Com a Abreu International, passámos
da fase de namoro para casamento a partir do momento em que nos tornamos sócios. Portanto, a parceria evoluiu de
tal modo que apenas que não se pode tornar uma integração total porque as ordens de advogados dos países limitam
a sua área de actuação. Portanto, cada uma das empresas mantém-se independente, mas partilham recursos comuns.
No caso das PME em geral, os critérios variam de acordo com a área de actividade. Se, por exemplo, fôssemos uma
empresa de telecomunicações, obviamente que a qualidade dos serviços e produtos seriam importantes, mas, talvez,
a tecnologia a empregar para desenvolver esses serviços seria ainda mais importante.
Diz que, por causa das limitações impostas pelas ordens de advogados, as empresas mantém-se
independentes, mas partilham recursos comuns. Que recursos partilham?
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Partilhamos recursos de acesso a ferramentas de gestão, recursos de acesso a centros de custos partilhados, e é aí
que diminuem os eventuais problemas que surgiriam com o crescimento do escritório, permitindo que seja possível,
para o nosso escritório neste caso, dar um passo maior na contratação de profissionais mais competentes e capazes
de exercer a profissão em Moçambique e poder competir internacionalmente a nível de salários.
O não cumprimento dos contratos estabelecidos na formação de parcerias tem criado receio na criação
de novas parcerias. Como as empresas podem precaver-se desse tipo de situação ?
Hoje em dia, apesar de as parcerias estarem estabelecidas através de um contrato, este, por vezes, é mais simbólico
que propriamente vinculativo, porque a análise feita pelo contrato é tão subjectiva que, olhando através de um
quadro, quem pode parecer ter razão é uma empresa, e olhando por outro, outra empresa pode parecer ter razão. O
que conta numa relação de parceria não é tanto o contrato, mas as pessoas que o fazem. Uma parceria que olhe
apenas para uma relação de subordinação não funciona. É preciso olhar para uma perspectiva mais construtivista e
cooperante, e, quando assim é, os contratos deixam de ter valor, deixam de ser um marco. Por isso, o cuidado que
devemos ter não é em celebrar um bom contrato, mas é em escolher um bom parceiro. Quando a relação humana
entre as duas casas comunga princípios e ambições comuns, não há incumprimento do contrato. Mas havendo alguma
situação que possa justificar o rompimento das relações, nós temos a própria legislação comercial, que tem como
princípio que em caso de incumprimento de uma das partes, a situação tem que ser penalizante para quem não
cumpriu.
Fonte: O País
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