Discurso do Desembargador Jatahy Júnior, em 03 de dezembro de 2015,
quando do recebimento da Medalha Thomé de Souza.
Senhora e Senhores
A honraria que essa augusta Casa Legislativa me confere no dia de hoje, por decisão unânime,
quando no final do ano de 2014 aprovaram os seus ínclitos integrantes a Resolução nº
2.385/14 de autoria do digno, competente e combativo Vereador Geraldo Júnior, concedendo
a este Magistrado a Medalha Thomé de Souza, é de suma importância para mim e, sem
dúvida, esse momento de grande emoção e deveras responsabilidade ficará marcado de forma
indelével na minha memória e na minha vida. Reside aí a razão do grande lapso temporal entre
a sessão de concessão e essa inolvidável sessão solene que hoje acontece, pois necessitei
desse tempo para tentar conter a emoção e me preparar para esse singular dia.
Acredito que esse fato seja do conhecimento de muitos dos presentes, eu sou filho dessa
maravilhosa, histórica e deslumbrante cidade do Salvador, primeira capital do Brasil, que teve
Thomé de Souza por primeiro Governador, justamente a personalidade que empresta o nome
para a principal e mais importante honraria dessa vetusta Casa do Povo. Entretanto, na
condição de filho de magistrado, não tive o privilégio de morar de imediato em Salvador, pois
meu pai, esposo cuidadoso, amoroso e extremamente dedicado à família, teve o cuidado de
trazer minha mãe para dá a luz aos seus 3 (três) filhos na Bahia, denominação que na época
era informalmente usada quando se referia a nossa querida Salvador.
Assim, desde os primórdios da minha infância, sonhava e desejava (os magistrados sabem bem
o que é isso) que logo chegasse o dia da promoção de meu pai para a Capital, fato que só
ocorreu no ano de 1975, quando eu já contava 14 anos e em plena adolescência. Durante
esses primeiros anos da minha vida foram muitas as viagens para a Salvador, principalmente
nos últimos 07 (sete) anos antes da mudança definitiva, Naquela época, quando minha família
morava em Feira de Santana, eu frequentemente acompanhava meu pai em viagem para
Salvador na segunda-feira, quando ele visitava o Tribunal de Justiça, que funcionava no Fórum
Rui Barbosa. Éramos conhecidos, pois talvez o único Juiz do Interior que regularmente andava
pelas diversas secções do Fórum Rui Barbosa acompanhado do seu pequenino filho, esse
deslumbrado e encantado pela indiscutível beleza arquitetônica do Fórum Rui Barbosa,
nascendo daí, sem a menor dúvida, a minha avassaladora paixão pela judicatura.
Mas o encanto do menino não se restringia ao Fórum Rui Barbosa, mas sim a cidade do
Salvador como um todo, pois inúmeras foram vezes que ao termino dos compromissos no
Fórum Rui Barbosa, meu pai e eu saíamos a pé do prédio do Fórum para um passeio na Rua
Chile, grande point da época. O deslumbre do menino só aumentava, quando descia a Ladeira
da Independência, passado pela Rua do Gravatá, subindo a Ladeira da Praça, chegando ao
ápice quando se avistava o Elevador Lacerda, oportunidade em que já estava chegando à Rua
Chile, tendo ao lado direito o Paço Municipal, onde hoje, para minha honra e glória sou alvo
dessa homenagem, fruto, sem dúvida, da bondade dos Edis desta Casa do Povo, fomentada
pelo dileto amigo, Vereador Geraldo Júnior. As descobertas e a riqueza de experiência nesta
área central da cidade do Salvador, não param por aí. Inesquecível é a primeira vez que vi o
guarda Pelé, ator nato que na condição de policial, propiciava um verdadeiro e interessante
show quando organizava o trânsito na frente deste Paço Municipal. Os passeios no Plano
Inclinado Gonçalves e no Elevador Lacerda também são inesquecíveis, devendo confessar que
gostava mais do Plano Inclinado, sempre pedindo ao meu pai que optasse por esse quando
tínhamos de ir à cidade baixa. Foi também nessa época que conheci e subi a primeira escada
rolante de Salvador, quando em visita à loja de departamento Sloper, em cujo trajeto
frequentemente se cruzava com a conhecida mulher de Roxo, personalidade folclórica de
Salvador que usava vestes na cor roxa dos pés à cabeça e diariamente perambulava na Rua
Chile. Não posso deixar de dizer que, na condição de ainda muito menino, sentia um pouco de
medo daquele ser tão caricata, mas nada que não fosse facilmente superado pela alegria de
passear em Salvador, ao lado de meu pai Edmilson Jatahy Fonseca, exemplo maior de homem
de bem, com singular determinação e grande caráter; maravilhoso esposo e pai, sendo chefe
de família exemplar e magistrado sério, competente e realizador, enfim o grande inspirador de
minha carreira e de minha vida.
Peço desculpas aos senhores por tantas recordações que assacam minha mente quando
recebo significativa homenagem nesse histórico Plenário Cosme de Farias, palco de grandiosas
discussões e eruditas manifestações nos embates para a busca de melhoria e bem-estar para
os munícipes.
Tenham uma excelente e proveitosa leitura.
Desembargador Jatahy Júnior
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Discurso do Desembargador Jatahy Júnior, em 03 de dezembro de