A literatura civilizatória de Rui Barbosa nas Cartilhas Brasileiras e “lições de coisas”: memórias e narrativas escolares. Os métodos pedagógicos, particularmente o “método intuitivo”, ou “lições de coisas”, introduzido no Brasil pelas mãos de Rui Barbosa, em 1886, que traduziu sua versão americana na obra de Norman Calkins. Foi, anteriormente defendido também pela Reforma de Leôncio de Carvalho, em 1879, por meio das versões francesas de Lições de Coisas . O objetivo desse texto é dialogar com narrativas de ex-alunos de escolas isoladas e/ou rurais do noroeste mineiro (décadas 1920-1940) por meio das suas memórias e lembranças com os dados empíricos da pesquisa (livros didáticos, cartilhas, cadernos, relatórios) e parte da literatura produzida sobre esses temas. As críticas de Rui Barbosa, vão influenciar várias reformas da instrução pública no início do período republicano. A ênfase na implantação do “método intuitivo”, considerado como moderno e científico, nos contornos de uma política educacional, naquele contexto, tinha o claro propósito de forjar a construção de uma nacionalidade divorciada das interferências da Igreja, daí as críticas dirigidas à educação jesuíta e a influência da sua cultura arraigada nas práticas escolares e educativas da sociedade brasileira. No bojo dessas críticas, vinham embutidas a valorização da escrita e da pronúncia corretas, vistas naquele momento como importante instrumento de unidade nacional, de fortalecimento da língua pátria e da imagem do País. As memórias escolares dos narradores versam sobre as formas do ensinar e as práticas educativas ou estratégias do educar, dos seus mestres – entendidas na sua dimensão ampliada, ou seja, tanto em seu viés pedagógico: leituras, argüições, materiais didáticos; como das estratégias do educar: autoridade, castigos, rituais. O Projeto para a Instrução Pública elaborado por Rui Barbosa trazia no seu bojo preocupações de forte colorido político-ideológico, de construção de uma “consciência nacional”, de forjar a identidade de um País que se pretendia moderno, por isso, letrado. Palavras-Chave: Método Intuitivo; Literatura Educacional. Memória Escolar.