Relatório O problema do saneamento: O que pode e deve fazer o sector da saúde? Relatório Resumo Resumo de recomendações: 1. As instituições globais de saúde deveriam reconhecer e dirigir-se ao impacto do saneamento sobre o peso global das doenças, à contribuição de um melhor saneamento para reduzir esse peso de doenças e aos benefícios potenciais para a saúde pública. 2.Os doadores internacionais deveriam dar prioridade ao apoio a programas nos países com pouca cobertura de saneamento e um peso elevado de doenças relacionadas com o saneamento e investir em investigação e avaliação para compreender os impactos relativos sobre a saúde e os efeitos adicionais dos diferentes tipos de intervenção de saneamento. 3.Os governos dos países em desenvolvimento devem garantir que o saneamento é mencionado em todas as políticas, regulamentos, directivas e procedimentos de saúde relevantes, e definir objectivos e indicadores para monitorizar as melhorias nas doenças relacionadas com o saneamento. 4.Os governos dos países em desenvolvimento devem reforçar as estruturas legais e regulamentares da saúde pública para melhorar a coordenação inter-sectorial entre ministérios e agências responsáveis pelo saneamento a níveis diferentes e dar realce à responsabilidade pelos resultados. 5.As prioridades dos programas de saúde nacionais e sub-nacionais devem tomar em conta o peso das doenças relacionadas com o saneamento e garantir que o saneamento e a higiene são totalmente integrados em programas de saúde específicos para certas doenças e a nível nacional. Metade das pessoas que vivem nos países em desenvolvimento não tem acesso sequer a uma latrina básica1, o que apresenta um grande risco para a saúde pública. Actualmente, as doenças que se podem atribuir à falta de saneamento matam mais crianças a nível global do que a SIDA, a malária e o sarampo em conjunto, e a diarreia é o que mata mais crianças em África2. O saneamento seguro geralmente é reconhecido como sendo a base essencial para uma saúde melhor, bem-estar e produtividade económica, mas o progresso contínua a ser lento no que diz respeito a reduzir o peso das doenças relacionadas com o saneamento, suportado pelas pessoas pobres nos países em desenvolvimento, e está a atrasar o progresso de todas as fases do desenvolvimento. O problema mais geral da negligência política e financeira sobre as questões do saneamento já foi bem documentado3 e o Ano Internacional do Saneamento de 2008 assinalou um esforço concertado para se tentar solucionar o problema do saneamento. Relatório Mas a experiência da WaterAid no terreno em África e na Ásia tem demonstrado que o desafio constante é não só como proporcionar uma infra-estrutura, mas também como promover a adopção e utilização das instalações. A infra-estrutura é necessária, mas não é suficiente para que haja melhor saúde. É absolutamente necessário desenvolver abordagens mais bem integradas com o fim de maximizar as vantagens para a saúde associadas com as intervenções de saneamento, como apoio ao esforço em progresso para se conseguir “Saneamento e Água para Todos”.4 O sector da saúde tem uma função importante para a promoção do saneamento. A criação de procura e mudanças de comportamentos são duas áreas onde o sector da saúde tem antecedentes robustos e uma vantagem relativa reconhecida. No entanto, não há consenso sobre as funções e responsabilidades das instituições para o saneamento nos países em desenvolvimento, e o grau de envolvimento do sector da saúde na promoção de um saneamento seguro varia de modo significativo. Este relatório usa investigação recente financiada pela WaterAid sobre as diferentes funções do sector da saúde nos países em desenvolvimento e faz recomendações para acelerar o progresso do saneamento e garantir resultados relacionados com a saúde. Este relatório revê as tendências recentes nas políticas e programas do sector da saúde nos países em desenvolvimento, confirma a natureza inadequada das respostas institucionais existentes ao problema do saneamento nestes países, e destaca a ausência de uma liderança política forte e a falta de funções e responsabilidades institucionais claramente definidas. Também nota que o planeamento e as atribuições financeiras do sector da saúde frequentemente não reflectem o peso das doenças que se podem atribuir ao saneamento nos países em desenvolvimento e que os sistemas de saúde contemporâneos se concentram principalmente no tratamento e nas intervenções com base no paciente, enquanto que os aspectos da saúde preventiva e pública tendem a receber menos atenção5. Nos países em desenvolvimento, a maioria do investimento no saneamento é actualmente canalizada através de ministérios de infra-estrutura onde se concentra principalmente em proporcionar novas instalações. Entretanto, as atribuições do orçamento aos ministérios da saúde para o saneamento tendem a ser menos bem definidas e a atribuição dos recursos do sistema de saúde para actividades relacionadas é frequentemente difuso, fazendo com que seja difícil monitorizar os resultados. Tem-se feito relativamente pouca investigação sobre as funções e responsabilidades apropriadas do sector da saúde para a promoção do saneamento, mas depois de rever a teoria e as práticas existentes, o estudo concentra-se em quatro “défices funcionais” essenciais que caracterizam as respostas institucionais existentes para o saneamento e a saúde: 1. normas e regulamentos 2.política e coordenação inter-sectorial 3.concretização de programas de saneamento redimensionáveis 4.recolha e utilização de dados Este relatório explora a função do sector de saúde para solucionar cada um dos défices funcionais identificados, utilizando exemplos dos quatro estudos de caso nacionais. O estudo conclui que é essencial que haja uma colaboração melhorada entre WASH e os sectores da saúde, para melhorar os resultados de saúde relacionados com o saneamento. Demonstra que os sistemas de saúde têm uma função importante na promoção do saneamento mas que, frequentemente, o envolvimento existente do sector de saúde está longe de ser ideal. Faz toda uma série de recomendações para os intervenientes no sector da saúde interessados em acelerar o progresso sobre o saneamento e em garantir vantagens para a saúde nos países em desenvolvimento. Relatório Um relatório da WaterAid, Maio de 2011. Elaborado por Yael Velleman e Tom Slaymaker. Agradecimentos: Este relatório da política utiliza os resultados da Investigação financiada pela WaterAid levada a cabo em colaboração com o Instituto da Água (WI) da Faculdade de Saúde Pública de Gillings, Universidade da Carolina do Norte, em 2010. As opiniões exprimidas aqui são as da WaterAid e não reflectem necessariamente as do Instituto da Água. Agradecemos em particular aos funcionários do programa nacional da WaterAid no Malawi, Nepal e Uganda pelo seu apoio e contribuições para este relatório. Este documento deve ser citado como WaterAid (2011) O problema do saneamento: O que pode e deve fazer o sector da saúde? Encontram-se cópias digitais deste e de todos os outros documentos da WaterAid em www.wateraid.org/publications. Imagem da capa de crianças no Malawi: WaterAid/Layton Thompson Relatório Índice 1. Introdução 2 2. O papel essencial do saneamento para a saúde 4 3. A insuficiência das respostas institucionais existentes 9 4. O papel do sector da saúde para solucionar os défices existentes 4.1. P rincipais défices funcionais para garantir o progresso do saneamento e benefícios conseguidos para a saúde 4.1.a Défice funcional 1: Normas e regulamentos 4.1.b Défice funcional 2: Política e coordenação inter-sectorial 4.1.c D éfice funcional 3: Provisão de programas de saneamento redimensionáveis 4.1.d Défice funcional 4: Recolha e utilização de dados 12 20 26 5. F acilitadores e obstáculos para solucionar os défices funcionais do sector da saúde 5.1.a Liderança 5.1.b Participação da comunidade 5.1.c Recursos Humanos 5.1.d Financiamento 28 28 29 29 30 6. R ecomendações para os intervenientes do sector da saúde 6.1. Política de saúde internacional e política dos doadores 6.2. Política nacional de desenvolvimento e atribuição de recursos 6.3. Política nacional de saúde e design do programa de saneamento 6.4. Outros intervenientes 31 31 32 33 34 12 13 15 1 Relatório 1. Introdução A visão da WaterAid é de um mundo onde toda a gente tem acesso à água segura e ao saneamento. Esta visão só pode ser concretizada trabalhando em colaboração com terceiros. Este relatório faz parte de um programa de trabalho em progresso que procura ir para além do sector da água, do saneamento e da higiene (WASH) para envolver actores e agências de outros sectores, particularmente da saúde e da educação, como parte de um esforço conjunto concertado para solucionar a falta de acesso a WASH e o profundo impacto que essa falta de acesso tem sobre a saúde, o bem-estar e o crescimento económico dos países e comunidades mais pobres do mundo. Quadro 1: “Sector” da saúde ou “sistema” de saúde? Os termos “sector da saúde” e “sistema de saúde” são frequentemente usados alternadamente e raramente são definidos. Para fins deste documento o termo “sector da saúde” é usado para fazer referência aos diversos actores e agências que têm um papel em melhorar a saúde (seja político, financeiro, técnico ou administrativo), enquanto o termo sistema de saúde é usado para se referir ao sistema de provisão de serviços de saúde (principalmente entendidos como serviços curativos ou paliativos). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS): “Um sistema de saúde que funciona bem responde de modo equilibrado às necessidades e expectativas da população do seguinte modo: • Melhorando o estatuto de saúde dos indivíduos, famílias e comunidades. • Defendendo a população contra o que ameaça a saúde da mesma. • Protegendo as pessoas contra as consequências financeiras da falta de saúde. • Proporcionando acesso equitativo à assistência centrada nas pessoas. • Possibilitando que as pessoas participem em decisões que afectam a sua saúde e sistema de saúde.”6 2 Relatório O relatório argumenta que a escala dos custos financeiros e humanos que derivam de se negligenciar o saneamento não pode ser ignorada; e é essencial fazer esforços conjuntos, através de sectores, que utilizem melhor os recursos existentes com base nos benefícios conseguidos até agora para melhorar a saúde global. O progresso feito em termos de saúde global, em particular da saúde infantil, vai necessitar que os profissionais da saúde e do saneamento trabalhem juntos para lidarem com a falta de saneamento. Este relatório tenta proporcionar algumas recomendações práticas sobre como facilitar este esforço conjunto. O relatório usa a investigação levada a cabo em 2010 em colaboração com o Instituto da Água (WI) da Faculdade de Saúde Pública Global de Gillings, Universidade da Carolina do Norte, EUA. A equipa de investigação analisou as características do envolvimento do sector da saúde no saneamento nos países em desenvolvimento, incluindo estruturas de governação, funções e responsabilidades do sector da saúde, e iniciativas actuais para ligar o saneamento e a saúde. Quatro países em desenvolvimento com organizações institucionais diferentes em termos de saneamento e graus diversos de cobertura de saneamento, proporcionaram o contexto para estudos de caso mais detalhados: Malawi, Nepal, Sri Lanka e Uganda.7 Os funcionários e os parceiros da WaterAid local proporcionaram grande apoio dentro dos países. Usou-se uma abordagem de triangulação para conseguir uma ideia mais completa da interacção do sector da saúde com as políticas, programas e implementação do saneamento. Recolheram-se dados usando uma gama de métodos incluindo: uma revisão da literatura académica e políticas e programas nacionais; consultas de peritos através de entrevistas pessoais no terreno com representantes dos sectores da saúde e de WASH (incluindo os funcionários das agências governamentais nacionais, organizações não governamentais e agências de apoio externo); e desenvolvimento de um inquérito interactivo online usando uma abordagem wiki8 para conseguir respostas dos intervenientes num maior número de países. O relatório completo preparado pelo Instituto da Água, no qual este relatório se baseia, encontra-se disponível separadamente como documento de contexto. 3 Relatório 2. O papel essencial do saneamento para a saúde Mais de um terço da população mundial não tem acesso ao saneamento9 melhorado – uma instalação de saneamento que garanta a separação higiénica entre as excreções humanas e o contacto humano imediato10, desse modo evitando infecções causadas pela ingestão de fezes humanas, ou contacto com as mesmas (via fecal-oral de transmissão). Às taxas actuais, o objectivo de saneamento do ODM não vai ser satisfeito a nível global até 2049; na África ao Sul do Saara, não vai ser satisfeito até ao século XXIII11. O que é o saneamento? O saneamento é a recolha, transporte, tratamento e eliminação ou reutilização de excreções humanas, águas residuais domésticas e desperdícios sólidos, e promoção da higiene relacionada com o mesmo.12 O diagrama F (figura 1) representa um resumo dos meios estabelecidos com os quais o saneamento e as práticas de higiene relacionadas com o mesmo evitam infecções. Figura 1: O “Diagrama-F” - o saneamento como obstáculo principal entre as excreções e o contacto humano13 Separação eficaz das fezes do contacto humano através de uma melhor eliminação das excreções Líquidos Campos Fezes humanas Alimentos Moscas Novo anfitrião humano Dedos Boas práticas de higiene tais como a lavagem de mãos com sabão depois de ir à casa de banho. 4 1,1 mil milhões de pessoas praticam defecação indiscriminada ou ao ar livre.14 Esta situação representa um obstáculo significativo e constante para o desenvolvimento humano e económico, devido ao impacto directo sobre a saúde, assim como impactos mais gerais sobre o bem-estar e a pobreza. Apesar de mais de 800 milhões de pessoas a nível global não terem acesso à água segura potável, este documento vai concentrarse especificamente no saneamento; a razão para esta análise é a negligência da questão do saneamento, assim como a função particular do sector da saúde na promoção do saneamento. O impacto sobre a saúde de uma cobertura global de saneamento inadequada é particularmente significativo: a Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que 7% das mortes mundiais e 8% Relatório e colegas demonstraram que 28% das mortes infantis se deviam à falta de WASH. Além do mais, calcula-se que 50% da desnutrição infantil era relacionada com diarreia repetida ou doenças relacionadas com nemátodos intestinais. As crianças nos países em desenvolvimento sofrem desproporcionadamente, existindo modelos que indicam que mais de 20% da mortalidade global e do peso de doenças das crianças dos 0 aos 14 anos de idade se deve a WASH inseguro.23 da carga global de doenças são causadas por doenças relacionadas com saneamento pouco seguro15. O saneamento pouco seguro é um grande factor de risco para as doenças diarreicas,16 a maior causa de morte em crianças com menos de cinco anos na África ao Sul do Saara17 e o segundo principal contribuidor para o peso de doenças a nível global (ver figura 2). Além do mais, as más práticas de higiene são um grande factor de risco para as infecções respiratórias, o principal contribuinte para o peso global das doenças.18 A falta de acesso a WASH está fortemente relacionada com outras doenças e infecções, incluindo infecções intestinais por nemátodos, elefantíase, tracoma e bilharziose, entre outras.19 Como se pode ver na Figura 2, a diarreia causa maior número de mortes em crianças com menos de cinco anos do que o VIH/SIDA, a malária e o sarampo combinados20 Numa análise recente dos dados de inquéritos em 172 países, os resultados demonstraram uma relação forte entre o acesso a tecnologias de saneamento e a redução da mortalidade e morbosidade infantil. O acesso ao saneamento diminuiu as probabilidades das crianças sofrerem de diarreia em 7-17%, e reduziu a mortalidade das crianças com menos de cinco anos em 5-20%. A figura 3 demonstra a tabulação cruzada da diarreia e das taxas de mortalidade infantil com o nível de tecnologia de saneamento. Demonstra que a morbosidade e a mortalidade são bastante mais baixas para as crianças com acesso a tecnologias avançadas de saneamento.24 Os impactos de WASH sobre a carga mundial de doenças foram criticamente revistos por Ustin et al em 2008.22 A revisão notou que se calcula que a falta de WASH causa 88% dos casos de diarreia a nível mundial, e apesar da mortalidade infantil anual ter diminuído desde que o relatório foi publicado em 2008, Ustin Figura 2: Causas globais das mortes infantis21 Pneumonia Outras doenças Não Transmissíveis, 4% 14% 4% Outras, 5% Outras infecções, 9% Meningite, 2% SIDA, 2% Tosse convulsa, 2% Mortes de recém-nascidos, 41% Malária, 8% Lesões, ferimentos, 3% Sarampo, 1% Tétano, 1% Anomalias congénitas, 3% 14% 1% Sépsis, 6% Asfixia durante o parto, 9% Complicações de partos prematuros, 12% Diarreia 5 Relatório Figura 3: Correlação do acesso ao saneamento com a diarreia e a mortalidade infantil25 0,20 0,18 0,16 0,14 0,12 0,10 0,08 0,06 0,04 0,02 Descarga Latrina Ar livre Ar livre Latrina Descarga 0,00 Mortalidade Infantil Diarreia relacionadas com o saneamento pouco seguro tais como infecções intestinais por nemátodos, desnutrição, tracoma, bilharziose e elefantíase, calcula-se que causaram vários milhares de mortes e um peso significativo das doenças todos os anos nos países do estudo de caso. Calcula-se que a desnutrição causou até 23% (Malawi) do peso das doenças relacionadas com WASH. Calcula-se que o total do peso das doenças relacionadas com WASH difere significativamente entre o Malawi (12%), o Nepal (11%) e o Uganda A situação reflecte-se no peso das doenças nos países do estudo de caso: a tabela 1 proporciona uma visão geral da prevalência estimada das infecções relacionadas com o saneamento nos países do estudo de caso. Em 2004 (o último ano para o qual existem dados comparativos), as doenças diarreicas causaram cerca de 6-9% das mortes e 6-8% do peso das doenças em três dos quatro países estudados: Malawi, Nepal e Uganda. Por outro lado, a diarreia causou menos de 1% das mortes e do peso das doenças no Sri Lanka. Outras doenças Tabela 1: Resumo das estatísticas sobre as mortes e deficiência devido às doenças relacionadas com WASH em 200426 População Malawi Nepal Sri Lanka Uganda Mundo 12.895.000 26.554.000 19.040.000 28.028.000 6.436.826.000 Mortes DALYsa Mortes DALYs Mortes DALYs Mortes DALYs Mortes DALYs Doenças diarreicas (% de mortes totais ou DALYs) 20.700 (9%) 674.000 (8%) 15.800 (6%) 523.000 (6%) 900 (<1%) 41.000 (<1%) 30.600 (7%) 1.035.000 (7%) 2.163.283 (4%) 72.776.516 (5%) Infecções intestinais com nemátodos 0 1.700 100 16.000 0 16.000 0 39.000 6.481 4.012.666 Desnutriçãob 3.700 211.000 2.000 157.000 100 15.000 2.500 246.000 250.562 17.461.607 Tracoma 0 5.000 0 20.000 0 0 0 87.000 108 1.334.414 Bilharziose 1.300 5.900 0 0 0 0 1.700 63.000 41.087 1.707.144 Elefantíase 0 5.400 0 119.000 0 26.000 0 68.000 290 5.940.641 903.000 (12%) 17.900 (7%) 835.000 (11%) 1.000 (<1%) 98.000 (2%) 34.800 (8%) 1.538.000 (11%) 2.461.811 (4%) 103.232.988 (7%) Total mortes nacionais / 25.700 DALYs para doenças (11%) relacionadas com WASH (% de mortes totais /DALYs) Total mortes nacionais / DALYs devido a todas as doenças para 2004 a b 6 227.100 7.575.000 238.900 7.837.000 213.400 4.469.000 405.800 14.145.000 58.771.791 1.523.258.879 Ano de vida ajustado à deficiência Somente desnutrição proteina-energia Relatório (11%) por um lado, e o Sri Lanka (2%) por outro. Além do mais, a taxa total de mortes devido às doenças relacionadas com WASH também difere de modo significativo entre o Malawi (11%), o Nepal (7%), o Uganda (8%), e o Sri Lanka (<1%). Quadro 2: Anos-Vida Ajustados à Deficiência (DALYs) Segundo a OMS, “Um DALY pode ser considerado um ano de vida “saudável” perdido. A soma destes DALYs em toda a população, ou o peso das doenças, pode ser considerada como uma medição da lacuna entre o estatuto actual de saúde e uma situação de saúde ideal em que toda a população vive até uma idade avançada, sem doenças ou deficiências. Os DALYs para uma doença ou problema de saúde são calculados como a soma dos Anos de Vida Perdidos (YLL) devido à mortalidade prematura da população e os Anos Perdidos devido à Deficiência (YLD) para casos incidentes da condição de saúde.”29 O impacto de WASH sobre a saúde nos países do estudo de caso é mais aparente quando se examinam os dados sobre a mortalidade infantil27: no Malawi, só a diarreia é responsável por 11% das mortes infantis; no Nepal, causa 14% das mortes infantis e no Uganda, 16%, em comparação com os 3% do Sri Lanka.28 A Figura 4 compara as mudanças na cobertura do saneamento de 1990 para 2008 nos países do estudo de caso assim como a nível global. O formato da “escada” do saneamento usada mostra a taxa de utilização para cada tipo de saneamento: “defecação ao ar livre” (não se usam instalações de saneamento algumas), “saneamento não melhorado” (não assegura separação higiénica das excreções humanas e do contacto humano30); “partilhado” (instalação melhorada que é partilhada entre dois ou mais agregados familiares31); e “saneamento melhorado (garante a separação higiénica das excreções humanas e do contacto humano imediato). A taxa mais elevada de defecação ao ar livre é no Nepal; por outro lado, menos de 1% da população do Sri Lanka pratica a defecação ao ar livre. A taxa da cobertura de saneamento melhorado varia bastante: 30% no Nepal, 48% no Uganda e 56% no Malawi, em comparação com 91% no Sri Lanka.32 Figura 4: Cobertura de saneamento nos países do estudo de caso e a nível global em 201033 100% 80% 60% 31 7 9 8 14 52 27 6 11 40% 0% 42 13 3 10 25 14 80 20 20% 1 4 4 56 5 4 11 1990 2008 Malawi 16 26 Não melhorado 11 7 100% 80% 60% 22 40% 39 1990 2008 Sri Lanka 17 11 14 70 31 1990 2008 Nepal Defecação ao ar livre 91 25 48 1990 2008 Uganda Partilhado 54 61 20% 1990 2008 Mundo 0% Melhorado 7 Relatório O tremendo impacto do saneamento sobre a saúde tem como resultado lucros económicos significativos sobre o investimento no saneamento, para os indivíduos, assim como para as economias nacionais. Evans et al34 determinam que esses lucros incluem poupanças directas em assistência médica tanto por parte das agências de saúde como dos indivíduos, assim como benefícios indirectos tais como dias produtivos recuperados por ano (para as pessoas dos 15-49 anos de idade); aumento da frequência à escola para as crianças; poupança de tempo (dias de trabalho recuperados), resultando do acesso mais conveniente aos serviços; e um valor elevado das mortes evitadas (com base em rendimentos futuros). O estudo também demonstrou que conseguir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) para a água e o saneamento35 pode levar a benefícios económicos substanciais, desde US$3-34 por cada US$1 investido, dependendo da região. Também há benefícios significativos para os sistemas de saúde e os recursos orçamentais; segundo a UNDP, a qualquer momento, metade das camas de hospital nos países em desenvolvimento são ocupadas por pacientes que sofrem de doenças relacionadas com o saneamento e a água,36 representando um enorme peso para sistemas de saúde já demasiado sobrecarregados. Também calcula que “o acesso universal mesmo às instalações mais básicas de água e saneamento reduziriam o peso financeiro sobre os sistemas de saúde nos países em desenvolvimento em cerca de US$1,6 mil milhões por ano e US$610 milhões na África ao Sul do Saara, o que representa cerca de 7% do orçamento de saúde da região”.37 8 Em 2008, o Programa de Água e de Saneamento do Banco Mundial (WSP) levou a cabo uma análise do impacto económico do saneamento em cinco países do sudeste da Ásia: Camboja, Indonésia, República Democrática de Laos, Vietname e as Filipinas. A investigação calculou que estes países perdem cerca de US$9 mil milhões (2005) de dólares por ano – 2% do PIB combinado – devido à falta de saneamento.38 Um estudo semelhante na Índia demonstrou que o saneamento inadequado custa à economia US$53,8 mil milhões anualmente em perda de produtividade, provisão de serviços de saúde e outras perdas - equivalente a 6,4% do PIB em 2006.39 Os dados acima proporcionam provas convincentes sobre os benefícios do investimento no saneamento - e a escala do custo financeiro e acima de tudo do preço humano de não se investir não pode ser ignorada por qualquer sector. Numa altura de crises financeiras e fluxos financeiros nacionais e de ajuda a diminuir, os esforços conjuntos fazem melhor uso dos recursos existentes e são não só sensatos mas essenciais, para usar como base os benefícios conseguidos até à data em termos de melhoria da saúde global. Obviamente, para se fazer uma melhoria real na saúde da população nos países em desenvolvimento, especialmente sobre a mortalidade infantil onde o desempenho tem sido particularmente fraco, os profissionais de saúde e de saneamento têm que trabalhar concertadamente para lidar com a falta de saneamento como sendo a principal causa da falta de saúde. Relatório 3. A insuficiência das respostas institucionais existentes A necessidade de juntar a experiência da saúde e da engenharia é auto evidente, e levou à introdução de decretos-lei sobre saúde pública e sistemas de esgotos urbanos nos países ricos. Este potencial continua em grande parte por concretizar nos países em desenvolvimento. Apesar dos profissionais de saúde reconhecerem frequentemente que o saneamento é uma pré-condição vital para níveis aceitáveis de saúde pública,40 entrevistas levadas a cabo com profissionais de saúde das hierarquias superiores para este e outros estudos41 demonstram que raramente consideram o saneamento como estando no âmbito da sua responsabilidade; em vez disso, é o problema de terceiros,42 o que é reforçado pelo facto de que o saneamento em geral é fracamente integrado no âmbito de sistemas de saúde cada vez mais curativos e paliativos, à custa das abordagens preventivas; em alguns casos, o saneamento nem sequer é considerado como fazendo parte do mandato da política do sector da saúde. Por outro lado, entrevistas com profissionais da saúde da frente de combate demonstram que apesar da promoção do saneamento seguro ser raramente um componente importante nos planos dos programas de saúde, a escala e a gravidade do problema do saneamento no terreno é tal que são mutas vezes obrigados a intervir de modo ad hoc usando recursos disponíveis e limitados. Apesar da importância fundamental do saneamento para a saúde humana e outros resultados do desenvolvimento, o saneamento é frequentemente uma prioridade baixa nas ordens do dia do desenvolvimento nacional, eclipsado pela atenção dada à água potável segura que é politicamente mais atractiva. Por exemplo, o saneamento foi inicialmente omitido da lista inicial de Objectivos dos ODMs, somente adicionado em 2002. Recentemente, o 63° relatório da Assembleia da Saúde Mundial sobre a monitorização dos ODMs, e a resolução que daí emergiu, não reconheceu que o aspecto do saneamento do Objectivo 7c do ODM não vai ser concretizado - portanto não reconhecendo a importância do mesmo para a concretização dos ODMs da saúde.43 Esta falta de atribuição de prioridade a nível global é reflectida nas políticas e prioridades nacionais, com uma grande parte do financiamento de WASH a ser atribuído à infra-estrutura de água, e os programas de saúde ambiental a sofrer de falta de financiamento e de atribuição de prioridade - o Relatório do Diagnóstico Nacional da Infra-estrutura de África do Banco Mundial de 2009 descobriu que a média das despesas públicas anuais em saneamento não é mais de 0,22% do PIB, dos quais 0,2% eram despesas recorrentes e somente 0,02% representavam investimentos novos. Como se mencionou acima, o progresso feito em termos de acesso ao saneamento continua a ser penosamente lento. Atendendo às provas convincentes proporcionadas acima sobre as ligações entre o saneamento e a saúde, não é surpreendente que o progresso feito em aspectos críticos da saúde, em especial a saúde infantil, tenha sido igualmente lento.44 9 Relatório O efeito do progresso lento na cobertura da infra-estrutura é exacerbado pelos planos e a provisão dos programas de saneamento; para além dos baixos níveis de financiamento, os programas de saneamento também se caracterizam por ciclos de projectos de curta duração que levam a que a atenção se concentre na construção de novas infra-estruturas sem a devida consideração dada à sustentabilidade e utilização da infraestrutura.45 A atenção inadequada dada à criação da procura do saneamento e às mudanças de comportamento significa que não se concretizam benefícios potenciais para a saúde. As decisões tomadas sobre a política de saneamento tendem a ser levadas a cabo a nível do governo central, enquanto os departamentos de WASH aos níveis mais baixos do governo têm frequentemente falta de pessoal e de recursos sem o alcance necessário a nível da comunidade com base regular e consistente fora do ciclo do projecto. Esse alcance a nível da comunidade é essencial para permitir a procura de saneamento, adopção de práticas de higiene robustas, e criar capacidades para construir e manter instalações de saneamento. Este alcance a nível da comunidade e a capacidade de aumentar a procura dos serviços e as mudanças de comportamento com eles relacionadas é uma área essencial em que o sector da saúde pode ajudar a concretizar o progresso do saneamento e os benefícios para a saúde relacionados com o mesmo. Esta diferença de alcance entre os sectores de saúde e de WASH encontra-se representada na figura 5. O tratamento curativo dos pacientes é apenas um dos aspectos dos sistemas de saúde, apesar de ser o mais visível para o público, e tem portanto prioridade tanto a nível político como financeiro. Mas outra função importante é a promoção das mudanças de comportamento e do estilo de vida para melhorar a saúde e evitar doenças. Essas mudanças de 10 Figura 5: Alcance comparativo dos sectores de saúde e de WASH Governo Central Saúde WASH Governo Local Autoridades distritais Assistentes de Fiscalização de Saúde / Promotores da Saúde Ciclo do projecto Comunidade Funcionários de Saúde da Comunidade Agregados familiares comportamento podem incluir a criação de procura ou adopção de serviços específicos (por exemplo, vacinas) e produtos (por exemplo redes mosquiteiras para camas). O facto de o sector da saúde estar envolvido nessas actividades há séculos e ter elaborado abordagens provadas e experimentadas para o fazer, coloca-o numa posição única em termos de experiência. Com profissionais da saúde (médicos, enfermeiras, promotores da saúde) colocados mesmo em locais rurais remotos, o sector também tem um alcance e uma influência incomparável sobre a população que serve. Os profissionais da saúde, especialmente os médicos, têm bastante autoridade, e inspiram respeito em muitas sociedades a nível mundial. Como declarou uma pessoa entrevistada no Nepal, “as pessoas ouvem os médicos mais do que ouvem os engenheiros”. A liderança dos profissionais da saúde tem sido demonstrada a nível global em esforços de grande escala e programas para a prevenção e controlo do VIH/SIDA Relatório e de doenças não transmissíveis, ambas associadas com decisões sobre o estilo de vida e exigindo estratégias que dão ênfase às mudanças de comportamento. Faltam peritos sobre mudanças de comportamento e promoção de adopção de serviços e produtos, assim como faltam âmbito e alcance dos serviços na estrutura institucional do sector de WASH, que continua a ser impulsionado pelos projectos e fortemente centrado em aspectos de engenharia e de infraestrutura46. Os aspectos de comportamento (“software”) do saneamento têm que ser solucionados sistematicamente para que haja aumento da cobertura do saneamento que resulte em melhores resultados para a saúde. O Quadro 3 proporciona uma discussão sobre o saneamento e a promoção da higiene. Todos os intervenientes do sector da saúde entrevistados concordaram que as respostas institucionais existentes para o saneamento são inadequadas dado o peso de doenças que se pode atribuir à falta de saneamento nos países em desenvolvimento. Mas o que é que o sector da saúde pode e deve exactamente fazer sobre o problema do saneamento? Quadro 3: Saneamento e “educação” ou “promoção” da higiene? Os termos “educação” e “promoção” são frequentemente usados alternadamente, mas de facto são duas abordagens muito diferentes. Segundo Curtis,47 a necessidade de uma abordagem de promoção tem como base o facto de que “conseguir que as pessoas mudem os hábitos de uma vida é difícil, leva tempo e exige recursos e competência”. No que diz respeito à promoção da lavagem de mãos com sabão, apesar de as abordagens do passado terem utilizado educação sobre a higiene (ensinando porque é que é necessário usar práticas de higiene tais como a lavagem das mãos, e como as praticar) para levar a cabo mudanças de comportamento, compreende-se agora que ter conhecimento sobre germes é insuficiente para mudar o comportamento, devido ao tempo ou despesas financeiras assim como às atitudes sociais para com a lavagem de mãos. Ao contrário da educação sobre a higiene, a promoção da higiene baseia-se na compreensão das atitudes da comunidade, conhecimentos, práticas e desejos. O facto de que depende da participação e da aplicabilidade dá-lhe melhores possibilidades de que haja mudanças de comportamento sustentáveis, assim como uma menor dependência das grandes campanhas de educação. Aprenderam-se lições semelhantes no que diz respeito à promoção do saneamento; Jenkins e Caircross documentaram as razões que levam à construção e utilização de latrinas a nível de agregados familiares, notando que a adopção de práticas de saneamento pelos agregados familiares se encontra frequentemente associada ao conforto, prestígio e segurança tanto como às considerações de saúde.48 As abordagens de promoção de saneamento bem sucedidas têm que tomar em consideração estas motivações com o fim de assegurar um impacto sustentável. 11 Relatório 4. O papel do sector da saúde para solucionar os défices existentes 4.1 Principais défices funcionais para garantir o progresso do saneamento e benefícios conseguidos para a saúde Tem-se feito pouca investigação sobre o envolvimento do sector da saúde na redução do peso das doenças causadas por falta de saneamento.49 Rehfuess, Bruce, e Bartram50 afirmam seis funções específicas do sector da saúde em relação às questões de saúde ambiental tais como a falta de saneamento. Com base nesta e noutra literatura, a investigação da WaterAid apresentada neste documento concentrou-se em quatro défices funcionais gerais que tipicamente limitam os esforços para acelerar o progresso em termos de saneamento e garantir os benefícios conseguidos para a saúde: 1. Normas e regulamentos 2. Política e coordenação inter-sectorial 3. Concretização de programas de saneamento redimensionáveis 4. Recolha e utilização de dados Estes quatro défices funcionais são usados aqui como uma estrutura para examinar os planos institucionais existentes para o saneamento nos países em desenvolvimento e identificar as potenciais funções para o sector da saúde, tanto no âmbito do seu alcance como em parceria com outros actores52, lidar com estes défices. Tabela 2: Funções e papéis do sector da saúde51 Funções do sector da saúde 12 Função 1 Normas e regulamentos • Desenvolver normas e regulamentos que protejam a saúde, apropriados às circunstâncias sociais, económicas e ambientais do país. • Monitorizar a implementação e a contribuição para a saúde da população. Função 2: Política e coordenação inter-sectorial • Criar e manter conhecimentos para seguir e influenciar as principais políticas que têm impacto sobre a saúde. • Utilizar mecanismos formais para as avaliações do impacto sobre a saúde • Estabelecer uma colaboração multi-disciplinar eficaz. Função 3: Instalações de saúde • Definir normas para as instalações de assistência médica. • Orçamentar para melhorias estruturais e melhoria de capacidades para encorajar mudanças de comportamento nos funcionários • Impor o cumprimento através de uma função de fiscalização independente Função 4: Programas específicos às doenças e integrados • Integrar factores ambientais determinantes (por exemplo, saneamento seguro) nos currículos de formação de profissionais da saúde. • Incorporar acções de saúde ambiental nos programas de saúde. • Trabalhar com os parceiros para criar consciencialização Função 5: Surtos • Manter competências para aconselhar, e levar a cabo, investigações sobre o surto. • Testar, implementar e rever procedimentos em cooperação com outros actores. • Actualizar os regulamentos e as políticas em conformidade. Função 6: Impactos, ameaças e oportunidades • Procurar evidência para as associações causais entre os factores ambientais (ex. ausência de saneamento) e saúde. • Avaliar potenciais valores e danos da inovação tecnológica e desenvolvimento de políticas. Relatório 4.1.a D éfice funcional 1: Normas e regulamentos É essencial que haja uma política e uma legislação de apoio para proporcionar uma visão clara e para estabelecer princípios e objectivos básicos para guiar as melhorias de saneamento. Em diversos dos países revistos há alguma forma de legislação histórica para a saúde pública que toma em consideração os riscos para a saúde associados com a falta de saneamento. Por exemplo, o Sri Lanka desenvolveu a primeira legislação orientada para a saúde pública no século XIX quando a Disposição Legal sobre a Saúde Pública e o Saneamento nas Pequenas Cidades, de 1892, proporcionou uma base legal para promulgar os requisitos do saneamento local. O Uganda e o Malawi criaram legislação para a saúde pública cerca da altura em que obtiveram a independência da Grã-Bretanha. O decreto-lei da Saúde Pública do Uganda, decretado em 1964, e actualizado em 2002, exige saneamento em todos os agregados familiares. O Malawi promulgou um DecretoLei em 1948 que regula os esgotos e a prevenção das doenças infecciosas mas a actualização do mesmo sob a forma do Decreto-Lei e Política Nacional de Saúde de 2010 ainda espera aprovação. O Nepal é o único país dos quatro estudos de casos que não tem um decreto-lei de saúde pública. Muito poucos países têm uma política nacional explícita para o saneamento, apesar de alguns terem esboçado políticas que não foram oficialmente acordadas e lançadas, e por isso ainda têm que ser postas em acção. No entanto, quando essas políticas existem, muitas vezes não conseguem aderência a nível dos programas, e não usam os resultados de saúde como indicadores de êxito. As políticas de saúde, por outro lado, tendem a concentrar-se nos aspectos de provisão de serviços, com menos ênfase, e portanto menos recursos humanos e financeiros, dedicados às medidas de prevenção, incluindo o saneamento. As funções do sector de saúde na promoção do saneamento incluem apoiar o desenvolvimento das normas e regulamentos que vão melhorar a saúde e encorajar a definição e adopção de práticas de saneamento seguras, para além de estabelecer mecanismos para permitir uma revisão periódica e uma actualização em resposta aos desafios emergentes. Apesar da tecnologia de saneamento ainda estar a ser desenvolvida, a contribuição do sector de saúde é crucial para assegurar que a tecnologia adoptada satisfaz os padrões de saúde necessários. No Sri Lanka, por exemplo, o sector da saúde esteve activamente envolvido no desenvolvimento de directivas para a construção de latrinas e a eliminação segura de excreções, o que contribuiu para melhorias significativas no padrão geral das instalações de saneamento nos últimos anos. O desenvolvimento de normas e regulamentos também se encontra estreitamente ligado à educação e ao aumento de conhecimentos, que são factores críticos para promover as mudanças de comportamento e para criar procura de serviços e infra-estruturas de saneamento. Considera-se que as campanhas de informação do público organizadas pelo Ministério da Saúde no Sri Lanka tiveram uma função importante para estimular a procura de melhores instalações de saneamento entre as comunidades. Um oportunidade óbvia para o sector da saúde promover mudanças de comportamento (e finalmente melhores políticas e programação) começa com um saneamento seguro no âmbito das instalações de assistência de saúde. As instalações limpas e bem conservadas proporcionam um modelo para os utentes das práticas saudáveis que podem ser implementadas nos agregados familiares, nas escolas e noutros locais e também reduz o risco de infecções no âmbito das instalações dos serviços 13 Relatório de saúde. No entanto, as instalações observadas nos países do estudo de caso sofrem de extrema falta de manutenção e, demasiadas vezes, de uma total ausência de instalações sanitárias. A disponibilidade de saneamento em funcionamento nas instalações de saúde no Nepal é gravemente inadequada. A gestão de desperdícios hospitalares e a atenção geral dada ao funcionamento físico dos hospitais governamentais e das clínicas está a melhorar lentamente como parte da atenção dada a estes aspectos na abordagem do sector da saúde em geral (SWAp) e na assistência técnica proporcionada pela OMS (com a assistência da Aliança Global para as Vacinas e Imunizações (GAVI)). No Uganda, a informação obtida dos estudos, entrevistas e visitas às instalações de saúde indicam condições sanitárias fracas em muitas instalações dos serviços de saúde. No Sri Lanka, o governo ainda não emitiu directivas específicas para o planeamento hospitalar, incluindo planos de sistemas de esgotos, e há preocupações de que as directivas estabelecidas pelo governo e o Ministério da Saúde (MoH) não foram seguidas pelos empreiteiros envolvidos nos edifícios hospitalares recentemente construídos. Com os regulamentos apropriados oficialmente em vigor, os responsáveis pelas decisões sobre a saúde podem assegurar que as instalações de saúde se encontram devidamente equipadas com instalações sanitárias que funcionam. Também podem exigir práticas de saneamento seguras por parte dos funcionários e assegurar o cumprimento através de instrução e monitorização 14 periódicas. Os profissionais do sector de saúde encontram-se bem colocados para liderar, dando o exemplo, e para demonstrar práticas apropriadas aos milhares de pacientes que tratam anualmente, assim como para fazer a promoção oportunista das mensagens de higiene através de cartazes, seminários com pacientes nas salas de espera, e conversas individuais com os pacientes (seja durante visitas de rotina tais como para as vacinas infantis ou durante visitas a casos agudos que se devem a infecções relacionadas com WASH). A monitorização e o cumprimento continuam a ser um desafio nos países estudados. O Sri Lanka tem tido mais êxito do que a maior parte dos países em reter uma rede activa de inspectores públicos de saúde que tradicionalmente combinam a promoção e a inspecção das actividades para conseguir melhores comportamentos relacionados com o saneamento na população. Há exemplos, tal como no Uganda, do cumprimento das práticas de saneamento através de outros meios, incluindo a penalização do não cumprimento dos padrões de saneamento através de multas ou sentenças de prisão, mas há preocupações de que essas abordagens possam ser menos eficazes em criar mudanças de comportamento que se traduzam em benefícios para a saúde. Apesar dos regulamentos serem cruciais para resolver os conflitos, por exemplo entre inquilinos e proprietários que não são cumpridores, é mais provável conseguir-se uma utilização real e eficaz das instalações de saneamento através de programas de apoio a nível das comunidades - uma especialidade do sector da saúde. Relatório Resultados: • Uma política, legislação e padrões mínimos claros são uma base importante para garantir os potenciais benefícios de WASH para a saúde. Alguns países têm legislação em vigor sobre a saúde pública mas muito poucos têm políticas e estratégias explícitas para resolver o problema do saneamento. • Os Ministérios de Saúde e as autoridades da saúde têm frequentemente uma função mínima na definição das políticas de saneamento e na programação do mesmo, seja lideradas ou incluídas no âmbito da divisão de saúde ambiental to Ministério da Saúde. • Quando existem políticas de saneamento, geralmente a abordagem é de um ponto de vista da engenharia (da parte da provisão), que não reconhece as implicações do saneamento para a saúde pública (e portanto, não usa as mudanças de comportamento ou os resultados para a saúde como indicadores de uma infra-estrutura de saneamento que funciona bem. • Muitos países em desenvolvimento não têm acordos sobre padrões mínimos para o saneamento (por exemplo, nas escolas e nas clínicas). Os conceitos e definições do que constitui o saneamento “seguro” ou “melhorado” ainda estão em evolução (por exemplo, a “escada” do saneamento) e exigem contribuições significativas por parte dos profissionais de saúde pública (para além da tecnologia). • Quando os mecanismos de cumprimento do saneamento se encontram em vigor, tais como regulamentos e leis municipais para habitação, frequentemente são limitadas devido à falta de fundos e de recursos humanos inadequados. É improvável que somente sanções formais possam ter como resultado benefícios para a saúde, a não ser que seja em conjunto com esforços para promover o saneamento seguro e melhores práticas de higiene. • Não se encontraram exemplos alguns, para fins deste estudo, de regulamentos ou directivas para a segurança dos pacientes e das medidas de controlo de infecções, que se relacionam com o saneamento seguro. 4.1.b Défice funcional 2: Política e coordenação inter-sectorial Assegurar o progresso do saneamento e os benefícios relacionados para a saúde do mesmo requer acções concertadas através de uma gama diversa de actores. Diversos sectores, incluindo a saúde, a educação, o ambiente, a indústria, o transporte e a infra-estrutura, dirigemse regularmente a diversos aspectos do saneamento, ou têm impacto sobre os mesmos. As acções através de sectores proporcionam um meio financeiramente prudente e mais sustentável de melhorar a saúde da população e aumentar o investimento por outros sectores, o que requer liderança, incluindo o compromisso dos funcionários das hierarquias superiores e a participação a todos os níveis. Esse tipo de liderança depende dos ministérios da saúde fazerem mais do que gerir apenas os sistemas de saúde, para assumirem uma função administrativa para promover e salvaguardar padrões aceitáveis de saúde pública, e afirmar a autoridade associada a esta função sobre as actividades dos outros sectores. Um modo de analisar os silos institucionais que dificultam a cooperação intersectorial é o estabelecimento de planos de financiamento conjuntos. Nos últimos anos, tem havido uma mudança no modo como o apoio dos doadores externos é proporcionado. Apesar dos SWAps terem, ao longo dos anos, sido acompanhados de planos de financiamento tais como “basket funds” (geridos em conjunto pelas instituições parceiras de SWAp), tem havido um crescimento recente da 15 Relatório reserva de fundos através do apoio dos orçamentos. Esses planos financeiros podem melhorar a harmonização entre actores e a conformidade com os sistemas de gestão financeira dos governos, assim como encorajar a adopção de indicadores do desempenho do sector sobre os quais houve um acordo comum. No entanto, também podem reforçar os silos do sector aumentando a competição pelos recursos (por exemplo, os ministérios da saúde podem ter relutância em partilhar os recursos orçamentais com instituições fora do “sector”, ou em gastar em intervenções que se consideram fora da área de responsabilidade do sector). Fizeram-se certos esforços nos países do estudo de caso para acabar com os silos, tais como o envolvimento dos funcionários da água e do saneamento no planeamento da saúde e nos processos de orçamentação no Nepal, e esforços semelhantes foram feitos no Malawi - mas continuam a ser principalmente ad hoc e não têm sido institucionalizados eficazmente. No Uganda, estabeleceu-se uma linha orçamental de saneamento separada com o fim de resolver a negligência financeira do saneamento assim como para permitir a monitorização dos gastos no saneamento; no entanto, na altura da elaboração deste relatório, a linha do orçamento ainda não tinha sido provida de fundos, nem tinha havido um acordo entre os três ministérios responsáveis (Ministério da Água e Ambiente (MoWE), Ministério da Saúde (MoH) e Ministério da Educação e Desporto (MoES)) sobre como estes fundos devem ser geridos. Apesar de ter havido um aumento no número de programas que exigem contribuições em diversos sectores diferentes (por exemplo, desnutrição, saúde infantil e materna), não se encontraram exemplos alguns de relatórios conjuntos pelos ministérios da água e do saneamento sobre resultados de saúde relacionados com o saneamento. Identificaram-se exemplos de mecanismos para a política inter-sectorial e a coordenação do saneamento em todos 16 os países estudados tanto a nível nacional como distrital. Podem ter a forma de um SWAp liderado pelo ministério da água ou de saúde, assim como a de grupos de trabalho estabelecidos para solucionar questões específicas tais como o saneamento. No entanto, com a excepção do Malawi, a participação do sector da saúde nos mecanismos inter-sectoriais liderada pelo sector de infra-estrutura de água e de saneamento tende a ser esporádico ou liderado pelas crises (por exemplo, em seguida a um surto de doença). Além do mais, a participação é geralmente levada a cabo pelos funcionários das hierarquias mais baixas e não satisfaz o nível hierárquico dos assistentes das instituições de água e de saneamento. A nível distrital, as estruturas de coordenação podem sofrer de falta de financiamento, falta de pessoal, e baixa capacidade, falta de autonomia para tomar decisões e ligações fracas com as instituições a nível nacional e mecanismos inter-sectoriais. No Uganda, a nível nacional, o Grupo de Trabalho do Saneamento Nacional (NSWG) tem o mandato de operacionalizar o Acordo de saneamento assinado pelo MoH, MoWE e o MoES, integrando a promoção do saneamento e da higiene nas operações do sector, e melhorando a coordenação através de sectores. O NWSG é presidido pelo WSP do Banco Mundial e consiste em ministérios do governo (Direcção para o Desenvolvimento da Água do MoWE, Divisão de Saúde Ambiental do MoH, MoES) parceiros de desenvolvimento (UNICEF, GIZ (Gesellschaft fur Internationale Zusammenarbeit)) e ONGs (WaterAid no Uganda, Plan International, UWASNET, AMREF, Netwas e Water for People). A nível distrital, a coordenação é levada a cabo através dos Comités Distritais de Coordenação da Água e do Saneamento (DWSCCs), que juntam líderes administrativos e políticos, funcionários técnicos, e representantes das ONGs e das organizações com base na comunidade para supervisionar a Relatório implementação dos programas de provisão de água e de saneamento e reforçar a colaboração e a coordenação com outros sectores e actores a nível distrital. Os DWSCCs têm um verdadeiro potencial para colaborar a nível local mas a eficácia dos mesmos pode ser dificultada pelo aumento substancial do número de distritos no país, que ainda tem que ser satisfeito pela capacidade do governo local. A estratégia de financiamento de 10 anos de promoção do Saneamento e Higiene Melhorados (ISH) para o Uganda, que define os pilares para um melhor saneamento e higiene (criar procura, prover saneamento, e desenvolver uma estrutura facilitadora para apoiar e facilitar uma aceleração do redimensionamento) ainda tem que receber apoio oficial do governo e o financiamento contínua a ser fragmentado, tendo como resultado uma implementação em pequena escala e descoordenada. No âmbito do sector de saúde, a Divisão de Promoção da Saúde e da Educação (HPE) no MoH lidera a implementação dos programas de HPE e trabalha com outras agências para rever os padrões e os regulamentos relevantes. A nível distrital, o Director Distrital de Serviços dos Agregados Familiares coordena o planeamento, a gestão e a monitorização da informação, da educação e das actividades de comunicação e trabalha com todas as agências incluindo o escritório de informação do distrito. Nos centros de saúde, as actividades de HPE são levadas a cabo por profissionais de saúde disponíveis e por equipas de saúde das aldeias, com base na necessidade e nos problemas de saúde prevalentes. No entanto, a coordenação e a colaboração entre o HPE e os DWSCCs e o NWSG para responder aos problemas de saúde relacionados com o saneamento continua actualmente a ser limitado. O Nepal não tem um Decreto-Lei de Saúde Pública para atribuir tarefas de saneamento e de saúde pública a actores específicos, o que é considerado um obstáculo importante em termos do envolvimento dos funcionários de saúde com base no distrito para que integrem as suas actividades com outros intervenientes na saúde ambiental, exacerbado pela falta de clareza no que diz respeito às responsabilidades dos Funcionários Distritais de Saúde Pública e o Oficial de Saúde Pública. Os intervenientes de saúde e de saneamento entrevistados indicaram falta de interacção através de sectores e programas, e uma abordagem sectorial estreita, aplicada pelos profissionais em ambos os sectores, e no âmbito dos sectores, com abordagens verticais (ver quadro 4 que se segue) deixando pouco âmbito para que haja interacção entre subprogramas, e muito menos com outros sectores. Um profissional entrevistado notou que sem orientação profissional para garantir a colaboração, a mesma tende a ser uma excepção em vez de ser a regra. O recente Programa de Apoio ao Sector de Saúde do Nepal (NHSSP-II) pode apresentar uma oportunidade para elaborar um decreto-lei de saúde pública e/ou uma estratégia de WASH com ligações firmes e formalizadas com as instituições de saúde. No Malawi, como resultado do desenvolvimento da Política Nacional de Saneamento (NSP) em 2008, o Ministério de Irrigação e de Desenvolvimento da Água (MoIWD) estabeleceu um Departamento de Água e Saneamento em 2009 para liderar as iniciativas nacionais de saneamento. A nível nacional, as Assembleias Distritais são responsáveis por assegurar que a política é reflectida nas estratégias para a implementação através da Estratégia de Desenvolvimento e de Programas de Melhoramento (DSIP). É bastante provável que, apesar do Departamento da Água vir a liderar a água e possivelmente a implementação subsidiada de algumas actividades de saneamento, a promoção do saneamento e a monitorização serão lideradas pelo Departamento de Saúde. Apesar do NSP ter sido adoptado pelo governo em 2008, o lançamento oficial foi atrasado diversas vezes e não se 17 Relatório Quadro 4: Água, saneamento e higiene no âmbito do segundo Programa de Apoio ao Sector da Saúde do Nepal (NHSSP II) Estão-se a fazer esforços para garantir que as questões de WASH são firmemente incluídas no âmbito do NHSSP II: • O Ministério de Saúde e da População (MoHP) designou um ponto focal para coordenar com o sector de WASH. • Em 2010, o Dia Global de Lavagem de Mãos foi celebrado a nível nacional, reunindo o MoHP e os Ministérios de Planeamento Físico e Obras Públicas, da Educação, do Desenvolvimento Local, a WaterAid e a UNICEF. • O MoHP formou um Grupo Temático de Fiscalização da Qualidade da Água para trabalhar sobre a avaliação de capacidades e desenvolver uma Directiva de Fiscalização da Qualidade da Água para o Nepal. • Formou-se um comité técnico de Saúde Ambiental e de Higiene sob o MHP/Centro Nacional de Educação de Saúde, Informação e Comunicação para trabalhar sobre questões relacionadas com WASH e proporcionar contribuições técnicas sobre questões mais amplas de saúde ambiental incluindo WASH. • A Divisão de Revitalização da Assistência Médica Primária (uma divisão recentemente criada no MoHP/Departamento de Serviços de Saúde) tem uma secção de saúde ambiental que também é responsável por questões de WASH nas zonas urbanas. • WASH foi discutido na Revisão Conjunta do Sector de Saúde em Fevereiro de 2011. O “aide memoire” que se seguiu também incluiu aspectos de WASH. espera que tenha lugar até 2011. O NSP vai ser apoiado por parceiros de desenvolvimento sob um SWAp para o saneamento, reunindo instituições governamentais e outros intervenientes relevantes. Antecipa-se que o SWAp melhore a coordenação e a participação na formulação e implementação das políticas, do planeamento e investimento no sector. A Unidade Nacional de Coordenação de Saneamento e Higiene (NSHCU) irá proporcionar a fiscalização, presidida pelo director dos Serviços de Saúde Preventiva do MoH e com o director do MoIWD a actuar como secretário executivo. Governos sucessivos no Sri Lanka deram prioridade aos investimentos na saúde e na educação o que levou, entre outras coisas, a melhorias significativas na saúde pública. O saneamento foi incorporado nas políticas de saúde do governo central desde o século XIX, e as funções e responsabilidades institucionais foram claramente articuladas historicamente através de legislação já em 1865. Um 18 sistema de saúde integrado que incorpora funções curativas e preventivas existe desde 1925, incluindo um sistema de Unidades de Saúde com responsabilidades incluindo: inquéritos gerais de saúde; recolha e estudo de estatísticas vitais; educação sobre a saúde; investigação e controlo de doenças infecciosas; saúde materna e infantil; trabalho de saúde escolar; saneamento rural e urbano. O actual Plano Principal de Saúde do Sri Lanka de 2007-201553 dá forte ênfase às acções inter-sectoriais, notando que é um “processo importante para o desenvolvimento de programas de serviços de saúde” e que “as contribuições feitas por outros sectores tais como outros ministérios governamentais relacionados [sic], o sector privado, Organizações Não Governamentais, agências internacionais e da ONU e Organizações com Base na Comunidade, não podem ser subestimadas”. Como se mostra na tabela 3, o plano também tem uma lista das agências relevantes para cada programa que se dirige aos Relatório de coordenação formal, com o objectivo de reunir actores de diferentes níveis num esforço conjunto para melhorar a saúde. objectivos do saneamento. O plano também nota que o MoH está a trabalhar para elaborar mecanismos inter-sectoriais Tabela 3: Política e coordenação inter-sectorial Entidade de coordenação de saneamento a nível nacional Política/plano nacional de saneamento Intervenientes Outras notas Esboço do Principal Plano Nacional de Higiene e Saneamento de 2010 (à espera de aprovação final) Ministério do Planeamento Físico e de Obras Públicas Geralmente a representação de saúde não inclui liderança ministerial, excepto durante as crises Política Nacional de Saneamento (NSP) 2008 (não foi formalmente lançada pelo governo) O Director do Ministério da Irrigação e do Desenvolvimento da Água (MoIWD) actua como secretário executivo. Saneamento Nacional Política de 2006 Saneamento Nacional Plano de Acção de 2008 Governo, agências doadoras, e ONGs internacionais e locais Não existe uma política oficial de saneamento; existe uma estratégia de ISH mas ainda não está operacional. Governo (MoWE, MoH, MoES, Ministério das Finanças, Planeamento e Desenvolvimento Económico, Ministério do Governo Local, Ministério do Género, Trabalho e Desenvolvimento Social), agências doadoras, Corporação Nacional da Água e Esgotos (NWSC), e ONGs internacionais e locais. Nepal Comité de Organização para Acção Nacional de Saneamento MoPPW, DWSS, MoHP, MoES, MoLD, doadores e ONGs (40 membros). Malawi Unidade Nacional de Coordenação do Saneamento e da Saúde (NSHCU) Director dos Serviços de Saúde Pública do Ministério da Saúde vai presidir o NSHCU, o MoIWD adicionou um Departamento de Saneamento e Higiene em 2009. Sri Lanka Saneamento Nacional Destacamento Especial Uganda Saneamento Nacional Grupo de Trabalho A participação do governo no grupo é somente a nível técnico Resultados: • A falta de colaboração inter-sectorial eficaz é um factor importante que leva ao progresso lento no saneamento. • Os Ministérios de Saúde e as autoridades da saúde têm frequentemente uma função mínima na definição das políticas de saneamento e na programação do mesmo, seja lideradas ou incluídas no âmbito da divisão de saúde ambiental to Ministério da Saúde. • Melhorar o acesso e mudar os comportamentos requer coordenação entre diversas agências. A maioria dos países tem uma entidade de coordenação com mandato sobre o saneamento, mas as responsabilidades, a prestação de contas e os planos de financiamento tendem a ser mal definidos. • Os SWAps têm potencial para melhorar a coordenação do financiamento para o saneamento mas também podem reforçar silos e apresentar dificuldades à colaboração inter-sectorial. • A coordenação a nível de distrito é crucial para a implementação eficaz dos programas, mas, frequentemente, as estruturas distritais não têm a autonomia necessária para responder de modo flexível aos problemas de saúde relacionados com o saneamento e tendem a sofrer de falta de recursos em termos humanos e financeiros 19 Relatório 4.1.c D éfice funcional 3: Provisão de programas de saneamento redimensionáveis Os antecedentes robustos do sector da saúde em termos de criação de procura de utilização de serviços e de criação de mudanças de comportamento foram descritos acima; esta experiência dá aos profissionais da saúde um papel essencial para garantir que se incluem práticas de saneamento seguras no âmbito do “menu” de comportamentos de saúde desejados. Diversas áreas importantes de oportunidade incluem programas específicos e integrados para certas doenças, clubes de saúde da comunidade, e iniciativas de saneamento nas escolas. Os programas específicos para certas doenças no Nepal são fortemente influenciados pelas prioridades dos doadores sem necessariamente terem em consideração as prioridades nacionais de saúde, levando, entre outras coisas, a uma competição pouco saudável entre os diversos programas, à fragmentação e à falta de coordenação e de partilha de recursos (desse modo deixando de maximizar a eficiência assim como exacerbando as barreiras à colaboração inter-sectorial), e a um aumento da carga sobre os profissionais de saúde e os administradores. Diversos entrevistados no terreno sugeriram que as prioridades dos programas devem ser impulsionadas pelo peso das doenças existentes (e tomar em consideração as crianças como uma categoria separada) em vez de pelas prioridades dos doadores. Esse factor, juntamente com a ausência de linhas claras de responsabilidade para o saneamento no âmbito do Ministério da Saúde e da População tem implicações para a capacidade de se incorporar o saneamento de modo eficaz na programação de saúde. O Malawi tem diversos programas específicos para certas doenças que poderiam potencialmente ser ligados ao saneamento, mas actualmente há pouca interacção horizontal entre estes programas. 20 Os profissionais da saúde em todos os programas têm uma função importante na educação dos pacientes e em encorajar mudanças de comportamento. A integração de conceitos e práticas de saneamento, tais como a importância da instalação e manutenção adequadas de latrinas nos programas específicos para certas doenças e dos serviços de saúde primária, aumentariam de modo significativo o apoio actual. A promoção da saúde e a comunicação devem apoiar todos os programas de saúde pública, e proporcionam uma oportunidade importante para programas de apoio e programas redimensionáveis. O saneamento seguro pode ser incorporado na provisão de programas como prática fundamental na maior parte, se não em todos, os programas - seja verticais ou horizontais. Por exemplo, a promoção do saneamento e da higiene pode ser integrada nos programas de VIH/ SIDA com o fim de reduzir o risco de infecção nos pacientes com sistemas imunitários comprometidos e reduzir o potencial impacto adverso das estratégias para a prevenção da transmissão mãe para filhos.56 Exemplos de integração nos programas específicos para certas doenças: Apesar de se terem identificado poucas instâncias de incorporação de recomendações para saneamento seguro no âmbito de programas específicos para certas doenças durante as entrevistas, obtiveram-se alguns exemplos muito bem sucedidos da literatura revista. Por exemplo, a investigação no Uganda demonstra que proporcionar latrinas às pessoas que vivem com VIH/SIDA diminuía o risco de diarreia em 31%.57 O Sri Lanka proporciona um dos poucos exemplos em que a redução das doenças relacionadas com o saneamento pouco seguro é incluído como um resultado mensurável dos programas de saúde. O Plano Principal de Saúde, como mostra a tabela 4 que se segue, proporciona Relatório Quadro 5: Programas específicos integrados para certas doenças. Tem havido bastante debate nos últimos anos sobre as vantagens e desvantagens dos programas de saúde verticais em comparação com os integrados. As abordagens verticais visam uma doença ou questão específica e são consideradas por algumas pessoas como sendo mais viáveis devido ao que se acha que são os resultados mais imediatos e quantificáveis. As abordagens horizontais dão maior ênfase à sustentabilidade a longo prazo através de uma visão mais generalizada da saúde.54 No fim dos anos oitenta e princípio dos noventa, muitos países aplicaram abordagens de serviços de saúde primária ou integrada (tal como a Abordagem da Gestão Integrada das Doenças Infantis, que usou um pacote de intervenções essenciais para a saúde da criança). No entanto, devido à falta de êxitos quantificáveis, entre outras coisas, as organizações e agências internacionais começaram a concentrar-se nas iniciativas específicas a certas doenças, deixando de fora os programas integrados de gestão da infância (por exemplo, no Nepal.) Até à data, gastaram-se milhares de milhões de dólares nestas “iniciativas globais de saúde”, que têm frequentemente um forte apoio político, e em campanhas internacionais específicas para certas doenças. À medida que as iniciativas se desenvolvem e as lições aprendidas são de novo introduzidas nos planos das abordagens globais de saúde, o problema tem-se tornado mais complexo. Uma revisão da literatura feita recentemente55 declara que há “....poucas ocasiões em que há a integração completa de uma intervenção de saúde ou em que uma intervenção é completamente não integrada. Em vez disso, há um quadro muito heterogéneo tanto da natureza como da amplitude da integração. Os sistemas de saúde combinam tanto intervenções integradas como não integradas, mas o equilíbrio destas intervenções varia consideravelmente”. um exemplo de um modelo que inclui objectivos de saneamento no âmbito de diversos programas específicos para certas doenças tais como o VIH/SIDA, a hepatite, a diarreia, e o controlo de doenças transmitidas pela água. Além do mais, os objectivos do plano incluem resultados mensuráveis tais como redução de doenças conforme medidas por registos hospitalares, e redução da mortalidade. No Uganda, o MoWE desenvolveu uma estratégia para proporcionar directivas sobre como integrar as abordagens, para incluirem pessoas que vivem com VIH/ SIDA na provisão de serviços de água e saneamento. A estratégia não propõe actividades separadas mas em vez disso usa como base e incorpora actividades relacionadas com o VIH/SIDA nos planos de trabalho existentes do sector a médio e a longo prazo. Programas integrados Cada um dos países examinados no estudo de caso usa voluntários ou funcionários pagos para proporcionar promoção de saúde e de saneamento a nível de agregados familiares; no entanto, com a possível excepção dos funcionários de saúde do Malawi e do Sri Lanka, o saneamento seguro não se encontra incluído no âmbito das abordagens dos serviços de saúde, que tendem a limitarse a intervenções curativas. Para além do mais, os países atribuem recursos mínimos às visitas no terreno, como demonstrado no Uganda e no Sri Lanka. Em vez de levar a cabo visitas a aldeias e agregados familiares, os funcionários da saúde operam principalmente nas clínicas e nas instalações de saúde das comunidades. Actualmente, os programas específicos para as doenças concentramse principalmente em medidas curativas, enquanto os factores que exacerbam as 21 Relatório Tabela 4: Programas relacionados com o saneamento no âmbito do Plano Principal de Saúde do Sri Lanka 2007-2016 Título do programa de provisão de serviços de saúde 1.4 Programa de controlo de doenças 1.4.2.bControlo de Doenças Transmissíveis: Controlo de DST/SIDA 1.4.2.d4 Controlo de Doenças Transmissíveis: Controlo de Doenças Imunizáveis: Prevenção e Controlo de Hepatite Viral 1.4.2.fControlo de Doenças Transmissíveis: Alimentos e Doenças Transmitidas pela Água: Controlo/Prevenção e Controlo de Doenças Diarreicas 1.4.2.gControlo de Doenças Transmissíveis: Controlo de Doenças Transmitidas pela Água - 2 1.5 Programa para populações vulneráveis 1.5.7 S aúde das Pessoas nos Bairros Degradados Urbanos 1.5.8 Saúde nas Escolas Pontos focais Agências relevantes Intervenções simples tais como melhorar o nível de higiene e de saneamento dos agregados familiares assim como consciencializar as pessoas sobre estas questões - o que são e como funcionam, e acesso à informação sobre questões relacionadas com a água, a higiene e o saneamento podem diminuir o peso da doença e a miséria especialmente entre as pessoas com poucos serviços e as pessoas pobres. O Ministério da Saúde, as Autoridades de Saúde Provinciais, o Abastecimento Nacional de Água e o Conselho de Drenagem, as Autoridades Locais, o Ministério das Plantações e Infraestrutura. O estatuto de saúde de uma população depende das condições de vida e da provisão de água e de saneamento. Temos que ter uma abordagem multisectorial para a prevenção da saúde e estratégias de promoção e deve usar-se a tecnologia apropriada para prover os serviços. A maior parte das actividades têm que ser trabalhadas com o Conselho de Água e o Conselho Municipal ou os conselhos urbanos. Também temos que usar os sistemas e mecanismos existentes para implementar os programas. O Ministério da Saúde, as Autoridades de Saúde Provinciais, o Abastecimento Nacional de Água e o Conselho de Drenagem, as Autoridades Locais, o Ministério das Plantações e Infraestrutura. Ministério da Educação, Autoridades Provinciais de Educação Levar a cabo um Inquérito anual de Saneamento nas Escolas e os dados são proporcionados ao Ministério da Educação e a outros Ministérios e Departamentos relevantes. Disponibilidade da provisão de saneamento e água. Percentagem de Funcionários de Saúde proporcionando dados ao Oficial Médico/Saúde Materna e Infantil. Quadro 6: Lições da Etiópia No Norte da Etiópia, a Agência Regional de Saúde de Amhara e o Centro Carter trabalham em conjunto para prover educação sobre a saúde a quase 3.500 comunidades. Como parte do programa de prevenção do tracoma, desenvolveram-se materiais que também se concentram em melhorar o saneamento promovendo a construção e utilização de latrinas nos agregados familiares, e construíram-se latrinas modelo em locais públicos, usando materiais locais. Desde 2002, construíram-se mais de um milhão de latrinas em agregados familiares usando apenas recursos mínimos para formar líderes locais e agentes de divulgação da saúde. Ao encorajar o apoio político, a política governamental e a educação da comunidade, o acesso às latrinas aumentou de 6% para um pouco mais de 50% dos agregados familiares em apenas um ano. A investigação de seguimento indica que a participação nas actividades de educação sobre a saúde foi um indicador significativo para prever a propriedade das latrinas. Além do mais, o compromisso político do governo local e a mobilização intensiva da comunidade foram duas razões fundamentais para o aumento substancial da cobertura de latrinas.58 Ao transformar a propriedade das latrinas num objectivo do governo local, os líderes ficaram com o poder de penalizar os agregados familiares recusando-se a instalar latrinas se necessário. Apesar de não se terem usado sanções, que se saiba, a simples possibilidade das penalizações adicionou um elemento de urgência e legalidade ao programa. A investigação de seguimento demonstra que a prevalência elevada de latrinas e a utilização das mesmas ainda existia mais de três anos depois, demonstrando o impacto positivo da integração do saneamento num programa específico para as doenças por definição.59 22 Relatório doenças, tais como a falta de saneamento, frequentemente não são solucionados. Por exemplo, a maior parte dos programas de saúde do Nepal e do Uganda não incluem saneamento seguro. No entanto, o Programa de Apoio ao Sector de Saúde do Nepal II (NHSSP-II) de 2010-2015, que foi proposto, inclui tanto aspectos de saneamento como de inspecção da qualidade da água. As acções no âmbito do NHSSP-II incluem: a) promover a higiene e o saneamento através da infra-estrutura institucional existente; b) promover a higiene e o saneamento em conjunto com outros serviços essenciais de assistência de saúde para integrar a promoção da higiene e do saneamento; e c) em parceria com agências relacionadas, estabelecer um sistema de inspecção da qualidade da água e promover a utilização da água segura. No âmbito do programa, o Ministério da Saúde adicionou diversos serviços ao pacote existente de Serviços Essenciais de Assistência à Saúde (EHCS), incluindo a promoção da higiene e do saneamento em parceria com outras agências. No Malawi, os Assistentes de Inspecção da Saúde que trabalham directamente com as comunidades e interagem com as comunidades de saúde das aldeias, dirigemse ao saneamento no âmbito do pacote de EHCS, mas a falta de pessoal apresenta uma dificuldade constante. Ao contrário dos outros três países, o Sri Lanka promove o saneamento através das ordens do dia para doenças específicas e saúde primária, assim como as campanhas de informação do público lideradas pelo Ministério da Saúde mencionadas acima. O Uganda proporciona outro exemplo de integração, em que o MoWE desenvolveu uma estratégia para proporcionar directivas sobre a integração de questões de VIH/SIDA na provisão de água e de saneamento. A estratégia não propõe actividades separadas mas em vez disso usa como base, e incorpora, actividades relacionadas com VIH/SIDA nos planos de trabalho do sector a médio e a longo prazo. Clubes de Saúde da Comunidade A abordagem de desenvolvimento da comunidade dá ênfase à melhoria de capacidades de baixo para cima, para solucionar os factores determinantes da saúde, tais como o saneamento seguro. No Uganda, desde 2003 que se usam equipas de saúde das aldeias (VHTs), que consistem de membros voluntários da comunidade, para melhorar o estatuto de saúde dos membros da aldeia através de processos de capacitação de mobilização da comunidade e de participação na provisão, gestão, e melhoria de práticas Quadro 7: Lições do Paquistão O programa das Senhoras Funcionárias de Saúde do Paquistão (LHWs), estabelecido no início dos anos noventa, proporciona um exemplo de programação integrada identificada na literatura. Hoje em dia, mais de 100.000 LHWs proporcionam a base fundamental da abordagem da assistência médica primária. Em pelo menos duas avaliações de seguimento do programa, a incidência de diarreia foi reduzida em comparação com as populações que não recebiam visitas das LHWs.60 O programa de LHW conseguiu fazer frente à tendência internacional, proporcionando um serviço com impactos de saúde tangíveis, através da redução da diarreia na infância. No entanto, uma revisão da cobertura de saneamento do Paquistão demonstra que actualmente, somente 45% da população tem uma cobertura de saneamento melhorada,61 destacando a complexidade da ligação entre uma maior cobertura de saneamento e a redução da diarreia (ou seja, a existência de uma latrina não significa que está a ser usada ou mantida de modo higiénico para poder assegurar a separação entre os seres humanos e as fezes). 23 Relatório de saúde a nível de agregado familiar. No âmbito do pacote mínimo de serviços de saúde, as VHTs proporcionam serviços no âmbito de uma gama de aspectos de serviços de saúde primários, incluindo o controlo da diarreia e práticas de gestão com base nos agregados familiares para um saneamento seguro. Os VHTs não são formalmente remunerados, mas os líderes locais e as ONGs apoiam-nos através de oportunidades de formação e provisão de bicicletas e alguma compensação. Apesar dos VHTs não terem sido introduzidos em todo o lado (foram estabelecidos aproximadamente em 77,5%62 dos distritos mas os entrevistados declararam que somente cerca de um terço dos distritos formaram VHTs em todas as aldeias), a experiência demonstra que, nos locais onde actuam, se notou uma melhoria nas práticas de saneamento. No Malawi, empregam-se promotores de saneamento e de higiene para proporcionar informação, educação e comunicação usando métodos tais como teatro e música. Os promotores são responsáveis perante os Assistentes de Inspecção de Saúde (HSAs) e podem potencialmente ser incorporados no quadro dos HSAs. Quadro 8: Abordagens com base na comunidade para a promoção da saúde exemplos de África: Os benefícios das abordagens com base na comunidade foram investigados em diversos países africanos. Usando a informação recolhida durante mais de 15 anos de criação e seguimento de projectos experimentais em diversos países africanos, Juliet Waterkeyn63 demonstrou que a abordagem do clube de saúde da comunidade (CHC) é um modelo económico que cria uma forte procura pelo saneamento e uma cultura de comportamento saudável. Waterkeyn e colegas usaram a promoção da higiene (em coordenação com agências de saúde) para aumentar a procura do saneamento. Dados do Zimbabwe, Uganda, e África do Sul demonstraram níveis elevados de respostas da comunidade através dos CHCs. Os funcionários da saúde proporcionaram seis meses de sessões semanais económicas de promoção da higiene que tiveram como resultado que a cobertura de latrinas aumentasse para 43% em contraste com os 2% da área de controlo. Perante a falta de opções de hardware de latrinas e dos limites financeiros para a compra de hardware, os restantes 57% adoptaram o enterro de fezes, um método anteriormente desconhecido dos membros da comunidade que, apesar de não ser ideal, significa uma compreensão da necessidade de remover as excreções do meio ambiente imediato. Nas zonas rurais, o conceito de “zero defecação ao ar livre” foi entusiasticamente sancionado pelos CHCs. Apear do êxito dos CHCs, Waterkeyn nota que o envolvimento do sector da saúde nos CHCs do Uganda de 2003 a 2005 foi mínimo, devido à falta de disponibilidade dos funcionários e de transporte para os mesmos. A nível distrital, os funcionários de saúde assistiram a workshops e depois retiraram o seu compromisso de levar a cabo a formação da comunidade se não se proporcionasse pagamento diário. No entanto, a nível nacional, o Departamento de Saúde Ambiental iniciou recentemente esforços para se dirigir ao saneamento inseguro desenvolvendo um toolkit padrão de formação sobre “transformação participativa de higiene e saneamento” (PHAST) com uma equipa que leva a cabo sessões de formação num distrito. Apesar da integração da promoção da saúde e do saneamento através dos CHCs no Uganda ter tido menos êxito, os resultados noutros sítios merecem exploração adicional. 24 Relatório Os promotores organizam reuniões periódicas sobre o progresso e promovem práticas de WASH, incluindo a instalação e manutenção devida de latrinas. Desde 1997 que o Malawi tem um programa para o desenvolvimento da primeira infância, mais tarde desenvolvido para vir a ser a Gestão Integrada do programa de Doenças da Infância (ICMI) que cobre 11 dos distritos mais pobres do Malawi. Neste processo, os grupos da comunidade reúnem-se para analisar a saúde, a nutrição e os problemas de desenvolvimento e decidir sobre as acções necessárias para os solucionar. Os grupos lidaram com a higiene, o saneamento, a amamentação, e a alimentação suplementar, e centros de assistência à infância estabelecidos com base na comunidade, geridos por voluntários da comunidade formados. Até ao ano 2000, o programa alcançou 1.179 aldeias nos 11 distritos. Em 2004, uma avaliação descobriu mudanças significativas nas práticas de amamentação, idade de introdução de alimentos suplementares, eliminação de fezes, e utilização de sal com iodo. Por outro lado, não se descobriram diferenças algumas nas práticas de lavagem de mãos ou na utilização dos serviços de saúde pré-natal. No Nepal, aproximadamente 47.000 Voluntárias de Saúde da Comunidade recrutadas pelo sector de saúde estão a tornar-se cada vez mais importantes em termos de melhorias da saúde. Esta abordagem pode ser usada a nível local para proporcionar apoio às melhorias de capacidade para a promoção do saneamento, uma vez que os voluntários já estão envolvidos em gerir os casos de diarreia no âmbito do programa de IMCI. A coordenação através de sectores e o entendimento entre os sectores de saúde e de WASH é crucial para o êxito desta abordagem. Também há grande potencial para sinergias com projectos de ONGs que usam técnicas de Saneamento total liderado pela comunidade (CLTS) para tentar consciencializar as comunidades sobre os perigos da defecação ao ar livre e para encorajar mudanças de comportamento e criar procura de saneamento melhorado. Resultados: • A aceitação da promoção e a utilização do saneamento é um desafio constante e a ausência do mesmo é um obstáculo ao progresso da cobertura do saneamento, mas é raramente um componente explícito nos planos dos programas de saúde. • As práticas e os programas dos funcionários locais de saúde concentram-se tipicamente nas doenças e raramente tomam em consideração ou integram o saneamento como estratégia para reduzir o peso das doenças (diarreicas e outras). • O saneamento é raramente incluído nos programas e serviços de assistência de saúde primária ou integrado de modo significativo nos programas específicos para doenças (por exemplo, VIH/SIDA) ou integrados (por exemplo, IMCI), mas há exemplos em que se tem tido êxito em o fazer (por exemplo, o Plano Principal de Saúde do Sri Lanka). • A implementação local de políticas e de programas de saneamento proporciona uma boa sincronia com os objectivos de saúde pública assim como o potencial para melhores resultados em termos de saúde. Há provas que sugerem uma relação positiva entre a promoção da saúde a nível da comunidade e dos agregados familiares e a propriedade e utilização de latrinas. 25 Relatório 4.1.d D éfice funcional 4: Recolha e utilização de dados A recolha de dados é de importância crítica para os funcionários da saúde, os planeadores e os políticos seguirem as tendências e monitorizarem a eficácia dos programas de saúde. A qualidade dos relatórios depende da qualidade dos sistemas nacionais de informação de saúde, que tendem a ser fracos em muitos países em desenvolvimento.64 Por exemplo, as taxas de mortalidade devido à diarreia podem ser pouco participadas quando são a causa subjacente em vez da causa imediata da morte (ou seja, a causa imediata da morte pode ser SIDA ou malária).65 Além do mais, nem todos os casos de diarreia são tratados em instalações de saúde, o que significa que nem todas as mortes causadas por diarreia ocorrem nestas instalações - outra razão potencial para tanto a mortalidade como a morbosidade diarreica não serem totalmente participadas. O papel do sector de saúde no que diz respeito a isto inclui participar na recolha de dados e mecanismos de partilha de informação para alterar a programação da saúde de uma orientação “reactiva” para “preventiva”. Até que ponto isso sucede nos países do estudo, varia de modo significativo. O Nepal tem um Sistema de Informação de Gestão da Saúde (HMIS) robusto que produz uma variedade de informação detalhada para a provisão de serviços, complementado por inquéritos periódicos aos agregados familiares e às instalações que produzem dados mais difíceis de recolher através dos relatórios de rotina. Os inquéritos também revelam as desigualdades na utilização do serviço de saúde e recolhem opiniões sobre a qualidade dos serviços proporcionados. 26 Os dados dos agregados familiares e da provisão de serviços são usados para validar os dados do HMIS. No Uganda, o Plano Estratégico do Sector de Saúde (HSSP II) indica a necessidade de melhorar a utilização do HMIS com o fim de facilitar a recolha de dados exactos e fiáveis de modo oportuno. Espera-se que esses dados melhorem os processos de planeamento a todos os níveis. Melhorar a sensibilidade do sistema para com a informação específica a géneros e a doenças vai permitir que se compreendam melhor as desigualdades na saúde e as mudanças necessárias para a gestão e o planeamento das instalações e serviços de saúde. Formou-se um comité multi-sectorial de preparação e resposta às epidemias em todos os distritos, que provou ser útil para gerir as epidemias. Continuam a existir algumas dificuldades tais como a falta de pessoal com as competências necessárias para gerir as epidemias de modo eficaz, falta de recursos, e falta de capacidade de dar prioridade a essas actividades a nível distrital. O Malawi tem um HMIS gerido pelo Departamento de Planeamento do MoH, que actua como a principal fonte de dados para o sistema de monitorização e avaliação do sector de saúde. O sector de educação usa um sistema equivalente (EMIS). O Departamento Nacional de Estatística (NSO) também proporciona dados para muitos indicadores essenciais através de relatórios que compilam os resultados dos inquéritos nacionais, tais como o Inquérito Demográfico e de Saúde e o Inquérito de Grupos de Indicadores Múltiplos. O SWAp de provisão de água e de saneamento pede que um Sistema Relatório de Informação de Gestão da Água e do Saneamento (WSMIS) proporcione uma análise e planeamento eficazes através do acesso a informação válida e oportuna, e especifica a necessidade de coordenar conjuntos e sistemas múltiplos de dados já existentes; mas na prática só tem havido uma ligação limitada entre o desenvolvimento contínuo dos sistemas de HMIS, EMIS e WSMIS. Os funcionários da saúde no Nepal, Uganda e Malawi raramente utilizam o HMIS para monitorizar as tendências das doenças relacionadas com o saneamento e para visar as intervenções de saneamento em conformidade. Em vez disso, os HMISs são principalmente usados em alturas de crise. Exemplos de eventos que poderiam ter sido mitigados através de uma fiscalização mais eficaz incluem os surtos de cólera na região de Jajarkot do Nepal, e ao longo das margens do Lago Malawi, e um surto de hepatite E no Norte do Uganda. Apesar dos dados serem frequentemente participados regularmente, não são analisados de rotina, resultando em oportunidades perdidas para reduzir a frequência e/ou severidade dos surtos de doenças. Em comparação, o Sri Lanka leva a cabo uma recolha de dados e monitorização contínuas empregando epidemiologistas regionais para seguir os padrões das doenças, incluindo doenças relacionadas com WASH. Uma vez que uma das principais responsabilidades é a monitorização distrital, estes epidemiologistas têm a autoridade e recursos para fazer o seguimento quando necessário. As responsabilidades desses epidemiologistas estão também directamente ligadas à monitorização para reduzir as doenças relacionadas com WASH. Este é um exemplo raro de um programa de saúde que inclui objectivos específicos para os resultados em termos da redução de doenças relacionadas com saneamento inseguro. Resultados: • Os dados e as análises não são habitualmente partilhados entre sectores, especialmente a nível distrital, resultando em oportunidades perdidas para identificar e visar as populações vulneráveis (por exemplo, áreas de rendimentos baixos, povoações urbanas não planeadas, ou áreas propensas a surtos de doenças). • Há grandes fraquezas no âmbito dos sistemas de gestão da informação dos respectivos sectores (incluindo uma falta de informação relacionada com o saneamento no HMIS, assim como falta de informação sobre a saúde em WASH MIS). • Com a excepção do Sri Lanka, os dados existentes sobre as infecções e doenças relacionadas com o saneamento são frequentemente integrados no âmbito dos planos, implementação e monitorização dos programas de saneamento. • Muitas vezes falta informação crítica para fazer o seguimento das atribuições de orçamentos e despesas a nível nacional, distrital e local para o saneamento. Para além do mais, a informação sobre o impacto/rentabilidade das intervenções de saneamento é frequentemente inadequada para uma gestão eficaz de programas com base nos resultados e atribuição de recursos. 27 Relatório 5. Facilitadores e obstáculos para solucionar os défices funcionais do sector de saúde Durante esta investigação identificaram-se diversos facilitadores e obstáculos comuns que contribuem para a implementação das funções do sector de saúde descritas acima, ou as dificultam. Incluem aspectos relacionados com a liderança, o financiamento, os recursos humanos, e a participação da comunidade. 5.1.a Liderança O apoio da liderança do sector de saúde é crucial para a implementação sustentável, a longo prazo, das mudanças, nas políticas e nos programas. Os líderes no âmbito do sector de saúde têm primeiro que determinar que saneamento é relevante para a concretização dos objectivos do sector e para se conseguirem melhores resultados em termos de uma melhor saúde, e que represente também uma possível poupança para os recursos do sector. Nos países estudados, identificaram-se poucos exemplos robustos de liderança do sector de saúde que apoie e facilite activamente o saneamento seguro. O Presidente do Sri Lanka exprimiu o seu interesse pessoal em assegurar que a cobertura de saneamento continue a aumentar, usando todos os recursos possíveis do governo e outros. Por outro lado, o estado actual da política no Nepal tem impedido o progresso em termos de política e programação de saneamento. Os líderes da saúde no Malawi e no Uganda sentem-se confundidos pelas limitações institucionais e as dificuldades para implementar diversas iniciativas globais de saúde, e apesar de no Uganda se ter assinado um Memorando de Acordo entre os três ministérios responsáveis pelo 28 saneamento, o progresso é limitado por não haver uma política clara, recursos financeiros e capacidades a nível distrital. Um exemplo positivo do progresso no saneamento impulsionado pela liderança é proporcionado pelo Ministério da Saúde Pública e do Saneamento no Quénia, que está a liderar o impulso para reduzir as desigualdades na saúde do país causadas por diversas questões que incluem o saneamento inseguro.66 Em Março de 2010, o Ministro lançou Policy guidelines on control and management of diarrhoeal diseases in children under five years (Directivas sobre a política de controlo e gestão das doenças diarreicas nas crianças com menos de cinco anos), que incluem uma provisão para o saneamento com uma intervenção preventiva rentável a ser incorporada nas actividades de controlo da diarreia.67 A participação do Nepal na Conferência bienal do Sul da Ásia sobre o Saneamento (SACOSAN) é um ímpeto essencial para satisfazer o objectivo do Nepal de conseguir cobertura universal de saneamento até 2017. A delegação do Nepal às conferências passadas da SACOSAN incluiu gestores das hierarquias superiores do Ministério da Saúde. O Nepal vai organizar e ser o anfitrião da SACOSAN V, actualmente programada para 2012. Relatório 5.1.b Participação da comunidade A participação e mobilização da comunidade são essenciais para a sustentabilidade dos programas a longo prazo. Quando se planeiam os programas com contribuições locais, é mais provável que se consigam resultados duradouros. O Sri Lanka há muito que adoptou a participação da comunidade nos projectos locais de água e saneamento68; um exemplo recente foi o projecto de recuperação pós-tsunami no distrito de Galle. Os aldeões estão a aprender sobre práticas de WASH seguras dos funcionários de saúde locais, ao mesmo tempo que monitorizam a construção de infraestruturas e instalações de saneamento. O programa de promoção de latrinas na região de Amhara da Etiópia mencionado acima é outro exemplo relevante. 5.1.c Recursos Humanos É necessário que haja uma mão-de-obra bem organizada, formada, apoiada e supervisionada para maximizar resultados de saúde sustentáveis.69 A questão dos incentivos é também crucial, não só para a motivação geral da mão-de-obra mas também, crucialmente, para uma melhor integração do programa de saúde, conforme discutido no quadro 9 que se segue. Os países em desenvolvimento são particularmente susceptíveis à falta de funcionários de saúde, uma vez que muitos trabalhadores se vão embora para conseguirem empregos mais bem pagos nos países mais ricos, e os funcionários com boa formação e experientes, se ficam no país, tendem a concentrarse nos centros urbanos ou nas áreas afluentes, criando desigualdade entre as regiões e exacerbando as dificuldades da descentralização. As questões dos recursos humanos foram identificadas em cada um dos países estudados. O Uganda e o Malawi têm grandes lacunas em termos de funcionários dos serviços de saúde - até 50% em alguns distritos. Para além destas lacunas, também falta formação e educação. Uma revisão recente das necessidades de informação dos funcionários dos serviços de saúde nos países em desenvolvimento identifica a questão da “pobreza de informação”, que deixa os funcionários sem acesso à informação de que necessitam para levar a cabo o seu trabalho como devem.70 29 Relatório Quadro 9: A função dos incentivos Os profissionais da saúde podem influenciar a utilização de práticas seguras de saneamento através das suas responsabilidades diárias. Os responsáveis pelas políticas a nível ministerial e outros níveis executivos podem legislar ou determinar que o saneamento seja incluído como prioridade nos programas de trabalho dos serviços de saúde. Os funcionários dos serviços de saúde e os promotores da saúde podem orientar os pacientes e o público sobre práticas seguras de saneamento e os benefícios das mesmas. Especialistas em informação podem trabalhar para seguir as tendências da saúde influenciadas pelo saneamento para que os responsáveis pelas políticas e os educadores possam responder de modo adequado. Mas essas acções exigem os incentivos correctos. O desempenho dos profissionais de saúde tais como médicos, enfermeiros e administradores raramente é avaliado em relação às actividades de promoção da saúde. Mesmo quando essas actividades são incluídas na avaliação do desempenho, concentram-se nos resultados tangíveis em vez de resultados tais como a redução das infecções relacionadas com o saneamento. Quando se espera que as instalações dos serviços de saúde com poucos funcionários concretizem essas acções, esta expectativa tem que ser acompanhada por recursos humanos, técnicos e financeiros suficientes, e incluídos nas avaliações do desempenho. Ao mesmo tempo, aspectos da saúde ambiental tais como o saneamento e a higiene têm que ser incluídos nos currículos médicos e de enfermagem para poderem receber prioridade por parte dos profissionais de saúde, em vez de serem vistos como sendo a responsabilidade de voluntários ou de promotores. Uma abordagem desse tipo toma em consideração a forte influência que os profissionais de saúde, particularmente os médicos, têm sobre as percepções do público do que é um “comportamento saudável”. 5.1.d Financiamento A dimensão, previsibilidade e oportunidade dos recursos financeiros é um elemento essencial para programas de saúde e de saneamento eficazes e que funcionam bem. Apesar da competição por recursos financeiros limitados poder inibir a cooperação enquanto cada instituição protege ciosamente o seu próprio orçamento limitado, se for abordada correctamente, pode encorajar os profissionais de saúde a procurar soluções criativas para usarem os recursos de modo mais eficaz. As parcerias intersectoriais podem conseguir objectivos múltiplos com fundos limitados. Levar a cabo programas de apoio sem explorar potenciais parcerias de financiamento pode resultar em oportunidades perdidas para se alcançarem públicos adicionais com os mesmos fundos. 30 Para além das dificuldades dos dados de saúde descritos, é necessário fazer recolha de dados financeiros para incluir atribuições e gastos do orçamento no saneamento. No âmbito dos países do estudo de caso, não existem mecanismos coordenados para seguir atribuições e despesas do orçamento a nível nacional, distrital e local. Para além do mais, obter as despesas totais no país relacionadas com o saneamento é quase impossível devido às diversas fontes de financiamento governamentais e não governamentais. Relatório 6. R ecomendações para os intervenientes do sector da saúde Para haver melhor saúde, é necessário, mas não suficiente, que haja uma infra-estrutura de saneamento. O facto de os intervenientes no sector da saúde não trabalharem em conjunto com os seus equivalentes do sector de WASH para solucionar défices funcionais essenciais está a limitar o progresso do saneamento, e dos resultados de saúde com o mesmo relacionados. Os actores do sector de saúde a nível internacional, nacional e local podem levar a cabo diversas acções que poderiam ajudar a acelerar o progresso do saneamento e a melhorar os benefícios para a saúde, muito especialmente reduzindo o impacto das principais causas da mortalidade infantil tais como a diarreia e a desnutrição. Para o fazer vai ser necessário que o saneamento seja reconhecido como fazendo parte de um sistema de saúde que funciona bem, definido como consistindo em “todas as organizações, instituições, recursos e pessoas cuja principal finalidade é melhorar a saúde”. Recomendamos que os actores da saúde aspirem a concretizar as acções que se seguem a três níveis - internacional, nacional e de concretização dos programas. 6.1. Política de saúde internacional e política dos doadores A nível internacional, o financiamento e as prioridades dos programas não reflectem um maior peso de doenças ou menor cobertura de saneamento. As instituições globais de saúde, os doadores e os académicos podem encorajar os sistemas de saúde a visar as maiores causas da falta de saúde. Quando causas tais como o saneamento, se encontram fora do domínio tradicional do sector da saúde, os parceiros de desenvolvimento podem ajudar a facilitar a colaboração inter-sectorial. Além do mais, os parceiros de desenvolvimento devem coordenar-se entre si para maximizar o uso eficiente dos recursos e melhorar os resultados. Recomendações para as instituições globais de saúde, os doadores, os académicos, e outras agências de apoio externas: • As instituições globais de saúde devem defender a recente transferência das abordagens curativas específicas para certas doenças para abordagens integradas de promoção da saúde e prevenção de doenças, que se dirigem à concretização dos resultados de saúde e são avaliadas em relação aos mesmos. • As iniciativas das políticas globais de saúde devem reconhecer e dar maior perfil ao impacto do saneamento sobre o peso global das doenças, a potencial contribuição do saneamento para reduzir esse peso das doenças, e os possíveis benefícios para os resultados da saúde pública. • Os parceiros do desenvolvimento devem dar prioridade a intervenções de programas e avaliações do impacto 31 Relatório • • • • • em países com pouca cobertura de saneamento e um grande peso de doenças relacionadas com o saneamento. Os parceiros do desenvolvimento devem encorajar as agências e os profissionais de saúde a integrar o saneamento no âmbito das políticas existentes e futuras do sector de saúde. Os parceiros do desenvolvimento devem promover e apoiar o desenvolvimento dos planos e estratégias nacionais de saúde para visar o peso das doenças relacionadas com o saneamento, a um nível proporcional ao impacto. Os parceiros do desenvolvimento devem encorajar as agências e os profissionais de saúde a integrar o uso do saneamento no âmbito dos programas de saúde existentes e futuros, específicos para certas doenças e integrados. Os parceiros do desenvolvimento devem apoiar o financiamento intersectorial para a saúde e o saneamento, reconhecendo que os ciclos dos orçamentos podem não satisfazer o maior tempo (frequentemente) necessário para se conseguirem resultados dos programas através de sectores. Os programas internacionais de investigação de saúde devem investir em melhores provas do impacto sobre a eficácia do saneamento sobre a saúde e sobre o efeito aditivo que tem sobre os programas existentes de saúde (por exemplo, economias de escala conseguidas por haver incorporação no âmbito de programas existentes em vez de programas novos). 6.2. Política nacional de desenvolvimento e atribuição de recursos A nível nacional, muitos actores têm influência sobre os resultados de saneamento a curto e a longo prazo. 32 As atribuições de recursos podem apoiar benefícios imediatos, frequentemente a curto prazo. No entanto, a maior parte das acções do sector de saúde para aproveitar o saneamento vão exigir o envolvimento a longo prazo dos outros sectores. Os resultados a longo prazo exigem um compromisso constante por parte de todos os intervenientes. A coordenação intersectorial exige apoio da liderança, uma definição clara das funções, e acordos sobre a prestação de contas para os resultados. As estruturas políticas robustas proporcionam o contexto para um apoio duradouro para o saneamento. Recomendações para chefes de estado e instituições nacionais de planeamento: • Desenvolver e reforçar a estrutura legal e de regulamentação de saúde pública para definir claramente linhas de prestação de contas sobre os resultados do saneamento e formalizar as funções para a colaboração intersectorial, de modo a incluir todos os ministérios/instituições responsáveis pelo saneamento. • Processos de planeamento de estruturas para desenvolver prioridades para os programas com base no peso das doenças, eficácia e rentabilidade, preparação para a implementação, e disponibilidade dos recursos. Assegurar que o peso das doenças relacionadas com o saneamento é visado de acordo com o grau de impacto relativo. • Assegurar e apoiar a participação mútua entre ministérios e processos de planeamento do sector (por exemplo, o sector de WASH assiste SWAPs de saúde e vice-versa). Definir e formalizar linhas de comunicação a nível nacional e distrital entre os funcionários de saúde e de saneamento (por exemplo, incluir funcionários de saúde nos comités distritais de WASH e vice-versa). Assegurar assiduidade dos líderes das hierarquias superiores. Relatório 6.3. P olítica nacional de saúde e design do programa de saneamento Recomendações para os Ministros de Saúde: • Desenvolver uma estratégia clara para assegurar que as questões do saneamento são solucionadas de modo eficaz no âmbito de todas as políticas, regulamentos e procedimentos de saúde relevantes, e garantir que os programas de saúde existentes a nível nacional e sub-nacional incluem indicadores e objectivos claros para monitorizar as melhorias das doenças relacionadas com o saneamento. • As relações de poder através de ministérios (por exemplo, Infraestrutura, WASH, Educação, Ambiente, Governo Local) para dar apoio a uma maior prioridade ao saneamento através de campanhas nacionais de alto nível. • Colocar os departamentos de saúde ambiental a níveis mais elevados das decisões do sector de saúde incluindo os directores da saúde ambiental nas hierarquias superiores da gestão. • Incluir as doenças relacionadas com o saneamento nos sistemas de fiscalização de saúde; usar dados para informar o planeamento e para apoiar as avaliações das necessidades; usar provas sobre a rentabilidade das despesas para orientar as atribuições dos recursos (humanos e financeiros). • Promover a integração do saneamento e da higiene nos programas específicos para certas doenças (por exemplo, VIH/SIDA e tracoma), e nos programas nacionais (por exemplo, saúde infantil, saúde reprodutiva e saúde materna, e nutrição). • Normalizar a promoção do saneamento no âmbito das práticas dos profissionais de saúde avaliando os desincentivos e proporcionando incentivos para a promoção do saneamento em • sessões de formação para profissionais médicos, de enfermagem, e de saúde a nível da comunidade. • mensagens partilhadas durante • • • • • • consultas aos pacientes e em materiais de educação do paciente. • segurança do paciente e medidas de controlo das infecções. Promulgar, implementar, monitorizar, e aplicar padrões mínimos para o saneamento e a higiene no âmbito dos serviços de saúde. Incluir a cobertura de saneamento (incluindo qualidade do serviço) e lavagem das mãos com sabão como um indicador do desempenho nos sistemas de informação de gestão da saúde. Usar dados epidemiológicos sobre doenças relacionadas com o saneamento para visar áreas e populações vulneráveis e estabelecer necessidades de provas e investigação adicionais. Reforçar também os programas de promoção da saúde na comunidade, incluindo a promoção do saneamento e da higiene, e fazer a ligação com os programas de provisão de serviços, tanto em contextos rurais como urbanos. Promover a transparência e melhorar os sistemas contabilísticos financeiros para seguir as atribuições dos orçamentos para a programação de saneamento a níveis diferentes. Trabalhar com o Ministério da Educação para assegurar a instalação e a manutenção de instalações inclusivas de higiene e de saneamento em todas as escolas. Recomendações para Ministros de Água/ Saneamento/Ambiente/ Infra-estrutura: • Promover e apoiar campanhas nacionais de alto nível para o saneamento e a higiene em todos os domínios ministeriais e do sector. • Incluir indicadores dos resultados das doenças nos sistemas de monitorização e avaliação dos programas de saneamento. • Colaborar regularmente com colegas de saúde para estabelecer e reforçar 33 Relatório relações e participar na coordenação de actividades, incluir envolvimento com entidades oficiais de coordenação através de sectores e processos conjuntos de revisão do sector. • Trabalhar com o sector da saúde para estabelecer um sistema inicial de aviso de surtos com base nos riscos do saneamento e recolha contínua de dados sobre doenças relacionadas. • Trabalhar com o sector da educação para desenvolver currículos de educação sobre o saneamento e a higiene. Recomendações para os Ministros do Governo Local • Reforçar e aplicar códigos de construção que exijam a existência, operação e manutenção devida de instalações de saneamento em todos os edifícios. • Assegurar que os programas descentralizados de saúde e de educação promovem e apoiam o saneamento seguro. • Assegurar que o acesso ao saneamento é incluído nos planos locais de desenvolvimento. 34 6.4 Outros intervenientes Recomendações para as Organizações da Sociedade Civil: • Concentrar a advocacia no saneamento como questão de saúde, apelando aos governos, doadores e outros interessados relevantes para que actuem. • Educar os responsáveis pelas políticas e os meios de comunicação sobre o peso das doenças por solucionar devido à falta de saneamento e às oportunidades perdidas para melhorar o desenvolvimento económico e a saúde. • Produzir modelos sobre a utilização apropriada do saneamento e da higiene para proporcionar um bom exemplo nas interacções diárias. • Lutar pela existência e manutenção de instalações de saneamento em todas as instalações dos serviços de saúde e outros contextos institucionais tais como as escolas. Relatório Notas finais ler informação adicional, veja Bartram. J., & Platt, J. (2010). How health professionals could lever health gains from improved water, sanitation and hygiene practices. Perspectives in Public Health, 130(5), 215-221. WHO/UNICEF Joint Monitoring Programa Conjunto de Monitorização (JMP) da OMS/ UNICEF (2010) Progress on sanitation and drinking water. 1 Black R et al (2010), “Global, regional, and national causes of child mortality in 2008: a systematic analysis”, Lancet 2010; 375: 1969-87. 2 WaterAid (2009), Fatal neglect: health systems are failing to comprehensively address child mortality. (Negligência fatal: os sistemas de saúde não estão a dirigir-se à mortalidade infantil de modo abrangente). 3 www.sanitationandwaterforall.org. 4 Bartram J, Cairncross S (2010) Hygiene, Sanitation and Water: Forgotten Foundations of Health. PloS Med e367: doi:10.1371/ journal.pmed.1000367. Instalações sanitárias melhoradas são as que garantem separação higiénica entre as excreções humanas e o contacto humano. De acordo com o JMP da OMS/ UNICEF, incluem retretes com auto-clismo, e retretes que necessitam de água,/latrinas (para um sistema de esgotos, tanque séptico, ou latrina de buraco), latrinas de buraco ventiladas melhoradas, latrinas de buraco com laje, e latrinas de adubo. 9 5 OMS www.who.int 6 O Malawi, o Nepal e o Uganda são classificados pelo Banco Mundial como países em desenvolvimento, enquanto o Sri Lanka é classificado como um país de baixos a médios rendimentos. O Sri Lanka foi incluído como um exemplo de um país que tem feito progresso sobre o saneamento e a saúde apesar das restrições financeiras. 7 Um wiki é um website de colaboração cuja finalidade é recolher e proporcionar conhecimentos. A informação num wiki pode ser introduzida, alterada, ou comentada por qualquer dos utentes. Se desejar 8 JMP da OMS/UNICEF (2010) Progress on sanitation and drinking water. 10 JMP da OMS/UNICEF (2010) Progress on sanitation and drinking water. 11 Definição elaborada para o Ano Internacional do Saneamento 2008 pelo Conselho Colaborativo de Provisão de Água e de Saneamento e aprovada pela Task Force para o Saneamento da ONU-Água. 12 WaterAid (2008), Tackling the silent killer: The case for sanitation. (Lidar com o assassino silencioso. O caso a favor do saneamento). 13 Defecation in fields, forests, bushes, bodies of water or other open spaces, or disposal of human faeces. 14 OMS (2008), The global burden of disease: 2004, actualização. 15 A diarreia é causada principalmente pela ingestão de elementos patogénicos, especialmente de água potável pouco segura, comida contaminada, ou mãos sujas - que são todos afectados adversamente pelo saneamento inseguro. 16 Black R et al (2010), “Global, regional, and national causes of child mortality in 2008: a systematic analysis”, Lancet 2010; 375: 1969-87. 17 Uma revisão sistemática dos estudos calculou que a lavagem das mãos com sabão reduzia a incidência de infecções respiratórias, em média, 23 % (Rabie and Curtis (2006), “Handwashing and risk of respiratory infections: a quantitative systematic review”, Tropical Medicine and International Health, 11(3), 258267). No entanto, destes estudos, o único levado a cabo num país em desenvolvimento descobriu que a lavagem das mãos com sabão levou a uma redução de 50% (Luby et al (2005), “Effect of hand-washing on child health: a randomised controlled trial”, The Lancet, 366, 255-233). 18 OMS (2008c), Safer water, better health: Costs, benefits and sustainability of interventions to protect and promote health. 19 Black R et al (2010), “Global, regional, and national causes of child mortality in 2008: a systematic analysis”, Lancet 2010; 375: 1969-87. 20 35 Relatório Black R et al (2010), “Global, regional, and national causes of child mortality in 2008: a systematic analysis”, Lancet 2010; 375: 1969-87. 21 OMS (2008c), Safer water, better health: Costs, benefits and sustainability of interventions to protect and promote health. OMS (2008c), Safer water, better health: Costs, benefits and sustainability of interventions to protect and promote health. Gunther I e Fink G (2010), “Water, sanitation, and children’s health: Evidence from 172 DHS surveys”, World Bank Policy Research Working Paper No. 5275. Washington, DC: Banco Mundial: http://sanitationupdates. files. wordpress.com/2010/05/ worldbank-dhs2010.pdf 24 Gunther I e Fink G (2010), “Water, sanitation, and children’s health: Evidence from 172 DHS surveys”, Documento de Trabalho de Investigação da Política do Banco Mundial No. 5275. Washington, DC: Banco Mundial: http://sanitationupdates. files. wordpress.com/2010/05/ worldbank-dhs2010.pdf 25 Prüss-Üstün, A., Bos, R., Gore, F., & Bartram, J. (2008). Safer water, better health. Genebra: Organização Mundial de Saúde. 26 37 As instalações não melhoradas incluem latrinas de buraco sem uma laje ou plataforma, latrinas suspensas e latrinas de balde. 38 30 22 23 OMS “Metrics: Disability-Adjusted Life Year”. http://www.who.int/ healthinfo/global_burden_disease/ metrics_daly/en/ 29 As instalações de saneamento partilhadas são as de um tipo de outro modo aceitável que são partilhadas entre dois ou mais agregados familiares. Incluem as retretes públicas. Contagem decrescente 2015 perfis dos países, com base em dados de WHO/Child Health Epidemiology Reference Group (CHERG) (OMS/Gruop de Referência de Epidemiologia da Saúde Infantil), 2010. www. countdown2015mnch. org/reports- publications/2010country- profiles. Estatística do Sri Lanka calculada de Black R et al (2010), “Global, regional, and national causes of child mortality in 2008: a systematic analysis”, Lancet 2010; 375: 1969-87. 28 36 Programa de Água e Saneamento do Banco Mundial . (2008), Economic impacts of sanitation in Southeast Asia: A four-country study conducted in Cambodia, Indonesia, the Philippines and Vietnam under the Economics of Sanitation Initiative (ESI). 31 Os dados proporcionados no âmbito dos JMP são derivados de um inquérito aos agregados familiares e aos dados do censo, em vez de serem dados administrativos produzidos por ministérios e agências de água e infra-estruturas de saneamento. Os dados podem portanto ser contestados pelos ministérios da água e do saneamento nos países do estudo de caso. No entanto, a aplicação de critérios idênticos a nível global pelo JMP proporciona a possibilidade de se fazerem comparações cruzadas através dos diferentes países, e é a principal razão para a utilização de dados de JMP neste relatório. Programa de Água e Saneamento do Banco Mundial .(2010), The Economic impacts of inadequate sanitation in India, Banco Mundial. 39 32 JMP da OMS/UNICEF (2010) para a Provisão de Água e de Saneamento, 2010. 33 Evans B Hutton G and Haller L (2004), Evaluation of the costs and benefits of water and sanitation improvements at a global level, Geneva: OMS 34 27 UNDP (2006). Human Development Report 2006, Beyond scarcity: Power, poverty and the global water crisis (p.43). Reduzir para metade, até 2015, a proporção de pessoas sem acesso sustentável à água potável segura e saneamento básico (UN Millenium Project) 35 UNDP (2006). Human Development Report 2006, Beyond scarcity: Power, poverty and the global water crisis. 36 Em 2007 a British Medical Association (Associação Médica Britânica) identificou a revolução sanitária como “o avanço médico mais importante desde 1840”. 40 Newborne, P (2010) Making the case for sanitation and hygiene: opening doors in health. ODI Background Note, Junho de 2010. Tearfund, Water Supply and Sanitation Collaborative Council e Overseas Development Institute. 41 Heller L (2009), Interfaces and Inter-Sector Approaches: Water, Sanitation and Public Health, “Water and Sanitation Services: Public Policy and Management,” Heller L and Castro JE Editors, London, Sterling, VA. 42 OMS(2010), Monitoring of the achievement of the health-related Millennium Development Goals, relatório do Secretariado. 63rd World Health Assembly A63/7. 43 Contagem decrescente 2015 (2010): Relatório da década – Taking stock of Maternal Newborn and Child Survival. http:// www.countdown2015mnch. org/documents/2010report/ CountdownReportAndProfiles.pdf. 44 Se desejar detalhes adicionais sobre este assunto, veja: WaterAid/IRC/WSSCC (2008), Beyond Construction: Use by 45 Relatório All.(Para além da construção: Utilização por Todos). Disponível em www.wateraid.org/ publications. Desencoraja-se a amamentação em mães VIH positivas que vêm a depender dos leites em pó ou sólidos - deixando as crianças expostas a risco de infecções devido à água suja e à comida preparada em condições pouco higiénicas. (WaterAid (2010), Ignored: biggest child killer). Veja por exemplo: SIWI (2005), “Securing Sanitation: the compelling case to address the crisis”. Instituto Internacional da Água de Estocolmo 46 Lule J R, Mermin J, Ekwaru J P, Malamba S, Downing R, Ransom R, Quick R (2005), “Effect of home-based water chlorination and safe storage on diarrhoea among persons with human immunodeficiency virus in Uganda”, American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, 73, 926-33. 57 Curtis V (2005), “Hygiene Promotion – WELL Fact Sheet” www.lboro.ac.uk/well/resources/ fact-sheets/fact-sheets-htm/hp.htm. 47 Jenkins MW e Cairncross S, “Modelling latrine diffusion in Benin: towards a community typology of demand for improved sanitation in developing countries”, J Water Health, 2010; 8/14781166-83. 48 Ngondi J, Teferi T, Gebre T, Estifanos B, Shargie MZ, Ayele B, Emerson P M (2010), “Effect of a community intervention with pit latrines in five districts of Amhara, Ethiopia”, Tropical Medicine and International Health, 15(5), 592-599. doi:10.1111 /j.1365-3156.2010.02500 58 Bartram J (2008), “Flowing away: Water and health opportunities”, Bulletin of WHO 86(1): 1-80. 49 Rehfuess E, Bruce N & Bartram J (2009), “More health for your buck: Health sector functions to secure environmental health”, Bulletin of WHO, 82, 880-882. 50 Emerson P (2005), Pit latrines for all households: The experience of Hulet Eju Enessie Woreda, Amhara, National Regional State, Northwest Ethiopia, Atlanta, EUA: The Carter Center; e Golovaty I, Jones L, Gelaye B, Tilahun M, Belete H, Kumie A, Williams MA (2009), “Access to water source, latrine facilities and other risk factors of active trachoma in Ankober, Ethiopia”, PLoS One 4(8), e6702.doi:10.1371/journal. pone.0006702 59 Fonte: Rehfuess et al 2009 51 Bartram J e Platt J (In-press). “How health professionals could lever health gains from improved water, sanitation and hygiene practices”, Perspectives in Public Health, Setembro de 2010. 52 Ministério de Serviços de Saúde e Nutrição do Sri Lanka (2007), Health Master Plan 2007-2016. 53 Cairncross AM, Peries H et al (1997), “Vertical health programmes”, The Lancet 349 (SUPPL III): 20-22. 54 Atun R, de Jongh T, Secci F, Ohiri K, e Adeyi O (2010), “A systematic review of the evidence on integration of targeted health interventions into health systems’, Health Policy and Planning 25, 1-14. Uganda aumentou, mas os novos dados segregados ainda não se encontravam disponíveis na altura da elaboração deste relatório. 56 Barzgar MA, Sheikh MR, e Bile MK (1997), “Female health workers boost primary care”, World Health Forum, 18(2), 202210. PubMed PMID: 9393010. 60 55 OMS/UNICEF JMP (2010) Progress on sanitation and drinking water. 61 Fonte: Dados do MoH do Uganda, 2009 (através de comunicações por e-mail). De notar que desde então o número de distritos no 62 Waterkeyn J (2010), Hygiene behaviour change through the community health club approach: A cost-effective strategy to achieve the Millennium Development Goals for improved sanitation in Africa, Lambert Academic Publishing. 63 OMS(2010), Monitoring of the achievement of the health-related Millennium Development Goals, Relatório do Secretariado. 63rd World Health Assembly A63/7. 64 Parashar U, Bresee J, e Glass R (2003), “The global burden of diarrhoeal disease in children”, Bulletin of WHO, 81(4), 236. 65 Mugo BW (2009), Social determinants of health – A country perspective: I issues, priorities and actions, IUHPE. Global Health Promotion; Supp 1. 66 Ministério de Saúde Pública e Saneamento, Quénia (2010), Policy guidelines on control and management of diarrhoeal diseases in children under five years. Divisão de Saúde Infantil e dos Adolescentes. 67 Bradley RM, e Karunadasa H I (1989), “Community participation in the water supply sector in Sri Lanka”, Journal of the Royal Society of Health, 109(4), 131-136. PubMed PMID: 2511312. 68 Saunders DM, Todd C, e Chopra M (2005), “Confronting Africa’s health crisis: More of the same will not be enough”, BMJ (Clinical research ed.), 331, 755-758. 69 Pakenham-Walsh N, e Bukachi F (2009), “Information needs of healthcare workers in developing countries: A literature review with a focus on Africa”, Human Resources for Health, 7, 30. doi:10.1186/1478-4491-7-30. 70 37 Notas A WaterAid transforma vidas melhorando o acesso à água segura, à higiene e ao saneamento nas comunidades mais pobres do mundo. Trabalhamos com parceiros e influenciamos os responsáveis pelas decisões para maximizar o nosso impacto. WaterAid, 47-49 Durham Street, London SE11 5JD Telefone: 020 7793 4500. 020 7793 4545 E-mail: [email protected] www.wateraid.org Números de registo de obra de beneficência 288701 (Inglaterra e País de Gales) e SC039479 (Escócia)