Universidade Federal de São Paulo Disciplina de Doenças Infecciosas e Parasitárias – DIPA Curso de Pós-graduação: Infecções em Transplantes Tema: Aids e TRANSPLANTES Érika Ferrari Graziela Lanzara Sônia Hidalgo Cristiano Teodoro Fábio Nogui Tópicos a serem discutidos 1 – Racional para transplantes em pacientes HIV+ - Tx Ortotópico de Fígado em Aids 2 – Transplantes em Aids: - Rim - Coração - Medula Óssea - Xenotransplante 3 – Drogas Imunossupressoras x HAART. 4 – Aspectos éticos para transplantes em pacientes HIV+. Racional para Transplantes em Pacientes HIV+ Graziela Lanzara www.03_infection.com Era pré-HAART: Escassez de órgãos x doença terminal; - Progressão da doença com imunossupressores; - Centros de transplante renal dos EUA, 1997: - 88% não transplantariam pacientes HIV+. Spital A, Transplantation 1998. Era pós-HAART: a partir de 1997. Mudança de doença terminal para doença crônica; - Redução dramática na mortalidade por doenças relacionadas à AIDS. (Palella FJ, et al. N Engl J Med 1998) - Número crescente de pacientes HIV+ candidatos ao transplante. (SD, et al. N Engl J Med 2002) - Grande avanço no entendimento da doença e tratamento. Era pós-HAART: a partir de 1997. Mudança de doença terminal para doença crônica; - Agentes imunossupressores: - Estudos: reservatórios do HIV. (Margolis D, et al. J Acquir Immune Defic Syndr 1999). - Efeito Terapêutico com a HAART. (Calabrese LH, et al. J Acquir Immune Defic Syndr 2002). (Rizzardi GP, et al. J Clin Invest 2002). Hoje: - The United Network for Organ Sharing (UNOS): - Candidato ao transplante HIV+ assintomático não deve ser excluído. - Recentemente: - Transplante em pacientes com doença avançada: resultados preliminares encorajadores. (Roland ME & Stock PJ, Transplantation 2003). (Calabrese LH, et al. N Engl J Med 2003). -No Brasil: - Pacientes HIV+ excluídos. Segurança e eficácia do transplante em pacientes HIV+ Cirurgia de grande porte; Sobrevivência do enxerto; Interações: HAART x imunossupressores. Era pré-HAART: Pacientes sem diagnóstico ou infecção peri-transplante; Revisão 88 casos Tx renal: 28% desenvolveram AIDS, destes 72% óbito em 37 meses. Entretanto: 75% dos rins tinham função normal em 31 meses. (Erice A, et al. Rev Infect Dis 1991). Revisão 11 casos Tx hepático: 82% desenvolveram AIDS, 27% óbito. Taxa de sobrevivência em 7 anos = 36% (Bouscarat, et al. Clin Infect Dis 1994). Segurança e eficácia do transplante em pacientes HIV+ Era HAART: Dados preliminares; Coorte prospectiva, 14 centros (Roland ME, et al., 2002): 41 pacientes; 22 transplante renal: • Doença renal terminal por DM2, HAS ou HIV. • 19 co-infectados com HCV. 19 transplante hepático: • 15 co-infectado HCV ou HBV ou ambos. Follow-up 279 dias. Impacto da Infecção pelo HIV na Rejeição do Enxerto - Resposta alterada á estimulação alogênica: Menos medicação imunossupressiva seria suficiente; Existe rejeição (Roland ME & Stock PJ, Transplantation 2003); Anticorpos anti-linfócitos: cautela nos pacientes HIV+ Doenças oportunistas e malignas no pós-transplante no contexto da infecção pelo HIV. - Preocupação especial: CMV, EBV, HSV-1, HSV-2, HHV-6 e HHV-8: (Fishman JA & Rubin RH, Transplant Proc 2001). Vírus latentes: reativação e replicação; Vigilância e profilaxia; CMV: HIV+: retinite. Pós-Tx: pneumonite, colite e hepatite. EBV: HIV+: linfoma de SNC. Pós-Tx: doença linfoproliferativa. HHV- 8: Sarcoma de Kaposi. Doenças oportunistas e malignas no pós-transplante no contexto da infecção pelo HIV. Outros vírus: poliomavírus e HPV: HPV: alto risco de neoplasias associadas HAART: não diminuiu incidência de neoplasias anais e cervicais (Palefsky JM, et al. J Acquir Immune Defic SyndrI 2001). HIV + Imunossupressão = curso acelerado de neoplasias. Outras IO: (Fishman JA & Rubin RH, Transplant Proc 2001). Fungos: pneumocistose, criptococose; Micobactérias; Parasitas: toxoplasma, criptosporidium, leishmania. histoplasmose, candidíase, Transplante Ortotópico de Fígado em Pacientes HIV+ www.03_infection.com Causas de Insuficiência Hepática nos Pacientes HIV+ - Co-infecção: Hepatite C crônica: 30% Hepatite B crônica: 9% Óbitos por Insuf. Hepática: 45% entre 1998-99 x 11,5% em 1991. (Bica I, et al. Clin Infect Dis 2001). Curso acelerado da doença hepática. (Sulkowski MS & Thomas DL, Ann Intern Med 2003). Causas de Insuficiência Hepática nos Pacientes HIV+ - Co-infecção HIV-HCV: CD4+ < 500 = 3x mais chance de cirrose (PUOTI et al., 2001). hepatite C = infecção oportunista (LESENS et al., 1999). em 10 a 15 anos: 15 a 25% cirrose X 2 a 6% (ROCKSTROH & SPENGLER., 2004). Causas de Insuficiência Hepática nos Pacientes HIV+ Tempo de progressão para cirrose: de 30 anos para 7 anos; (POL et al., 1998; SOTO et al., 1997). Carcinoma hepatocelular: idades mais precoces e com tempo de evolução menor de hepatite C; (GARCIA-SAMANIEGO et al., 2001). Taxa de clearance espontâneo do HCV: de 14,3% para 2,5% (DAAR et al., 2001). Causas de Insuficiência Hepática nos Pacientes HIV+ incidência e progressão relacionadas ao HCV. das doenças extra-hepáticas (MONGA et al., 2001). Risco de hepatotoxicidade ao HAART. (Sulkowski MS, et al. JAMA 2000). Transplante: única opção terapêutica insuf. hepática. Indicações de Transplante de Fígado “Timing” ideal ainda desconhecido; (Samuel D. et al., J Hepatol 2003). Child-Pugh e Meld (Model for end-stage liver disease): não validados para pacientes HIV-positivos (Wiesner R, et al. Gastroenterology 2003). Critérios para Transplante de Fígado em Indivíduos HIV+ Sem infecção oportunista prévia; CD4 > 100 céls/mm3 (Roland ME, 2002). CD4 > 200 céls/mm (Samuel D. et al., 2003). Critérios para Transplante de Fígado em Indivíduos HIV+ HIV RNA < 50 cópias/ml; Exceção: pacientes com carga viral detectável por intolerância ao HAART devido hepatotoxicidade. (Roland ME, 2002). Aconselhável: genotipagem/fenotipagem pré-transplante para avaliar o risco de falha terapêutica e opções de esquema de resgate. (Samuel D. et al., 2003). Casuística e Outcome (Rockstroh JK & Spengler U; Lancet Infect Dis 2004). Casuística e Outcome Dados iniciais: sem aceleração do curso do HIV; Roland ME e Samuel D: CD4 e CV estáveis, sem IO. Maiores desafios: recorrência do HCV no pós-Tx; interações medicamentosas. Recorrência HBV e HCV no pós-transplante HBV: profilaxia combinada com HBIg + lamivudina: Alta eficácia: risco de recorrência < 10% (Markowitz JS et al., Hepatology 1998). Resistência á lamivudina: adefovir / tenofovir (Haydon GH & Mutimer DJ, Cur Op Infect Dis 2003). Recorrência HBV e HCV no pós-transplante HCV: maior problema: Recorrência severa comum após 12 a 25 meses; (Prachalias AA, et al. Transplantation 2001). Cirrose: 20% dos casos em 5 anos; (Soriano V et al., J Viral Hep 2004). Terapia anti-HCV precoce: 1 a 3m pós-Tx; (Soriano V et al., 2004). • Imunocompetentes: RVS 43% genótipo não-1 e 12% genótipo 1; (Lavezzo B, et al. J Hepatol 2002). Terapia preemptiva?? (Soriano v et al., 2004). Recomendações do Consenso Internacional (BII) (Soriano V et al., AIDS 2004) - Candidatos ao Tx: sem IO prévia (exceto candidíase esofágica e TB); CD4 > 100 céls/mm3; HCV RNA < 200 céls/ml; opções terapêuticas de HAART futuras; abstenção de drogas e álcool 6 meses. Recomendações do Consenso Internacional (BII) (Soriano V et al., AIDS 2004) Todo paciente HIV+ em Insuf. Hepática terminal é candidato ao transplante; Aqueles com CD4<100: controle HIV deve ser priorizado; Manejo pré e pós-Tx deve envolver equipe multidisciplinar. Tópicos a serem discutidos 1 – Racional para transplantes em pacientes HIV+ - Tx Ortotópico de Fígado em Aids 2 – Transplantes em Aids: - Rim - Coração - Medula Óssea - Xenotransplante 3 – Drogas Imunossupressoras x HAART. 4 – Aspectos éticos para transplantes em pacientes HIV+. Transplante Renal em AIDS Erika Ferrari Causas da Insuficiência Renal • Aguda: - ~população em geral - Medicamentos: aciclovir anfo B, foscarnet, pentamidina, IDV, Keller,E.S. S. Pediatr Transplantation,2004:8:214-21 Causas da Insuficiência Renal • Crônica (ESRD): - HIVAN - GN por imuno complexos (caucasianos) - Microangiopatia trombótica (caucasianos) - HCV crioglobulinemia Roland,M.E. Transplantation,2003,75,425-29 Keller,E.S. S. Pediatr Transplantation,2004:8:214-21 HIVAN - progressão rápida - idade: 20 a 64 anos/homens/UD - 3a. Causa de ESRD em homens afro-americanos - Prevalência: 3,5 a 6,9% (7 a 12%) - HAART mudança de prognóstico Roland,M.E. Transplantation,2003,75,425-29 Keller,E.S. S. Pediatr Transplantation,2004:8:214-21 HIVAN - Dados USRDS (united states Kidney data system): - Diálise: 0,3% - 1985 1,5% - 2000 HAART: - Melhora da função renal e proteinúria - Reversão do dano glomerular e tubular Roland,M.E. Transplantation,2003,75,425-29 Keller,E.S. S. Pediatr Transplantation,2004:8:214-21 Diálise • Prognóstico pobre em HIV + • Ahuja et al: - sobrevida em 1 ano: 74% mortalidade: 2,46 (0,63) Keller,E.S. S. Pediatr Transplantation,2004:8:214-21 Transplante Renal Pré-HAART: • Poucos relatos • Sem dados imunológicos • Status desconhecido • Rápida progressão do HIV Keller,E.S. S. Pediatr Transplantation,2004:8:214-21 Transplante Renal Pós-HAART: • 1989 - estudo retrospectivo • 1043 pacientes • 1,3% HIV + • 50% HIV + óbito 6 meses após o TX • 50% vivos seguimento 43 meses Keller,E.S. S. Pediatr Transplantation,2004:8:214-21 RELATOS • 1991- Erice et al • 11 Tx rins • 75% - função renal normal – 30,7 meses • 27% AIDS – 13 meses pós Tx RELATOS • Tzakis et al • 25 casos TOS (5 rim) • 1981- 1988 • Follow up: 1 a 5 anos • Impacto: pacientes HIV + evoluíram para AIDS mais rapidamente do que os não transplantados hemofílicos e grupo controle. RELATOS • Roland et al • Critérios de Inclusão: Sem IO prévia CD4 > 200 céls/mm3 HIV RNA < 50 cópias • 26 pacientes Roland,M.E. Transplantation,2003,75,425-29 RELATOS • Média de CD4: 441 céls/mm3 (pós-Tx 436) • CV indetectável – pré e pós Tx • Follow up: 314 dias (3-1696) • 2 óbitos (infecção/rejeição) • Rejeição aguda: 38% • 3 perdas de enxerto: rejeição e trombose • IOS: Candidíase esofágica – sem impacto Roland,M.E. Transplantation,2003,75,425-29 RELATOS • UCLA –EUA • 24 Tx – 14 rim • 17% IO prévia • 29% Tx rim – co-infecção HCV • Follow-up: 480 dias • Óbito: 1 (insuficiência cardíaca) Roland,M.E. Topics in HIV Medicine,2004,12 (3) 73-76 RELATOS • Nenhuma IO relacionada a Aids • Rejeição: 71% • Perda de enxerto: 1 • CD4: 407 255 céls/mm3 • CV: < 75 a 9600 cópias Roland,M.E. Topics in HIV Medicine,2004,12 (3) 73-76 Protocolo para TX em AIDS • Critérios de inclusão: - Infecção documentada pelo HIV - Rim: CD4 > 200 céls/mm3 > 6 meses - HIV RNA < 50 cópias por 3 meses - Critérios da lista de espera para tx - Capaz de assinar TCLE Kuo,P.C. et al Am J Transpl,2001,1:13-17 Protocolo para TX em AIDS • Critérios de inclusão: - ARV estável > 3 meses - Disposição para usar profilaxia: PCP, herpes e fungos - Usar proteção de barreira - Mulheres: - HCG negativo Kuo,P.C. et al Am J Transpl,2001,1:13-17 Protocolo para TX em AIDS • Critérios de exclusão: - Nenhuma doença definidora de AIDS ou neoplasia, exceto candidíase esofágica - História de doença por aspergillus ou colonização - TB pulmonar ou extra-pulmonar - História de infecção fúngica resistente Kuo,P.C. et al Am J Transpl,2001,1:13-17 Protocolo para TX em AIDS • Critérios de exclusão: - História de coccidioidomicose pulmonar - História de influenza ou RSV nos últimos 30 dias - História de neoplasia exceto anogenital in situ, tratada com sucesso e de alta > 5 anos Kuo,P.C. et al Am J Transpl,2001,1:13-17 Protocolo para TX em AIDS • Critérios de exclusão: - Incapacidade de aderir ao protocolo de IMS e ARV - Uso de drogas - Doença cardíaca ou pulmonar avançada - Gravidez Kuo,P.C. et al Am J Transpl,2001,1:13-17 Transplante Cardíaco em Aids RELATOS • Tzakis et al • 5 pacientes tx cardíaco • 4 infectados no tx e um sabidamente positivo pré-tx • 3 óbitos: IOS (1) e falência cardíaca (2) • 2 vivos: 2,2 e 6,6 anos pós-tx Tzakis AG, et al Transplantation,1990,49:354 RELATOS • 39anos, masculino, AIDS 1992 • IOS: PCP, SK, mac, CMV • CD4: 20 céls/mm3 • ARV: 1992 azt, 3tc, d4t,RTV • 1995: insuficiência cardíaca secundária daunorrubicina lipossomal dobutamina Calabrese,L.H. et al NEJM,2003,348(3) 2323-28 RELATOS • 2001: avaliação para tx cardíaco • 04/02/2001 – tx • Pós-tx: melhora da função cardíaca • Sem IOS queda de CD4 < 100 céls/mm3 • Rejeição: vários episódios Calabrese,L.H. et al NEJM,2003,348(3) 2323-28 RELATOS • Outras complicações: piora de ácido úrico, anemia e recorrência de condiloma anal • CV indetectável • 24 meses: atividades normais Calabrese,L.H. et al NEJM,2003,348(3) 2323-28 Transplante de Medula Óssea em Aids RELATOS • Razões: - Células hematopoiéticas progenitoras não são afetadas pelo HIV, mas sim sua função - HAART: efeito nas reservas hematológicas Krishnan.A et al. Bone Marrow Transplantation,2003, 32:741-748 RELATOS • ASCT em AIDS • 19 pacientes • 3 óbitos: 2 recorrência do linfoma e 1 toxicidade • 16 pacientes vivos e em remissão • Seguimento: 27,5 meses Krishnan.A et al. Bone Marrow Transplantation, 2003, 32:741-748 RELATOS • QT em altas doses x HAART – possível • Evitar: AZT • Infecções pós-tx ~ hiv-negativo • Sem alterações na evolução do HIV • Indicações: doença recorrente quimio-sensível Krishnan.A et al. Bone Marrow Transplantation, 2003, 32:741-748 Xenotransplante em Aids RELATOS • Xenotransplante em Paciente com HIV avançado • Xenotransplante: opção para a escassez de órgãos e resistência a infecções humanas • Baboons: resistentes a infecção pelo HIV Michaels,M.G. et al. Transplantation,2004,78:1582-89 Hamadryas Baboon ORDER: Primate FAMILY:Cercopithecidae GENUS: Papio SPECIES: hamadryas RELATOS • Regime não mieloablativo • Tratamento na MO do animal: remoção das células capazes de causar GVHD • 38 anos, masculino, AIDS avançada sem resposta a TARV • TMO em 1995 • CV permaneceu baixa por 11 meses Michaels,M.G. et al. Transplantation,2004,78:1582-89 RELATOS • Paciente vivo 8 anos após o TX • Sem evidências xenoenxerto de transmissão de infecções pelo • Sem eventos adversos • Melhora não foi mantida a longo prazo Michaels,M.G. et al. Transplantation,2004,78:1582-89 Tópicos a serem discutidos 1 – Racional para transplantes em pacientes HIV+ - Tx Ortotópico de Fígado em Aids 2 – Transplantes em Aids: - Rim - Coração - Medula Óssea - Xenotransplante 3 – Drogas Imunossupressoras x HAART. 4 – Aspectos éticos para transplantes em pacientes HIV+. Drogas Imunossupressoras x HAART Fábio Nogui Sônia Hidalgo Período Pré-HAART • Poucos relatos; • Erice et al: coorte de 88 transplantados, 25 (28%) aids 20 (80%) faleceram de complicações relacionadas aids após 37 meses de tx. • HIV – antes do tx 32 meses para aids • HIV + antes do tx 17 meses para aids (Erice A et al, Rev Infect Dis 13;1991). Interação entre Drogas • Todos os IP: metabolizados pela isoenzima CYP3A4, podendo induzir e/ou inibir sua atividade; • Ciclosporina (CSA), tacrolimus e sirolimus: dividem a via metabólica; • Inibidores da transcriptase reversa nucleosídeo (ITRN): excretados por via renal e interações baseada no CYP são raras; • Inibidores da transcriptase reversa não nucleosídeo (ITRNN): metabolizados por via hepática pelo sistema enzimático CYP. mesma (|zzedine, H et al; Kidney Internacional, vol 66 -2004). Glicocorticóides • Prednisolona: eleva CD4 e melhora ou estabiliza os marcadores imunológicos. – (Andrieu JM et al, J infect dis, 171 – 1995). • CE e ARV: Da conc de CE pela inibição do CYP pela ação da delavirdina e IP; Inibição do CYP3A pelo ritonavir eleva concentração de prednisolona; Concentração sistêmica de dexametasona pode qnd coadministrado com ITRNN; CE em HIV transplantados: exacerba infecções oportunistas, risco e desmineralizção óssea e necrose vascular aguda de cabeça de fêmur. (De Matt MM et al, clin Pharmacokinet, 30 - 2003). Ciclosporina • Metabolizada no figado pela CYP3A; Substratos para transportadores p-gp e MRP2; • IP: inibem CYP3A e/ou inibem/induzem p-gp e MRP2 induzir CSA devido alteração do metabolismo ou da atividade transportadora. Mecanismo de Ação • A elevada atividade da CSA A em suprimir a ativação da célula-t é alcançada pela formação do complexo ciclosporina a-ciclofilina A que inibe calcioneurina; • Hipotetica/e: CSA poderia indiretamente suprimir a replicação do HIV por afetar a ativação da célula-t; • CSA A: absorção de IP; • In vitro: CSA favorece absorção oral e acumulo intracelular SQV, RTV e IDV por inibir o mecanismo de efluxo celular. Experiência Clínica • CSA isolada para HIV em vários estágios da doença, contribuiu para CD8 e CD4 no subgrupo-não AIDS; • • (Andrieu JM et al, Clin Immunol Immnophathol 47 – 1988). Levy et al: nenhum dos pacientes assintomáticos tratados com CSA progrediram para aids e contagem de CD4 manteve-se inalterada; • • (Levy et al, Adv Exp Med Biol 374 – 1995). Estudo envolvendo 9 pcts HIV estágio inicial da infecção, CSA nas primeiras 8 semanas do TTO com HAART rápida restauração de CD4 e sem elevação de célula-T total. • (Rizzardi et al, J Clin Invest 109 – 2002). Interações Farmacocinéticas • • SQV x CSA: s/ SQV, o nivel de CSA na dose de 150mg 2x/d (150-200 µg/L); • após 3 dias do uso c/ SQV (1200mg 3x/d) iniciou c/ cefaléia, fadiga e desconforto abd e o nível de CSA tinha triplicado (580 µg/L), qnd para SQV 600mg 3x/d e ciclosporina 75mg/d cessaram os sintomas. • AUC c/ SQV foi 4.3 > que a média em 5 controles que receberam a mesma dose de SQV s/ CSA. • • (Brinkman et al, Ann Interm Med 129 – 1998). • EFZ x CSA: S/ EFZ, o nível de CSA na dose de 175mg 2x/d (203 µg/L), após 7d de iniciar EFZ 80 µg/. • (Tseng et al, AIDS 16 – 2002). TACROLIMUS (TAC) • Macrolideo metabolizado no figado pela CYP3A; • IP inibem CYP3A e podem induzir níveis de TAC devido alterações metabólicas. Mecanismo de ação: • Semelhantes a CSA; • Inibe a atividade calcineurina, levando a inibição das etapas iniciais da ativação de célula-t. Experiência Clínica • HIV transplantados entre set. 1997 e jan. 2001; • 06 tx hepáticos (LTx) tacrolimus e CE: 2 ITRN e 1 IP(5 NFV e 1 IDV); • 4 tx renais (KTx) tacrolimus, CE e MMF: ITRN e ITRNN; (Jain et al, Liver Transplant 8 - 2002). Experiência Clínica • Comparando c/ controles (LTx s/ HAART) dose de tacrolimus foi 16 < nos pacientes c/ HAART; • KTx não houve alteração na dose de tacrolimus; • Grupo c/ NFV: necessidade de uma dose 38 < de tacrolimus qnd. comparado c/ o controle; • Recomenda-se reduzir dose de tacrolimus qnd. NFV é introduzido. (Jain et al, Liver Transplant 8 - 2002). SIROLIMUS – Mecanismo de Ação: - Diferente da CSA, TAC e outros imunossupressores; - Liga-se prot chamada rapamicina que atua no ciclo celular inibição da atividade linfocitária; - Metabolizada CYP3A4. (Lee CG, Gottesman MM, J Clin Invest 101 - 1998). SIROLIMUS – Experiência Clínica e Interação Farmacocinética: - Relato de um caso c/ NFV (1/5 da dose) significante elevação sérica de sirolimus; - IP/delavirdina inibe CYP3A e eleva a concentração de sirolimus. (Lee CG, Gottesman MM, J Clin Invest 101 - 1998). AZATIOPRINA • Azatioprina (AZA): associada com exacerbação de replicação HIV; • AZA: metabolizada nos tecidos e enzs. Plasmáticas, interações metabólicas hepáticos com ARVs são improváveis. (Anstey A et al, Bio Drugs - 9,1998). Micofenolato Mofetil - MMF • Derivado ácido micofenólico (MPA) atuando em Ly ativados; • Aprovado para uso de profilaxia de rejeição renal e transplante de órgãos sólidos; • Reduz a replicãção HIV in vitro; • MPA: limita a síntese de guanosina (nucleotideo). (Chapuis AG et al, Nat Med - 6, 2000). Micofenolato Mofetil - MMF • In vitro, MMF sinergismo com Abacavir (ABV); • MMF acrescenta ao ABV susceptibilidade ao HIV multiresistente; • Ambas as drogas agem no metabolismo guanosina intracelular; • MMF: antagoniza os efs antivirais da zidovudina e estavudina. (Margolis DM et al, J Acquir Immune Defic Syndr 31 - 2002). Experiência Clinica • Estudo c/ MMF 250mg 2x/d em 07 pcts c/ aids avançada que faliram c/ 8 ou mais esquemas ARVs; • Não houve mudança significativa de CD4 (117 no inicio 139 na 24ª sem); • Média de queda de CV 0,15 log na 24ª sem; • MMF 500 mg 2x/d declinio de CV 1.09 log; • Efeito transitório, mas persistiu em alguns pacientes até 64 ª semana. (Shaw et, Ther Drug Monit , 23 - 2001). Muromonab - CD3 • Ac anti-linfócito: associado a exacerbação da replicação do HIV; • Resposta aloimune é um potente estimulador da ativação retroviral latente; • Não há menção entre interação entre muromonab-cd3 e ARVs. (Fishman JA, Transplant Proc, 33 - 2001). CONCLUSÕES • Melhor esquema em pcts. HIV+ submetidos a transplante de orgãos sólidos: – ABV e DDI para terapia ARV e glicocorticoide; – MMF e tacrolimus; – rapamicina (sirolimus) como imunossupressores. (Izzedine et al , Kidney Int 66 - 2004). Tópicos a serem discutidos 1 – Racional para transplantes em pacientes HIV+ - Tx Ortotópico de Fígado em Aids 2 – Transplantes em Aids: - Rim - Coração - Medula Óssea - Xenotransplante 3 – Drogas Imunossupressoras x HAART. 4 – Aspectos éticos para transplantes em pacientes HIV+. Cristiano Teodoro Laboratório de Retrovirologia Aspectos Éticos para Transplante em Pacientes HIV+ Ética, Transplante e Aids - 1997: Questionamento em 248 centros de Transplante nos EUA, 148 responderam: - 88% Não transplantaria um rim de doador cadáver; - 91% Não transplantaria um rim de doador vivo. - Motivos: - Aids como sentença de morte; - HIV seria fator prejudicial no pós-transplante; - Seria desperdiçar um órgão precioso. [Aaron Spital, Transplantation, 65,1187-1191; 1998]. Ética, Transplante e Aids 2002: Argumentos contra: - A inclusão do portador de HIV/Aids engordaria a lista de espera de receptores; (captação de 4 fígados por milhão de habitantes/anos, seria necessário 25 a 30); - Transmissão do vírus associada a sangue contaminado, ao uso de drogas ilícitas, contato sexual; - Risco de infecção para a equipe transplantadora; - Interação medicamentosa prejudicial; - Custo benefício pode não ser vantajoso. [Comissão Nacional de Aids, Novembro de 2002]. Ética, Transplante e Aids - Dúvidas: - A cirurgia de grande porte e a imunossupressão exacerbam o HIV? - Sobrevida do enxerto é comprometida por complicações de infecções oportunistas e neoplasias relacionadas com o HIV? - As interações farmacológicas conhecidas entre o HAART e os imunossupressores impossibilitam seu uso concomitante? Ética, Transplante e Aids Ética, Transplante e Aids Ética, Transplante e Aids - Os imunossupressores não são mais contra-indicados formalmente para a população HIV+. [Margolis D, et al. J A Immune Defic Syndr 1999;21(5):362]. - Pacientes que receberam doses convencionais de ciclosporina(Csa) para transplante junto com HAART com IP, mostraram maior aumento na contagem de CD4 em comparação aos controles históricos. [Rizzardi GP, et al. J Clin Invest 2002;109(5):681]. - Outras associações de imunossupressores e HAART, como IP´s + Csa, tacrolimus e sirolimus devem ser utilizadas com cautela. [Roland ME e Stock Pj, Transplantation 2003;75(4):425]. Ética, Transplante e Aids - Pontos favoráveis: - Mortalidade de pacientes com HIV por doença renal terminal(DRT) esteve elevada no fim da década de 90; [United States Renal Data System – USRDS USA]. - A sobrevida dos pacientes com AIDS em diálise é baixa; [Ahuja TS, et al. Am J Kidney Dis 2000;36(3):574]. - O transplante renal pode ser uma opção atraente para reduzir a morbidade a mortalidade e os altos custos nesta população. Ética, Transplante e Aids - Os pacientes co-infectados podem não tolerar os anti-retrovirais pelo aumento do risco de hepatotoxidade, que pode complicar tanto a hepatite como a doença de AIDS. [Sulkowski MS, et al. JAMA 2000;238(1):74]. - Uma proporção maior de pacientes HIV+ está doença hepática terminal comparado a outras causas. morrendo de [Bica I, et al. Clin Infect Dist 2001;32(3):492]. Os pacientes co-infectados HIV/HCV e HIV/HBV tem um curso acelerado da doença hepática, apresentando altos riscos de cirrose e morte. [Sulkowski MS e Thomas DL, Ann Intern Med 2003;138(3):197]. O transplante hepático pode ser a única opção para salvar a vida destes pacientes. Ética, Transplante e Aids - Critérios Mínimos de Inclusão em Transplante para Portadores de HIV/Aids: 1)- Ausência de história de infecção oportunista; 2)- Contagem mínima de CD4 de 200 cel/mm3 6 meses pré-tx para receptores de rim; 3)- Contagem mínima de CD4 de 100 cel/mm3 pré-tx para receptores de fígado; 6 meses 4)- Carga Viral RNA-HIV menor que 50 cópias/mL 3 meses pré-tx para ambos. [Roland ME, et al, 9th Conference on Retroviruses and Opportunistic Infections, 2002, abstract 655-M] Ética, Transplante e Aids - “Um candidato potencial para transplante de órgãos cujo o teste para anticorpos contra o HIV seja positivo, porém, que esteja assintomático, não deve necessariamente ser excluído da lista de transplante de órgãos”. [United Network for Orgam Sharing – UNOS]. - “Do ponto de vista ético é totalmente inadequado existir, pelo grau de conhecimento que se tem do HIV/Aids, qualquer tipo de restrição aos portadores do HIV/Aids em relação a outros pacientes que têm patologias de prognóstico pior, do ponto de vista do transplante”. [Raimundo N. L. Pinto – Reunião da Comissão Nacional de Aids, Brasília, Novembro de 2002]. Ética, Transplante e Aids - Em 1988, a constituição Nacional cria o SUS: artigo 196: “A saúde é um direto de todos e dever do Estado...” - “Não há nenhuma restrição legal no Brasil, que impossibilite qualquer portador do HIV/Aids a ser candidato ao transplante.” [Consulta Jurídica à Constituição da República Federativa do Brasil.] - A Saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação... - Não permitirei que concepções religiosas, nacionais, raciais, partidárias ou sociais intervenham entre meu dever e meus pacientes... [Hipócrates]. -“Só aceitar como verdade uma afirmação sobre a qual se tenha absoluta certeza”- Idea clata et distincta. [Descartes]. “Nem tudo que se enfrenta pode ser modificado, Mas nada pode ser modificado até que seja enfrentado”. Albert Einstein Cristiano Teodoro Silva [email protected] GIV- Grupo de Incentivo à Vida Tel. 011 5084 0255 E-mail: [email protected] Home page: www.giv.org.br Laboratório de Retrovirologia Disciplina de Doenças Infecciosas e Parasitárias Escola Paulista de Medicina - EPM Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP