Professores do 2º ciclo investigando o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. Noeme Araújo de Sousa 1 Fabiana Maria da Silva 2 Rute Elizabete de Souza Rosa Borba 3 RESUMO O presente estudo teve como objetivos: a) observar o conhecimento que professores têm sobre a compreensão de seus alunos da divisão com resto diferente de zero e b) analisar um processo de formação continuada no qual se discutiu a compreensão de conceitos (com base na teoria proposta por Vergnaud, 1982) e no qual foram realizadas investigações sobre o conhecimento de alunos quanto à divisão com resto. Participaram do estudo quatro professores do segundo ciclo do ensino fundamental de uma escola pública de Recife. Após os quatro encontros propostos, os professores evidenciaram uma maior compreensão dos elementos que influenciam o desenvolvimento conceitual e passaram a observar que o processo de investigação em sala da aula é uma forma viável de conhecer melhor o seu aluno. Palavras-chave: formação continuada investigações sobre o desenvolvimento conceitual divisão com resto 1 Concluinte de Pedagogia- Centro de Educação- UFPE / Bolsista de Iniciação Cientifica – PIBIC [email protected] 2 Concluinte de Pedagogia- Centro de Educação- UFPE /Professora da Rede Municipal de Ensino de Recife [email protected] 3 Professora Adjunta do Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino – Centro de Educação – UFPE. [email protected] Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. proposta do presente estudo surgiu de observações e discussões realizadas em disciplinas cursadas em Pedagogia na Universidade Federal de Pernambuco, tais como Pesquisa e Prática Pedagógica e Metodologia do Ensino da Matemática, e de experiências docentes vivenciadas, ministrando aulas e realizando pesquisas nas séries iniciais do ensino fundamental. As observações e discussões realizadas levaram a indagar sobre questões relacionadas a como os professores analisam o desenvolvimento de conceitos por parte de seus alunos, em particular a compreensão de problemas de divisão com resto diferente de zero. Partiu-se do pressuposto que muitos professores em processos de formação inicial não tiveram oportunidade de tomar conhecimento de referenciais teóricos que abordam o desenvolvimento de conceitos e nem foram estimulados a investigarem como seus alunos desenvolvem suas compreensões conceituais. Propôs-se, dessa forma, um processo de formação continuada para professores de séries iniciais do ensino fundamental no qual os participantes estudariam como se dá o desenvolvimento conceitual e os mesmos realizariam investigações a respeito da compreensão de seus alunos de conceitos matemáticos. O conceito abordado no processo de formação continuada proposto foi o da divisão com resto, por se tratar de um conteúdo matemático no qual muitos alunos apresentam dificuldades. Na literatura, estas dificuldades têm sido registradas no ensino-aprendizagem desta operação e parte destas podem ser atribuídas à falta de domínio do professor neste conteúdo ou no desconhecimento de como alunos desenvolvem seu aprendizado matemático. Muitos professores desconhecem que dificuldades podem estar relacionadas aos diferentes significados que a divisão possui ou à forma de representação simbólica utilizada na resolução de problemas. Conseqüentemente, estes professores não sabem como abordar adequadamente o ensino desta operação nem como discutir junto a seus alunos como devem tratar o resto de divisões. Em busca de suprir deficiências na formação inicial de professores e para que os mesmos tomem conhecimento de discussões educacionais atuais, é preciso que estejam em constante processo de formação. Estes processos devem enfocar aspectos teóricos e práticos, tais como teorias de desenvolvimento conceitual e análises de procedimentos adotados por alunos ao resolverem questões propostas em sala de aula. 2 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. Segundo Laurence Stenhouse, apud Dickel (2004), o professor está no centro do processo da pesquisa educacional, visto que, fundamentalmente, é ele quem planeja e executa as aulas junto com seus alunos. As aulas são um laboratório ideal para a comprovação da teoria educativa, uma vez que o professor está rodeado de oportunidades para pesquisar sua própria prática. Partindo de uma discussão da postura do professor enquanto investigador de sua prática, Stenhouse, apud Marangon (2003, p.33), afirma que “todo professor deveria assumir o papel de aprendiz”. Nesta ótica, as intervenções realizadas no presente estudo se deram baseadas no pensamento de Stenhouse, confirmando a importância do professor enquanto pesquisador no dia-a-dia, possibilitando ao mesmo uma maior clareza dos processos do ensino-aprendizagem nos quais seus alunos se inserem. Assim, o presente estudo objetivou alcançar uma melhor compreensão do processo de ensino e aprendizagem da divisão na escola investigada, buscando-se observar quais conhecimentos professores do segundo ciclo do ensino fundamental têm sobre a compreensão de seus alunos na resolução de problemas de divisão com resto e, também, analisar um processo de formação continuada no qual se discutiu a compreensão de conceitos, realizando investigações sobre o conhecimento de alunos quanto à divisão com resto diferente de zero. CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS DO PROFESSOR E SUA FORMAÇÃO CONTINUADA: Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) apontam alguns obstáculos a um proficiente ensino/aprendizagem da matemática. Entre eles estão a falta de formação profissional qualificada, a ausência de políticas educacionais efetivas, restrições ligadas às condições de trabalho dos professores e, por parte destes, interpretações equivocadas de concepções pedagógicas. Como bem colocou D’Ambrósio (1998) “um dos grandes desafios para o futuro é a formação de professores de matemática”. Na opinião deste autor os professores deverão necessariamente ter uma: Visão do que vem a ser matemática; visão do que constitui a atividade matemática; visão do que constitui a aprendizagem matemática e visão do que constitui um ambiente propício à aprendizagem matemática. (p. 87) 3 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. Pesquisas revelam, no entanto, o desconhecimento de grande parte dos professores quanto aos objetivos e finalidades do ensino da Matemática e, ainda mais, a crença de que para ensinar esta disciplina basta conhecê-la, conhecer suas teorias e proposições. Entretanto, o domínio do saber e a competência acadêmica relacionada à matemática não garantem a competência pedagógica necessária aos professores. Cabe, portanto, ao professor saber selecionar as orientações metodológicas mais adequadas a serem empregadas na construção/apropriação do conhecimento que incluam, necessariamente, que ele tenha uma boa relação com a matemática, através de experiências próprias de aprendizagem do conteúdo de diversas disciplinas e o conhecimento sobre os possíveis caminhos da construção dos saberes matemáticos. Ensinar matemática, de acordo com os PCNs (1998) é desenvolver o raciocínio lógico, estimular o pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver problemas. Assim, no Ensino Fundamental a atividade matemática deve estar orientada para integrar de forma equilibrada seu papel formativo (o desenvolvimento de capacidades intelectuais fundamentais para a estruturação do pensamento e do raciocínio lógico) e o seu papel funcional (as aplicações na vida prática e na resolução de problemas de diversos campos de atividades). Para Zunino (1995): Se o enfoque pedagógico que é adotado leva as crianças a deixarem de lado seu raciocínio lógico quando lhe são ensinados conteúdos matemáticos, elas seguramente aprenderão a adaptar-se às exigências da escola, porém não aprenderão matemática, porque não é possível aprender matemática renunciando a pensar. (p.190) Seguindo esta mesma linha de pensamento, Carraher, Carraher e Schliemann (1988) consideram que o papel funcional da matemática, sobretudo na resolução de problemas de matemática, perde o sentido se não estiver relacionado diretamente com as vivências das crianças fora da escola, considerando que: O problema perde o significado porque a resolução de problemas na escola tem objetivos que diferem daqueles que nos movem para resolver problemas de matemática fora da sala de aula. Perde o significado também porque na sala de aula não estamos preocupados com situações particulares, mas com regras gerais, que tendem a esvaziar o significado das situações. (p.22) 4 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. Faz-se necessário cristalizar a matemática como uma ciência ensinada na escola e apreendida dentro e fora do ambiente escolar, na qual as múltiplas lógicas corretas na resolução de cálculos sejam consideradas. Isto porque as experiências vivenciadas pelas crianças fora do ambiente escolar são fundamentais para que haja um estreitamento entre o saber fazer e o saber ser, no qual os cálculos matemáticos possuem sentido. Assim, “É importante incentivar as crianças a fazerem antecipações e julgamentos prévios dos resultados, pois só assim estarão capazes de avaliar a correção ou incorreção das contas que realizaram”. (ZUNINO, 1995, p.89) Para que os conhecimentos prévios das crianças sejam considerados e avanços sejam incentivados, é preciso que os educadores estejam atentos a estas questões, sendo estudiosos contínuos do processo ensino-aprendizagem. PROCESSOS INVESTIGATIVOS COMO EIXO DE FORMAÇÃO: Sobre o desenvolvimento profissional, Stenhouse, apud Dickel (2004), contribui com sua reflexão quando afirma que este: É um processo fundamentalmente educativo que se concretiza à medida que o professor busca compreender as situações concretas que se apresentam em seu trabalho, e é dependente, portanto, da sua capacidade de investigar sua própria atuação. (p. 08) Investir na postura do professor enquanto pesquisador é considerar que “a pesquisa permite a interface interativa entre a teoria e a prática” e que “a teoria e a prática levam o indivíduo a partir para a prática equipado com uma teoria e a praticar de acordo com essa teoria até atingir os resultados desejados” (D’AMBROSIO, 2003, p.79). Muitos têm sido os defensores de que professores sejam pesquisadores de suas práticas. Segundo Lüdke (2003), os precursores desta defesa foram Lawrence Stenhouse e Pedro Demo. Outros estudiosos (dentre eles, Marli André, Jacques Beillerot, Ivani Fazenda, Menga Lüdke, Antônio Nóvoa e Kenneth Zeichner) têm defendido as investigações feitas pelo professor em sua sala de aula como essenciais. Estudos especificamente dentro da educação matemática também têm sido desenvolvidos defendendo a pesquisa como eixo essencial na formação inicial e continuada de professores (Oliveira, Leão, Tarantino e Pereira (2003); Santos, 5 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. Teixeira e Morclatti (2003); Borba, Guimarães, e Lima (2004); Guimarães, Borba e Gonçalves (2004), dentre outros). O conjunto destes estudos tem evidenciado que a experiência de envolver-se com a pesquisa na formação inicial e continuada propicia ao professor um novo olhar sobre a sala de aula. O professor investigativo planeja mais criteriosamente suas aulas, uma vez que tem objetivos de pesquisa que deseja alcançar. Toda a dinâmica ocorrida na sala de aula passa, também, a ter um novo olhar do professor, pois métodos adotados precisam ser coerentes com os objetivos das investigações que se está realizando. Sobre a formação permanente do professor tem-se afirmado que: A formação continuada deve incentivar a apropriação dos saberes pelos professores, rumo à autonomia, e levar a uma prática reflexiva abrangendo a vida cotidiana da escola e os saberes derivados da experiência docente, pois, não basta uma maneira segura de ensinar o conhecimento de novas teorias no campo das ciências, o professor precisa cultivar atitudes de reflexão sobre sua prática (LEAL e GUIMARÃES, 2001). Ponte (1998) afirma que ”tem se falado muito sobre formação, no entanto, tem-se feito relativamente pouca investigação associada a processos concretos de formação inicial e contínua” (p.16). A seguir, serão relatados alguns estudos recentes de formação de professores pela e para a pesquisa. Num estudo de formação continuada realizado por Guimarães, Borba e Gonçalves (2004) buscou-se acompanhar, em duplas de professoras das séries iniciais, as discussões sobre o que se concebe como pesquisa em sala de aula, o que se pode pesquisar, quais métodos de pesquisa podem ser utilizados, o quanto a pesquisa altera a prática diária do professor e como os resultados de pesquisa podem redirecionar sua futura prática de ensino. Observou-se o quanto todo o processo vivenciado – baseado em investigações realizadas em salas de aula – possibilitou um maior conhecimento por parte das professoras do processo de ensinoaprendizagem. Em outro estudo de formação pela pesquisa, Nacarato (2000) desenvolveu um trabalho de geometria com professoras das séries iniciais de uma escola privada de Campinas baseado no processo no qual elas teriam que aprender e ensinar através de uma metodologia voltada para pesquisa-ação. Concluiu-se que a valorização do saber profissional do professor deve passar a ser vista como uma produção de saberes, principalmente do saber fazer e da especificidade na prática 6 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. pedagógica docente. Stenhouse, apud Marangon (2003), afirma que todo educador tem que assumir seu lado experimentador no cotidiano e transformar a sala de aula em laboratório, efetuando ajustes, quando necessário, para a melhoria da mesma. defende-se o desenvolvimento profissional como sendo Com isso, um processo fundamentalmente educativo que se concretiza à medida que o professor busca compreender as situações que se apresentam em seu trabalho e é dependente, portanto, da sua capacidade de investigar sua própria atuação. Não há dúvida da necessidade de reivindicarmos a formação do professor pesquisador como aquele profissional que deve lutar, coletivamente, por alternativas viáveis e comprometidas, que fomente no estudante a vontade de construir um pensamento independente. O professor pesquisador buscará, assim, a potencialidade de inventar e lançar bases de um mundo diferente, relacionando com as aprendizagens pessoais, as teorias de aprendizagem aprendidas durante a formação (básica e continuada) e a condução do processo educativo. DIMENSÕES DO DESENVOLVIMENTO CONCEITUAL: No que se refere ao desenvolvimento conceitual, Vergnaud (1993) postula, com base em Piaget, que a ação é o fator principal do processo de conhecimento. Progressivamente interiorizada e devidamente operacionalizada, a ação se transforma em conhecimento matemático através da abstração pelo sujeito, das propriedades e das relações estabelecidas entre ele e a realidade. Por outro lado, se o sujeito epistêmico é uma figura mais geral do que o sujeito conhecedor dos saberes próprios da matemática, que lugar ocupa o saber constituído neste processo? Vergnaud aborda o desenvolvimento conceitual de maneira significativa ao desenvolver a Teoria dos Campos Conceituais cujos objetivos estão centrados em fornecer princípios de base para o estudo do desenvolvimento e da aprendizagem de competências complexas. Para ele esta teoria não deve ser aplicada somente em educação matemática mas deve se desenvolver respeitando uma estrutura progressiva de elaboração de conceitos das diversas áreas do conhecimento. Para Vergnaud é sobretudo através das situações-problema (teóricas ou práticas) que um conceito adquire sentido para a criança. Para ele, é a conceitualização do 7 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. real que torna a ação operatória. Nesse caso, assume grande importância o papel da linguagem e do simbolismo na conceitualização. Vergnaud considera, então, um conceito sob a perspectiva de três dimensões: S como sendo o conjunto de situações que tornam o conceito significativo (referência); I como sendo o conjunto de invariantes usados pelo sujeito para analisar e dominar uma situação (significado); R como as representações simbólicas usadas para representar um conceito, suas propriedades e as situações e os procedimentos para lidar com ele (significante). Uma vantagem dessa abordagem é permitir uma classificação dessas situações, baseada na análise das tarefas cognitivas, assim como dos procedimentos que podem ser utilizados em cada uma delas. SIGNIFICADOS, PROPRIEDADES INVARIANTES E REPRESENTAÇÕES SIMBÓLICAS DA DIVISÃO COM RESTO: As competências dos alunos na resolução de problemas verbais rotineiros de divisão não dependem, basicamente, do domínio dos algoritmos mas, sobretudo, da conceitualização das relações de base e dos problemas que dela derivam, das propriedades invariantes e das representações simbólicas existentes na divisão. Borba, Selva, Spinillo e Sousa (2004) apontam que são dois os significados que a divisão pode ter : Partição – é dado um todo e a quantidade de partes em que o mesmo deve ser distribuído e o resultado é o valor de cada parte; Quotição – é dado um todo e o valor de cada parte que forma o todo e o resultado consiste na quantidade de partes. Dentre as propriedades invariantes da divisão destacam-se: a) numa partição, as partes distribuídas entre pessoas ou recipientes devem ser iguais; b) numa quotição, a quota dada não pode ser alterada; c) há uma relação direta entre dividendo e quociente; d) há uma relação inversa entre divisor e quociente; e) o quociente é sempre menor que o dividendo; f) o resto é sempre menor que o 8 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. divisor e g) o dividendo é equivalente à soma da multiplicação do quociente pelo divisor com resto. As representações simbólicas podem se apresentar de diferentes formas - tais como oralmente, por uso de material manipulativo, por escrito e com uso da calculadora - e estas diferentes formas podem afetar a compreensão da operação de divisão (BORBA, SELVA, SPINILLO e SOUSA 2004). ESTUDOS ANTERIORES SOBRE DIVISÃO: Selva (1998), realizou um estudo com crianças com idades entre 5 e 8 anos, no qual as mesmas eram solicitadas a resolver problemas de divisão, utilizando-se de diferentes materiais. Verificou-se que os problemas que apresentavam resto geravam maiores dificuldades e que o resto da divisão era tratado pelos alunos como um problema independente. Kouba (1986; 1989), apud Borba et al. (2004 (a)), buscou investigar as estratégias utilizadas por crianças de primeira, segunda e terceira séries na resolução de problemas de partição e quotição com resto igual a zero. Verificou-se que as crianças não apresentavam diferenças de desempenho nos dois tipos de problemas. As crianças de diferentes séries tendiam, no entanto, a utilizar estratégias diferenciadas. Li e Silver (2004), apud Borba et al. (2004 (a)), observaram 14 crianças da terceira série na resolução de um problema de quotição diferente de zero, no qual eram apresentadas 22 fitas que deveriam ser distribuídas em caixas que cabiam 5 fitas. Observou-se que as crianças utilizavam procedimentos que envolviam a adição, subtração, ou multiplicação e, baseado no contexto envolvido, 13 crianças conseguiram dar um tratamento adequado ao resto. Num outro estudo realizado com crianças de 1ª e 2ª séries do Ensino Fundamental, Tancredi (1992) revelou que é possível construir um algoritmo para a resolução da operação da divisão que, na sua resolução, considere o modo próprio das crianças pensarem quando se defrontam com situações que envolvem esse conceito. Para descobrir o pensamento das crianças, foram propostos a elas, jogos e atividades de contar histórias, que as levaram a explicitar o conceito de divisão e seus modos de operar com ele. 9 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. As dificuldades que se apresentam em problemas de estruturas diferentes não são as mesmas, embora estes possam ser resolvidos pelas mesmas operações numéricas. O ensino da divisão tem sido uma das grandes dificuldades que os alunos enfrentam na escola. Os motivos para essa dificuldade são vários, indo desde as características do próprio algoritmo até o nível de conhecimento que os professores têm sobre o assunto e sobre como ensiná-lo. ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS No presente estudo, participaram quatro professores que lecionam no segundo ciclo do Ensino Fundamental de uma escola pública de periferia do Município de Recife. Destes, três lecionavam no 1°ano do 2°ciclo e um no 2° ano do 2° ciclo. Os professores tinham em média dez anos de ensino, sendo três com formação superior em Pedagogia e um professor formado em Ciências Biológicas. Foram realizados quatro encontros com os professores, com duração aproximada de uma hora cada. Os encontros ocorreram numa das salas da escola em 4 semanas seguidas, com um encontro por semana no final do horário das aulas. Todos os encontros foram gravados, com a devida permissão das participantes. Os objetivos centrais dos encontros foram: • 1º encontro: Levantar, através da aplicação de um questionário, o conhecimento inicial dos professores sobre o desenvolvimento de alunos da compreensão de divisão com resto; • 2º encontro: Propor uma discussão teórica acerca da divisão com resto. • 3º encontro: Discutir sobre a postura do professor pesquisador, e elaborar instrumentos que servissem de base para processos investigativos que foram desenvolvidos na sala de aula dos professores; • 4º encontro: Resgatar o que se aprendeu sobre o desenvolvimento do conceito de divisão com resto, discutir os resultados obtidos na investigação proposta e analisar as implicações das discussões para o processo ensinoaprendizagem nas séries iniciais do ensino fundamental. O foco principal de análise desses encontros foi o de observar o modo como os professores analisavam inicialmente os procedimentos de alunos em situação de resolução de problemas de divisão com resto e verificar se o processo de formação 10 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. proposto promoveu novas formas de análise que poderão implicar em mudança de posturas em suas salas de aula. Um maior detalhamento do ocorrido nos quatro encontros é descrito a seguir: 1º. Encontro: Inicialmente, na intenção de motivar o grupo, foi realizada uma dinâmica (quebragelo), a qual também objetivava introduzir a discussão sobre a valorização de diversas interpretações que podem surgir ao longo de uma história, enunciado ou investigação. Foi, assim, discutida uma situação sobre um lixeiro que, ao conduzir um saco de lixo, deixou cair vários objetos (tais como sementes, restos de papel de parede, maços de cigarros vazios, uma cartela vazia de anticoncepcional, rolos de papel higiênico, restos de terra, latas de salsicha e papel de bombom). Os professores, como observadores do ocorrido, deveriam tentar descobrir quem era o dono do lixo, levantando hipóteses e justificando-as. Em seguida, foram apresentados dois protocolos de problemas resolvidos por alunos de 3ª série de um estudo anterior. 4 Neste momento solicitou-se que os professores analisassem, a partir de seus conhecimentos prévios, as produções de crianças semelhantes aos seus alunos. Protocolo 1 (Adaptado de Borba, Selva, Spinillo e Sousa, 2004): A seguir descreve-se a estratégia utilizada por uma criança, Marcelo, ao resolver o seguinte problema, proposto por sua professora: “Em uma festa de aniversário, a mãe de João tinha 13 chicletes para serem dados a 4 crianças. Ela quer que cada criança receba a mesma quantidade de chicletes. Quantos chicletes cada criança vai receber?” Marcelo fez quatro riscos na mesa com os dedos e respondeu: “Eu fiz assim, três chicletes pra um (criança 1), três chicletes pra dois (criança 2), três chicletes pra três (criança 3), três chicletes pra quatro (criança 4). Aí já dá 12. Aí vai sobrar um”. A professora perguntou: “Então você resolveu dando três chicletes pra cada criança. Como foi que você decidiu dar três pra cada? Pensasse logo de cara?” Marcelo respondeu: Não, eu tentei assim: quatro pra um, quatro pra dois...Aí eu vi, “eta, não vai dar”. 4 Os protocolos foram adaptados, com autorização das autoras – Borba, Selva, Spinillo e Sousa, do estudo Influência de representações e de significados da divisão em problemas com resto, apresentado no VIII Encontro Nacional de Educação Matemática realizado na UFPE em julho de 2004. 11 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. “Por que?”, perguntou a professora. Marcelo respondeu: “Porque faltava mais uma criança. Aí eu fiz com dois. Dois pra um, dois pra dois, dois pra três, dois pra quatro. Aí ficou só em oito. Não deu. Tentei de um em um, aí vi que também não ia dar. Aí fiz de três em três e sobrou um”. A professora indagou: “Um o que?” Marcelo respondeu: “Chiclete”. Por fim a professora perguntou: “E faz o que com ele?” “A mulher que deu o confeito come esse”, respondeu a criança. Protocolo 2 (Adaptado de Borba, Selva, Spinillo e Sousa, 2004): A seguir descreve-se a solução de uma aluna, Sabrina, ao resolver o seguinte problema, proposto por sua professora: “Para o picnic da escola Tia Rute preparou 13 cachorros quentes. Em cada prato cabem 4 cachorros quentes. Quantos pratos ela vai usar?” Sabrina desenhou 13 bolinhas e agrupou-as de quatro em quatro, conforme a reprodução de seu desenho abaixo: Sabrina respondeu: “Eu botei aqui quatro cachorros-quentes pra cada prato. Deu três pratos, sobrou um cachorro-quente”. A professora falou: “Tá. Dá pra fazer alguma coisa com esse que sobra?” A criança concluiu: “Dá pra comer”. A partir da leitura dos dois protocolos, cada professor apontou e registrou por escrito o que chamou mais a sua atenção na resolução dos alunos. Os professores puderam, neste momento, comparar os problemas apresentados (quanto a contextos, significados da divisão, operação a ser efetuada, representações simbólicas utilizadas, tratamento dado ao resto etc.) a partir das seguintes questões que lhes foram postas: 1. Você percebeu alguma(s) semelhança(s) e/ou diferença(s) entre os problemas 1 e 2? Qual(is)? 2. Você percebeu alguma(s) semelhança(s) e/ou diferença(s) na forma como as crianças responderam esses problemas? Qual(is)? 3. As crianças acertaram os problemas? Justifique. 12 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. Na medida que os professores iam terminando de responder estas questões por escrito, foi entregue o texto dos quais os protocolos analisados foram retirados. Foi solicitado que para o próximo encontro, os professores lessem o texto e que cada um elaborasse, por escrito, quatro problemas diferentes que envolvessem a operação “38 dividido por 8”. 2º. Encontro Iniciou-se o segundo encontro socializando – escrevendo no quadro – os problemas elaborados pelos professores para a operação “38 dividido por 8” . A seguir, os 12 problemas produzidos (quatro por cada um dos três professores presentes) foram comparados quanto aos significados da divisão (partição e quotição) e quanto às formas de representação simbólica que poderiam ser usadas para suas soluções. A partir dessa comparação dos problemas, deu-se uma discussão a respeito dos estudos de Vergnaud (1993) e de sua Teoria dos Campos Conceituais, analisando os fatores que influenciam o desenvolvimento conceitual (situações que dão significado, propriedades invariantes e representações simbólicas). Foram classificados os problemas de divisão (partição e quotição) e analisaram-se fatores que podem influenciar a resolução de problemas de divisão com resto (a natureza do problema, propriedades a serem levadas em consideração, simbologias utilizadas, tamanho do resto etc.). Em seguida foi solicitado que os professores respondessem dois problemas cujas soluções poderiam ser por meio das operações 18:4 e 46:8, respectivamente. Estes algoritmos foram escolhidos por apresentarem restos diferentes de zero, sendo que um dos problemas deveria ser respondido oralmente e outro seria respondido por escrito. Desejava-se com esta atividade conscientizar os professores sobre as possíveis formas de resolução de problemas de divisão e das diferentes formas de tratamento dado ao resto. Como forma de avaliar o aprendizado deste encontro foi solicitado aos professores que respondessem oralmente a uma pergunta: “O que mudaria a sua forma de ensinar divisão a partir das discussões de hoje?”. 13 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. Foi entregue a cada um dos professores um texto para ser lido para o próximo encontro: “O defensor da pesquisa no dia-a-dia”, escrito por Cristiane Marangon, a respeito do educador inglês Lawrence Stenhouse, retirado da revista Nova Escola de setembro de 2003. 3º. Este Encontro encontro voltou-se a uma discussão acerca do professor enquanto pesquisador, baseado no texto distribuído no encontro anterior. As perguntas que motivaram este momento foram: “O que é pesquisa?” e “O que é pesquisa em sala de aula?”. A partir das respostas dadas pelos professores deu-se início a um debate, com base nos estudos de Lawrence Stenhouse, sobre a importância do professor ser um pesquisador. A partir das discussões desenvolvidas, propôs-se que os professores elaborassem problemas que fariam parte de um processo investigativo a ser realizado em suas salas de aula. Os problemas deveriam ser adaptados às especificidades de cada turma, porém ficou acordado que as situações-problemas planejadas seriam as mesmas para todos os ciclos, uma vez que, segundo os professores, as turmas trabalhavam de forma conjunta, de modo a verificar a validade de pressupostos teóricos e experimentais discutidos no encontro anterior – a respeito da influência de significados e de representações simbólicas na resolução de problemas de divisão com resto. Os problemas que surgiram foram: 1º) Numa penca de banana tinham 14 bananas. Aparecerem 6 macacos. Quantas bananas cada um comeu? Sobrou alguma banana? (Partição). 2º) João tem 34 livros. Ele ganhou uma estante com 4 prateleiras. Quantos livros ele irá colocar em cada prateleira? (Partição). 3º) Marcelo tem 26 fichas para organizar em caixas. Cada caixa cabe 4 fichas. De quantas caixas ele vai precisar? (Quotição). 4º) Rosa vai levar seus 35 alunos para uma excursão. Sabendo que em cada carro cabem 6 pessoas, quantos carros serão necessários para levar todos os alunos? (Quotição). 14 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. A pesquisa proposta e posteriormente aplicada serviria para investigar a prática dos professores, visando sondar o conhecimento já existente em seus alunos e como propor atividades que os auxiliassem no desenvolvimento da compreensão da divisão com resto. O instrumento de pesquisa a ser elaborado deveria atentar para as seguintes comparações: resolução oral x resolução escrita dos problemas e problemas de partição x problemas de quotição. Neste encontro objetivou-se envolver os professores em processos investigativos, de modo que viessem a valorizar a pesquisa como elemento importante para a melhoria da qualidade de ensino em sua sala de aula e para a sua formação enquanto profissional da área de educação. 4º. Encontro No último encontro foram organizados os dados da pesquisa elaborada no encontro anterior e aplicada pelos professores juntamente com as pesquisadoras em suas salas de aula. Discutiram-se os resultados obtidos nas diferentes turmas, por meio de resoluções orais ou por escrito, de problemas com o significado de partição ou de quotição e dos diversos tratamentos dados ao resto. Para finalizar o encontro, foi entregue um questionário com a finalidade de identificar possíveis avanços no conhecimento dos professores, quanto ao desenvolvimento de conceitos – em particular o de divisão com resto – e acerca das repercussões deste trabalho na sua prática pedagógica cotidiana e para avaliar o processo de formação vivenciado. Por fim, seguiu-se uma confraternização para encerrar os encontros. Através dos resultados obtidos durante o processo de formação deste estudo, buscou-se pontuar questões que são consideradas relevantes no sentido de responder qual a compreensão inicial que os professores possuíam sobre o conceito de divisão na resolução de problemas, como os problemas inicialmente eram propostos pelos professores, que considerações foram levantadas pelos professores a respeito da mudança de sua prática, quais suas concepções iniciais em relação à pesquisa em sala de aula e que tipo de aprendizagem conceitual foi alcançada pelos professores. 15 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. QUAL A COMPREENSÃO INICIAL QUE OS PROFESSORES POSSUÍAM SOBRE O CONCEITO DE DIVISÃO NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS? Com base no questionário, aplicado para verificar o que os professores compreendiam inicialmente sobre divisão, e as comparações efetuadas dos dois protocolos entregues no 1° encontro, verificamos que: os professores percebiam alguns aspectos isolados do desenvolvimento da compreensão da divisão mas não possuíam compreensão global dos diversos aspectos que podiam influenciar a compreensão deste conceito. Dois dos professores perceberam que as operações possuíam os mesmos algoritmos (13:4), sendo que seus argumentos partiam da perspectiva das resoluções. Um professor identificou que a resolução se deu por tentativa e outro por possuir idéias de agrupamento. Dos quatro professores participantes, dois conseguiram identificar as semelhanças e diferenças no significado dos problemas de quotição e partição. Destes dois, um identificou o resto e o outro atentou para a quantidade de elementos a ser divididos nos dois problemas. Um professor conseguiu diferenciar os problemas quanto aos significados da divisão (partição e quotição), porém não conseguiu dar uma explicação formal para o mesmo repetindo-os oralmente e explicando de sua forma: “A professora só diz que deverá ser distribuído para quatro crianças igual e no segundo problemas explica que cabe quatro cachorros-quentes em cada prato”. No que se refere às formas de representação simbólica, nenhum professor conseguiu identificar a diferenciação da resolução dos problemas que distribuíam-se entre oral e escrito. Em relação ao acerto ou não dos problemas, a justificativa dada pelos professores transcorreu da seguinte forma: três professores consideraram que as crianças acertaram por possuir noção da divisão distribuindo os elementos uniformemente, salientando que estes não consideraram o resto da divisão, e apenas um percebeu que o aluno não acertou por não subdividir o que sobrou. 16 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. Observamos, assim, que a maioria dos professores possuía algum tipo de conhecimento relacionado à divisão, porém um pouco desorganizado e contraditório, uma vez que ao responder aos questionamentos, ora diziam trabalhar situações diferenciadas e ora diziam tratar, com seus alunos, apenas operações simples e concretas. Assim, conseguimos identificar que alguns professores, nos momentos iniciais, não conseguiram conceitualmente diferenciar os problemas apresentados nos protocolos. Eles se reportaram mais a idéias de agrupamento e de tentativas realizadas pelas crianças. COMO OS PROFESSORES INICIALMENTE PROPUNHAM PROBLEMAS DE DIVISÃO? Dos 12 problemas elaborados de 38:8 5 , dez foram de partição, um de outro tipo (fração) e apenas um de quotição. Fica evidente que na elaboração dos problemas nem todos os professores assumem que possuem dificuldades para ensinar determinados conteúdos (“talvez eu não sabia explicar”) e pensem que é possível ajudar às crianças no contexto de aula, dedicando-lhes maior atenção. Possivelmente, os professores apresentaram mais problemas de partição por serem mais comuns ou por desconhecerem outro tipo de problema de divisão. Dentre os problemas de partição sugeridos, um deles destacou-se por apresentar uma necessidade de se tratar o resto. O que demonstra que esse professor compreende o resto como parte da divisão. O problema era: “Joãozinho tinha 38 livros numa gaveta. Ele ganhou uma estante com 8 prateleiras. Quantos livros ele poderá distribuir nas prateleiras de forma igual? Quantos continuarão na gaveta?”. No decorrer das discussões nas quais buscou-se questionar a forma de como os professores trabalhavam problemas de divisão em sala de aula, a fala de um dos 5 Dona Marta tem 38 bombons para distribuir com 8 sobrinhos. Quantos bombons cada um irá receber?/Marcelo tem 38 fichas para organizar em caixas, cada caixa só cabem 8 fichas. De quantas caixas ele vai precisar?/ Pedro tem 38 reais para gastar em 8 dias. Quanto ele gastará em média por dia?/ Rosa vai levar seus 38 alunos para uma excursão. Ele conseguiu 8 vans. Quantos alunos viajarão em cada um dos carros?/Joãozinho tinha 38 livros na gaveta. Ele ganhou uma estante com 8 prateleiras. Quantos livros ele poderá distribuir nas prateleiras de forma igual? E quantos continuarão na gaveta?/Num bingo havia um prêmio de 38 reais. 8 pessoas bateram neste prêmio. Quantos reais cada um deverá receber?/Calcule o ⅛ de 38/Como distribuir igualmente 38 lápis em 8 caixas?/Uma professora tinha 38 lápis para distribuir para 8 alunos. Como foi feita essa distribuição?/Na casa de Poliana moram 8 pessoas. Dos 38 docinhos que Poliana ganhou, como ela dividiria para cada membro da família?/No Natal Tom Zé resolveu distribuir 38 reais para 8 crianças. Como foi feita essa distribuição?/Como posso dividir 38 lápis para 8 crianças? 17 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. docentes explicita o trabalho da divisão de forma fragmentada e predominantemente do significado de partição, quando diz: “De inicio, quando a gente trabalha divisão eu creio que a gente trabalha a partição. Até porque o principio da divisão está sendo trabalhado bastante esse princípio, pra depois você trabalhar os outros princípios, outras vertentes. A gente começa trabalhando quanto dá pra cada um, pra cada um, pra depois trabalhar outras formas, outras vertentes”.(Antônio, 11/11/2004) 6 Esse mesmo professor, no decorrer das discussões, contradiz sua fala inicial quando trata da divisão como sendo um processo complexo que condensa as quatro operações fundamentais, devendo ser trabalhada de forma integrada desde a Educação Infantil: “Porque a divisão condensa quatro processos de abstração: subtração, adição, multiplicação e divisão. Então, acredito que a divisão deveria ser trabalhada assim, ou ela ser trabalhada desde o início como tem essa ordem: adição, subtração, depois trabalha multiplicação e divisão. Deveria vir sem nenhuma separação, simultâneas, porque são idéias que têm que começar desde o comecinho”. (Antônio, 11/11/2004). Já outro professor, aponta a divisão como sendo uma operação de conceito difícil para seus alunos, dizendo: “Como eles apresentam muita dificuldade na multiplicação, e por conta disso trabalham muito pela lógica, e até gostam de trazer pra o concreto, dando de um pra um (...) até porque problema do tipo assim 11 pra dividir com 8, você tem que dizer: Você tem 11 biscoitos pra dividir com 8 crianças, cada criança vai ficar com quanto? Tem que trazer pra lógica”. (João, 11/11/2004). Nesse sentido, um dos motivos que levam as crianças a terem este tipo de dificuldades na compreensão e resolução de situações de divisão na sala de aula está relacionado à ausência de um contexto significativo que a estimule integralmente na construção dos conceitos matemáticos que norteiam a vida. No momento destinado à elaboração de problemas de partição e quotição, os professores demonstraram teoricamente saber identificar as dificuldades encontradas pelas crianças ao resolverem estes problemas. No decorrer das discussões, entretanto, pode-se perceber que na prática isto não está sendo considerado. Podemos observar isso na fala de um dos professores ao refletir sobre uma situação problema elaborada por outra docente cujo enunciado dizia: 18 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. Rosa vai levar seus 38 alunos para uma excursão. Ela conseguiu 4 “vans”. Quantos alunos viajarão em cada um dos carros? Este professor dizia: “Que esteja com a realidade do aluno, e tal. Como é que agora, eu coloco na cabeça do meu aluno que supostamente foi essa excursão em que alguém vai ter que sobrar?” A partir desta indagação foi possível compreender o quanto alguns conceitos matemáticos são ou foram desconsiderados ao longo da trajetória profissional do professor por uma percepção única de ver o problema e conseqüentemente sua resolução. Num problema de partição apresentado acima seria útil discutir com os discentes as variadas formas dos 38 alunos participarem da excursão possibilitando diferentes resoluções que poderiam conduzí-los a uma reflexão sobre as diferentes propriedades da divisão e suas possibilidades de resolução. É importante destacar que durante as discussões sobre os problemas e suas possíveis resoluções que se deram neste estudo, nenhum dos professores sugeriu outra forma diferente da representação escrita para os problemas de quotição e de partição. Isto deve-se ao fato de que os docentes não vivenciam em suas práticas formas diferentes de representação destes significados, nos quais valorizem a resolução dos problemas através do cálculo mental, do material manipulativo e do uso da calculadora. QUAIS AS CONCEPÇÕES INICIAIS DOS PROFESSORES SOBRE A PESQUISA EM SALA DE AULA? Tendo como base o texto de Marangon (2003) sobre Lawrence Stenhouse, que fundamentou as discussões que se deram e que foi distribuído para leitura, conseguimos verificar que as concepções iniciais de pesquisa e de professor pesquisador eram muito prematuras na postura dos professores. A pesquisa era vista, pelos professores, como meramente uma obtenção de conhecimentos já anteriormente produzidos, algo que é buscado fora do âmbito escolar na intenção de suprir as defasagens escolares, ficando atreladas apenas a buscas bibliográficas. Apesar disso, a prática da pesquisa como algo não sistemático em sala de aula faz parte do dia-a-dia de muitos professores e isto é revelado na fala de um docente quando diz que: 6 O nome dado a cada professor é fictício, na intenção de não ser possível a sua identificação. 19 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. “Acho que é tudo pra gente, não é somente quando tá fazendo um trabalho mas que no dia-a-dia a gente tá pesquisando (...) Até quando um aluno traz uma informação pra você, que você não sabe, vai ter que pesquisar (...) Algo que o aluno vá buscar alguma coisa nova, ou pelo menos se atualizar no que a gente tá em defasagem pra acrescentar”. (João, 25/11/04). Percebemos assim que a pesquisa, enquanto prática sistemática que ajude o professor a compreender e avaliar qualitativamente como os seus alunos aprendem e avançam no processo de aprendizagem, está distante do que teoricamente Stenhouse propõe. No que envolve a pesquisa, especificamente em sala de aula, os professores elegeram a falta de tempo, disposição e planejamento como barreiras que impedem o desenvolvimento de qualquer tipo de pesquisa, muito menos a que envolva diretamente o professor no direcionamento desta. O professor Antônio declara: “Eu não tenho tempo de pesquisar, eu mesma nem sei o que é isso! A gente não tem tempo nem disposição para isso! A gente não tem tempo de ir buscar”. O professor João complementa “o próprio professor não consegue planejar sua própria aula”. Baseada na investigação proposta na qual os professores desenvolveram um processo de investigação em sua sala de aula, verificamos que todos os professores avançaram em relação à elaboração dos problemas, uma vez que passaram a valorizar problemas de partição e quotição e atentando para o resto. Também ficou evidente a importância que os professores deram aos diferentes tipos de representação tanto oral quanto escrito pois consideraram este aspecto indispensável para uma possível identificação das dificuldades encontradas pelos alunos. O QUE OS PROFESSORES DESENVOLVIMENTO DE APRENDERAM CONCEITOS, SOBRE SOBRE O PROCESSOS INVESTIGATIVOS E SOBRE SUAS PRÁTICAS DE ENSINO? Dos quatro professores participantes, três deles realizaram a pesquisa em sala de aula. Dois consideraram a diferenciação dos problemas entre partição e quotição e outro que a divisão não se dá de uma única forma ou método único dizendo que: “devemos oportunizar todas as possibilidades de fazer divisão para que o aluno escolha a que mais se identifica com ele” (Júlio 16/12/2004). Dessa forma, percebemos que embora os professores tenham reconhecido ser importante 20 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. trabalhar problemas diferenciados, não ficou claro para todos que não se pode deixar a cargo do aluno decidir por si só o que mais lhe adeqüe. Cabe ao professor articular o conhecimento sistemático ao cotidiano do aluno, fazendo a transposição didática. Quando buscamos indagar sobre a importância dos pressupostos teóricos sobre divisão, todos os professores consideraram importante este conhecimento, revelando que a teoria está fundamentada na prática e vice-versa. Um dos professores declarou que a teoria possibilitou uma melhor visualização do desenvolvimento de seus alunos, registrando: “Foi bastante importante, pois pude entender melhor o desenvolvimento dos meus alunos” (João 16/12/2004). Percebe-se assim que o professor precisa compreender a pesquisa do desenvolvimento conceitual como ação voltada a interagir com o aluno, de forma a produzir novos conhecimentos, de maneira que teoria e prática se relacionem de forma dialética. Com base nisso, houve um avanço no que os professores participantes consideravam como pesquisa, uma vez que, anteriormente, viam a pesquisa como apoio didático relacionado a uma atividade de busca do já produzido e não a uma ação investigadora. Isso é confirmado em seus registros finais: “É uma grande fonte enriquecedora de conhecimentos” (João, 16/12/2004); “Penso como uma atividade necessária para enriquecimento do processo pedagógico”(Júlio, 16/12/2004); “Muito bom. Nos ajuda a analisar aspectos que passam despercebidos no dia a dia” (Antônio,16/12/2004). Em relação à pesquisa realizada pelos professores com suas turmas, eles enfatizaram nas discussões, a grande dificuldade de execução da mesma, expondo com insatisfação os resultados obtidos, pois perceberam que ainda existe muito trabalho a ser feito com relação ao conceito matemático e mais específico o de divisão. A pesquisa foi realizada nas seguintes turmas: A, B e C. Na turma “A” (1° ano do 2° ciclo), da professora Júlio, participaram 19 alunos, na turma “B” (1° ano do 2° 21 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. ciclo), da professora Antônio, participaram 22 alunos e na turma “C” (2° ano do 2° ciclo), do professor João, participaram 26 alunos. Os alunos foram distribuídos igualmente em cada turma divididos em grupos responsáveis pela resolução de problemas orais e escritos, todos com resto diferente de zero, sendo dois de partição e dois de quotição. Através desta pesquisa, o professor da turma A (Júlio) considerou que a atividade foi positiva apesar dos alunos terem ficado em ritmos diferentes. Ele conseguiu promover uma curiosidade através dos desafios propostos pelos problemas e percebeu que os nove alunos ao responderem a questão de forma oral não conseguiram responder de acordo com a forma solicitada. Ele declarou que “usaram o papel como apoio para representar tanto por desenho quanto para registrar o algoritmo”. Dos 10 alunos solicitados a responder por escrito ele percebeu que quatro deles responderam os problemas representando por desenho, dois usaram os dedos contando e dois usaram o algoritmo, porém de forma inadequada. Ele percebeu que a grande maioria dos alunos responderam corretamente os problemas. O professor Antônio (Turma B) observou que, dos seus 11 alunos que responderam oralmente, sete deles se apoiaram no uso do papel e lápis e registraram na, maioria das vezes, desenhos tanto para problemas de partição quanto para os de quotição e três responderam usando algoritmo de forma inadequada. Também percebeu que alguns desses consideraram o resto nos problemas de quotição e que apenas um conseguiu utilizar-se dessa forma de representação considerando o resto. Na representação escrita foi observado, pelo professor, que dos 11 alunos, quatro utilizaram desenhos para dar a resposta correta e quatro intercalaram desenho e algoritmo mas não conseguiram responder corretamente. Os três alunos que responderam usando o algoritmo não responderam adequadamente. Dos 11 alunos, “nenhum considerou o resto “, disse o professor. O professor da turma C contou com 26 alunos para desenvolver o trabalho. Este professor não conseguiu identificar com clareza os procedimentos utilizados pelos seus alunos e revelou que a maioria dos alunos conseguiu chegar ao resultado correto, porém não deu indícios em registro dessa afirmação. Ele continuou seu relato dizendo que “alguns utilizaram a subtração para chegar ao resultado e que os alunos conseguiram responder melhor as respostas orais”. 22 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. Considerando a maneira como a criança é solicitada a responder aos problemas de divisão, os professores passaram a acreditar que isto pode afetar na compreensão do problema, na predisposição da criança em resolver os problemas e conseqüentemente no nível de dificuldade apresentada para a resolução do problema com resto. Os professores também consideraram que em relação ao problema, o tamanho dos números envolvidos nos algoritmos pode influenciar de forma significativa nos casos das resoluções orais. NO QUE OS PROFESSORES MUDARIAM A SUA PRÁTICA A PARTIR DOS CONHECIMENTOS QUE ESTAVAM ADQUIRINDO NO PROCESSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA? Durante os encontros foi questionado aos professores, a partir das discussões decorridas, o que mudaria em sua forma de ensinar divisão. Apesar de percebermos no discurso que todos os professores demonstravam “conhecer” procedimentos utilizados na resolução dos problemas, tanto de partição como quotição, não conseguimos visualizar isso em sua prática e conseqüentemente na solução dos problemas que foram solicitados de ambos os significados. Não podemos negar o reconhecimento dos professores da aprendizagem da nomenclatura (quotição/partição) e um certo avanço que houve diante da identificação e diferenciação dos dois significados, porém não conseguimos identificar que tipo de mudança se dispunham a fazer, como se tudo que estava sendo trabalhado já estivesse sobre o domínio e controle deles. Podemos confirmar isto em suas falas quando dizem: “De alguma forma, tá na cabeça de todo mundo, não de uma forma tão crítica como vocês explicaram, mas a gente sempre sabe e é a conversa de sempre: ver a realidade do aluno” (Júlio, 18/11/2004) “Trabalho esse tipo de problema mas não sabia que era de quotição. Peço para que os alunos elaborem esse tipo de problema, que tantos objetos cabem em determinado lugar mas não sabia que era de quotição”. (Antônio 18/11/2004). “Pronto. A gente faz mas não sabia que ele era mesmo de quotição” (João 18/11/2004) Sem o reconhecimento por parte dos professores da necessidade de mudanças, provavelmente poucas alterações efetivamente ocorrerão em suas salas de aula. 23 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. COMENTÁRIOS FINAIS Convém, neste momento, voltar o nosso olhar sobre os avanços alcançados pelos professores, acerca do desenvolvimento conceitual dos seus alunos em casos de problemas de divisão com resto, num processo de formação continuada, certificando que apesar do pouco tempo de acompanhamento houve mudança, uma vez que evidenciamos na prática dos professores participantes, em momentos posteriores, a ação da pesquisa como fonte de investigação acerca do conhecimento matemático como também nas outras áreas do conhecimento. Revalidou-se, assim, a necessidade de processos de formação contínua que os conduzam a uma autonomia responsável ao interiorizarem os processos investigativos como necessidade pedagógica. Entretanto, é preciso que o professor esteja predisposto a mudanças. Mudanças estas que se refletirão na sua postura em sala de aula, como também no relacionamento dentro do ambiente escolar. Podemos perceber que os professores do segundo ciclo demonstraram, no decorrer do estudo, insatisfação e algumas vezes angústias por inúmeros motivos, tais como: número alto de alunos em sala, a falta de tempo para planejarem suas aulas, a falta de equipamentos de qualidade para o apoio pedagógico e a cobrança de si mesmos por uma qualidade melhor de ensino. É importante salientar que esses argumentos não justificam a não prática da pesquisa, pois para a ação pesquisadora no ambiente de sala de aula é preciso que o professor se interesse em diagnosticar os conhecimentos de seus alunos acerca do conteúdo matemático tratado, tal comol este estudo levou aos professores esta possibilidade. Os professores viram o processo de formação proposto como relevante, uma forma de compartilhar o conhecimento matemático de maneira sistemática, compreendendo e diferenciando conceitos pertinentes à divisão. Destacamos a necessidade de um trabalho que exija um tempo maior de dedicação, visto que consideramos que a investigação é um procedimento que exige um investimento de tempo, uma vez que o conhecimento não se dá de forma estanque e sim dinâmico. Nesse sentido, refletir por mais tempo com os professores sobre suas experiências pessoais de aprender e ensinar Matemática é imprescindível. 24 Como professores do 2º ciclo,, investigam o desenvolvimento conceitual de seus alunos: o caso dos problemas de divisão com resto diferente de zero. O professor deve estar atento para as diversas formas de representações simbólicas do conhecimento matemático, pois elas não devem ser apresentadas aos alunos de forma pronta e acabada nem de uma única forma. Nesse ponto, podemos indicar que os professores participantes progrediram ao considerar as representações orais e escritas, antes desapercebidas, como pertinentes. Nesse sentido, convém que o professor esteja preparado a observar que um tipo de erro feito pelos seus alunos poderá ter uma lógica que deve ser considerada. Cabe a ele desmistificar, paulatinamente, a forma como o conhecimento matemático foi concebido no passado, em específico a divisão, uma vez que esta deve se dar de forma prazerosa e significativa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORBA, R., SELVA, A., SPINILLO, A. e SOUSA, N. Influência de representações e de significados da divisão em problemas com resto. Anais do VIII ENEM – Encontro Nacional de Educação Matemática, Recife: UFPE, 2004.(a) BORBA, R., GUIMARÂES, G e LIMA, R. Professoras de ensino fundamental realizando pesquisas em matemática na sala de aula. Anais do VIII ENEM – Encontro Nacional de Educação Matemática, Recife: UFPE, 2004. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/ SEF, 1998, 148 p. CARRAHER, T; CARRAHER, D. e SCHLIEMANN, A. Na vida Dez na escola Zero. São Paulo: Cortez, 1988 p. 11-22. D’AMBRÓSIO, U. Educação matemática da teoria à prática. 4a. ed. Campinas: Papirus, 1998. 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