ASPECTOS RELATIVOS A CONCENTRAÇÃO MÉDIA DO EVENTO-CME DE POLUENTES ENCONTRADOS EM ÁGUA DE DRENAGEM PLUVIAL EM ÁREA URBANA Vanusa Meireles Gomes1; Néstor Aldo Campana2 & Ricardo Silveira Bernardes3 RESUMO - Diante da possibilidade de contaminação de corpos d’água receptores por escoamento superficial ou por fontes difusas, e de solo e águas subterrâneas por meio de medidas alternativas de controle de enchentes, tentou-se, com o presente trabalho, conhecer um pouco sobre a concentração de alguns poluentes presentes na água proveniente do escoamento superficial urbano, de uma área da cidade de Brasília. Para isto, foi executado o monitoramento de uma rede de drenagem pluvial desse local, onde foram coletadas amostras de água para análise de qualidade, além de serem feitas medições de vazão no momento da coleta. Foram feitas sete campanhas de coleta de dados, divididas entre dois locais, sendo que a primeira ocorreu em outubro de 2003 e a última em fevereiro de 2004. Os parâmetros de qualidade analisados foram: temperatura, pH, condutividade, DBO, DQO, orto-fosfato, nitrato, coliformes totais e termotolerantes, sólidos em suspensão, metais e óleos e graxas. ABSTRACT - The main motivation of this research was the limited information about the water quality attributable to diffused sources contamination during a flood occurrence. The research focused on the evaluation of the urban drainage water by monitoring two different sites from the Brasilia metropolitan area during October 2003 and February 2004. The following parameters were measured to appraise the water quality: temperature, pH, conductivity, BOD, COD, orthophosphate, nitrate, heavy metals, oil and grease, solid suspended, coliforms and flowrate. Palavras-chave: Drenagem pluvial, concentração de poluentes. 1) Mestre pela UnB-PTARH, Enga. Hidróloga da CPRM, Av. Ulysses Guimarães, 2862, CAB, 41.213-000, Salvador-BA, [email protected] 2) Professor adjunto da UnB-PTARH, Campus Universitário Darcy Ribeiro, Bloco SG-12 Brasília-DF, [email protected] 3) Professor adjunto da UnB-PTARH, Campus Universitário Darcy Ribeiro, Bloco SG-12 Brasília-DF,[email protected] 1 - INTRODUÇÃO As águas provenientes do escoamento superficial urbano podem influenciar de forma significativa nas características dos corpos d’água receptores. Essa influência se processa, muitas vezes, na forma de impactos negativos, principalmente no tocante à carga poluidora carreada pelo escoamento superficial. Por isso, para que se possa realizar qualquer atividade objetivando a atenuação desses impactos, faz-se necessário o mais amplo conhecimento da situação em que se encontra o sistema de drenagem pluvial da área que se pretende analisar. Do ponto de vista mundial, alguns países desenvolvidos já avançaram muito em relação ao equacionamento de problemas de drenagem urbana, tanto por meio de mecanismos legais, institucionais, administrativos e financeiros, quanto por meio de uma nova filosofia de concepção de projetos de drenagem. No Brasil, esses mecanismos são ainda muito incipientes, dificultando ações no sentido de preservar os centros urbanos de calamidades provocadas por inundações e proteger os corpos d' água receptores de grandes cargas poluentes. Outra grande dificuldade ainda enfrentada no Brasil é a escassez de planos diretores de drenagem urbana, além da pequena ênfase dada à qualidade da água nos poucos planos diretores existentes. A adoção de uma nova filosofia de projeto de drenagem urbana, onde é priorizada a adoção de medidas alternativas de controle de enchentes urbanas, tem contribuído para a redução dos elevados custos das obras de drenagem urbana, integrando-se o meio ambiente e a ocupação urbana. Essas medidas têm por base o equacionamento do problema onde ele ocorre, tentando-se reduzir o volume de água escoado por meio de infiltração no solo ou com a utilização de bacias de contenção ou detenção, e não apenas transferindo rapidamente esse volume para jusante. Porém, há que se atentar para os impactos negativos que essas medidas podem ocasionar, como é o caso da contaminação do solo ou das águas subterrâneas. Assim, faz-se necessário o conhecimento das características da qualidade das águas provenientes do escoamento superficial, para que se possa estudar o tipo de impacto causado e, conseqüentemente, as medidas adotadas para reduzir ou eliminar os impactos. Com relação à qualidade das águas pluviais, os estudos desenvolvidos nesse sentido são bem significativos nos países desenvolvidos, porém, aqui no Brasil, esse estudo é ainda recente, existindo poucos trabalhos relacionados ao assunto. Isto pode ser creditado à preocupação maior dada à quantidade dessas águas que, com a crescente aglomeração das grandes cidades, têm causado inundações; ou ainda, pode ser devido ao desconhecimento dos importantes poluentes que podem ser encontrados nessas águas, os quais podem contaminar os cursos d’água. A avaliação dos poluentes existentes nas águas pluviais pode ser feita utilizando-se o estudo da concentração de cada poluente ao longo de um evento de chuva. Com esses dados pode-se construir o polutograma, gráfico que representa a variação da concentração ao longo do tempo de escoamento. Para o cálculo da carga ou massa total do poluente no evento é necessário conhecer o comportamento da concentração e da vazão ao longo do evento chuvoso. De posse do hidrograma e do polutograma correspondente a um mesmo evento e a um mesmo ponto de observação, pode-se calcular a carga no evento. Para calcular a concentração média do evento (CME) é necessário o conhecimento da carga total do poluente e do volume total escoado. A CME pode ser útil para caracterizar os constituintes do escoamento, apesar da grande variação do valor da concentração da carga poluidora ao longo do evento de chuva. Segundo Browne (1989), os dados de concentração são úteis para comparar a qualidade da água com o padrão, comparar a concentração de poluentes com o período seco e determinar a freqüência e duração da degradação da qualidade da água durante o período de chuva. Já os dados de carga são úteis para o desenvolvimento de informações estatísticas para tomada de decisão, desenvolvimento de modelos simples usados para prever a média anual de poluente, e calibrar modelos complexos de simulação de fontes não pontuais. Segundo Lee et al. (2002), a CME é um importante parâmetro analítico porque é apropriado para avaliar os efeitos das águas pluviais nos corpos receptores; isso se deve a forma relativamente lenta que estes corpos d’água respondem à influência da variação da concentração ao longo do evento de chuva, comparada à grande variação da concentração que chega. Isso significa que apesar do grande impacto que sofrem as águas dos corpos receptores com a chegada do escoamento superficial, a variação da concentração dos parâmetros ao longo da chuva não é tão significativa. 2 - ASPECTOS DA ÁREA DE ESTUDO A região escolhida para a pesquisa está localizada na cidade de Brasília-DF, mais precisamente na Asa Norte e abrange uma área desde o autódromo de Brasília (zona de cabeceira ou montante), até o lago Paranoá (nas proximidades do centro olímpico da Universidade de Brasília), conforme indicado na imagem de satélite Ikonos, bandas 1, 2 e 3, de 29/04/01, mostrada na figura 1. Lago Campus Paranoá universitário Oficinas, comércios, intenso tráfego de automóveis Ponto A Quadra 306 Ponto B Autódromo Deságüe Ponto B Centro Olímpico da rede Áreas residenciais Figura 1 – Delimitação da área de contribuição da rede de drenagem (Ikonos, 29/04/01) Em termos de uso-ocupação a área sob estudo pode ser considerada representativa do tipo de urbanização predominante em Brasília. Além de áreas de esporte e lazer (Autódromo de Brasília), existem zonas com comércios, oficinas, escolas, áreas residenciais e campus universitário, além de regiões com intenso tráfego de automóveis e também regiões gramadas e com solo exposto. A rede de drenagem que atravessa essa área tem origem dentro do autódromo, passando pelo Centro Unificado de Brasília-CEUB e por quadras mistas (residenciais e comerciais) das 700 às 400, entre os números 5 e 8, chegando ao Campus da UnB e desaguando no Lago Paranoá nas imediações do Centro Olímpico-UnB, compreendendo uma área de aproximadamente 5,24 km2 (Paulucci e Rezende, 1988). Os pontos selecionados para coleta de amostras e medição de vazão são dois. O primeiro ponto escolhido situa-se na quadra 306, foi chamado de ponto A e está localizado próximo ao comércio local. O outro ponto corresponde ao local de deságüe dessa rede de drenagem no lago Paranoá, foi chamado de ponto B e está situado nas proximidades do Centro Olímpico da Universidade de Brasília. A justificativa para escolha desses pontos é a seguinte: dividindo-se a bacia hidrográfica estudada em duas áreas, conforme o uso-ocupação do solo predominante e colocando um ponto de coleta a jusante de cada área, o ponto A representa primeiramente o escoamento superficial que ocorre dentro do autódromo. Os dados coletados nesse ponto corresponderão ao escoamento sobre o asfalto com predominância de deposição de borracha de pneu e partículas oriundas do desgaste de freios. Óleos e graxas podem ser originados dos locais onde são feitas as manutenções dos carros de corrida, além disso, existe também o escoamento em área gramada e em solo exposto. Esse ponto também oferece dados representativos da área onde predomina o desenvolvimento de atividades como comércios e oficinas, além de atividades como escolas e áreas residenciais, sendo também um local de intenso tráfego de automóveis. A área subseqüente ao ponto A é caracterizada por residências, porém existem comércios locais, vias com tráfego intenso de automóveis além do campus universitário. O ponto B é considerado o mais importante por está localizado na área de deságüe da rede de drenagem, possibilitando o conhecimento das características que representam toda a bacia, sendo o local mais adequado para que seja feita uma análise mais ampla. 3 - ANÁLISE DAS AMOSTRAS De acordo com o que foi visto em outros estudos realizados com os mesmos objetivos do presente trabalho, deve ser tomado o cuidado para que os parâmetros escolhidos para análise de amostras do efluente envolvam a análise de, no mínimo, matéria orgânica, nutrientes, microbiologia e metais pesados. A escolha dos parâmetros para o presente trabalho foi feita baseada nesse princípio, além de levar em conta também os parâmetros mais usuais. As características físicas do efluente foram analisadas por meio da medida da temperatura e sólidos em suspensão. As características químicas foram analisadas por meio do pH, condutividade (quantidade de sais) e metais pesados. Os nutrientes foram avaliados por meio do orto-fosfato e nitrato. Os parâmetros utilizados para análise de matéria orgânica contida na água foram DBO, DQO e óleos e graxas. Já as características microbiológicas foram analisadas por meio da medida de coliformes totais e termotolerantes. No caso da análise dos metais pesados, os elementos pesquisados foram Fe, Cu, Al, Cr, Zn, Pb e Cd. 4 - ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS Os resultados encontrados relativos à concentração média do evento são chamados aqui de concentração média do evento parcial – CMEP, devido ao fato de que os dados foram coletados em apenas parte do evento de chuva. Esses estão expostos a seguir para parâmetros condutividade, DQO, DBO, sólidos em suspensão, nitrato, orto-fosfato, coliformes totais e termotoletantes e, mais a diante, estão expostos alguns elementos químicos. A CMEP foi calculada para cada parâmetro, em cada evento, nos pontos A e B, conforme tabelas 1 e 2. Tabela 1 - Concentração Média do Evento Parcial-CMEP do ponto A. Evento Condutividade DQO DBO Sól.Suspensão Nitrato (microS/cm) (mg/l) (mg/l) (mg/l) Orto- Coliformes Coliformes (mg/l) fosfato Totais Termoto- (mg/l) (NMP/ lerantes 100ml) (NMP/100ml) 1A 35,47 12,12 - 10,62 0,16 0,07 2,81E+05 2,01E+04 2A 22,85 12,84 2,87 27,67 0,80 - 3,62E+05 2,08E+04 3A 23,91 17,75 2,39 15,22 0,54 - 3,07E+05 1,33E+04 Tabela 2 - Concentração Média do Evento Parcial-CMEP do ponto B. Coliformes Coliformes Evento Condutividade DQO DBO Sól.Suspensão Nitrato (microS/cm) (mg/l) (mg/l) (mg/l) Orto- Totais (mg/l) fosfato (NMP/100ml) (mg/l) Termotolerantes (NMP/ 100ml) 1B 82,86 118,39 2B 74,73 3B 4B - 33,84 0,05 0,78 - - 51,81 15,31 89,72 1,25 0,19 2,02E+06 1,70E+05 38,90 37,12 4,23 150,84 1,34 0,14 1,08E+06 6,22E+04 48,45 35,30 11,21 114,30 1,01 0,19 2,19E+06 1,01E+05 Analisando os valores encontrados, em especial no ponto B, percebe-se uma diminuição nos valores dos parâmetros condutividade, DQO, DBO e orto-fosfato ao longo do período chuvoso. Já os sólidos em suspensão mostraram-se crescentes no decorrer do período. No entanto, parâmetros como coliformes totais e termotolerantes e pH permaneceram sem grandes variações em seus valores. É compreensível a diminuição dos valores desses parâmetros devido ao fato que, com uma maior freqüência na ocorrência das chuvas, foi diminuído o acúmulo desses materiais nas superfícies de escoamento. Com relação aos sólidos em suspensão, também pode ter havido uma diminuição na quantidade dos sólidos acumulados nos dias sem chuvas, no entanto, com o aumento da freqüência das chuvas, houve também um aumento da erosão nas áreas de solo exposto, aumentando, assim, a quantidade total de sólidos carreados pelo escoamento superficial. Buscando uma comparação entre os resultados obtidos no presente trabalho e os encontrados em outras cidades, foram utilizados os valores do estudo realizado na cidade de Paris, referentes a um distrito com áreas residenciais antigas e poucas áreas comerciais, com 42 ha, sendo 90% impermeável (Gromaire-Mertz et al., 1999). Tabela 3 - Variação da concentração média do evento para os parâmetros sólidos em suspensão, DQO e DBO (Gromaire-Mertz et al., 1999) Escoamento em telhados Escoamento em pátios Escoamento em ruas mín máx méd mín máx méd mín máx méd SS* (mg/l) 3 304 29 22 490 74 49 498 92,5 DQO (mg/l) 5 318 31 34 580 95 48 964 131 DBO (mg/l) 1 27 4 9 143 17 15 141 36 * Sólidos em suspensão. Comparando-se os valores relativos ao escoamento em ruas, os quais se aproximam mais das condições em estudo, percebe-se que a concentração média relativa a sólidos em suspensão do ponto A está abaixo dos valores encontrados em Paris. Já com relação ao ponto B, apenas 50% das amostras estão com valores abaixo do encontrado na tabela anterior. Com relação aos valores de DQO e DBO nos pontos A e B, esses estão bem abaixo dos encontrados na tabela. A ocorrência de valores mais próximos, como é o caso de sólidos em suspensão, pode estar relacionada à grande área permeável da bacia de Brasília, o que contribui para gerar uma quantidade maior de sólidos, proveniente do solo exposto. 4.1- Metais É considerável a variação que ocorre em alguns valores obtidos entre as amostras de um mesmo elemento químico, mesmo quando esses valores são relativos a um mesmo evento ou a um mesmo ponto de coleta. É esperado que a quantidade de metais encontrada em águas de drenagem pluvial oriunda do escoamento superficial esteja particulada, devido ao pouco tempo de contato entre o metal particulado e a água. Por isso, houve a necessidade de se analisar tanto a quantidade de metais dissolvidos quanto a quantidade total de metais, para se chegar à quantidade de metais particulados. Assim, a Concentração Média do Evento Parcial-CMEP foi calculada com o valor de metais particulados, ou seja, utilizando o resultado obtido da diferença entre a quantidade total de metais e a quantidade de metais dissolvidos, conforme exposto a seguir. Tabela 4 - Concentração Média do Evento Parcial dos elementos químicos. Elemento (µg/l) Eventos 1A 2A 3A 2B 3B 4B Cu 0,0 14,9 4,8 9,3 0,0 4,4 Cr 0,0 34,3 17,4 5,7 0,0 8,1 Zn 35,3 45,9 51,4 112,9 43,6 77,4 Pb 0,0 1.000,4 307,2 67,4 20,2 266,1 Cd 0,0 2,9 0,0 7,3 Al 69,1 Fe 51,6 46,0 32,2 2.523,9 755,5 222,0 41,1 2.509,0 8.494,0 6.924,0 230,2 758,2 675,8 É importante observar que as concentrações expostas anteriormente foram ponderadas por meio das vazões ocorridas no momento da coleta, facilitando então, a compreensão da influência desta rede de drenagem pluvial para o lago Paranoá. Com a utilização do estudo realizado na cidade de Paris descrito anteriormente, buscou-se uma correlação com os valores encontrados no presente trabalho no caso dos elementos cádmio, cobre, chumbo e zinco. Os valores estão expostos tabela 5. Tabela 5 - Variação da concentração média do evento para alguns metais pesados (Gromaire-Mertz et al., 1999) Escoamento em ruas Mínimo Máximo Médio Cádmio (µg/l) 0,3 1,8 0,6 Cobre (µg/l) 27 191 61 Chumbo (µg/l) 71 523 133 Zinco (µg/l) 246 3839 550 As médias de cádmio encontradas em todos os eventos estudados no presente trabalho são superiores a encontrada na tabela 5 Com relação a chumbo, em 60% dos eventos as médias apresentaram valores maiores que a média encontrada no trabalho de Paris. Já os valores médios de cobre e zinco foram menores que os relativos a tabela anterior. É importante lembrar que a cidade de Paris possui uma quantidade bem maior de áreas impermeáveis, além disso, a área de contribuição dessa bacia é também muito maior, se comparada à área estudada, o que surpreende os resultados encontrados. No entanto, podem existir fatores que levem a diminuir a quantidade de metais, ou de outro poluente, na superfície de escoamento da cidade de Paris, como é o caso da lavagem de ruas, comum nessa cidade. 5 - CONCLUSÕES Os resultados alcançados levaram a conclusão de que as águas pluviais necessitam de uma maior atenção quanto à possibilidade de poluição dos corpos d’água receptores, além do grande problema devido à poluição da própria água de drenagem pluvial. No caso de Brasília, há que se atentar para o fato de que existem consideráveis quantidades de ligações clandestinas de esgoto na rede pluvial, sem o mínimo tratamento, e que estas contribuem para elevar os níveis de concentração de importantes parâmetros de qualidade. Porém, mesmo com a eliminação das ligações clandestinas, as águas provindas do escoamento superficial no momento da chuva podem exercer influência no corpo receptor, dependendo da carga total de poluentes transportada, que pode variar com a intensidade ou duração da chuva ou com a quantidade de dias sem precipitação. A comparação dos resultados obtidos referentes aos metais cádmio, cobre, chumbo e zinco, com um trabalho realizado na cidade de Paris, que possui uma porcentagem maior de área impermeável, tendo também uma bacia de contribuição muito maior, revelou que os valores na maioria dos resultados de Brasília foram maiores. Esse resultado pode ser surpreendente, devido às características aparentemente menos desfavoráveis da cidade de Brasília. No entanto, é difícil apontar as possíveis causas desse comportamento. Quanto aos valores expressivos de alumínio e o ferro, pode ser em decorrência do tipo de solo predominante na região, o latossolo vermelho, que geralmente apresenta altos teores desses elementos. Conforme observação das concentrações médias do evento parcial, tanto no ponto A quanto no ponto B, percebe-se que os valores de condutividade, DQO, DBO e orto-fosfato tendem a diminuir a medida em que vão ocorrendo as chuvas do período estudado. Isso é justificado devido ao menor tempo de deposição de poluentes na superfície de escoamento. O aumento dos valores de sólidos em suspensão, apesar de também ocorrer uma diminuição na quantidade de sólidos depositados na superfície de escoamento, deve ser decorrente do aumento da erosão de solos expostos, a medida em que se intensificam às ocorrências de chuvas. A comparação das concentrações médias do evento parcial do presente trabalho, com os valores de um estudo realizado na cidade de Paris indicou que, em geral, a quantidade de poluentes encontrados no escoamento superficial da cidade de Brasília é bem menor que a encontrada em Paris, diferente do resultado dos metais. No entanto, há que se considerar que a área de contribuição estudada é bem menor e com mais área permeável, o que pode interferir. BIBLIOGRAFIA BROWNE, F.X. (1989). “Stormwater management.” Org. por Corbitt, R.A., ed. Standard Handbook of Environmental Engineering. McGraw-Hill. New York, USA, pp. 7-131. GROMAIRE-MERTZ, M. C., GARNAUD, S., GONZALEZ, A. e CHEBBO, G. (1999). “Characterisation of urban runoff pollution in Paris.” Elsevier Science. Vol. 39, 2, pp. 1-8. LEE, J.H., BANG, K.W., KETCHUM, L.H., CHOE, J.S. e YU, M.J. (2002). “First flush analysis of urban storm runoff.” The Science of the Total Environment. 293, pp. 163-175. PAULUCCI, M.V. e REZENDE, R.L.A. 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