Caracterização Geotécnica e Análise da Estabilidade de Taludes em Solo Sedimentar da Formação Barreiras em Tibau do Sul - RN Severo, Ricardo Nascimento Flores Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, Natal - RN, Brasil, [email protected] Santos Júnior, Olavo Francisco dos Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal - RN, Brasil, [email protected] Dourado, Karina Cordeiro de Arruda Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Pernambuco, Recife – PE, Brasil, [email protected] RESUMO: As características geométricas, geológicas e geotécnicas de taludes naturais estão intimamente relacionadas aos processos deflagradores de movimentos de massa. O Objetivo deste trabalho foi analisar sob o ponto de vista geotécnico a área de falésias onde será implantado um empreendimento na Praia do Amor, localizada no município de Tibau do Sul - RN; descrevendo os processos físicos que o empreendimento estará submetido; avaliando a susceptibilidade de ocorrência de deslizamentos e outros movimentos de massas nas falésias. A Caracterização geotécnica, definição dos parâmetros de resistência das camadas de solo que compõe o perfil geotécnico da área foram obtidos com vistas à realização da análise de estabilidade dos taludes investigados. A metodologia do trabalho foi desenvolvida em quatro etapas distintas: a primeira consistiu em visitas de campo com vistas a determinar os mecanismos da dinâmica superficial atuantes na área, a segunda consistiu na realização de levantamento planialtimétrico, sondagens de simples reconhecimento e coleta de amostras indeformadas e amolgadas para ensaios de laboratório, a terceira foi a de realização de ensaios de caracterização física e de cisalhamento direto com vistas a obter os parâmentros de resistência dos solos e finalmente na quarta etapa foram realizados os estudos de estabilidade dos taludes. Ferramenta computacional foi utilizada para a projeção da geometria dos taludes, a inclusão dos parâmetros geotécnicos e a simulação das superfícies de ruptura. O Fator de Segurança (FS) foi analisado pelos métodos de Bishop Simplificado, Fellenius, Janbu Simplificado e Morgenstern e Price. Foi realizada a análise da estabilidade das falésias em cinco seções da encosta conforme procedimentos preconizados na NBR 11.682 (2009). Nas análises foram consideradas as condições mais desfavoráveis de estabilidade, solos saturados mesmo acima da linha freática. Nos Perfis A, F, J, M e Q, se adotou uma carga distribuída de 2,0 toneladas/m², impostas pelas edificações presentes no Projeto Básico. Foram utilizados parâmetros obtidos a partir de sondagens a percussão e de resultados de ensaios de cisalhamento direto. Concluiu-se que a área do empreendimento está submetido à ação de erosão pluvial superficial intensa, esse processo erosivo é facilitado pelo tipo de solo que compõem o topo das encostas (areia fina). Não foram detectados indícios de erosão costeira pela ação do mar na base da falésia e os taludes apresentaram fatores de segurança satisfatórios em relação à ocorrência de deslizamentos. Foram apresentadas ainda medidas de mitigação relativas aos processos atuantes. PALAVRAS-CHAVE: Caracterização Geotécnica, Parâmetros de Resistência, Análise de Estabilidade. 1 INTRODUÇÃO Quaisquer que sejam os objetivos do estudo do comportamento de um talude, de acordo com Skempton e Hutchinson (1969), são necessárias as seguintes etapas: 1 - Identificação e classificação dos vários tipos de movimentos de massas que podem ocorrer nos taludes, seus aspectos geológicos, a velocidade do movimento e as causas da instabilização; 2 - Classificação e descrição precisa dos materiais envolvidos no movimento, juntamente com a quantificação das propriedades relevantes ao objetivo do estudo; 3 - Análise da estabilidade e da estabilização do talude quando for o caso; 4 - Monitoramento do comportamento e correlação entre observação de campo e valores previstos. Coutinho e Severo (2009) afirmam que um programa de caracterização geotécnica objetiva determinar as condições geológicas, geotécnicas, hidráulicas e outras informações relevantes a um determinado projeto de engenharia. Existem várias técnicas disponíveis para se atingir os objetivos de uma investigação geotécnica de subsolo e nestas estão incluídos ambos os ensaios, de campo e de laboratório. Após o estudo do comportamento do talude a análise da estabilidade deve ser realizada, quando for o caso. Um efetivo e eficiente projeto geotécnico e a construção associada requerem adequado conhecimento do subsolo. . As características geométricas, geológicas e geotécnicas de taludes naturais estão intimamente relacionadas aos processos deflagradores de movimentos de massa. O Objetivo deste trabalho foi analisar sob o ponto de vista geotécnico a área de falésias onde será implantado um empreendimento na Praia do Amor, localizada no município de Tibau do Sul, Litoral sul do RN; descrevendo os processos físicos relativos à estabilidade de encostas aos quais o empreendimento estará submetido; avaliando a susceptibilidade de ocorrência de deslizamentos e outros movimentos de massas nas falésias. O empreendimento a implantar é um condomínio residencial multifamiliar, composto por trinta e cinco unidades habitacionais e serviços de apoio (Figura 1), possui uma área total de aproximadamente 5,0 ha. Figura 1. Empreendimento na Praia do Amor – Tibau do Sul - RN. A metodologia do trabalho foi desenvolvida em quatro etapas distintas: a primeira consistiu em visitas de campo com vistas a determinar os mecanismos da dinâmica superficial atuantes na área, a segunda consistiu na realização de levantamento planialtimétrico, sondagens de simples reconhecimento e coleta de amostras indeformadas e amolgadas para ensaios de laboratório, a terceira foi a de realização de ensaios de caracterização física e de cisalhamento direto com vistas a obter os parâmentros de resistência dos solos e finalmente na quarta etapa foram realizados os estudos de estabilidade dos taludes. Ferramenta computacional foi utilizada para a projeção da geometria dos taludes, a inclusão dos parâmetros geotécnicos e a simulação das superfícies de ruptura. O Fator de Segurança (FS) foi analisado pelos métodos de Bishop Simplificado, Fellenius, Janbu Simplificado e Morgenstern e Price. Na Figura 2 é apresentada a Planta Topográfica com Indicaçao das Seções dos Perfis da Área do empreendimento analisados. área do empreendimento. 2.1 Figura 2. Planta Topográfica - Seções dos Perfis da Área do Empreendimento. Aspectos Morfológicos e Vegetação Mabesoone & Silva (1991), identificaram na costa oriental potiguar, três grandes unidades geomorfológicas, a saber: as colinas, mais ou menos arredondadas, os Tabuleiros Costeiros e as planícies baixas. Na zona costeira do município de Tibau do Sul, as formas de relevo identificadas são: os Tabuleiros Costeiros e a Planície Costeira. A área do empreendimento está situada na borda da unidade morfológica Tabuleiro Costeiro (Figura 3), localizado entre a ponta da Cancela e a Ponta da Pedra do Moleque. Esta região está parcialmente habitada, apresnta alguns bares, na base das falésias, e pousadas, situadas no topo das mesmas. No local do empreendimento, as falésias são de média altura (aproximadamente entre 20 e 30 m), com inclinações variando de suave (30º aprox.) (início – oeste) a média (40º aprox.) (final – leste). Foi realizada a análise da estabilidade das falésias em cinco seções da encosta conforme procedimentos preconizados na NBR 11.682 (2009) Estabilidade de Encostas. Nas análises foram consideradas as condições mais desfavoráveis de estabilidade, solos saturados mesmo acima da linha freática. Nos Perfis A, F, J, M e Q, se adotou uma carga distribuída de 2,0 toneladas/m², impostas pelas edificações presentes no Projeto Básico. Foram utilizados parâmetros obtidos a partir de sondagens a percussão e de resultados de ensaios de cisalhamento direto. 2 DIAGNÓSTICO EMPREENDIMENTO DA ÁREA DO Com base nas visitas de campo, nos ensaios de campo e de laboratório foi realizado o diagnóstico da área do projeto levando-se em conta aspectos morfológicos e vegetação, geológicos e geotécnicos. Estes aspectos foram estudados para compreensão da dinâmica superficial atuante na Figura 3. Vista da Encosta na Área do Empreendimento. Quanto aos processos erosivos atuantes no local, verifica-se: a ocorrência da erosão pluvial através da formação de ravinas. Essas ravinas são devidas ao escoamento superficial das águas pluviais que se precipitam sobre o tabuleiro. Como este apresenta inclinação em direção ao mar, as águas se dirigem para a borda das falésias. A partir da borda ocorre um aumento de velocidade do fluxo em função da quebra no relevo. A erosão pluvial verifica-se fortemente próxima a praia, formando uma planície de escoamento, com grande quantidade de ravinas. Este processo não é intenso em sua parte média, devido à existência de proteção conferida pela vegetação. A existência de falésias mais recuadas e arenitos ferruginosos, onde as ondas possuem maior energia, fazem com que a erosão costeira não seja marcante nesse local. Inexistem obras de proteção costeira, mesmo assim não foi identificada ação do mar na base da falésia. De uma forma geral a cobertura vegetal da região costeira do município de Tibau do Sul é formada por vegetação de tabuleiro, mata atlântica e restingas. A vegetação de tabuleiro possui aspecto semelhante ao do cerrado, e a mesma encontra-se em processo de descaracterização. Na área estudada boa parte é recoberta por vegetação (Figura 4), sendo que na maior parte, não há mais vegetação nativa. A inexistência de vegetação em algumas seções também contribui para a ocorrência da erosão superficial observada. Em alguns pontos da base das falésias é encontrada vegetação rasteira. areníticas cretácicas e terciárias das Bacias Potiguar e Pernambuco-Paraíba, os depósitos areno-argilosos tércio-quaternários da Formação Barreiras, culminando com as acumulações quaternárias compostas pelos arenitos de praia e sedimentos arenosos, argilosos e argilo-arenosos de ambientes fluviais, lacustres, estuarinos, dunares e praiais. A Formação Barreiras se encontra representada por largas exposições bordejando toda a região costeira do Estado do Rio Grande do Norte, sendo composta por arenitos finos a médios ou conglomeráticos avermelhados, com intercalações sílticas, argilosas e caulínicas. A geologia da área em estudo é formada por sedimentos da Formação Barreiras, sobrepostos por sedimentos arenosos eólicos. A natureza argilosa dos sedimentos da Formação Barreiras dificulta a infiltração das águas pluviais o que contribui para o escoamento superficial e conseqüentemente a formação dos processos erosivos observados nas falésias. Observando-se o perfil das falésias do empreendimento, verifica-se a ocorrência de sedimentos da Formação Barreiras de cor branca com nódulos vermelhos na sua base. Na parte superior são encontrados sedimentos de cor acinzentada, passando por alguns tons de amarelo, marrom e veremelho provenientes do processo de laterização. 2.3 Figura 4. Vista Geral da Encosta Estudada. 2.2 Aspectos Geológicos Conforme Diniz (2002), as rochas sedimentares e os sedimentos ocupam praticamente toda a porção litorânea oriental do Rio Grande do Norte, sendo representados dominantemente, da base para o topo, pelas rochas carbonáticas e Caracterização Geotécnica Foram realizados 06 (seis) furos de sondagem de simples reconhecimento (SP 01 a SP 06) com medidas de NSPT na área do empreendimento. A profundidade das sondagens foi até o impenetrável que ocorreu a uma profundidade que variou entre 8,0 m e 11,0 metros. A análise destas amostras mostra que o material da parte superior da falésia é constituído por areias finas com consistência pouco compacta a média compacidade e a parte inferior é constituída por areias compactas a muito compacta com a presença de silte em sua constituição. O material do topo apresenta alta permeabilidade e grande susceptibilidade a erosão pluvial. Foram realizados ensaios de “Cisalhamento Direto” no laboratório de solos da UFRN com vistas a obter os parâmetros de resistência dos solos que compõe o perfil estratigráfico do terreno na área do empreendimento. As camadas que compõe o perfil geotécnico da área e os parâmetros de resistência adotados para os solos das camadas estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Parâmetros de Resistência das Camadas. c' ' Solo (kPa) (kN/m3) () Camada do Topo 18,2 0,0 30 Camadado Meio 19,0 0,0 35 Camadada Base 20,0 2,0 40 3 ANÁLISE DA ESTABILIDADE A análise da estabilidade consiste em obter-se o Fator de Segurança (FS) do talude, o qual é a relação entre os esforços resistentes e os esforços desestabilizadores atuantes em uma determinada superfície de escorregamento. Fatores de Segurança menores que a unidade indicam uma situação de instabilidade, enquanto que FS superiores a 1,0 (um) indicam que o talude é estável. A análise de estabilidade foi realizada levando-se em conta os valores mínimos recomendados para fatores de segurança das encostas segundo ABNT NBR 11682 (2009) Estabilidade de Encostas. Considerando o baixo risco de perdas de vidas humanas e o médio risco de perdas econômicas foi adotado o valor de 1,3 como fator de segurança mínimo recomendado. Nas análises foram consideradas as condições mais desfavoráveis de estabilidade, solos saturados acima da linha freática, pois nas sondagens de simples reconhecimento não foi atingida a linha freática. Nos perfis A, F, J, M e Q, adotou-se uma carga distribuída de 2,0 toneladas/m², para as edificações presentes no Projeto Básico. Analisaram-se cinco perfis por quatro métodos de análise de estabilidade; visando-se obter a convergência de resultados. Logo após a análise de cada perfil é apresentado o menor fator de segurança obtido para aquele perfil e no desenho do perfil é apresentada na cor verde a superfície potencial de ruptura com menor fator de segurança. Os perfis geotécnicos dos solos foram obtidos a partir dos ensaios de simples reconhecimento SPT e na Tabela 2 são indicadas as sondagens com os respectivos perfis traçados. Tabela 2. Correlação Perfil Estratigráfico - Furos de Sondagem. Perfil SPT Perfil SPT A SP 01 M SP 04 e SP 05 F SP 03 e SP 05 Q SP 04 e SP 06 J SP 04 e SP 05 Nas Figuras 5 a 11 são apresentados os resultados das análises dos Perfis A F e M. 1.110 ALTURA (m) 50 40 30 20 10 0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 DISTÂNCIA (m) Figura 5. Análise de Estabilidade Geral Perfil A - FS = 1,11 180 200 220 240 260 280 ALTURA (m) 50 1.361 40 30 20 10 0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 180 200 220 240 260 280 DISTÂNCIA (m) Figura 6. Análise de Estabilidade Detalhe Aterro 1 Perfil A – FS = 1,36 ALTURA (m) 50 40 1.625 30 20 10 0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 DISTÂNCIA (m) Figura 7. Análise de Estabilidade Detalhe Aterro 2 Perfil A – FS = 1,36 70 ALTURA (m) 60 50 1.309 40 30 20 10 0 0 50 100 150 200 250 200 250 DISTÂNCIA (m) Figura 8. Análise de Estabilidade Geral Perfil F - FS = 1,30 70 ALTURA (m) 60 50 40 30 1.326 20 10 0 0 50 100 150 DISTÂNCIA (m) Figura 9. Análise de Estabilidade Detalhe Corte 2 Perfil F – FS = 1,32 ALTURA (m) 1.502 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 0 100 200 300 DISTÂNCIA (m) ALTURA (m) Figura 10. Análise de Estabilidade Geral Perfil M - FS = 1,50 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 1.177 0 100 200 300 DISTÂNCIA (m) Figura 11. Análise de Estabilidade Detalhe Aterro 1 Perfil M – FS = 1,18 Os resultados da análise de estabilidade são apresentados na Tabela 3, onde se verifica que o menor valor obtido para o Fator de Segurança é 1,11. Tabela 3. Fatores de Segurança Relativos aos Perfis Estratigráficos. FS GERAL DET 1 DET 2 Perfil A 1,11 1,36 1,62 Perfil F 1,30 1,35 1,32 Perfil J 1,50 1,05 0,85 Perfil M 1,50 1,18 1,27 Perfil Q 1,30 1,75 1,00 DET: Detalhe relativo à análise de estabilidade próximo aos cortes e aterros para implantação das construções. No caso de encostas com solos tipo areias fofas não se deve ter ângulos de inclinação maiores do que 30° e no caso de areias compactas não se deve exceder os 40°. Como nenhuma das encostas possui ângulos superiores a esses, quando se considera os respectivos solos e os Fatores de Segurança (FS) encontrados são maiores ou iguais a 1,30, com exceção apenas do Perfil A, onde é perfeitamente aceitável um FS igual a 1,11, pois é um terreno perfeitamente consolidado e que não sofrerá intervenção alguma conforme o projeto básico. Concluiu-se que as encostas e as falésias apresentam-se estáveis em relação a ocorrência de escorregamentos. 4 DIRETRIZES PARA MITIGAÇÃO DOS PROBLEMAS RELATIVOS AOS PROCESSOS ATUANTES Considerando-se que os principais problemas das falésias localizadas no empreendimento em análise estão relacionados à erosão pluvial, recomendou-se: - Desenvolver projeto de drenagem de águas pluviais que colete as águas que se dirigem para a falésia e conduzi-la a local adequado para posterior infiltração distante da sua borda. - Os dispositivos de drenagem não devem descarregar a água coletada diretamente sobre o topo das falésias, pois gerariam graves problemas erosivos. - Minimizar ao máximo o número de cortes e aterros que alterem significativamente a topografia original. - Regularização dos taludes das encostas por meio da obturação das ravinas existentes. Elevação do bordo da falésia de forma a impedir o escoamento da água que cai próximo à crista do talude. - Vegetar a face das encostas após a sua regularização. Para esta finalidade sugere-se o desenvolvimento de um projeto paisagístico que contemple a colocação de vegetação (preferencialmente nativa) na face da encosta, de forma a impedir o carreamento de partículas de solo pelo escoamento superficial das águas, que caem diretamente sobre a face do talude. Em relação à estabilidade recomenda-se que: - Não se devem ter taludes de cortes e aterros com ângulos de inclinação maiores do que 30°, independente de sua altura, o ideal seria uma conformação 1:2 (vertical-horizontal). No caso das encostas existentes já estabilizadas naturalmente, evitar a remoção da vegetação. - Quando for necessária a execução de taludes de cortes e aterros com inclinação superiores a preconizada sugere-se o projeto e construção de muros de arrimo, que poderão incorporar-se e harmonizar-se perfeitamente ao projeto paisagístico. - As unidades habitacionais deverão ser afastadas de pelo menos 5,0 metros da borda dos taludes de corte ou aterro que se localizem a jusante da edificação e se distanciar de pelo menos (1,5 X altura) dos taludes de montante. 4 CONCLUSÕES O principal processo de instabilização atuante no local do empreendimento é a erosão pluvial presente através da formação de ravinas de grandes dimensões na superfície inclinada das falésias. Esse processo erosivo é facilitado pelo tipo de solo que compõem o topo das encostas (areia fina), o qual apresenta alta permeabilidade. Associe-se a esse aspecto o fato das águas provenientes de precipitações pluviométricas escoarem em direção à borda das falésias e já terem sido realizadas diversas intervenções no terreno, como a construção de escadas de acesso, remoção de vegetação e a utilização permanente de uma servidão que atravessa toda a área e é utilizada freqüentemente por turistas e moradores. Nas condições vigentes no momento não foi detectada a ação do mar na base da falésia que margeia o terreno do empreendimento. A influência das ondas e correntes limita-se a alterações na conformação da zona de praia. Observou-se a presença de bermas e tálus na praia caracterizando falésias recuadas, sem relevantes danos causados pelo impacto das ondas. A partir da análise de estabilidade da falésia no empreendimento verificou-se que para as condições analisadas, as encostas apresentam-se estáveis, com fatores de segurança satisfatórios e o empreendimento a ser construído não interfere na estabilidade das encostas. Concluiu-se, portanto, que a área do empreendimento está submetida à ação de erosão superficial intensa; não foram detectados indícios de erosão costeira pela ação do mar na base da falésia e que os taludes apresentam fatores de segurança satisfatórios em relação à ocorrência de deslizamentos. REFERÊNCIAS Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 11.682: Estabilidade de Encostas. Rio de Janeiro, 2009. Coutinho, R. Q.; Severo, R. N. F. Conferência Investigação Geotécnica Para Projeto de Estabilidade de Encostas. 5ª Conferência Brasileira de Estabilidade de Encostas, COBRAE, São Paulo. p. 55. 2009. Diniz, R.F. (2002). A erosão costeira ao longo do litoral oriental do Rio Grande do Norte: causas, conseqüências e influências nos processos de uso e ocupação da região costeira. Tese de Doutorado. Universidade Federal da Bahia. Instituto de Geociências. Curso de Pós-graduação em Geologia. Mabesoone, J. M.; Silva, J.C. Revisão geológica da faixa sedimentar costeira de Pernambuco, Paraíba e do Rio Grande do Norte – Aspectos geomorfológicos. Recife: UFPE – Deptº Geologia, 1991. Skempton, A.W; Hutchinson, J. Stability of Natural Slopes and Foundations. 7th International Conference on Soil Mechanics and Foundation Engineering, Stateof-the-Art Report, Mexico, 291-339. 1969.