1 UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI PRISCILLA AMARO ANTUNES GESTÃO DOS IMPACTOS DECORRENTES DA CONSTRUÇÃO DA LINHA 4 – AMARELA DO METRÔ DE SÃO PAULO SÃO PAULO 2006 2 PRISCILLA AMARO ANTUNES GESTÃO DOS IMPACTOS DECORRENTES DA CONSTRUÇÃO DA LINHA 4 – AMARELA DO METRÔ DE SÃO PAULO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi Orientador: Professora Dra. Adir Janete Godoy dos Santos SÃO PAULO 2006 3 PRISCILLA AMARO ANTUNES GESTÃO DOS IMPACTOS DECORRENTES DA CONSTRUÇÃO DA LINHA 4 – AMARELA DO METRÔ DE SÃO PAULO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi Trabalho _____________ em: 11 de Novembro de 2006. Dra. Adir Janete Godoy dos Santos Dr. Sidney Lazaro Martins Comentários: 4 Não apenas este trabalho, mas todas as minhas conquistas profissionais e pessoais são dedicadas aos meus pais, Gilberto e Cleide, que em nenhum momento deixaram de me apoiar. Dedico também, ao meu namorado, Germano, pela importante ajuda no desenvolvimento do trabalho e a toda a minha família pela compreensão e paciência durante este um ano de elaboração e pesquisa. 5 AGRADECIMENTOS A Deus, por permitir que me desenvolvesse intelectualmente e profissionalmente através desta graduação. Ao Professor Gabriel Mário Rodrigues, Magnífico Reitor da Universidade Anhembi Morumbi, pelo aprendizado adquirido e pelas diversas conquistas obtidas através desta. À minha orientadora, Professora Dra. Adir Janete Godoy dos Santos pelo constante incentivo, sempre indicando a direção a ser tomada nos momentos de maior dificuldade e interessada em participar de minhas inquietações. Agradeço, principalmente, pela confiança depositada no meu trabalho de conclusão de curso. À coordenadora do curso de Engenharia Civil, professora Dra. Gisleine Coelho de Campos, que me orientou na escolha do tema e no andamento do trabalho. A todo corpo docente do curso de Engenharia Civil, que de uma forma ou de outra, contribuíram para minha formação profissional e às vezes até mesmo, para a minha formação pessoal. A Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô, pela oportunidade de trabalhar em uma obra como esta e de poder participar deste aprendizado. A todos os engenheiros do Metrô que me orientaram e dedicaram um pouco de seu tempo a mim. Ao Consórcio Via Amarela – CVA, empresa que me forneceu base para o desenvolvimento deste trabalho e que acrescentou muitos conhecimentos para a minha vida profissional. Ao Eng° Cláudio Andrade da Silva, pelo excelente empenho em me orientar e direcionar ao caminho correto e pelo seu tempo que roubei com minhas incansáveis dúvidas. 6 A realização deste trabalho contou com a colaboração, consciente ou inconsciente, de um conjunto amplo de familiares, amigos, colegas e instituições, aos quais agradeço sinceramente. 7 RESUMO No presente trabalho de conclusão de curso elaborou-se um levantamento sobre todas as exigências ambientais que envolvem a implantação da obra da Linha 4 – Amarela do Metrô de São Paulo, uma obra de grande porte em uma área densamente povoada. Em especial, estudando o EIA-RIMA (Estudo de Impacto Ambiental – Relatório de Impactos do Meio Ambiente) que estabelece critérios para mitigar os impactos que ocorreram durante a execução da obra, ajudando para o seu processo de licenciamento, e assim viabilizando a execução. O CVA – Consórcio Via Amarela elaborou e executou o PAA – Plano de Ação Ambiental, documento este baseado no EIA-RIMA, porém com uma linguagem mais prática e objetiva, visando o entendimento mútuo de diversas áreas ligadas ao cotidiano da obra. Para isso, foi criado o setor do Meio Ambiente formando o GMA – Grupo do Meio Ambiente, que monitorava o cumprimento das medidas previstas no PAA. A partir do levantamento executado, elaborou-se fluxogramas de atribuições e responsabilidades, inerentes às ações ambientais cumpridas na implantação da obra metroviária. Foi estudado neste trabalho a Estação República, que exemplifica grande maioria das principais intervenções e impactos que decorreram durante a obra. Este trabalho evidenciou a importância de um planejamento voltado à mitigação dos impactos e ao monitoramento dos processos para garantir que esses impactos sejam minimizados para a população residente e transitória no entorno das obras. Palavras Chave: Licenciamento . Estudos Ambientais . Planejamento . Gestão . Impactos . Obra metroviária . Município de São Paulo . Metrô 8 ABSTRACT In the present essay a survey has been developed taking into account all the environmental demands surrounding the implementation of São Paulo’s subway Line 4 – Yellow Line, a major accomplishment in a densely populated area. It has dedicated special attention to the study of the EIA-RIMA (Environment Impact Study – Environment Impacts Report) which sets up criteria to mitigate the impacts occurred during the completion of the work, helping its licensing procedure and thus making its accomplishment feasible. The CVA – Yellow Route Consortium has elaborated and executed the PAA – Environmental Action Plan, which is based on the EIA-RIMA, yet with a more practical and objective language, envisaging the mutual understanding of several areas connected to the daily work. Therefore it was established the Environment Sector forming the GMA – Environment Group, which monitored the accomplishment of the measures foreseen in the PAA. Since the completed survey attributions and responsibility fluxograms were elaborated, which were inherent to the environmental actions accomplished in the implementation of the subway building. The Station Republica has been studied in this essay, since it is exemplifies the great majority of the interventions and impacts occurred during the building. This essay has made clear the importance of a layout which takes into account the mitigation of the impacts and the monitoring of processes in order to assure the minimization of such impacts to the resident and transient population around the surroundings of the work. Key Words: Licensing . Environmental Studies . Layout . Management . Impacts . Subway Building . Municipality of São Paulo . Subway 9 LISTA DE FIGURAS Figura 5.1 – Traçado da Linha 4 – Amarela do Metrô de São Paulo (METRÔ, 2006f)...................................................................................................30 Figura 5.2 – Treinamento realizado pelo CVA...........................................................35 Figura 5.3 – “Rasga Saco” ........................................................................................40 Figura 5.4 – Equipamento para medir o nível de poeira............................................40 Figura 5.5 – Execução de leitura com a Escala Ringelmann ...................................41 Figura 5.6 – Escala Ringelmann ...............................................................................42 Figura 5.7 – Geradores e Compressores blindados..................................................43 Figura 5.8 – Execução de leitura com Decibelímetro ................................................44 Figura 5.9 – Instrumento para leitura de recalques superficiais ................................45 Figura 5.10 – Instrumento para leitura de recalque em edificações ..........................46 Figura 5.11 – Instrumento para leitura de convergência e divergência .....................46 Figura 5.12 – Registro de via antes do início da execução da obra ..........................47 Figura 5.13 – Registro de recalque em poço de visita antes do início da execução da obra.................................................................................................48 Figura 5.14 – Equipamento de Proteção Individual – EPI´s ......................................49 Figura 5.15 – Treinamento de uso dos EPI´s ............................................................49 Figura 5.16 – Ambulatório instalado no canteiro de obras da Estação Oscar Freire ...................................................................................................50 Figura 5.17 – Cantinho da Leitura .............................................................................50 Figura 5.18 – Detalhe da fita refletiva no vestuário dos funcionários ........................51 Figura 5.19 – Caminhão coberto com lona................................................................52 Figura 5.20 – Baia para contenção de silo de aditivo................................................53 Figura 5.21 – Sistema de Lava-rodas .......................................................................54 Figura 5.22 – Placas de Sinalização .........................................................................54 Figura 5.23 – Desvio de tráfego realizado na Av. Ipiranga – Estação República (METRÔ, 2006a)..................................................................................55 Figura 5.24 – Funcionários responsáveis por organizar o desvio de tráfego na Estação Faria Lima (CVA, 2006c)........................................................56 Figura 5.25 – Bota-fora Pedreira Embú.....................................................................57 Figura 5.26 – Tambores para coleta seletiva de lixo .................................................59 10 Figura 5.27 – Caçamba para coleta de lixo doméstico..............................................59 Figura 5.28 – ETE – Estação de Tratamento de Efluentes .......................................60 Figura 5.29 – Sistema de tratamento de efluentes....................................................60 Figura 5.30 - Resultado do teste, menor do que 1ml/l...............................................61 Figura 5.31 - Teste do pH, entre 5 a 9 ......................................................................62 Figura 5.32 – Vistoria em Poço de Visita – PV..........................................................62 Figura 5.33 – Transplante de árvore .........................................................................65 Figura 5.34 – Remanejamento no Largo da Batata...................................................66 Figura 5.35 – Remanejamento de rede de gás na estação Fradique Coutinho ........68 Figura 5.36 – Posto de gasolina no local da Estação Morumbi (CVA-GEOTEC, 2004, p. 99)..........................................................................................69 Figura 5.37 – Varredura arqueológica .......................................................................74 Figura 5.38 – Estação da Luz....................................................................................76 Figura 5.39 – Pinacoteca do Estado de São Paulo ...................................................77 Figura 5.40 – Igreja de São Cristóvão.......................................................................78 Figura 5.41 – Edifício Esther .....................................................................................79 Figura 5.42 – Posto de Atendimento da Estação República .....................................85 Figura 5.43 – Organograma de elaboração e execução do PAA ..............................94 Figura 5.44 – Fluxograma do 1° Programa Ambiental do PAA – Gerenciamento Ambiental .............................................................................................95 Figura 5.45 – Fluxograma do 2° Programa Ambiental do PAA – Relocação de população e Empresas ........................................................................96 Figura 5.46 – Fluxograma do 3° Programa Ambiental do PAA – Monitoramento do Meio Ambiente ................................................................................97 Figura 5.47 – Fluxograma do 4° Programa Ambiental do PAA – Comunicação Social ...................................................................................................98 Figura 5.48 – Fluxograma do 5° Programa Ambiental do PAA – Interação Institucional ..........................................................................................99 Figura 6.1 – Início das obras da Estação República Linha 3 – Vermelha (METRÔ, 2006b)................................................................................................101 Figura 6.2 – Escavação pelo método invertido........................................................102 Figura 6.3 – Esquema de execução de VCA e posterior escavação invertida (MEDEIROS, 2006) ...........................................................................102 11 Figura 6.4 – Perspectiva da obra da Linha 4 – Amarela Estação República (METRÔ, 2006c)................................................................................103 Figura 6.5 – Armazenamento de sacos de cimento ................................................107 Figura 6.6 – Local destinado ao armazenamento e a rasga dos sacos de cimento 107 Figura 6.7 – Misturador, sistema de exaustão e sacos de juta................................108 Figura 6.8 – Canteiro de obra limpo e organizado ..................................................108 Figura 6.9 – Execução de leituras mensais de fumaça preta ..................................109 Figura 6.10 – Carpintaria com sistema de controle de ruídos .................................110 Figura 6.11 – Serra circular em local fechado .........................................................110 Figura 6.12 – Execução de leituras mensais com decibelímetro.............................111 Figura 6.13 – Árvores dentro do canteiro de obras .................................................111 Figura 6.14 – Coreto integrado ao canteiro de obras ..............................................112 Figura 6.15 – Área de lazer .....................................................................................113 Figura 6.16 – Pintura de pés para indicar a direção do lava botas..........................113 Figura 6.17 – Gaiola de remoção e maca ...............................................................114 Figura 6.18 – Sistema de Lava-rodas .....................................................................114 Figura 6.19 – Rua suja devido a ineficácia do sistema de lava-rodas.....................115 Figura 6.20 – Av. Ipiranga antes dos desvios de tráfego (CVA, 2006a)..................116 Figura 6.21 - Desvio de tráfego da pista da direita na Av. Ipiranga.........................116 Figura 6.22 – Desvio de tráfego implantado em setembro ......................................117 Figura 6.23 – Desvio do tráfego para as faixas da direita (CVA, 2006a).................118 Figura 6.24 – Liberação da faixa da esquerda e interdição da faixa da direita (CVA, 2006a) .....................................................................................119 Figura 6.25 – Segunda etapa do desvio de tráfego.................................................119 Figura 6.26 – Desvio de tráfego e implantação da obra (CVA, 2006a) ...................120 Figura 6.27 – Acesso para pedestre .......................................................................120 Figura 6.28 – Muretas de proteção em todo o perímetro do acesso para pedestre 121 Figura 6.29 – Sinalização de bloqueio de calçada ..................................................121 Figura 6.30 – Sinalização para pedestre .................................................................122 Figura 6.31 – Funcionário controlando o desvio de tráfego.....................................122 Figura 6.32 – Eficácia do desvio de tráfego ............................................................123 Figura 6.33 – Interdição da Av. Ipiranga da Praça da República até o Instituto Caetano de Campos ..........................................................................123 Figura 6.34 – Local destinado a reciclagem ...........................................................124 12 Figura 6.35 – Sorteio de cestas básicas, enfoque social de reciclagem .................124 Figura 6.36 – Cadastramento arbóreo ....................................................................125 Figura 6.37 – Proteção dos troncos das árvores.....................................................126 Figura 6.38 – Escavação da camada impermeável.................................................127 Figura 6.39 – Proteção do torrão.............................................................................127 Figura 6.40 – Transporte das árvores empregando carretas ..................................128 Figura 6.41 – Içamento para o plantio da árvore.....................................................128 Figura 6.42 – Árvores transplantadas para a Praça da República ..........................129 Figura 6.43 – Remanejamento de serviços de transporte coletivo..........................130 Figura 6.44 – Tapume telado permitindo que a população pudesse ver a obra......131 Figura 6.45 – Pedestre fotografando a obra............................................................132 Figura 6.46 – Anteparo realizado para evitar que o Edifício Caetano de Campos fosse atingido pela lama ....................................................................133 Figura 6.47 – Em todo o perímetro do Edifício Caetano de Campos foi executado o anteparo para proteção...................................................................133 Figura 6.48 – Anteparo executado muito próximo ao Edifício Caetano de Campos134 Figura 6.49 – Contenção realizada para execução dos serviços de Jet Grouting...135 Figura 6.50 – Anteparo para evitar que os pedestres se sujem com o serviço de Jet Grouting .......................................................................................136 Figura 6.51 – Anteparo criado para a proteção do pedestre ...................................136 Figura 6.52 – Plataforma central e lateral prontas em estado bruto........................137 Figura 6.53 – Plataformas prontas em ambos os lados ..........................................138 Figura 6.54 – Apenas faltando a energização dos trens .........................................138 Figura 6.55 – Já localizado emboque para a execução do túnel.............................139 Figura 6.56 – Shield que será utilizado na Linha 4..................................................140 Figura 6.57 – Pilares estruturais da estação no local de passagem do Shield........140 Figura 6.58 – Pilares estruturais em todos os andares da Estação ........................141 Figura 6.59 – Fechamento de uma parte da Estação República.............................141 Figura 6.60 – Fechamento de escadas de acesso..................................................142 Figura 6.61 – Folheto distribuído sobre o desvio de tráfego....................................143 Figura 6.62 – Folheto distribuído sobre o remanejamento de serviços de transporte coletivo..............................................................................144 13 LISTA DE TABELAS Tabela 5.1 – Níveis de Ruídos ..................................................................................44 Tabela 5.2 – Classificação do Resíduos ...................................................................58 14 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AIA Auto de Infração Ambiental AGV/ PTS Amostrador de Grandes Volumes/ Partículas Totais em Suspensão APP Áreas de Preservação Permanente ATO Acompanhamento Técnico de Obra CET Companhia de Engenharia de Tráfego CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente CONDEPHAAT Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo CONPRESP Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo CPTM Companhia Paulista de Trens Metropolitanos CVA Consórcio Via Amarela DAEE Departamento de Águas e Energia Elétrica DECONT Departamento de Controle da Qualidade Ambiental DEPAVE Departamento de Parques e Áreas Verdes DEPRN Departamento Estadual de Proteção dos Recursos Naturais DPH Departamento do Patrimônio Histórico DUSM Departamento do Uso do Solo Metropolitano EIA Estudo de Impacto Ambiental ELETROPAULO Eletricidade de São Paulo EPBS Earth Pressure Balanced Shield EPI Equipamento de Proteção Individual ETD Estação Transformadora de Distribuição ETE Estação de Tratamento de Efluentes 15 GMA Grupo de Meio Ambiente GRAPROHAB Grupo de Análise e Aprovação de Projetos Habitacionais IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano LI Licença Ambiental de Instalação LP Licença Prévia METRÔ Companhia do Metropolitano de São Paulo - CMSP NATM New Austrian Tunnelling Method NBR Norma Brasileira Regulamentada PAA Plano de Ação Ambiental PE Procedimento Executivo PROCONVE Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores PV Poço de Visita RAP Relatório Ambiental Preliminar RIMA Relatório de Impacto do Meio Ambiente SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo SPTrans São Paulo Transporte SVMA Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente TCC Trabalho de Conclusão de Curso TDS Treinamentos Diários de Segurança USP Universidade de São Paulo VCA Vala a Céu Aberto VSE Ventilação e Saída de Emergência ZML Zona Metrô Leste 16 LISTA DE SÍMBOLOS dB Decibéis GVA Giga Volts / Ampère km Quilômetro km² Quilômetro Quadrado kV Quilo Volts m² Metro Quadrado pH Potencial Hidrogeniônico 17 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 20 2 OBJETIVO .......................................................................................................... 24 2.1 Objetivo Geral .............................................................................................. 24 2.2 Objetivo Específico ...................................................................................... 25 3 MÉTODO DE PESQUISA ................................................................................... 26 4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 27 5 PLANO DE AÇÃO AMBIENTAL PARA A GESTÃO DOS IMPACTOS............. 30 5.1 Programa de Gerenciamento Ambiental ...................................................... 33 5.1.1 Subprograma de Treinamento Ambiental ............................................. 34 5.1.2 Plano de Ação de Emergência.............................................................. 36 5.2 Programa de Relocação de População e Empresas.................................... 37 5.3 Programa de Monitoramento do Meio Ambiente.......................................... 38 5.3.1 Alterações na qualidade do ar .............................................................. 39 5.3.2 Alterações nos padrões de ruído .......................................................... 42 5.3.3 Alterações nos níveis de vibração e recalque....................................... 45 5.3.4 Alterações na estabilidade do pavimento ............................................. 47 5.3.5 Condições de saúde e segurança......................................................... 48 5.3.6 Transporte de material e equipamentos ............................................... 52 5.3.7 Desvio de tráfego.................................................................................. 55 5.3.8 Deposição de material excedente......................................................... 56 5.3.9 Produção de resíduos e rejeitos ........................................................... 57 5.3.9.1 Resíduos Sólidos .............................................................................. 58 5.3.9.2 Efluentes líquidos .............................................................................. 60 5.3.10 Drenagem superficial ............................................................................ 63 5.3.11 Remoção de vegetação ........................................................................ 64 5.3.12 Remanejamento de serviços de transporte coletivo ............................. 65 5.3.13 Remanejamento de redes de utilidade pública ..................................... 66 5.3.14 Intervenções em áreas risco ................................................................. 68 5.3.15 Interferências na paisagem urbana....................................................... 71 5.3.16 Intervenções nos sítios arqueológicos .................................................. 72 18 5.3.17 Interferências em patrimônio histórico .................................................. 75 5.3.17.1 Estação da Luz.................................................................................. 75 5.3.17.2 Jardim da Luz (Parque da Luz) ......................................................... 76 5.3.17.3 Mosteiro da Imaculada Conceição (Mosteiro da Luz) ....................... 76 5.3.17.4 Quartel da Luz (Batalhão Tobias de Aguiar) ..................................... 77 5.3.17.5 Pinacoteca do Estado de São Paulo ................................................. 77 5.3.17.6 Igreja de São Cristóvão ..................................................................... 78 5.3.17.7 Edifício Esther ................................................................................... 78 5.3.17.8 Instituto Caetano de Campos ............................................................ 79 5.3.17.9 Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP ........................... 80 5.3.17.10 Vila Penteado .................................................................................. 80 5.3.17.11 Instituto Mackenzie.......................................................................... 80 5.3.17.12 Bairro dos Jardins............................................................................ 81 5.3.17.13 Bairro do Pacaembú........................................................................ 81 5.3.17.14 Casa do Bandeirante....................................................................... 81 5.3.17.15 Casa do Caxingui ............................................................................ 82 5.3.18 Alterações e ajustes nos projetos ......................................................... 83 5.4 Programa de Comunicação Social............................................................... 83 5.5 Programa de Interação Institucional............................................................. 86 5.5.1 IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis............................................................................. 87 5.5.2 DEPRN - Departamento Estadual de Proteção dos Recursos Naturais ................................................................................................ 87 5.5.3 SVMA - Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente / DECONT – Departamento de Controle da Qualidade Ambiental / DEPAVE Departamento de Parques e Áreas Verdes .......................................... 87 5.5.4 Secretaria Estadual dos Transportes.................................................... 88 5.5.5 Secretaria Municipal dos Transportes................................................... 88 5.5.6 CET – Companhia de Engenharia de Tráfego ...................................... 88 5.5.7 GRAPROHAB – Grupo de Análise e Aprovação de Projetos Habitacionais ........................................................................................ 89 5.5.8 CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental....... 89 5.5.9 DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica ............................ 90 5.5.10 DUSM – Departamento do Uso do Solo Metropolitano......................... 90 19 5.5.11 SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo..................................................................................................... 90 5.5.12 ELETROPAULO – Eletricidade de São Paulo ...................................... 91 5.5.13 CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo ................. 91 5.5.14 5.6 6 Corpo de Bombeiros ............................................................................. 91 Atribuições na Elaboração e Execução do PAA .......................................... 92 ESTAÇÃO REPÚBLICA................................................................................... 100 6.1 Histórico da Estação República, Linha 3 – Vermelha ................................ 100 6.2 Descrição da Estação República, Linha 4 – Amarela ................................ 101 6.3 Plano de Ação Ambiental aplicado durante a obra República, Linha 4...... 103 6.3.1 Programa de Gerenciamento Ambiental............................................. 104 6.3.2 Programa de Relocação de População e Empresas .......................... 105 6.3.3 Programa de Monitoramento do Meio Ambiente................................. 106 6.3.3.1 Alterações na qualidade do ar......................................................... 106 6.3.3.2 Alterações nos padrões de ruído..................................................... 109 6.3.3.3 Condições de saúde e segurança ................................................... 111 6.3.3.4 Transporte de material e equipamentos.......................................... 114 6.3.3.5 Desvio de tráfego ............................................................................ 115 6.3.3.6 Produção de resíduos e rejeitos...................................................... 124 6.3.3.7 Remoção de vegetação .................................................................. 125 6.3.3.8 Remanejamento de serviço de transporte coletivo.......................... 130 6.3.3.9 Interferências na paisagem urbana ................................................. 131 6.3.3.10 Interferências em patrimônio histórico............................................. 132 6.3.3.11 Soluções criativa para impactos não estudados ............................. 135 6.3.3.12 Previsão de impactos na Estação República da Linha 3 – Vermelha ....................................................................................... 137 6.3.4 Programa de Comunicação Social...................................................... 142 6.3.5 Programa de Interação Institucional ................................................... 144 7 ANÁLISE CRÍTICA ........................................................................................... 146 8 CONCLUSÕES................................................................................................. 148 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................ 150 20 1 INTRODUÇÃO Este trabalho mostra os impactos ambientais e suas conseqüências sociais e econômicas decorrentes da construção da Linha 4 – Amarela da Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô. O Metrô é o empreendedor desta obra, em parceria com o CVA – Consórcio Via Amarela, que é o executor, formado por cinco construtoras: Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez; e por uma empresa responsável pela área de sistemas e construção dos trens e trilhos, a Alstom. Segundo a Resolução CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente 001 (1986), impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e a qualidade dos recursos ambientais. As conseqüências sociais que uma obra como esta pode trazer para a sociedade são muitas, pois a Linha Amarela ligou o bairro de Vila Sônia ao bairro da Luz interligando todas as outras Linhas do Metrô já existentes, inclusive à rede ferroviária, aumentando assim a malha e a capacidade do transporte coletivo de alta capacidade da cidade de São Paulo. Com isso, melhorou o trânsito de veículos na superfície e ajudou a população a ter acesso mais rápido a diversos pontos da cidade, diminuindo o tempo que seus usuários levariam para chegar ao seu local de destino. Com essas facilidades geradas pela construção da nova Linha 4, o fluxo de pessoas aumentou nas proximidades das novas estações, fortalecendo e ampliando o comércio do local, aumentando o número de empregos e as benfeitorias para a região. 21 Foi repensada toda a estrutura das rotas de ônibus para transportar os seus passageiros até as novas estações, aumentando assim as vagas de emprego para esta atividade. Os patrões tiveram mais opções de contratação, pois a distância do local de trabalho deixou de ser um empecilho, entre outras vantagens que ajudaram o desenvolvimento econômico do local. Além de todos os benefícios trazidos pela obra, este trabalho relata principalmente todos os problemas que houve durante a construção, todas as ações que foram tomadas para mitigá-los e toda a preocupação que existiu com o meio ambiente físico e urbano. Antes do início desta obra foi realizado um Estudo de Impacto Ambiental – EIA e o seu conseqüente Relatório de Impacto do Meio Ambiente – RIMA. Para o EIA foram seguidas as atividades técnicas que constam no Artigo 6° da Resolução CONAMA 001 (1986), que são: ¾ Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando: a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais e a topografia. Os tipos e aptidões do solo, os corpos d'água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas; b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as espécies indicadores da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente; c) o meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a sócio-econômico, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos; ¾ Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e 22 longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais; ¾ Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas; e ¾ Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados. De todas as atividades técnicas citadas, foram aplicadas apenas as que compreendiam a realidade do empreendimento em questão. O CVA desenvolveu um Plano de Ação Ambiental – PAA, com o intuito de cumprir as exigências do EIA-RIMA, propondo ações para mitigar e monitorar os impactos apontados. O mesmo foi enviado ao Metrô para aprovação e ao ser aprovado, entrou em vigor tornando-se crucial a realização de seu conteúdo. O CVA visando o cumprimento total do EIA-RIMA através do PAA, criou o Grupo de Meio Ambiente – GMA. O GMA era formado por um Gerente Ambiental, um funcionário terceirizado (Engenheiro Ambiental) e por representantes do CVA em cada frente de serviço, que tinham a responsabilidade de averiguar o cumprimento do PAA. Este trabalho evidencia as exigências e o cumprimento do PAA das atividades existentes no EIA-RIMA, dando ênfase aos impactos durante a implantação do empreendimento. O cumprimento do EIA-RIMA para qualquer empreendimento civil é essencial, pois garante que os impactos provenientes da obra serão mitigados, todo esse trabalho é fundamental para que se possa garantir a estabilidade do meio ambiente. É muito importante para a engenharia civil o conhecimento da problemática ambiental levantada no EIA-RIMA, pois conhecendo a função e o objetivo deste 23 estudo ambiental e relatório é mais fácil minimizar os impactos gerados ao meio ambiente e prejudiciais à cidade e a toda a sociedade. Esta obra exigiu muito tempo, paciência e empenho dos moradores e passageiros da cidade de São Paulo, principalmente tratando-se de grande metrópole que já tem seus próprios problemas e que não podem ser multiplicados. 24 2 OBJETIVO Este trabalho pretende ilustrar e discutir o PAA, como uma das ações estratégicas, para o cumprimento do EIA-RIMA, gerado no processo de licenciamento, necessário para a execução e a realização de uma considerável obra de tráfego, na cidade de São Paulo. 2.1 Objetivo Geral Apontar os impactos ao meio ambiente, levantados no estudo ambiental préoperacional, para uma obra de tráfego de grandes proporções em uma cidade do porte de São Paulo. Resumir os impactos ambientais citados no RIMA do trecho Linha 4 – Amarela do Metrô de São Paulo, que vai do Pátio de manobras na Vila Sônia até a Estação da Luz. Elucidar o PAA elaborado para o alcance das medidas mitigadoras previstas, durante a implantação do empreendimento. Mostrar todos os pontos onde foi necessário intervir, como por exemplo: infraestrutura urbana (desvio de tráfego, remanejamento de serviços de transporte coletivo, remanejamentos de rede de utilidades públicas), paisagem urbana (remoção de espaços verdes, árvores), meio físico (qualidade do ar, padrões de ruídos, níveis de vibração, estabilidade do solo), interferência da obra na vizinhança (rotinas diárias e noturnas), segurança e muitos outros itens que são imprescindíveis e estão inclusos no planejamento e que deveriam ser cumpridos à risca, para que todos os impactos pudessem ser mitigados. Avaliar a melhoria indireta do ambiente para todos os funcionários dos canteiros, comércio e toda a população residente e transitória, próxima às áreas de interferência. 25 2.2 Objetivo Específico O objetivo específico deste trabalho é mostrar todo o planejamento e gerenciamento que existiu durante o período da construção de uma obra como a Linha 4 - Amarela do Metrô de São Paulo, especificamente na Estação da República onde ocorreram os maiores impactos ambientais, sociais e econômicos, e onde foi realizado um maior acompanhamento do GMA. 26 3 MÉTODO DE PESQUISA Para a execução deste trabalho empregou-se pesquisa bibliográfica sobre o estudo de impacto ambiental elaborado para o empreendimento, relatório de impactos do meio ambiente nas diversas etapas do licenciamento, fotos, plantas, projetos, licenças ambientais e arquivos de acervo particular do CVA (disponíveis para consulta), tais como: proposta de relatório de mitigação de impactos enviado ao Metrô, procedimentos executivos sobre o monitoramento do meio ambiente (gerados pelo CVA), especificações técnicas e instruções complementares (gerados pelo Metrô), além de estudos de conceitos técnicos, linguagem, exigências e perspectivas. Busca em livros, artigos de revistas e jornais de grande circulação pública. Como fonte de pesquisa usou-se também o levantamento virtual em “homepage” e “sites”, principalmente os governamentais. Elaborou-se entrevistas e discussões com profissionais da área e corpo docente da Universidade Anhembi Morumbi. No levantamento bibliográfico executado deu-se ênfase ao aspecto ambiental e toda a regulamentação inerente ao licenciamento, com as suas decorrências econômicas e urbanísticas, sob o aspecto da engenharia, enfocando principalmente a atribuição do engenheiro civil na execução do Plano de Ação Ambiental estabelecido, para que os objetivos propostos na execução do empreendimento fossem plenamente atingíveis. Cabe salientar que muitas das fotografias apresentadas no presente trabalho foram obtidas na execução da Linha 4 – Amarela, e compreendem o acervo pessoal de Antunes (2006). 27 4 JUSTIFICATIVA É importante a realização deste trabalho para mostrar o planejamento existente durante uma obra civil em área urbana densamente povoada, porque uma obra de grandes proporções, mesmo que planejada, sempre interfere no ambiente onde a mesma está acontecendo. Um bom Plano de Ação Ambiental para mitigar estes impactos será sempre crucial para a preservação do entorno e área sob influência, pois com o planejamento podemos antecipar soluções para problemas que possivelmente ocorrerão durante a execução da obra ou até fazer com que estes não ocorram através de ações preventivas. Este trabalho visa enfatizar e apontar todos os pontos importantes e vitais da cidade nos quais uma obra pode interferir durante a sua execução, como: rede de transporte coletivo e o sentido das vias na malha urbana (gerando atrasos e congestionamentos); poluição sonora, poluição visual ou o decréscimo da harmonia das edificações (afetando o bem estar dos moradores e transeuntes no entorno); e até proporcionar uma mudança brusca na rotina do lugar, pois uma obra de grande porte muitas vezes conta com aproximadamente 300 funcionários, em até três turnos que irão freqüentar as ruas e o comércio daquele lugar mudando a rotina do local e a vida das pessoas ali presentes. No presente trabalho, visou-se o entendimento da problemática ambiental para implantação das medidas mitigadoras previstas no EIA-RIMA e o PAA efetuado para cumprimento dos prazos e metas durante a execução. A realização do PAA foi importante para facilitar a implantação dos procedimentos de mitigação dos impactos decorrentes da obra, e com isso tentar tornar tênue a percepção da população quanto aos impactos causados pela obra enquanto a mesma estava sendo realizada, melhorando assim a qualidade de vida no entorno. Este trabalho mostra toda a importância da identificação e estudo dos impactos ambientais, sociais e econômicos, decorrentes de uma grande obra antes do seu início (EIA-RIMA). Este processo é muito importante para a engenharia civil, pois 28 dependendo da avaliação dos impactos ambientais levantados, pode-se concluir se a obra é ambientalmente viável e se não causará alterações significativas no meio ambiente da região, especialmente se forem adotadas e implantadas as medidas e programas ambientais descritas no PAA. Os impactos levantados e avaliados no EIA-RIMA podem ser classificados como positivos (benéficos ao meio ambiente) ou negativos (maléficos ao meio ambiente). Alguns dos impactos avaliados no EIA-RIMA e classificados como positivos, relativos à construção da Linha 4 – Amarela do Metrô de São Paulo foram: geração de empregos (durante e após o término das obras); a inclusão de mais uma linha à malha metroviária já existente, aumentando os bairros de passagem das linhas do Metrô em São Paulo, o número de pessoas atendidas pelos trens do metrô e a integração com outros meios de transporte como ônibus e linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – CPTM (aumentando a área de influência do transporte público da cidade); a diminuição do trânsito em grandes avenidas onde estão sendo construídas as novas estações (Av. Francisco Morato, Av. Rebouças, Rua da Consolação, Av. Vital Brasil, Av. Faria Lima, Av. Ipiranga, entre outras). Já os impactos avaliados como negativos, referem-se às interferências em superfície, nos locais destinados a poços de ventilação, saídas de emergência, estações e pátio de manobras, como: circulação de máquinas e equipamentos pesados; desvio de tráfego; desapropriação de imóveis; supressão de exemplares arbóreos isolados; e utilização de áreas de apoio (bota-fora). As demais obras serão realizadas em grandes profundidades, reduzindo o número de interferências e os impactos associados. No caso de impactos classificados como negativos, são realizados procedimentos para a mitigação destes impactos, com o intuito de diminuir as alterações no meio ambiente. Todos esses procedimentos de mitigação foram desenvolvidos no PAA, que apontou os principais impactos e as possíveis soluções e formas de mitigações. Justifica-se a execução deste trabalho de conclusão de curso, que visou entendimento da importância, para o engenheiro civil, de um planejamento (Plano de 29 Ação Ambiental) antes do início das obras da Linha 4 – Amarela do Metrô de São Paulo. No plano se pode quantificar e confrontar todos os tipos de impactos positivos e negativos levantados durante a execução das obras e pode-se avaliar e decidir a melhor forma de agir diante de um eventual problema, com ações antecipadamente previstas. Em alguns casos, alterando drasticamente o projeto inicial ou até vetando a sua execução, quando o mesmo apresentar mudanças significativas ao meio ambiente, sem uma solução eminente ou um contra-ponto positivo de maior ênfase. 30 5 PLANO DE AÇÃO AMBIENTAL PARA A GESTÃO DOS IMPACTOS Na fase do planejamento, para a execução da obra da Linha 4 – Amarela do Metrô de São Paulo, foi necessária a realização de estudos ambientais e obtenção de licenças ambientais para verificar a viabilidade ambiental de execução desta obra de tráfego. Na Figura 5.1, é mostrado o traçado da Linha 4 – Amarela, fracionado em duas figuras para melhor visualização. Figura 5.1 – Traçado da Linha 4 – Amarela do Metrô de São Paulo (METRÔ, 2006f) 31 O Metrô obteve Licença Prévia – LP, que assegura a viabilidade de implantação do empreendimento pela empresa, estabelecendo requisitos básicos e condições a serem seguidas nas etapas seguintes à implementação inicial da Linha 4 – Amarela, que vai do Pátio da Vila Sônia até a Estação da Luz, em duas etapas (METRÔ,1999). A primeira etapa incluiu o trecho da Vila Sônia até a Estação Paulista e se obteve a primeira LP em 08/04/1997. Para este trecho foram apresentados o EIA-RIMA, exigência prevista na Resolução CONAMA 001 (1986), para este tipo e porte de empreendimento civil (METRÔ, 1999). A segunda etapa incluiu o trecho da Estação Paulista até a Estação da Luz e foi obtida a LP em 09/06/1999. Para este trecho foi apresentado um Relatório Ambiental Preliminar – RAP. No período de licenciamento prévio realizaram-se audiências públicas como previsto na legislação ambiental (METRÔ, 1999). Os relatórios RIMA e RAP continham uma previsão dos impactos que seriam causados pela construção e propunham um PAA para seu tratamento e mitigação. Em 19/12/2001, o Metrô obteve a Licença Ambiental de Instalação – LI, a qual autoriza a instalação do empreendimento, de acordo com os planos e programas incluindo medidas de controle ambiental e condições restantes, as quais se encontravam detalhadas no PAA. Tal plano deveria ser elaborado após a conclusão do projeto descritivo, constituindo um pré-requisito para os trabalhos iniciais, válida para toda a Linha 4 (da Estação Morumbi até a Estação da Luz, incluindo também o pátio de manobras na Vila Sônia), juntando assim todos os setores previamente licenciados (METRÔ, 2006d). A LI estabeleceu que seria necessário identificar antes do início dos trabalhos, as áreas a serem utilizadas como áreas disponíveis para descarte de material excedente (bota-fora), indicando: a capacidade da área; quantidade; tipo de material a ser descarregado; disciplinar o cronograma e rotas dos caminhões; e que todas essas áreas de apoio fossem previamente autorizadas pelo Departamento Estadual de Proteção aos Recursos Naturais – DEPRN, seguido da apresentação dos 32 estudos sobre drenagem superficial e estabilidade de talude. Estabeleceu também, que seria necessário obter autorização do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo – CONDEPHAAT para a proteção oficial (tombamento) de imóveis na região de realização das obras. Para obter a LI, o Metrô apresentou o relatório “Linha 4 – Amarela – Morumbi – Luz, Relatório Ambiental de Licença de Instalação”. Este Relatório continha o PAA, elaborado através do RIMA e RAP, que é composto de 5 programas, sendo três de caráter executivo e dois de apoio: ¾ Programa de Gerenciamento Ambiental; ¾ Programa de Relocação de população e Empresas; ¾ Programa de Monitoramento do Meio Ambiente; ¾ Programa de Comunicação Social; e ¾ Programa de Interação Institucional. Estes programas foram elaborados com base nos impactos identificados e avaliados anteriormente no EIA-RIMA. As medidas mitigadoras estabelecidas para a execução foram objeto de acompanhamento e avaliação permanente por uma equipe de monitoramento, composta pelo GMA, que acompanhou e documentou as diversas atividades pertinentes à obra. O objetivo do PAA foi detalhar os procedimentos ambientais de responsabilidade do CVA, para a construção da Linha 4 do Metrô, de forma a evitar e/ou mitigar possíveis danos ambientais. Na seqüência serão descritos os 5 programas, constantes no processo de obtenção da Licença Ambiental de Instalação e que compõe o Plano de Ação Ambiental. Neste trabalho os itens 5.1 a 5.5 foram baseados no Plano de Ação Ambiental, documento interno do CVA, elaborado pelo CVA e GEOTEC CONSULTORIA AMBIENTAL LTDA. Este documento era composto de 107 páginas, e seu principal objetivo foi garantir o cumprimento do EIA-RIMA, na prática. 33 Cabe salientar que as fotografias apresentadas como figuras não referenciadas no presente trabalho, foram obtidas na execução da Linha 4 – Amarela e compreendem o acervo pessoal de Antunes (2006). 5.1 Programa de Gerenciamento Ambiental No Programa de Gerenciamento Ambiental constavam todas as informações e procedimentos necessários à coordenação e supervisão dos demais programas ambientais do PAA, além da estrutura de recursos humanos necessária para sua operacionalização. Neste programa também é apresentado o Estatuto Ambiental, que constituiu a declaração de intenções do CVA em relação ao meio ambiente. O Estatuto Ambiental estipulava que o CVA deveria implantar e manter uma Gestão Ambiental baseada nos seguintes princípios (CVA-GEOTEC, 2004, p.13): ¾ Prevenir e minimizar os impactos ambientais e poluição gerada pelos serviços e operações; ¾ Buscar a melhoria contínua do desempenho ambiental através do monitoramento e o aprimoramento da Gestão Ambiental; ¾ O gerenciamento ambiental estará sempre em conformidade com a legislação vigente, requisitos internos e outros requisitos legais; ¾ Os conceitos de Meio Ambiente e Segurança serão integrados em todas as atividades; ¾ Será mantido programa permanente de treinamento dos recursos humanos para atuarem responsavelmente em relação ao meio ambiente; e ¾ Amplos esforços serão direcionados de modo a manter um sistema de comunicação com a comunidade em geral. Este estatuto foi amplamente divulgado entre os funcionários e sub-contratados, além dos fornecedores envolvidos. Houve informação, formação e treinamento. 34 A estruturação do programa de gerenciamento ambiental foi composta por uma gerência ambiental e pelo GMA. O GMA foi responsável pela elaboração de relatórios mensais de gestão ambiental e de não-conformidades ambientais, além de relatórios anuais de desempenho ambiental. Estes relatórios foram internos (CVA) e poderiam ser apresentados ao Metrô e aos órgãos ambientais, mediante aprovação do Gerente Ambiental. Os profissionais do GMA realizavam vistorias diárias nas frentes de serviços, verificando se as medidas de controle ambiental preconizadas estavam sendo corretamente implantadas. Foi elaborado também pelo GMA, um banco de dados ambientais, onde constavam informações de não-conformidades, queixas de população, licenças e autorizações, relação de relatórios elaborados, entre outros. Este programa também contava com subprogramas que auxiliaram na gestão e desenvolvimento do Gerenciamento Ambiental. Os mesmos estão descritos nos itens na seqüência. 5.1.1 Subprograma de Treinamento Ambiental Este subprograma foi responsável pelo treinamento ambiental, divulgação de informações e conscientização da importância do PAA para os funcionários e subcontratadas. Para estes treinamentos foi criada uma hierarquia funcional, atingindo assim um melhor entendimento por parte de todos. Para o nível de Diretoria, Gerência, Engenheiros, Técnicos e Encarregados, tanto do CVA quanto de terceirizados, o conteúdo programático foi (CVA-GEOTEC, 2004, p. 15 e 16): ¾ Legislação Ambiental; ¾ Plano de Ação Ambiental; e 35 ¾ Medidas de Controle Ambiental. Já para os níveis de Operários de obra (do CVA e terceirizados), o conteúdo programático foi (CVA-GEOTEC, 2004): ¾ Treinamento simplificado do que é o Meio Ambiente e de como devemos agir perante ele; ¾ Distribuição e explanação de cartilha de educação ambiental. O objetivo dos treinamentos, independente do nível dos participantes, era garantir a compreensão do PAA, os aspectos ambientais legais, mostrar a importância da adoção de medidas de controle e monitoramento ambiental. Estava sob a responsabilidade do CVA realizar treinamentos com periodicidade anual (no mínimo), abordando o funcionamento do PAA e as questões ambientais referentes aos serviços que seriam prestados. As emendas dos cursos e palestras eram direcionadas para as atividades típicas de capa grupo (nível) e a partir de todas as palestras ministradas pela equipe do GMA, era gerado um registro e controle (lista de presença) de todos os funcionários que assistiam ao treinamento. Na Figura 5.2 é mostrada a realização de um treinamento para os níveis de operários de obra, tanto do CVA, como de terceirizados. Figura 5.2 – Treinamento realizado pelo CVA 36 5.1.2 Plano de Ação de Emergência Este subprograma teve como objetivo apresentar os procedimentos a serem adotados quando da ocorrência de situações emergenciais durante a fase de execução das obras. Tais situações poderiam ser geradas por eventos até então considerados como hipóteses acidentais. Além disso, este subprograma também contemplava as ações preventivas que seriam implementadas, para evitar a ocorrência desses eventos. Mesmo com todo o monitoramento e o controle ambiental exercido no transcurso das obras, alguns eventos eram passíveis de ocorrerem, quer por falha humana, quer por outros motivos inesperados, configurando situações emergenciais. Esses eventos, se não minimizados ou atendidos de forma eficiente e com presteza, poderiam gerar desde queixas e demandas ambientais (por vias legais ou informais, algumas de grande repercussão), até impactos negativos ao meio ambiente, à saúde dos trabalhadores ou vizinhos aos empreendimentos. Tendo em vista o tipo e as características das obras em questão, consideraram-se os seguintes eventos como sendo potencialmente geradores de situações emergenciais (CVA-GEOTEC, 2004, p. 18): ¾ Vazamento de produtos perigosos; ¾ Acidente com explosivos; ¾ Proliferação de doenças endêmicas; ¾ Acidente de trabalho; ¾ Acidente envolvendo a população; e ¾ Incêndio. Para cada um dos possíveis eventos que poderiam ocorrer, foram implantadas pelo CVA ações preventivas que tinham o intuito de evitar a ocorrência dos mesmos. Essas ações dizem respeito ao treinamento dos recursos humanos envolvidos, aos procedimentos específicos para atividades relevantes e à utilização de materiais, veículos e equipamentos de acordo com as normas e leis vigentes. 37 Em função do nível de gravidade, alguns eventos eram prontamente atendidos pelos próprios trabalhadores em atividade no local. Os que transcendiam a aptidão ou os recursos humanos e materiais disponíveis no local da ocorrência eram imediatamente tratados em nível de emergência, quando então eram iniciados os procedimentos preconizados no Plano de Ação de Emergência (CVA-GEOTEC, 2004). De todos os modos, quaisquer eventos, independentemente da gravidade, eram imediatamente comunicados ao Setor de Segurança do Trabalho que, em função das dimensões da ocorrência e do tipo de evento providenciavam de imediato o deslocamento de recursos operacionais internos para o local do acontecimento e/ou requisitavam apoio externo representado pelo Hospital Bandeirantes, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Polícia Militar, Distrito Policial e Resgate Aéreo, ou mesmo, o órgão responsável pelo Meio Ambiente e autoridades sanitárias. Foi realizado também, um levantamento dos hospitais localizados no entorno das obras, e estes foram amplamente divulgado a todos. 5.2 Programa de Relocação de População e Empresas Através de estudos feitos antecipadamente nas áreas de construção das estações, Ventilação e Saída de Emergência – VSE´s e pátio de manobras, foram tomadas as providências para o cadastramento dos proprietários de imóveis residenciais e comerciais que receberam a visita de um avaliador de imóveis que avaliou as edificações para que o Metrô pudesse indenizar ou relocar seus proprietários. Em alguns casos houve resistência por parte dos proprietários em sair (vender) os seus imóveis, então o Metrô juntamente com o seu corpo de advogados moveu uma ação de despejo contra os proprietários desses imóveis, pagando apenas o valor venal do imóvel conforme talão do IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano que em todos os casos foi mais baixo, frente ao valor proposto pelo avaliador. Nos casos de despejo, não coube ao despejado o recurso de apelação em próxima estância. 38 O CVA foi responsável apenas pela demolição das edificações, e coube também ao CVA manter o controle de problemas como: poluição sonora; poluição atmosférica (mantendo a superfície das edificações molhadas durante a demolição); vibrações; estabilidade das edificações remanescentes (foi feito um estudo fotográfico das mesmas antes do início das demolições); contaminação do solo; ocorrência de vetores e doenças (foram dedetizadas todas as edificações demolidas); transporte de material ocasionando alterações na estabilidade do pavimento; e interferências no tráfego. Todas as medidas de segurança e controle de impactos foram implementadas durante as obras, a fim de se evitar riscos a comunidade e ao meio ambiente. O CVA executou os serviços de demolição somente após a liberação do local pelo Metrô, verificando se não havia população ou empresas remanescentes. Tomou-se o cuidado para que todo o material excedente proveniente das demolições fosse destinado somente aos locais licenciados nos órgãos ambientais competentes e procurando sempre evitar a formação de locais com o acúmulo de água, que poderiam gerar ambientes propícios para a criação de vertedores de doenças, através de limpeza geral do ambiente demolido. 5.3 Programa de Monitoramento do Meio Ambiente Este Programa estabeleceu as diretrizes de controle ambiental que foram executadas pelo CVA durante as obras, visando mitigar os impactos associados. Também foram apresentadas neste programa as medidas de monitoramento ambiental necessárias para a supervisão ambiental das obras. Estas medidas definiram como averiguar se as medidas de controle ambiental preconizadas foram corretamente implantada. 39 As medidas de controle ambiental foram implementadas pela equipe executora das obras, isto é, o Departamento de Obras e Produção pertencentes ao CVA. Enquanto as medidas de monitoramento foram executadas pelo Departamento de Meio Ambiente, através do GMA. Em virtude destas medidas estarem diretamente ligadas às obras, este programa consistiu em um dos mais importantes do PAA. Os procedimentos adotados neste programa foram divididos de acordo com os principais impactos associados ao empreendimento. Os mesmos estão descritos nos itens na seqüência. 5.3.1 Alterações na qualidade do ar O objetivo deste procedimento foi garantir o padrão de qualidade do ar, através de monitoramento nas áreas sob influência direta dos trechos em obras. Este monitoramento se estendeu a todas as frentes de serviço, incluindo estações, VSE´s e pátio de manobras. O GMA acompanhou durante toda a realização da obra, todos os pontos relacionados à qualidade do ar, como a verificação de material suspenso (poeira) no ambiente de obra, ao longo das vias não pavimentadas e em demolições, nestes casos foi muito comum o uso de caminhões pipa para a aspersão de água no controle da poeira. Em algumas frentes, também foi comum o uso de locais fechados com lonas, próprios para a abertura de sacos de cimento (rasga sacos), evitando assim a dispersão da poeira proveniente do cimento, como pode ser visto na Figura 5.3, nestes locais os funcionários incumbidos de rasgar os sacos usavam máscaras, óculos e luvas de proteção. 40 Figura 5.3 – “Rasga Saco” Para o controle do nível de poeira, foi utilizado um equipamento, AGV/PTS – Amostrador de Grandes Volumes / Partículas Totais em Suspensão, para medir o nível de poeira no ambiente da obra, mostrado na Figura 5.4. Este equipamento funcionava como um filtro, retendo a poeira e gerando uma escala do teor de poeira em cada período do dia. Este equipamento funcionada 24 horas ininterruptas. Figura 5.4 – Equipamento para medir o nível de poeira O GMA também acompanhou a manutenção periódica das condições mecânicas dos motores das máquinas, equipamentos e veículos empregados nas obras, todos 41 os veículos (leves e pesados) deviam estar em conformidade com o PROCONVE – Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores. Foi tomado também, o cuidado quanto à disposição vertical dos canos de descargas dos geradores para evitar o lançamento de fumaça diretamente na vizinhança. Para a verificação dos veículos e equipamento movidos a diesel quanto á emissão de fumaça preta, foi utilizada a escala de Ringelmann mensalmente. Esta escala era utilizada da seguinte forma: segurava-se o cartão com o braço totalmente estendido de forma que os pontos da escala formassem uma tonalidade uniforme, em seguida comparava-se a fumaça vista pelo orifício com o índice, determinando qual a tonalidade da escala que mais se assemelhava com a tonalidade da fumaça. A emissão da fumaça verificada na comparação visual, que fosse superior ao N° 2 (40%), caracterizava infração. Para a emissão de fumaça emitida por veículos, o observador deveria estar a uma distância de 20 a 50 metros do tubo de escapamento a ser observado, como pode ser visto na Figura 5.5. Na Figura 5.6, é possível ver a Escala Ringelmann com mais detalhes. Figura 5.5 – Execução de leitura com a Escala Ringelmann 42 Figura 5.6 – Escala Ringelmann 5.3.2 Alterações nos padrões de ruído O objetivo deste procedimento foi assegurar que os níveis de ruídos provenientes dos serviços, veículos e equipamentos das obras estivessem nos padrões aceitáveis, garantindo assim o bem estar da população residente próximo às obras e dos funcionários envolvidos nas obras. 43 Alguns procedimentos de controle foram adotados para se evitar que os padrões de ruído nas regiões das obras fossem aumentados, tentando ao menos manter o mesmo padrão, visto que em algumas regiões, mesmo antes das obras se iniciarem, os padrões de ruído já estavam acima dos aceitáveis pela norma NBR 10.151 (ABNT, 2000). Os procedimentos de controle adotados foram relacionados no Procedimento Executivo – PE, elaborado pelo CVA (2005): ¾ Utilização de equipamentos blindados e de baixa emissão de ruídos, conforme é possível observar na Figura 5.7; Figura 5.7 – Geradores e Compressores blindados ¾ Manutenção periódica de equipamentos e máquinas; ¾ Divulgação dos trabalhos de demolição com antecedência aos proprietários dos imóveis sobre área de influência direta das obras; ¾ As intervenções com explosivos (fogo), tinham horários pré-estipulados, e esses horários eram divulgados à população local e ao Metrô; ¾ Em caso de constatação de elevação dos níveis de ruído, foram estudadas as causas do aumento e implantadas medidas de atenuação de ruído, através do enclausuramento ou “cobertura” de equipamentos com tapumes ou telhas. Para o monitoramento de todos esses procedimentos foram realizadas medições dos níveis de ruídos antes do início das obras, por meio de decibelímetro, esses níveis foram monitorados mensalmente depois do início das obras, verificando assim 44 possíveis aumentos que ocorreram durante o período. Na Figura 5.8 pode ser vista a execução de uma medição. Figura 5.8 – Execução de leitura com Decibelímetro Os níveis de ruído aceitáveis são apresentados na Tabela 5.1 (CVA-GEOTEC, 2004). Tabela 5.1 – Níveis de Ruídos Domingos e Segunda à Sábado (dB) Feriados (dB) ZONAS DE USO 7:00h às 16:00h às 19:00h 7:00h às 19:00h 16:00h 19:00h às 7:00h 19:00h às 7:00h Estritamente residencial 75 59 50 55 50 Predominantemente residencial 75 63 50 59 50 75 67 50 63 50 75 71 59 67 59 75 75 63 75 63 Estritamente industrial 79 79 75 79 75 Especial 75 75 50 63 50 Predominantemente residencial, densidade média Mista – densidade média Mista, densidade alta predominantemente industrial – Fonte: NBR 10151 – Avaliação de Ruído em Áreas Habitadas (ABNT, 2000) 45 5.3.3 Alterações nos níveis de vibração e recalque O objetivo deste procedimento foi assegurar que os níveis de vibrações provenientes dos serviços, veículos e equipamentos das obras estivessem em padrões aceitáveis, minimizando assim os impactos das vibrações eventualmente produzidas, garantindo o bem estar da população e a integridade dos imóveis, evitando o incômodo nas proximidades das obras. Foi realizada vistoria cautelar em todos os imóveis vizinhos das obras, com registro fotográfico, para possível detecção de trincas e rachaduras, anterior ao período de obras, tornando possível monitorar todo e qualquer recalque proveniente da execução das obras, através da instalação de aparelhos e equipamentos de instrumentação, que tornaram possível a leitura de recalques superficiais, mostrados na Figura 5.9 e profundos, recalques nos edifícios, mostrados na Figura 5.10, convergências e divergências dos túneis e poços, mostrados na Figura 5.11, todas essas leituras eram realizadas com Estações Totais, além das leituras dos níveis do lençol freático, que eram realizadas com equipamento adequado (pio). Todas essas leituras eram comparadas com os níveis máximos estabelecidos por um geólogo, para cada região após estudo do solo. Figura 5.9 – Instrumento para leitura de recalques superficiais 46 Figura 5.10 – Instrumento para leitura de recalque em edificações Figura 5.11 – Instrumento para leitura de convergência e divergência Todas as demolições eram controladas visando manter as condições de segurança das construções adjacentes, antes de qualquer demolição era feita divulgação dos trabalhos para os proprietários dos imóveis sobre área de influência direta das obras. Em casos de constatação de elevação dos níveis de vibração e danos nos imóveis, foram estudadas e implantadas medidas de atenuação de vibrações. Pela primeira vez, o Metrô utilizou explosivos para auxiliar nas escavações dos túneis e das estações, em virtude da quantidade e características das rochas que se encontravam na região do Rio Pinheiros [...]. Todas as etapas foram monitoradas e minuciosamente acompanhadas, evitando-se que qualquer dano ou acidente ocorresse. [...] para mitigar o sobrelançamento de material das detonações, desenvolveu-se uma tela metálica removível, que absorveu os impactos das rochas, até a superfície (METRÔ, 2006e). Os equipamentos utilizados para a avaliação das vibrações foram: medidores de vibrações, sensores, acelerômetros, geofones e sismógrafos. 47 5.3.4 Alterações na estabilidade do pavimento O objetivo deste procedimento foi minimizar os impactos associados a recalques e deformações eventualmente produzidas nos pavimentos, garantindo o bem estar da população e a integridade dos imóveis, e evitando o incômodo nas proximidades das obras. Foi pré-determinado pela CET – Companhia de Engenharia de Tráfego, todas as rotas e horários para que pudessem ser transportados todos os materiais excedentes, evitando-se as grandes avenidas e vias de grande circulação de veículos e pedestres e os horários de pico e congestionamento na cidade. Antes do início das obras, foi realizada uma vistoria cautelar, com registro fotográfico, em todas as vias próximas às frentes de serviço e ao longo do trajeto da Linha 4, com o intuito de registrar a situação destas vias para que após o início das obras, pudesse ser confrontada a situação das vias durante a execução das obras com o levantamento fotográfico realizado anteriormente, responsabilizando ou não, o CVA por possíveis danos a estabilidade do pavimento. Na seqüência são mostradas nas Figura 5.12 e Figura 5.13 um exemplo de levantamento fotográfico. Figura 5.12 – Registro de via antes do início da execução da obra 48 Figura 5.13 – Registro de recalque em poço de visita antes do início da execução da obra 5.3.5 Condições de saúde e segurança O objetivo deste procedimento foi monitorar as atividades e instalações das obras, visando garantir e atender os requisitos necessários à saúde, segurança e higiene de todos os funcionários das obras. Foi implantado um sistema de realização antecipada e periódica de exames médicos. Na ocasião da contratação dos funcionários, foram realizados exames médicos visando à identificação de eventuais doenças infecto-contagiosas e endêmicas. Foi fornecido aos funcionários todos os Equipamentos de Proteção Individual – EPI’s necessários para cada tipo de função desenvolvida, mostrados na Figura 5.14, com o devido treinamento de uso. Na Figura 5.15 é mostrado um treinamento para a correta colocação do protetor auricular. Esses treinamentos visavam evitar a obtenção de possíveis doenças ocupacionais. Todas as Normas Regulamentadoras de Saúde e Segurança e Saúde do Ministério do Trabalho foram cumpridas a risca. 49 Figura 5.14 – Equipamento de Proteção Individual – EPI´s Figura 5.15 – Treinamento de uso dos EPI´s Foram implantados ambulatórios nos canteiros de obras, conforme Figura 5.16, com estrutura e equipamentos de saúde necessários para o pronto atendimento de primeiros socorros e ambulatoriais, incluindo o serviço de remoção de trabalhadores acidentados para instituições hospitalares. Para esta remoção, o CVA fez um convênio com o Hospital Bandeirantes, sendo este o responsável por transportar os funcionários acidentados para o hospital mais próximo da obra. 50 Figura 5.16 – Ambulatório instalado no canteiro de obras da Estação Oscar Freire Para tornar o trabalho mais prazeroso para todos os funcionários e causar efeitos positivos sobre as condições físicas e psíquicas do trabalhador, foram disponibilizados equipamentos de lazer, para que nas horas vagas (horário de almoço, por exemplo) o funcionário possa se distrair e aumentar os seus conhecimentos. A Figura 5.17, está mostrando uma solução criativa para este entretenimento, em algumas frentes de serviço foi criado o “Cantinho da Leitura”, aonde os próprios funcionários doavam revistas, livros e jornais para que todos pudessem ler. Figura 5.17 – Cantinho da Leitura 51 Foi implantada a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, e também um programa de orientação e treinamento aos funcionários, com cursos de rápida duração, visando à capacitação destes para a prestação dos primeiros socorros necessários, além do conhecimento e conscientização das medidas de prevenção de acidentes adotadas (CVA-GEOTEC, 2004, p. 34). Todo o vestuário foi fornecido aos funcionários das obras, sendo que estes continham peças refletivas, visando o serviço no período noturno, a Figura 5.18 mostra a fita refletiva na camiseta do uniforme. Fita refletiva Figura 5.18 – Detalhe da fita refletiva no vestuário dos funcionários Todos os cuidados foram tomados nas obras, para que fossem utilizados, sempre, os procedimentos executivos corretos, prescritos nas normas e manuais da Qualidade, visando também à redução de acidentes. O GMA teve a responsabilidade de verificar se todas essas medidas foram implantadas corretamente e cumpridas conforme especificadas. O GMA também verificou se as atividades com explosivos (desmonte de rochas para escavação de túneis) foram desenvolvidas com as normas de segurança estabelecidas, tanto para os funcionários como para os usuários e transeuntes. Também foram verificadas as atividades de operação de equipamentos, orientando os funcionários responsáveis por esta locomoção, quanto as cuidados que deveriam 52 ser tomados para fazer a locomoção dos equipamentos e maquinários, verificando sempre se haviam outros funcionários próximos às máquinas. Em caso de equipamento com motor próprio, estes deveriam ter alarme de ré sonoro além do luminoso, retrovisores em bom estado e acima de tudo, motores, freios e direções em ótimas condições. Foram adotados também, métodos de carregamento dos caminhões, incluindo o transporte de materiais com caçamba coberta por lonas, mostrado na Figura 5.19, evitando-se a queda deste material na vias públicas durante o seu transporte. Lona Figura 5.19 – Caminhão coberto com lona 5.3.6 Transporte de material e equipamentos O objetivo deste procedimento foi garantir que as influências decorrentes do transporte de materiais e equipamentos fossem mitigadas, não causando transtornos aos moradores locais e ao tráfego da região. O CVA obteve aprovação junto à CET para a rota e cronograma de transporte, sempre que as dimensões do equipamento, tipo de material ou volume de tráfego assim o exigissem, como por exemplo, cargas perigosas (inflamáveis, explosivos) e cargas de grandes dimensões. 53 O GMA fiscalizou se todos os materiais recebidos nos locais de trabalho e frentes de serviço estavam confinados de forma a evitar extravasamentos na vizinhança sob ação da gravidade, por expansão, ventos ou qualquer outra forma, evitando interferir no meio ambiente (contaminações do solo, por exemplo). Na Figura 5.20 é possível observar uma baia feita para contenção de possível vazamento de aditivo. Figura 5.20 – Baia para contenção de silo de aditivo Os veículos utilizados deveriam e tinham dimensões, peso e potência compatíveis com as condições geométricas e de pavimentação das vias e lugares de operação onde eram usados. Além disso, os veículos utilizados deveriam estar em boas condições de funcionamento com relação a ruídos, confinamentos de carga e vazamentos. Os veículos utilizados deveriam ser mantidos limpos e com as cargas devidamente confinadas de forma a evitar queda inadequada deste material durante o trajeto (CVA-GEOTEC, 2004, p. 35). De acordo com CVA-Geotec (2004) as operações de movimentação e estacionamento de veículos próximo ou dentro do local de trabalho e frentes de serviço eram realizadas de modo a evitar interferir inadequadamente com a circulação, acesso e atividades da vizinhança. Antes dos veículos saírem das frentes de obras, passavam por um sistema da lava-rodas, mostrado na Figura 5.21, evitando-se assim, sujar as vias ao redor das obras, com materiais provenientes dos serviços como terra, por exemplo. Todas as entradas e saídas de veículos estavam 54 sinalizadas com placas de advertência, como pode ser vista na Figura 5.22, visando informar os motoristas sobre o tráfego daquela região. Figura 5.21 – Sistema de Lava-rodas Figura 5.22 – Placas de Sinalização 55 5.3.7 Desvio de tráfego O objetivo deste procedimento foi assegurar que as medidas de controle de desvio de tráfego fossem praticadas de forma a mitigar os impactos causados, principalmente ao tráfego da região. O CVA foi responsável pela aprovação do projeto de desvio de tráfego junto à CET, além de realizar sua implementação, conforme estudo mostrado na Figura 5.23. Conforme PE elaborado pelo CVA (2005) todos os desvios implantados foram divulgados com no mínimo uma semana de antecedência através dos meios de comunicação. O CVA foi responsável por toda a operacionalização, bem como a manutenção pertinente ao desvio. Foram contratados funcionários somente para controlar este desvio, indicando aos veículos e pedestres da região o caminho a ser seguido. Todos estes funcionários foram devidamente treinados e os mesmos usavam uniformes, com fitas refletivas, para identificação. Na Figura 5.24 é mostrada a equipe da Estação Faria Lima. Figura 5.23 – Desvio de tráfego realizado na Av. Ipiranga – Estação República (METRÔ, 2006a) 56 Figura 5.24 – Funcionários responsáveis por organizar o desvio de tráfego na Estação Faria Lima (CVA, 2006c) O GMA foi responsável por avaliar a eficácia do desvio de tráfego através de método visual, bem como fiscalizar a sinalização de aviso. 5.3.8 Deposição de material excedente O objetivo deste procedimento foi assegurar que o material excedente proveniente das obras fosse destinado exclusivamente às áreas licenciadas ou regularizadas nos órgãos estaduais e municipais competentes. Nos locais destinados a bota-foras foram tomados os devidos cuidados para que apenas fossem depositados materiais inertes nestes locais, seguindo assim a obrigatoriedade das licenças ambientais (CVA-GEOTEC, 2004, p. 37). Durante o transporte, o material foi coberto com lona, conforme já mostrado na Figura 5.19, evitando desta forma extravasamento da carga. As rotas e horários de circulação dos caminhões também foram aprovados junto a CET. De acordo com o CVA-Geotec (2004), todos os bota-foras eram licenciados e protegidos com sistemas de drenagem provisórios contra processos erosivos e de estabilidade de taludes, durante sua execução, visando assim, a mitigação ou eliminação de 57 possíveis impactos ambientais. Após a utilização do bota-fora, foi realizada a sua recuperação ambiental e ao final do uso do bota-fora foi elaborado um termo de aceite de entrega da área, assinado pelo proprietário do bota-fora. Na Figura 5.25 é mostrado um dos bota-fora utilizado pelo empreendimento. Figura 5.25 – Bota-fora Pedreira Embú Foi de responsabilidade do GMA verificar a situação e validade das licenças ambientais, mensalmente. 5.3.9 Produção de resíduos e rejeitos O objetivo deste procedimento foi assegurar que todos os resíduos sólidos gerados pelas obras fossem acondicionados e dispostos corretamente. Os resíduos sólidos e semi-sólidos podem ser classificados de acordo com a NBR 10.004 (ABNT, 2004), NBR 10.006 (ABNT, 1987a), NBR 10.007 (ABNT, 1987b) e Resolução 257 (CONAMA, 1999a) e Resolução 258 (CONAMA, 1999b), conforme Tabela 5.2. 58 Tabela 5.2 – Classificação do Resíduos CLASSIFICAÇÃO DOS DEFINIÇÃO RESÍDUOS São aqueles resíduos que apresentam periculosidade em função de suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, podendo apresentar riscos à saúde pública ou ao Classe I – meio ambiente quando o material é manuseado ou destinado de Perigosos forma inadequada. As pilhas, baterias, panos contaminados com óleos e resíduos ambulatoriais são exemplos de resíduos Classe I. São aqueles que não se enquadram como Classe I (perigosos), nem como Classe II B (inertes), e podem ter propriedades Classe II A – Não Inertes como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água, ou seja, são não inertes. Cabe ressaltar que restos vegetais (folhas, galhos, troncos e raízes) papéis, copos plásticos, restos de comida etc., são classificados como Classe II. Classe II – Estes resíduos caracterizam-se como quaisquer resíduos que, Não Perigosos quando amostrados de forma representativa conforme o Teste de Solubilização, não tiverem nenhum de seus constituintes Classe II B – solubilizados a concentrações superiores aos padrões de Inertes potabilidade de água, excetuando-se os padrões de aspecto, cor, turbidez e sabor. Como exemplo destes materiais, pode se citar solos, rochas, tijolos, vidros e certos plásticos e borrachas que não são decompostos prontamente. Fonte: NBR 10.004 (ABNT, 2004), NBR 10.006 (ABNT, 1987a), NBR 10.007 (ABNT, 1987b) e Resolução 257 (CONAMA, 1999a) e Resolução 258 (CONAMA, 1999b) 5.3.9.1 Resíduos Sólidos Os procedimentos executados para o controle dos resíduos sólidos produzidos pelas obras foram: ¾ Distribuição de tambores de coleta seletiva de lixo em todas as frentes de serviço, canteiros e alojamentos, os rejeitos como vidro, plástico, metal e papel 59 foram devidamente separados e enviados para reciclagem, conforme Figura 5.26; Figura 5.26 – Tambores para coleta seletiva de lixo ¾ Todo o lixo doméstico produzido pelas obras, foi recolhido por uma empresa especializada, conforme Figura 5.27; Figura 5.27 – Caçamba para coleta de lixo doméstico ¾ Os pneus utilizados nos veículos e equipamentos das obras foram destinados à reciclagem; ¾ Disponibilização de caçamba para disposição de rejeitos que não se enquadravam nos itens citados acima; ¾ Todos os resíduos tóxicos provenientes de produtos químicos, óleos, etc., foram dispostos em aterro industrial; e ¾ Todas as pilhas e baterias geradas nas obras foram destinadas à reciclagem. 60 5.3.9.2 Efluentes líquidos Para o tratamento dos efluentes líquidos foi implantada, em todas as frentes de serviço, uma Estação de Tratamento de Efluentes – ETE, igual a mostrada na Figura 5.28, com sua respectiva caixa de decantação, mostrada na Figura 5.29. Figura 5.28 – ETE – Estação de Tratamento de Efluentes Figura 5.29 – Sistema de tratamento de efluentes 61 O tratamento era realizado dentro dos parâmetros exigidos pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB, de acordo com a Resolução 357 (CONAMA, 2005) e Decreto Estadual 8.468 (BRASIL, 1976) artigo 18, onde era aplicado sulfato de alumínio para facilitar a sedimentação e a soda cáustica para regular o potencial hidrogeniônico – pH da água, antes do seu despejo na galeria de águas pluviais. Para a avaliação da eficácia do tratamento era realizado três vezes ao dia testes de sedimentação e pH. O teste da sedimentação constava em recolher 1000ml de água tratada, colocar no cone Inhoff e aguardar por uma hora. Após este período era executada a leitura do material sedimentado e este não podia ultrapassar de 1ml/l. Caso isso ocorresse o tratamento era revisto e repetido. A Figura 5.30 mostra este ensaio. Figura 5.30 - Resultado do teste, menor do que 1ml/l Para o teste do pH, apenas era inserida na água tratada uma fita colorida (papel indicador universal) que em contato com a água alterava a sua cor. Comparando-se essa fita com a escala inserida na embalagem das fitas (pH entre 0 a 14), era possível averiguar o pH. O resultado deveria estar entre 5 a 9. Caso não estivesse, o tratamento era revisto. A Figura 5.31 mostra este ensaio. 62 Figura 5.31 - Teste do pH, entre 5 a 9 Foram tomados os cuidados para que o descarte dos efluentes, após tratamento, fosse em quantidade compatível com a capacidade do sistema público. Antes da implantação da ETE e a sua posterior ligação com a rede de águas pluviais, foi realizada uma vistoria cautelar nas redes de águas pluviais pública ao redor de cada frente de serviço, para verificar a existência de entupimentos, obstrução, assoreamento, visando assim qualquer responsabilidade durante a execução da obra, por entupimento ou danificação ao sistema de águas pluviais público, visto que os efluentes descartados pela obra, passavam por tratamento adequado. Esta vistoria realizada pode ser vista na Figura 5.32. Figura 5.32 – Vistoria em Poço de Visita – PV 63 Conforme PE de Procedimentos Ambientais do CVA (2005), todo o efluente gerado na limpeza do rotor da máquina de projeção de concreto, e limpeza de área por meio de ar e água para aplicação de concreto projetado ou execução de concretagem convencional passou pelo tratamento de efluentes. Na aplicação de Jet Grouting (coluna de solo-cimento), onde ocorria à necessidade de descarte de cimento, este foi coletado em leito de secagem para posterior disposição em aterro de inertes (CVA, 2005). Também foram implantadas caixas de areia sob equipamentos que podiam gerar vazamento de óleo. Ficou na responsabilidade do GMA a averiguação, por meio de método visual, da implantação das medidas de controle. 5.3.10 Drenagem superficial O objetivo deste procedimento foi garantir que fossem implantadas drenagens superficiais, de modo a evitar prejuízos ao meio físico. Foram implantados sistemas de drenagens provisórios nas frentes de obras em superfície de maneira a não prejudicar os trabalhos, não interferir com o trânsito de pedestres e veículos e com a atividade da comunidade na região, com o objetivo de evitar a instalação de processos erosivos e problemas de carreamento de material para fora dos limites de intervenção da obra (CVA-GEOTEC, 2004). Todas as drenagens superficiais foram direcionadas para as ETE’s, para evitar o carreamento de materiais sedimentáveis, recebendo tratamento adequado antes do descarte nas galerias de águas pluviais. 64 Foram tomados os devidos cuidados para que o sistema de drenagem superficial das frentes de serviço fosse mantido limpo e desimpedido, para evitar entupimentos e inundações. 5.3.11 Remoção de vegetação O objetivo deste procedimento foi mitigar ou eliminar possíveis impactos ambientais proveniente da supressão de vegetação e dos serviços de limpeza, além de resguardar a empresa de Autos de Infração Ambiental – AIA. Antes do início de qualquer supressão de vegetação foi necessária a obtenção de autorização dos órgãos ambientais competentes, o DEPRN (estadual) e o DEPAVE – Departamento de Parques e Áreas Verdes (municipal) e ficou a cargo do GMA a averiguação da situação das validades das licenças do corte de vegetação. “Foram autorizadas a remoção de 280 espécies arbóreas ao longo da linha em função de compensação de 1700 árvores a serem plantadas em locais acertados entre todo o trajeto da Linha 4” (METRÔ, 2006e). No caso de corte ou transplante de árvores isoladas, o GMA marcou as mesmas previamente, evitando danos à vegetação do entorno. Quando foi necessária a utilização de motos-serra, as mesmas estavam devidamente licenciadas no IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, e essas licenças estavam em poder da equipe executora no ato do serviço (CVA-GEOTEC, 2004). Na Figura 5.33 é mostrado um transplante de árvore. O material lenhoso proveniente do corte foi em alguns casos doado, vendido, ou enviado a aterro sanitário licenciado. Era expressamente proibida a queima do material vegetal proveniente dos serviços de corte e limpeza. 65 Figura 5.33 – Transplante de árvore Houve toda uma preocupação especial caso o rebaixamento do lençol freático afetasse a vegetação remanescente, quando este fato ocorreu, foi promovida à irrigação das árvores. 5.3.12 Remanejamento de serviços de transporte coletivo O objetivo deste procedimento foi garantir que as influências decorrentes da transferência de serviços de transporte coletivo fossem mitigadas, não causando transtornos aos usuários, moradores locais e ao tráfego. Todas as transferências realizadas foram divulgadas com no mínimo uma semana de antecedência nos veículos de comunicação e para as informações locais (pontos de parada), foram utilizadas faixas como veículo de comunicação. Antes de qualquer serviço de remanejamento de transporte coletivo foi obtida aprovação junto a CET e a São Paulo Transporte – SPTrans. Na Figura 5.34 é mostrado o remanejamento realizado no Largo da Batata. Ficou a cargo do GMA a averiguação de impactos na população, por meio de reclamações. 66 Figura 5.34 – Remanejamento no Largo da Batata 5.3.13 Remanejamento de redes de utilidade pública O objetivo deste procedimento foi garantir que as influências decorrentes da substituição de sistemas de serviços de utilidade pública fossem mitigadas, não causando transtornos aos usuários, moradores locais e ao tráfego. O CVA definiu em conjunto com agências públicas e concessionárias, quais eram os procedimentos, especificações de materiais e serviços, e responsabilidades a serem obedecidas para: projeto, aprovação, implementação e manutenção de descargas provisórias e definitivas ou proteção de serviços públicos que fossem atingidos (CVA-GEOTEC, 2004, p. 41). 67 Foram elaborados registros unificados de serviços públicos existentes, em relação às redes de trabalho subterrâneas, o registro englobava não somente as informações disponíveis nos documentos das agências públicas e concessionárias, mas também os resultados das pesquisas de campo com prospecção física e sísmica, de maneira a garantir sua localização com a maior exatidão possível. A unificação do registro foi realizada por grupos de serviços públicos que tinham planejamento e ações comuns. No registro unificado, foram delimitadas as áreas de interferência que seriam ocupadas por túneis, estações, poços, terminais, locais de trabalho e pátios (CVA-GEOTEC, 2004, p. 42). O CVA foi responsável pelo planejamento e projeto funcional das principais necessidades para deslocamentos provisórios e definitivos, que foram divulgados entre órgãos e concessionárias envolvidos, além da execução da avaliação prévia dos impactos sobre a comunidade e procurando suavizar as ações específicas para cada serviço público. O CVA realizou avaliação técnica e soluções preventivas para desvio de tráfego por vias públicas, onde a infra-estrutura em termos de utilidades públicas não estivessem dimensionadas para tal. Foi assegurada a preservação e garantia da circulação de veículos e pedestres, e a segurança das edificações adjacentes. O CVA foi o responsável por toda a realização do serviço como escavação da vala, escoramento, sustentação provisória ou proteção das redes de utilidades públicas de forma a garantir o serviço fornecido e a integridade dessas instalações, reutilização ou não de materiais retirados das utilidades existentes e a execução da substituição da rede. A Figura 5.35, mostra a escavação da vala e seu escoramento. Ao final da execução a concessionária foi responsável pela aceitação e liberação da rede. 68 Figura 5.35 – Remanejamento de rede de gás na estação Fradique Coutinho Ficou a cargo da equipe de Relações Pública do CVA o planejamento e implementação das ações de acordo com o Programa de Comunicação Social, a fim de divulgar e manter a comunidade informada sobre os serviços públicos afetados, deslocamentos, datas e duração de interrupções ou alterações na disponibilidade de serviços públicos. O GMA ficou responsável por atentar para vazamentos de óleos, esgotos e outros que poderiam causar impactos ambientais. 5.3.14 Intervenções em áreas risco O objetivo deste procedimento foi garantir que intervenções em áreas de risco não ocasionassem impactos ambientais. 69 Durante o período de obras alguns acidentes eram possíveis de ocorrerem, seja por falha humana, ou por outros motivos inesperados, tornando-se situações emergenciais. Esses eventos, se não minimizados ou atendidos de forma eficiente, poderiam gerar desde reclamações e demandas ambientais, até impactos negativos ao meio ambiente, na saúde dos trabalhadores ou vizinhos aos empreendimentos (CVAGEOTEC, 2004). Relacionados ao tipo e às características das obras em questão, consideravam-se como sendo potencialmente geradores de situações emergenciais os vazamentos de produtos perigosos, acidentes com explosivos, incêndios e contaminações (CVAGEOTEC, 2004, p. 70). Os locais identificados como potenciais a situações de riscos eram os postos de gasolina existentes nas áreas próximas aos VSE’s e Estações. Foram encontrados postos de abastecimento nos seguintes locais (CVA-GEOTEC, 2004, p. 71): ¾ Estação Paulista (Av. Consolação, sentido centro) – 01 Posto de Gasolina; ¾ Estação Três Poderes (Av. Francisco Morato, em ambos os sentidos) – 02 Postos de Gasolina; e ¾ Estação Morumbi (Av. Francisco Morato, em ambos os sentidos) – 02 Postos de Gasolina (Figura 5.36). Figura 5.36 – Posto de gasolina no local da Estação Morumbi (CVA-GEOTEC, 2004, p. 99) 70 Também foi realizado um levantamento no cadastro de áreas contaminadas da CETESB, com o intuito de identificar alguma área próxima às obras em questão. Foram identificadas duas áreas contaminadas próximas ao empreendimento. Foram estas (CVA-GEOTEC, 2004, p. 71 e 72): ¾ Auto Posto Fradique Rua Fradique Coutinho Classificação: avaliada com proposta de remediação Contaminantes: gasolina ¾ Centro Automotivo Santa Helena Av. Corifeu de Azevedo Marques Classificação: avaliada com proposta de remediação Contaminantes: hidrocarbonetos do petróleo Para estas áreas foram realizadas etapas para o seu gerenciamento. Foram elas (CVA-GEOTEC, 2004): ¾ Investigação detalhada; ¾ Avaliação de risco; ¾ Projeto de remediação; ¾ Execução da remediação; e ¾ Monitoramento. Foram tomadas ações imediatas para resguardar receptores de risco (CVAGEOTEC, 2004): ¾ Monitoramento ambiental; ¾ Monitoramento de explosividade; ¾ Remoção de resíduo/solo; ¾ Tratamento de líquidos contaminados; e ¾ Remoção de fase livre. E os processos de remediação executados foram (CVA-GEOTEC, 2004): ¾ Bombeamento / tratamento de águas subterrâneas; ¾ Remoção de fase livre. 71 Além de todos esses processos, ainda foram precisos tomar alguns cuidados, as frentes de serviços ficaram sempre atentas a odores de combustíveis e produtos químicos durante os serviços de escavação e terraplenagem e em caso de suspeita de solo contaminado, o serviço era paralisado imediatamente e o GMA era chamado para proceder à vistoria na área. No caso de confirmação de contaminação a CETESB e demais órgãos responsáveis eram acionados, para em conjunto estabelecer diretrizes necessárias para a solução do problema. As obras apenas retornavam à normalidade após a liberação da área pela CETESB. 5.3.15 Interferências na paisagem urbana O objetivo deste procedimento foi garantir que nos locais onde eram finalizadas as intervenções fossem implantadas as medidas de projeto executivo de paisagismo, visando não expor o local aos impactos visuais e os relacionados a processos erosivos. Ficou a cargo do GMA a averiguação semanal através de método visual da aplicação das medidas de controle ambiental do paisagismo urbano. E quando evidenciada a constatação de que estas medidas não estavam sendo tomadas, o problema era relatado no relatório mensal de não-conformidade ambiental. 72 5.3.16 Intervenções nos sítios arqueológicos O objetivo deste procedimento foi assegurar que as obras não interferissem em sítios arqueológicos que possivelmente existiam na área de influência direta do empreendimento. Os primitivos habitantes do atual território de São Paulo eram praticamente todos pertencentes à família etnolinguística Tupi-Guarani (SCHADEN, 1954; NIMUENDAJU, 1981; MONTEIRO, 1994 apud CVA-GEOTEC, 2004, p. 72). O processo de urbanização da metrópole paulistana levou à destruição da maioria dos remanescentes culturais dos antigos assentamentos indígenas, mas certamente alguns desses remanescentes permanecem ocultos sob as ruas e edificações da cidade, em melhor ou pior estado de conservação. Exatamente porque a Metrópole se instalou sem a preocupação com a recuperação e registro dos vestígios de seus antigos ocupantes, o que é fundamental que os novos empreendimentos se façam de forma mais planejada em relação ao patrimônio arqueológico que ainda possa estar conservado sob a cidade. A Linha 4 – Amarela do Metrô de São Paulo foi implantada no eixo de ligação entre os bairros da Luz e do Butantã, passando por Pinheiros. Ao longo dela estavam previstas intervenções em superfície em pontos centrais de ocupação atual dessas áreas, que coincidem com a origem desses bairros. O traçado realizado acompanhou um dos antigos eixos de penetração do território paulistano, com ponto de partida na Estação Luz, localizada na Avenida Tiradentes, antigo caminho do Guaré, acompanhado da Rua da Consolação, e das Avenidas Rebouças e Francisco Morato, passando pela Rua dos Pinheiros. Os bairros surgidos ao longo desse trajeto, notadamente Luz, Consolação e Pinheiros, surgiram ainda no período colonial, em função desse eixo de penetração. O bairro de Pinheiros teve ainda sua origem associada a aldeamento jesuítico que possivelmente aproveitou área ocupada por uma das principais aldeias indígenas 73 existentes na região de Piratininga no século XVI, quando da chegada dos colonizadores, mais especificamente no Largo de Pinheiros. Embora o potencial arqueológico desse local seja reconhecido, ao longo dele não foram realizadas pesquisas sistemáticas e não são conhecidos sítios arqueológicos. A criação de aldeamentos indígenas, onde populações nativas em processo de "civilização" eram reunidas, inicialmente sob responsabilidade de ordens religiosas, principalmente jesuíticas, mas também sob responsabilidade de leigos, em especial a partir do início do século XVII, foi o mais significativo instrumento utilizado pelos europeus para a colonização da terra. A função inicial desses aldeamentos foi a defesa da Vila de São Paulo de Piratininga dos ataques de outros grupos indígenas (PETRONE, 1995 apud CVA-GEOTEC, 2004, p. 72). A atual Rua da Consolação, que no século XVII constituía o caminho que levava ao aldeamento e posterior bairro dos Pinheiros, foi palco de alterações que testemunham a história social e urbanística de São Paulo, as quais ainda devem ser passíveis de recuperação parcial por sob o manto asfáltico que a recobre. O Jardim da Luz, cuja construção iniciou-se no final do século XVIII, terminando em 1825, passou por sucessivas reformas, testemunhando as alterações arquitetônicas e paisagísticas dos séculos XIX e XX (PORTO, 1996 apud CVA-GEOTEC, 2004, p. 72), constituindo importante bem histórico e arqueológico, tendo sido objeto de prospecções arqueológicas pelo Departamento do Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo no final da década de 1990. A atual Praça da República, que também já foi a “Praça das Milícias” e, na primeira metade do século XIX, o “Largo dos Curros”, palco de touradas, foi remodelada nos primeiros anos do século XX (PORTO, 1996 apud CVA-GEOTEC, 2004, p. 72) e certamente ainda guarda em seu subsolo vestígios da história paulistana. Portanto, contrariamente ao que se costuma pensar, as áreas urbanas conservam importantes vestígios arqueológicos de seu processo de formação e transformação. Segundo Juliani (1997 apud CVA-GEOTEC, 2004, p. 73), com o aparecimento do conceito de Arqueologia Urbana, a cidade passa a ser compreendida como um 74 sistema unificado e significante de recursos materiais, loco de maiores e mais complexas ações antrópicas, bem preservadas no registro arqueológico. O CVA contratou uma empresa de arqueologia que vistoriou periodicamente as frentes de serviço subterrâneas com potencial arqueológico, em buscas de vestígios que caracterizassem sítios arqueológicos. Nas frentes de serviço em superfície com potencial arqueológico, foi realizada varredura arqueológica, após o serviço de demolição, em busca de eventuais sítios. A Figura 5.37 mostra a realização da varredura arqueológica em uma das frentes de serviço. Figura 5.37 – Varredura arqueológica Em caso de confirmação de sítio arqueológico, a frente de obra era paralisada e liberada somente após o resgate do sítio. Eventuais relatórios de caracterização do sítio e do resgate arqueológico eram enviados ao Metrô. 75 5.3.17 Interferências em patrimônio histórico O objetivo deste procedimento foi garantir que as influências decorrentes das obras, não acarretem danos aos patrimônios históricos e culturais tombados localizados na área de influência do empreendimento. As obras de construção da Linha 4 – Amarela poderiam influenciar áreas consideradas de patrimônio histórico ou cultural. As preocupações existentes com estes patrimônios históricos refletem nos impactos potenciais de atividades que poderiam causar algum dano nestes locais. Os principais impactos que poderiam ocorrer estavam relacionados à vibração, recalques, ruídos, interferências no tráfego, supressão de vegetação, erosões e distúrbios pela passagem de veículos pesados. No CVA-Geotec (2004) estão descritos os principais patrimônios históricos e culturais tombados pelo CONDEPHAAT e que estavam no entorno das obras. Estes serão mostrados nos itens na seqüência. 5.3.17.1 Estação da Luz A Estação da Luz foi construída em 1867 sendo a primeira estação ferroviária da “The São Paulo Railway”, localizado na Atual Praça da Luz. A ferrovia ligava o porto de Santos a Jundiaí para escoar principalmente produtos cafeeiros. Após dez anos, o volume de passageiros aumentou muito, sendo necessária à construção de cerca de 7.500 m² em um novo projeto de ampliação. A Estação foi inaugurada em 1901. Atualmente, ainda é utilizada como estação ferroviária e apresenta grande beleza arquitetônica. A Figura 5.38 mostra a Estação da Luz interagindo com a obra. 76 Figura 5.38 – Estação da Luz A Estação da Luz foi tombada pela resolução 25, de 05/05/82, processo 20097/76. 5.3.17.2 Jardim da Luz (Parque da Luz) O Jardim da Luz, também chamado de Parque da Luz, está localizado na Rua Ribeiro de Lima, 99, é um dos logradouros mais antigos da cidade, originalmente concebido para ser um jardim botânico. Foi transformado em jardim público em 1838. No local há muitas espécies de plantas, várias estátuas e um lago. Este patrimônio foi tombado pela resolução 31, de 08/08/81, processo 20236/77. 5.3.17.3 Mosteiro da Imaculada Conceição (Mosteiro da Luz) O Mosteiro da Imaculada Conceição, também conhecido com Mosteiro da Luz, está localizado na Av. Tiradentes, no número 676, as primeiras referências deste prédio datam do século XVI. Edificada em taipa de pilão, a igreja possui duas fachadas, a mais antiga voltada para o centro e, a mais recente, para a Av. Tiradentes. 77 Atualmente, o mosteiro abriga o acervo do museu de arte sacra de São Paulo. O mosteiro foi tombado em 12/05/82, pelo processo 22057/82. 5.3.17.4 Quartel da Luz (Batalhão Tobias de Aguiar) O Quartel da Luz, também chamado de Batalhão Tobias de Aguiar, está localizado na Av. Tiradentes, no número 440, foi projetado por Ramos de Azevedo e inaugurado em 1892, foi construído em alvenaria de tijolos seguindo as linhas gerais do ecletismo, do final do século XIX. A iniciativa da construção foi do Barão de Parnaíba, presidente da província, sendo que seu sucessor é que deu origem às obras, Pedro Vicente de Azevedo. Foi tombado em 15/12/72, processo 15268/69. 5.3.17.5 Pinacoteca do Estado de São Paulo A Pinacoteca do Estado de São Paulo está localizada na Av. Tiradentes, no número 141, o prédio projetado por Ramos de Azevedo foi inaugurado em 15/11/1905 como Ginásio do Estado e Pinacoteca. Construído em alvenaria de tijolos, este edifício já foi restaurado e sofreu fortes intervenções exigidas pelo uso. A Pinacoteca foi tombada em 05/05/82, através do processo 00215/79. A Figura 5.39 mostra a Pinacoteca do Estado de São Paulo. Figura 5.39 – Pinacoteca do Estado de São Paulo 78 5.3.17.6 Igreja de São Cristóvão A Igreja de São Cristóvão está localizada na Av. Tiradentes, no número 84, o conjunto é formado pelo Seminário Episcopal e Igreja de São Cristóvão e foi construído em meados do século XIX, em taipa de pilão. A Figura 5.40 mostra a Igreja de São Cristóvão. A igreja foi tombada em 13/05/82, pelo processo 22078/82. Figura 5.40 – Igreja de São Cristóvão 5.3.17.7 Edifício Esther O edifício Esther está localizado na Praça da República, nos números 64 a 80, o edifício Esther foi projetado por Adhemar Marinho e Álvaro Vital Brasil. Construído por Mário Novelin em estrutura de concreto armado e alvenaria de tijolos, a obra foi concluída em 1938. Foi o primeiro prédio de grande porte de São Paulo, de princípios funcionalistas, com estrutura independente e lajes contínuas dando flexibilidade à planta. O edifício Esther é mostrado na Figura 5.41. 79 Figura 5.41 – Edifício Esther O edifício Esther foi tombado em 24/08/90, pela Resolução SC 25, Processo 23262/85. 5.3.17.8 Instituto Caetano de Campos O Instituto Caetano de Campos foi inaugurado em 1894, sendo uma obra representativa da arquitetura do final do século XIX, em estilo eclético com predominância do neoclássico. Em 1935 foi acrescida de mais um pavimento. O prédio está localizado na Praça República, no número 54 e desde 1978 abriga a Secretaria de Estado da Educação. O Instituto Caetano de Campos foi tombado em 02/06/76, processo 00610/75, por reivindicação da população durante a construção do Metrô Estação República da Linha 3 – Vermelha, na década de 1970, que previa sua demolição. 80 5.3.17.9 Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP – Universidade de São Paulo, está localizada na Rua Maria Antônia, nos números 294 e 310, o prédio abrigou a Faculdade de Filosofia e Letras de 1949 a 1964, quando foi transferida para a Cidade Universitária. Neste edifício aconteciam acalorados debates políticos e conferências, além de palco de movimentos estudantis que questionavam a estrutura universitária e o regime militar, a partir de 1964. O edifício foi tombado em 03/10/88, através do processo 23394/85. 5.3.17.10 Vila Penteado A Vila Penteado está localizada na Rua Maranhão, no número 88. É considerado o primeiro prédio art nouveau paulista e seu melhor exemplar. Atualmente, é utilizado pelo departamento de pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. 5.3.17.11 Instituto Mackenzie O Instituto Mackenzie está localizado na Rua Itambé, no número 45. Por volta de 1890, através de uma doação de John Mackenzie à educadora Mary Annesley Chamberlain, foi construída a sede do Instituto. Os edifícios foram construídos em períodos diferentes e constituem arquitetura bastante expressiva. As atividades educacionais como instituição de ensino continuam até os dias atuais. O Instituto foi tombado pelo Processo 24020/85, da resolução SC27, de 15/12/93. 81 5.3.17.12 Bairro dos Jardins O Bairro dos Jardins foi a primeira experiência de urbanização do Brasil cuja preocupação maior era oferecer uma boa qualidade de vida aos moradores. Foi elaborado a partir de 1915 pelos arquitetos ingleses Barry Parker e Raymond Unwin. Atualmente, representa valor paisagístico em decorrência da sua localização em área intensamente ocupada. Abrange os bairros: Jardim América, Europa, Paulista e Paulistano. O bairro foi tombado pela resolução 02, de 23/01/86, processo 23372/85. 5.3.17.13 Bairro do Pacaembú O Bairro do Pacaembú assenta-se sobre o Vale do Ribeirão Pacaembú entre as altas encostas onde localizam-se, atualmente, os bairros de Higienópolis e Perdizes. O tombamento abrange o atual traçado urbano, a vegetação arbórea, o padrão de ocupação do lote e o belvedere público localizado na Rua Inocêncio Unhate. O bairro foi tombado em 14/03/91, através do processo 23972/85. 5.3.17.14 Casa do Bandeirante Localizada na Praça Monteiro Lobato, sem número no Butantã, a Casa do Bandeirante foi construída provavelmente nas primeiras décadas do século XVII, em taipa de pilão e pau-a-pique e cobertura em quatro águas. Nela a Prefeitura instalou um museu, administrado pelo Departamento do Patrimônio Histórico – DPH. A Casa foi tombada em 24/01/83, através do processo 22262/82. 82 5.3.17.15 Casa do Caxingui Localizado próximo às obras, à Praça Ênio Barbato sem número, a Casa do Caxingui ou do Sertanista é um exemplar considerado típico de residência rural do século XVII, e de casas bandeiristas. Foi construída com taipa de pilão e pau-apique, o que resulta em fragilidade de sua estrutura, que poderia ser afetada pelas obras de construção do Metrô. Este patrimônio foi tombado pela resolução 22, de 15/12/1993, e publicada no Diário Oficial em 16/12/83. Do total de 15 patrimônios históricos identificados, destacam-se 12 que se encontram mais próximos às obras. Eram estes: ¾ Estação da Luz; ¾ Jardim da Luz (Parque da Luz); ¾ Mosteiro da Imaculada Conceição (Mosteiro da Luz); ¾ Quartel da Luz (Batalhão Tobias de Aguiar); ¾ Pinacoteca do Estado de São Paulo; ¾ Igreja de São Cristóvão; ¾ Praça da República; ¾ Edifício Esther; ¾ Instituto Caetano de Campos; ¾ Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP; ¾ Vila Penteado; e ¾ Casa do Caxingui. De acordo com o Ofício nº 785/2002 – Processo nº 2002-0.004.327-3 do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo – CONPRESP, o projeto básico da Linha 4 – Amarela do Metrô de São Paulo foi aprovado (CVA-GEOTEC, 2004, p. 76). O projeto executivo foi apresentado ao órgão para aprovação, em função dos raios de proteção dos bens tombados. 83 Algumas das medidas tomadas pelo CVA foram quanto às rotas de transporte de material e equipamento que evitavam passar nas proximidades de patrimônios históricos e culturais tombados, visando não causar danos a estes imóveis através de vibrações. Além das diretrizes citadas no item 5.3.3 Alterações nos níveis de vibração e recalque. 5.3.18 Alterações e ajustes nos projetos O objetivo deste procedimento foi garantir que as alterações e ajustes necessários ao projeto fossem adequados do ponto de vista ambiental. Para todas as alterações significativas de projeto, era consultado o GMA, para analisar se as mudanças não acarretariam em agravamento de impactos ou surgimento de novos não previstos (CVA-GEOTEC, 2004). Havendo a necessidade de complementação no licenciamento ambiental em decorrência de alterações e ajustes no projeto, estes eram de responsabilidade do CVA. Exceto aqueles que implicavam em mudanças de concepção, que alteravam drasticamente o projeto (CVA-GEOTEC, 2004, p. 46). 5.4 Programa de Comunicação Social O objetivo deste procedimento foi à execução da abertura de canal de comunicação com a comunidade. As obras de construção da Linha 4 – Amarela do Metrô de São Paulo causaram modificações na comunidade, no tráfego, entre outros. Uma das medidas mitigadoras executadas para estes impactos foi abrir um canal de comunicação 84 entre o CVA e a comunidade, para que a população pudesse relatar suas demandas. Os impactos, tanto positivos ou não, também ocasionaram dúvidas e interesses por parte da comunidade e órgãos ambientais. Este canal de comunicação teve o objetivo de solucionar estas dúvidas. Em virtude destes fatores foi essencial a implantação de um Programa de Comunicação Social, para que a insegurança da população ou falta de esclarecimentos quanto às obras, não causassem impactos junto à sociedade, ou prejudicassem o andamento das obras. De acordo com o documento de solicitação de Licença de Instalação do empreendimento, o público alvo deste programa dividiu-se em quatro grupos (CVAGEOTEC, 2004, p. 65): ¾ População e atividades econômicas desapropriadas ou atingidas pelas obras; ¾ População lindeira; ¾ População da cidade; e ¾ Futuros usuários do sistema. A maioria das ações deste programa estavam relacionadas aos processos de desapropriação e relocação, que eram de responsabilidade do Metrô. Caberia ao CVA, o acompanhamento técnico em situações específicas em que o Metrô necessitasse de assessoria, isto é, o CVA deveria disponibilizar um profissional habilitado, quando solicitado pelo Metrô, para a elucidação de questionamentos técnicos junto à população. Porém o CVA fez melhor, para procurar manter um diálogo permanente com a comunidade, visto que obras grandiosas e complexas como o Metrô interferem diretamente na vida da população, provocando um desconforto temporário antes de se transformar num patrimônio que beneficia a todos, o CVA contratou uma equipe de Relações Públicas, com pessoas preparadas para o prévio atendimento das 85 dúvidas, reclamações e sugestões, de modo a construir um relacionamento mais amigável possível. A informação foi um de seus principais recursos, com a divulgação de impressos sobre desvio de tráfego, por exemplo, além de mapeamento e diagnóstico das regiões influenciadas pela execução das obras, programas de visitas as obras e sistema de atendimento de reclamações dividido por frentes de serviço. Os Postos de Atendimento tiveram um importante papel neste processo, pois representam o CVA no local da obra, atendendo diretamente ao público (CVA, 2006b). Os Postos de Atendimento foram instalados nas estações que causaram mais impactos a população em geral, conforme Figura 5.42. Figura 5.42 – Posto de Atendimento da Estação República Este serviço do CVA foi independente do serviço realizado pela equipe de assessoria do Metrô de São Paulo, porém funcionava com o aval e aceitação do Metrô. Também estava previsto neste programa, o Projeto Ação Escolar que consistia no treinamento do futuro usuário da Linha 4 do Metrô. Entendeu-se que este programa deveria ser desenvolvido pelo Metrô, uma vez que suas inter-relações diretas com as obras eram mínimas (CVA-GEOTEC, 2004, p. 65). 86 Durante o transcorrer da obra, o Metrô já veio desenvolvendo algumas ações deste programa, como por exemplo, a divulgação de informações em seu site: www.metro.sp.gov.br. Para interagir com a população do entorno das obras foi proposta uma Campanha de Educação Ambiental nas escolas localizadas próximas a construção da Linha 4. Esta campanha abordou a importância da preservação ambiental e as ações realizadas pelas obras do Metrô em prol do Meio Ambiente (CVA-GEOTEC, 2004, p. 65). 5.5 Programa de Interação Institucional Este Programa foi desenvolvido para promover a melhoria da reciprocidade da troca de informações entre o CVA e os órgãos e instituições governamentais envolvidas com a obra de construção da Linha 4 – Amarela do Metrô, além de interagir com a população do entorno do empreendimento, com vistas ao planejamento e melhoria da produtividade e qualidade dos serviços executados. Os órgãos e instituições eram consultados de modo a auxiliar e orientar as ações a serem tomadas durante o desenvolvimento das obras. O CVA-Geotec (2004) listou os principais órgãos e instituições que iriam interagir com o CVA durante a fase em obras, este são descritos nos itens na seqüência. Nestes itens serão mantidas por extenso todas as siglas, sejam citadas anteriormente ou não, de modo a facilitar o entendimento. 87 5.5.1 IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Em determinados tipos de vegetação, cabe ao IBAMA analisar as solicitações de desmatamento que vierem a ser feitas em Áreas de Preservação Permanente - APP. As mesmas devem ser previamente analisadas pelo DEPRN, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, e havendo a necessidade, caberá ao DEPRN enviar o processo ao IBAMA para a obtenção da anuência prévia. 5.5.2 DEPRN - Departamento Estadual de Proteção dos Recursos Naturais Cabe ao DEPRN analisar os processos de licenciamento ambiental no Estado de São Paulo no que se refere à supressão de vegetação nativa e intervenções em APP. 5.5.3 SVMA - Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente / DECONT – Departamento de Controle da Qualidade Ambiental / DEPAVE Departamento de Parques e Áreas Verdes A Secretaria do Verde e Meio Ambiente Municipal, particularmente as unidades do DEPAVE e DECONT, analisam projetos ambientais simples e de impacto significativo, licenciamentos, áreas verdes, entre outras questões ambientais. 88 5.5.4 Secretaria Estadual dos Transportes Cabe à Secretaria Estadual dos Transportes coordenar os meios de transporte de responsabilidade do Estado; promover a organização, as operações e o reaparelhamento de órgãos ou sistemas de transporte de propriedade do Estado; analisar, propor e fiscalizar as alterações tarifárias dos vários meios de transportes; aprovar, controlar e executar planos técnico-econômicos, financeiros e administrativos correspondentes aos diversos sistemas de transporte. 5.5.5 Secretaria Municipal dos Transportes A Secretaria Municipal de Transportes é responsável pela estratégia de atuação da CET dentro do Governo Municipal e dos transportes coletivos sob sua responsabilidade. 5.5.6 CET – Companhia de Engenharia de Tráfego A CET tem o objetivo de planejar e implantar, nas vias e logradouros do município, a operação do sistema viário, com o fim de assegurar maior segurança e fluidez do trânsito. 89 5.5.7 GRAPROHAB – Grupo de Análise e Aprovação de Projetos Habitacionais O GRAPROHAB instituído pelo Governo Estadual por meio do Decreto 33.499 de 10/07/91, tem o objetivo de racionalizar a ação administrativa e agilizar a tramitação de projetos habitacionais. É competência do GRAPROHAB a aprovação não só de projetos novos de parcelamento do solo urbano e de conjuntos habitacionais, como de qualquer processo que trate da regularização de empreendimentos desse gênero, que se acham em situação irregular após a edição da Lei Federal 6.766 de 19/12/79. 5.5.8 CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental Em seu horizonte de atuação, a CETESB delineia objetivos como: viabilizar o atendimento dos padrões de qualidade ambiental no Estado, em conformidade com a legislação vigente; organizar e colocar à disposição da sociedade dados e informações sobre a qualidade ambiental e as fontes de poluição no Estado; desenvolver indicadores e monitorar o desempenho nas diversas áreas de interesse ambiental; estabelecer e desenvolver parcerias e convênios de cooperação técnica, científica e financeira com entidades públicas e privadas, nacionais e internacionais, para atualização do conhecimento científico e tecnológico. Para alcançar esses objetivos, a CETESB mantém as atividades, em caráter permanente, de licenciamento e fiscalização de fontes fixas; fiscalização de fontes móveis; monitoramento da qualidade do ar, das águas superficiais interiores, das águas subterrâneas e da balneabilidade das praias, inclusive as interiores. 90 5.5.9 DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica O DAEE é o órgão gestor dos recursos hídricos do Estado de São Paulo. Em São Paulo, se localizam, além da sede central do Departamento de Águas e Energia Elétrica, as Diretorias de Apoio, como a Diretoria de Engenharia e Obras, a Diretoria de Recursos Hídricos, o Centro Tecnológico de Hidráulica, a Diretoria de Administração e Sistema e a Diretoria Financeira, bem como outras unidades de apoio, à disposição do usuário. 5.5.10 DUSM – Departamento do Uso do Solo Metropolitano Compete ao DUSM licenciar e fiscalizar os seguintes empreendimentos e atividades localizadas em Áreas de Proteção dos Mananciais: loteamentos e desmembramentos, residências, estabelecimentos comerciais, desmatamentos e movimentos de terra, arruamentos, atividades industriais e minerárias, cemitérios, escolas, clubes e obras de saneamento. A área de Atuação inclui a Região Metropolitana de São Paulo, abrangendo 39 municípios. 5.5.11 SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo A SABESP atua nos sistemas de captação e tratamento de água, armazenagem e distribuição, além da conferência de hidrômetros em imóveis. A SABESP também investe na Capacitação em Planejamento, Gestão e Operação de Mananciais, além de inovação tecnológica para emprego nas ações. O objetivo é criar condições de sustentabilidade econômica e ecológica nos seus projetos, atuando com responsabilidade na coleta e na devolução da água ao meio ambiente. 91 5.5.12 ELETROPAULO – Eletricidade de São Paulo A Eletropaulo é uma empresa de distribuição de energia, considerada a maior da América Latina. Ela atende cerca de 4,6 milhões de unidades consumidoras com um consumo aproximado de 35.000 gigawatts/hora de energia. A área servida pela Eletropaulo (4.526 km²) é constituída de 24 municípios do Estado de São Paulo, incluindo a Capital. Para garantir a distribuição de energia elétrica, a Empresa conta com 125 Estações Transformadoras de Distribuição – ETD, totalizando 11,9 GVA (Giga volts/Ampère) de potência instalada, 1,6 mil km de circuito em linhas de subtransmissão (138/88 kV – Quilo volts) e uma rede de aproximadamente 311 mil km de condutores aéreos, 10 mil km de condutores subterrâneos e um milhão de postes. 5.5.13 CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo O CONDEPHAAT tem a finalidade de preservar, conservar e decretar o tombamento de áreas consideradas de patrimônio histórico e cultural no Estado de São Paulo. 5.5.14 Corpo de Bombeiros O Corpo de Bombeiros realiza serviços de prevenção e de extinção de incêndios, simultaneamente como de proteção e salvamento de vidas humanas e material no local do sinistro, bem como o de busca e salvamento, prestando socorros em casos de afogamento, inundações, desabamentos, acidentes em geral, catástrofes e calamidades públicas. 92 Sendo o Metrô o empreendedor da Linha 4, e o CVA o executor do empreendimento, a interface destas instituições neste programa é grande. Este programa foi desenvolvido plenamente com a ação conjunta do Metrô e o CVA. As principais atividades que foram realizadas do procedimento do Programa de Interação Institucional foram: ¾ Profissionais do CVA foram designados como interlocutores da empresa com determinados órgãos públicos, sendo este responsável pelas informações obtidas e pela sua disseminação; ¾ O interlocutor foi escolhido entre os funcionários do setor que possuía mais demandas com determinado órgão; e ¾ Sempre que possível e necessário, eram realizados convênios de cooperação com demais Órgãos públicos. 5.6 Atribuições na Elaboração e Execução do PAA Para facilitar o entendimento, nas páginas na seqüência serão abordados organogramas e/ou fluxogramas das atribuições do CVA, do GMA e do Metrô em cada um dos 5 Programas Ambientais já discutidos nos itens anteriores. A Figura 5.43, está abordando o organograma geral para a realização de um objetivo único, a construção da Linha 4 – Amarela do Metrô de São Paulo. Este organograma é a matriz para os fluxogramas seguintes, pois mostra a seqüência de elaboração e execução do PAA. A Figura 5.44 mostra o fluxograma da estruturação do PAA, realizada através do 1° Programa Ambiental, Gerenciamento Ambiental. Neste programa foi elaborado o Estatuto Ambiental e a estruturação de recursos humanos para o cumprimento do PAA. 93 No fluxograma apresentado na Figura 5.45 é abordada a seqüência executiva do 2° Programa Ambiental, Relocação de População e Empresas, e é determinada a função de cada grupo participante, Metrô, CVA e GMA, dentro do programa. A Figura 5.46 aborda o fluxograma do 3° Programa Ambiental, Monitoramento do Meio Ambiente, exaltando os aspectos que devem ser monitorados, que foram relacionados no EIA-RIMA da Linha 4. E também, é determinada a função de cada grupo participante, Metrô, CVA e GMA. No fluxograma mostrado com a Figura 5.47, é apresentada a estruturação do 4° Programa Ambiental, Comunicação Social, levantando a função e a importância deste programa perante os demais. A Figura 5.48 mostra o 5° Programa Ambiental, Interação Institucional, apresentando todos os órgãos e instituições que interagiram com o CVA durante a obra e a importância deste programa para facilitar a execução da obra. Cabe salientar que a matriz de responsabilidade e atribuições apresentadas nas Figuras 5.43 a 5.48, em formato de fluxogramas, foram geradas na execução deste trabalho de conclusão de curso, a partir da análise de todos os documentos e metodologias citadas no capítulo 3, Método de Pesquisa. As Figuras 5.43 a 5.48 apresentam, de modo resumido, a dinâmica complexa do PAA adotado na implantação da Linha 4 – Amarela do Metrô de São Paulo. 94 Figura 5.43 – Organograma de elaboração e execução do PAA 95 Figura 5.44 – Fluxograma do 1° Programa Ambiental do PAA – Gerenciamento Ambiental 96 Figura 5.45 – Fluxograma do 2° Programa Ambiental do PAA – Relocação de população e Empresas 97 Figura 5.46 – Fluxograma do 3° Programa Ambiental do PAA – Monitoramento do Meio Ambiente 98 Figura 5.47 – Fluxograma do 4° Programa Ambiental do PAA – Comunicação Social 99 Figura 5.48 – Fluxograma do 5° Programa Ambiental do PAA – Interação Institucional 100 6 ESTAÇÃO REPÚBLICA Foram estudadas e analisadas algumas das frentes de trabalho da nova Linha 4 – Amarela do Metrô, em especial a Estação República que causou mais impactos para a cidade durante a sua execução, como: problemas de desvio de tráfego e o fato de estar dentro de uma estação do Metrô em pleno funcionamento, Linha 3 – Vermelha. 6.1 Histórico da Estação República, Linha 3 – Vermelha A construção da Linha 3 – Vermelha, mais do que as outras, envolveu uma profunda renovação urbana, principalmente na vizinhança das estações, com a eliminação de trechos deteriorados da cidade. Isso acarretou ao Metrô enormes custos com desapropriações e uma infindável discussão, sobretudo na região do Brás, sobre a descaracterização da cidade (METRÔ, 2006b). Em 1976, as demolições dessas áreas degradadas, exigiu uma gigantesca operação sanitária de desratização e desinsetização. Foi a maior operação realizada na América do Sul até à época, com 222 quarteirões envolvidos (METRÔ, 2006b). Assim, em 1979, foi entregue ao público o trecho que liga a Praça da Sé ao Brás e em 1988 a linha estava concluída. O processo de urbanização foi de tal maneira importante que o Metrô acabou constituindo-se em uma espécie de prefeitura da chamada ZML – Zona Metrô Leste, com a canalização de córregos, construção de viadutos, de escolas e áreas de lazer, remanejamento de serviços públicos de esgoto, água, luz e telefone, reurbanização de áreas como o Largo Santa Cecília e a Praça da República, tudo passou a fazer parte do trabalho do Metrô, na construção da Linha 3 – Vermelha, que revitalizava esta área à medida em que ia avançando (METRÔ, 2006b). 101 A Estação República da Linha 3 – Vermelha foi inaugurada em 24 de abril de 1982, com uma área construída de 39.050 m2, com capacidade para 80.000 passageiros/hora/pico. As características da estação são: estação enterrada com dois níveis de distribuição e plataformas laterais e central, estrutura em concreto aparente. Possui acesso para pessoas portadoras de deficiência, e integração com a Linha 4 – Amarela. Na Figura 6.1 podemos ver o início das obras da Estação República, Linha 3. Figura 6.1 – Início das obras da Estação República Linha 3 – Vermelha (METRÔ, 2006b) Inovação, reurbanização e nacionalização foram, portanto, os pontos que nortearam a construção da Linha 3 – Vermelha, ligando hoje a Estação Barra Funda a Corinthians - Itaquera e, com seus 22 Km de extensão e 18 estações, transportando 310 milhões de passageiros por ano (METRÔ, 2006b). 6.2 Descrição da Estação República, Linha 4 – Amarela A Estação República da Linha 4 – Amarela está prevista ter 12.570 m2 de área construída e capacidade para 159.650 passageiros por dia (METRÔ, 2006c). O método construtivo utilizado está sendo VCA (vala a céu aberto) invertido, ou coverand-cut. Neste método construtivo, a Av. Ipiranga foi interditada para a execução de um VCA, nesta vala foi executada uma laje apoiada em elementos de fundação (paredes diafragmas e estacões). Após esta etapa, a via foi liberada e a escavação 102 seguiu pelo método invertido, que é escavação abaixo da laje construída, o que possibilitou reduzir de maneira mais rápida as interferências externas na região. A Figura 6.2 mostra a escavação invertida da Estação República da Linha 4 e a Figura 6.3 mostra um esquema da execução de um VCA com posterior escavação invertida. Figura 6.2 – Escavação pelo método invertido Figura 6.3 – Esquema de execução de VCA e posterior escavação invertida (MEDEIROS, 2006) 103 A Figura 6.4 mostra uma perspectiva da obra finalizada da Linha 4 da Estação República. Figura 6.4 – Perspectiva da obra da Linha 4 – Amarela Estação República (METRÔ, 2006c) As obras da Estação República da Linha 4 – Amarela do Metrô foram iniciadas em maio de 2005, com os trabalhos de prospecção do subsolo na região da Praça da República. A Estação República deverá ser entregue em 2008, juntamente com as estações Luz, Paulista, Faria Lima, Pinheiros e Butantã, mais o pátio de manobras Vila Sônia. A segunda fase, prevista para 2012, contemplará as estações Vila Sônia, Morumbi, Fradique Coutinho, Oscar Freire e Higienópolis. 6.3 Plano de Ação Ambiental aplicado durante a obra República, Linha 4 O estudo de caso foi realizado por meio de visitas ao local de realização da obra, Estação República, com levantamento fotográfico da situação. Foi realizada uma visita no local no dia 12 de abril de 2006 onde foram registrados alguns impactos. Na realização do estudo de caso, os impactos foram relacionados com os conceitos 104 citados no capítulo 5, com suas respectivas ações de mitigação. Será discutido como está sendo cumprido o PAA, conforme foi proposto no EIA-RIMA. Em julho e agosto de 2006, foram realizadas mais visitas no local da obra, além de consultas a relatórios técnicos do GMA sobre os acontecimentos já relatados no transcorrer da obra. In loco, foram efetuadas discussões e elucidações com os profissionais envolvidos. Para a concretização do estudo de caso foi realizado um levantamento fotográfico do local, facilitando assim o entendimento. Mostrou-se o cotidiano da obra e todas as medidas de mitigação dos impactos, visto a localização da obra na Av. Ipiranga, local de muito tráfego de veículos e pessoas, além do comércio da região e a existência de edifícios residenciais, destacando o fato da obra funcionar 24 horas por dia de segunda a sábado. Na seqüência os itens exemplificam os principais impactos na obra da Estação República de acordo com os cinco Programas Ambientais. 6.3.1 Programa de Gerenciamento Ambiental O Programa de Gerenciamento Ambiental visava concentrar todas informações e procedimentos necessários à coordenação e supervisão dos demais programas ambientais do PAA, além da infra-estrutura e de recursos humanos necessários para a sua operacionalização. A gestão dos aspectos ambientais relacionados às obras de implantação da Linha 4 – Amarela, bem como a implementação das medidas de controle ambiental previstas eram coordenadas pelo GMA, que era representado por estagiários nas frentes de serviço, por um supervisor terceirizado e por uma gerência. 105 Visando a melhoria contínua, em especial na Estação República, foram intensificadas as vistorias por técnico especializado em Meio Ambiente, com o objetivo de garantir o andamento da obra, minimizando os prejuízos causados à população e ao meio ambiente, e controlando eventuais impactos que poderiam ocorrer durante o período de implantação do empreendimento, visto que a área de implantação da obra era uma área de intenso tráfego de veículos e pessoas. Ficou a cargo do GMA administrar todas as questões ambientais associadas à obra, bem como controlar todos os eventuais impactos. Como ação preventiva, foram intensificadas as vistorias na obra com objetivo de identificar a necessidade de implementação de ações corretivas e/ou preventivas. Tal procedimento exigiu comunicação intensa entre GMA e CVA. Em todos os dias de funcionamento da obra foram realizados Treinamentos Diários de Segurança – TDS, onde eram discutidos assuntos relacionados ao Meio Ambiente, visando conscientizar os operários. 6.3.2 Programa de Relocação de População e Empresas Na área de influência da construção da obra da Estação República não houve a necessidade de nenhum tipo de relocação residencial ou comercial, a obra foi implantada na Praça da República e a principal intervenção foi a interdição de uma pista da Av. Ipiranga e o desvio da outra pista desta mesma avenida. Apenas houve relocação de algumas bancas de jornais que funcionavam no local de implantação da obra. Porém as atividades de cadastramento, desapropriação e relocação eram de responsabilidade Metrô de São Paulo, portanto a relocação das bancas de jornais foram de responsabilidade do mesmo. 106 6.3.3 Programa de Monitoramento do Meio Ambiente O Programa de Monitoramento do Meio Ambiente foi o programa mais importante, e este foi o principal enfoque deste trabalho, neste programa do PAA foram apresentadas as medidas de mitigação dos prováveis impactos que eram passíveis de ocorrerem. Nos itens na seqüência foram abordados os impactos e suas medidas de mitigação que foram tomadas na obra de implantação da Estação República. Muitas das medidas que ocorreram para não interferir com o meio ambiente, não estavam relacionadas no PAA, porém a equipe de Produção juntamente com o GMA executaram medidas de controle para estes impactos que não eram previstos, porém ocorreram. Não serão citados todos os impactos abordados no capítulo 5, pois todos eles ocorreram em todas as frentes de obra, serão citados nos itens na seqüência apenas os impactos mais expressivos na obra da Estação República. 6.3.3.1 Alterações na qualidade do ar O GMA acompanhou durante toda a realização da obra, todos os possíveis serviços que eram propícios a criarem uma má qualidade do ar, quer por material suspenso ou por emissão de fumaça preta. Na Estação República foi criada uma alternativa interessante para o controle da poeira proveniente de rasgar sacos de cimento para a realização de serviços de Jet Grouting (coluna de solo-cimento). Foi criado um local próprio para o armazenamento do cimento, um local fechado, para o correto armazenamento em pilhas de no máximo dez sacos, e protegido da ação do sol e da chuva, conforme pode ser visto na Figura 6.5. 107 Figura 6.5 – Armazenamento de sacos de cimento No mesmo local de armazenamento de sacos de cimento funcionava todo o sistema necessário para a realização do serviço de abertura dos sacos, conforme Figura 6.6. Figura 6.6 – Local destinado ao armazenamento e a rasga dos sacos de cimento A grande criação da equipe da obra foi o sistema para evitar a dispersão de poeira, no local aonde os sacos eram rasgados (em cima de um misturador). Foi acoplado um sistema de exaustão que aspirava grande parte da poeira e direcionava esta para um tanque com água, onde a água absorvia a poeira e passava por um sistema de decantação, no final esta água era direcionada para a ETE, onde recebia o tratamento adequado para a descarga na galeria de águas pluviais. Na parte de cima do misturador foram colocados sacos de juta molhados para absorver a poeira 108 que não era aspirada pelo exaustor. Na Figura 6.7 pode ser visto o misturador, a entrada do sistema de exaustão e os sacos de juta molhados. Sacos de juta Sistema de exaustão Figura 6.7 – Misturador, sistema de exaustão e sacos de juta O local ficava praticamente limpo e isento de poeira, com isso criou-se um local agradável para o trabalhador, propiciando ótimas condições de saúde e segurança. Mesmo com todas essas medidas, os funcionários responsáveis por rasgar os sacos de cimento continuavam a utilizar os EPI´s necessários (óculos de proteção, máscara e luvas), conforme mostrado na Figura 6.5. Para evitar a propagação de poeira para a vizinhança, o canteiro de obra era mantido limpo e quando necessário era utilizada a aspersão de água no local de tráfego de caminhões e equipamento. A Figura 6.8 mostra o canteiro limpo e organizado. Figura 6.8 – Canteiro de obra limpo e organizado 109 Para o controle da emissão de fumaça preta, foram medidos os índices de fumaça mensalmente em todas as máquinas e equipamentos movidos a diesel, através da Escala Ringelmann, conforme é mostrado na Figura 6.9. Figura 6.9 – Execução de leituras mensais de fumaça preta 6.3.3.2 Alterações nos padrões de ruído Na obra da Estação República além de todas as medidas de controle dos níveis de ruído, como utilização de equipamentos blindados e de baixa emissão de ruídos, manutenção periódica de equipamentos e máquinas e divulgação antecipada dos trabalhos com alta emissão de ruído para avisar a comunidade, foi executada uma proteção acústica no local destinado a carpintaria, conforme Figura 6.10. 110 Figura 6.10 – Carpintaria com sistema de controle de ruídos Foi executada uma área fechada para o local destinado às serras circulares, com isso o alto ruído exercido por este equipamento ficou restrito a uma pequena área isolada, e o ruído que era dissipado ficou mínimo, não extrapolando os níveis de ruído aceitáveis pela norma NBR 10.151 (ABNT, 2000). A Figura 6.11 mostra o local destinado para as serras circulares. Figura 6.11 – Serra circular em local fechado Todos os funcionários que trabalhavam nesta área, utilizavam obrigatoriamente protetor auricular tipo concha, máscara e óculos de proteção, para proteção individual. 111 Para o controle dos níveis de ruído era realizado mensalmente medições por meio de decibelímetro, conforme Figura 6.12. Figura 6.12 – Execução de leituras mensais com decibelímetro 6.3.3.3 Condições de saúde e segurança A obra interditou uma parte da Praça da República, que acabou se tornando parte integrante temporária do canteiro de obras. Muitas árvores e bancos da praça ficaram no interior do canteiro, propiciando uma área para o descanso, devido às sombras das árvores e o frescor dos jardins. O canteiro tornou-se um local de tranqüilidade, além da beleza que os jardins trouxeram para a obra, como pode ser visto na Figura 6.13. Figura 6.13 – Árvores dentro do canteiro de obras 112 O coreto também é um ótimo exemplo, pois por medidas técnicas acabou tornando parte integrante do canteiro e como uma solução criativa, acabou virando um local destinado ao lazer dos funcionários, onde ficavam revistas, livros e jornais para a distração nas horas vagas, conforme pode ser visto na Figura 6.14. Figura 6.14 – Coreto integrado ao canteiro de obras Além disso, foram criadas áreas de lazer para os funcionários com mesas de jogos e cartas, conforme Figura 6.15. 113 Figura 6.15 – Área de lazer A equipe da obra criou soluções criativas para resolver problemas de saúde e higiene, criou um lava botas no meio do canteiro. Fez pinturas no chão para direcionar o funcionário para o local correto, em forma de brincadeira, conforme é mostrado na Figura 6.16. Figura 6.16 – Pintura de pés para indicar a direção do lava botas Como em todas as grandes obras da Linha 4, foi implantado no local da obra um ambulatório médico com estrutura e equipamentos de saúde necessários para o pronto atendimento de primeiros socorros e ambulatoriais. Para serviços de remoção no local de escavação (subterrâneo), foi deixado próximo ao local uma gaiola de 114 remoção juntamente com a maca, conforme Figura 6.17, protegidos contra a ação do tempo. Figura 6.17 – Gaiola de remoção e maca 6.3.3.4 Transporte de material e equipamentos Para evitar transtorno aos moradores locais e ao tráfego da região, além de rotas aprovadas junto à CET para o transporte de caminhões e equipamentos pesados, foi instalado na saída do canteiro de obras para a Av. Ipiranga um sistema de lavarodas. Conforme é mostrado na Figura 6.18. Figura 6.18 – Sistema de Lava-rodas 115 Esse sistema era muito eficaz para evitar que a sujeira proveniente do canteiro se propagasse para a rua. A Figura 6.19 mostra no início da obra, que o sistema ainda estava ineficaz. Após algumas medidas de monitoramento, com a implantação do sistema de lava-rodas, esses problemas não aconteceram mais. Figura 6.19 – Rua suja devido a ineficácia do sistema de lava-rodas 6.3.3.5 Desvio de tráfego Os desvios de tráfego que ocorreram na região de implantação da obra da Estação República foram planejados com muita antecedência e todos os projetos foram aprovados e discutidos junto à CET. A Figura 6.20 mostra a Av. Ipiranga antes da intervenção da obra e dos desvios de tráfego. 116 Figura 6.20 – Av. Ipiranga antes dos desvios de tráfego (CVA, 2006a) O primeiro desvio ocorreu no dia 11 de setembro de 2005 e não interferiu apenas com a Av. Ipiranga, muitas outras ruas e avenidas foram modificadas para que o impacto fosse mitigado. O tráfego da região ficou da seguinte forma: ¾ A Av. Ipiranga foi parcialmente interditada no cruzamento com a Av. São Luiz, e foi implantado bloqueio nas faixas da direita da Av. Ipiranga, na altura da Rua 24 de Maio, conforme Figura 6.21; Figura 6.21 - Desvio de tráfego da pista da direita na Av. Ipiranga 117 ¾ A Rua Araújo, entre a Praça da República e a Av. Ipiranga, que tinha sentido duplo de direção, passou a ter sentido único da Praça da República para a Av. Ipiranga; ¾ Já a Rua Gabus Mendes, que tinha sentido único de direção da Rua 7 de Abril para a Rua Basílio da Gama, passou a ter sentido duplo de direção. Para diminuir o impacto dos desvios no trânsito e viabilizar as rotas alternativas, foram implantados semáforos em alguns cruzamentos e em algumas ruas ficou proibido o estacionamento. As interdições ocorreram em duas etapas. A primeira (da faixa da esquerda) permaneceu por seis meses, para a escavação da vala e execução da laje do lado esquerdo, deixando esperas de ferro para a continuação da laje do lado direito. A Figura 6.22 mostra de forma esquemática todo o desvio de tráfego. Este esquema foi distribuído através de folhetos a todos os pedestres e motoristas da região. Figura 6.22 – Desvio de tráfego implantado em setembro 118 A Figura 6.23 mostra a interdição feita pela obra na pista da esquerda e o desvio do tráfego para as faixas da direita. Figura 6.23 – Desvio do tráfego para as faixas da direita (CVA, 2006a) No dia 5 de março, a Av. Ipiranga foi parcialmente interditada para o início da segunda etapa das obras. O desvio de tráfego, implantado pela CET, em conjunto com o Metrô, foi feito no trecho entre a Rua 7 de Abril e a Av. São Luiz. A Rua Gabus Mendes voltou a operar em sentido único de direção, da Rua 7 de Abril para a Rua Basílio da Gama. A ligação da Rua Basílio da Gama com a Av. Ipiranga foi restabelecida. A primeira interdição ocorreu nas três faixas do lado esquerdo da Av. Ipiranga. Já na segunda, a interdição foi transferida para o lado direito da avenida, ao lado do edifício do Instituto Caetano de Campos, enquanto as faixas da esquerda foram liberadas ao tráfego. A Figura 6.24 mostra a liberação da faixa da esquerda e interdição da faixa da direita. 119 Figura 6.24 – Liberação da faixa da esquerda e interdição da faixa da direita (CVA, 2006a) A Figura 6.25 mostra o desvio de tráfego para as faixas da esquerda da Av. Ipiranga, enquanto a obra foi transferida para o lado direito da avenida. Figura 6.25 – Segunda etapa do desvio de tráfego 120 A execução da segunda etapa de obras da nova estação foi feita simultaneamente com a implantação do novo desvio na avenida, conforme pode ser visto na Figura 6.26. Figura 6.26 – Desvio de tráfego e implantação da obra (CVA, 2006a) Além de todo o cuidado com o tráfego de veículos houve uma preocupação com o acesso para pedestres. Conforme é mostrado na Figura 6.27. Figura 6.27 – Acesso para pedestre 121 Todos os acessos para pedestres eram protegidos com muretas em concreto para evitar acidentes, conforme Figura 6.28. Figura 6.28 – Muretas de proteção em todo o perímetro do acesso para pedestre Foi realizado um serviço de sinalização para os pedestres, informando sobre o bloqueio das calçadas, conforme Figura 6.29, e direcionando o mesmo para o local destinado a acesso para pedestre, mostrado na Figura 6.30, visando assim a segurança dos mesmos. Figura 6.29 – Sinalização de bloqueio de calçada 122 Figura 6.30 – Sinalização para pedestre Foram contratados funcionários para organizar e controlar o desvio de tráfego, indicando aos veículos e pedestres da região o caminho a ser seguido, conforme é mostrado na Figura 6.31. Figura 6.31 – Funcionário controlando o desvio de tráfego A Figura 6.32 mostra a eficácia do desvio de tráfego e a importância do trabalho dos funcionários responsáveis pelo controle dos desvios, fica claro nesta figura que todos os pedestres estão respeitando a sinalização e com isso fica comprovada a eficácia do processo. 123 Figura 6.32 – Eficácia do desvio de tráfego O Metrô programou duas etapas de interdições, para minimizar as interferências no fluxo viário da área. Caso isso não fosse feito a Av. Ipiranga teria que ser totalmente interditada para a construção das lajes da Estação República da Linha 4 – Amarela, que foi interligada à Estação República já existente na Linha 3 – Vermelha, por passagem subterrânea. Isso faria com que o impacto fosse bem maior. A Figura 6.33 mostra a interdição e o desvio do tráfego da Praça da República até o edifício do Instituto Caetano de Campos. Figura 6.33 – Interdição da Av. Ipiranga da Praça da República até o Instituto Caetano de Campos 124 6.3.3.6 Produção de resíduos e rejeitos A Estação República utilizou um método social e participativo para a coleta dos resíduos sólidos para reciclagem. Foram criadas áreas destinadas ao armazenamento dos resíduos sólidos, conforme Figura 6.34, e após juntar uma quantidade razoável de resíduos, esses eram vendidos e com o dinheiro arrecadado eram compradas cestas básicas, e através de sorteio as cestas eram distribuídas aos funcionários, conforme Figura 6.35. Figura 6.34 – Local destinado a reciclagem Figura 6.35 – Sorteio de cestas básicas, enfoque social de reciclagem 125 6.3.3.7 Remoção de vegetação No local de implantação da obra foi autorizada pelo DEPAVE o corte de 5 árvores e o transplante de 4. Na Figura 6.36 é mostrado o cadastramento arbóreo da região de implantação da obra da Estação República. Figura 6.36 – Cadastramento arbóreo 126 O processo de transplante foi bem complexo e planejado. Todo o processo ocorreu no período de 23 a 26 de fevereiro de 2006, essa data foi escolhida devido ao feriado de Carnaval, tentando com isso evitar problemas com o tráfego, tanto de pessoas como de veículos, tentando propiciar menor impacto para a região. O início dos trabalhos se deu com a operação de proteção dos troncos das árvores através do seu envolvimento com bidim e corda de sisal com a finalidade de evitar injúrias mecânicas, este processo é mostrado na Figura 6.37. Figura 6.37 – Proteção dos troncos das árvores Após a proteção dos troncos foi realizada a interrupção da passagem de pedestres para dar início ao processo de escavação, primeiro com a remoção da camada impermeável com máquinas e posteriormente, com a escavação manual do torrão (aproximadamente 1,00 x 1,00m) até uma profundidade que não comprometesse a estabilidade da árvore. A Figura 6.38 mostra a escavação da camada impermeável. 127 Figura 6.38 – Escavação da camada impermeável Após a escavação manual, as árvores foram içadas e foi realizada uma proteção do torrão, conforme Figura 6.39. Figura 6.39 – Proteção do torrão Foi providenciada a desfolha parcial para redução da perda de água e para facilitar o transporte pela Av. Ipiranga até o local do plantio, que foi na própria Praça da República. A Figura 6.40 mostra o transporte das árvores. 128 Figura 6.40 – Transporte das árvores empregando carretas O plantio foi executado sem problemas com adubação adequada e irrigação abundante. A Figura 6.41 mostra o içamento da árvore para o transporte até o local de replantio. Figura 6.41 – Içamento para o plantio da árvore A Figura 6.42 mostra as árvores que foram transplantadas da área de implantação da obra para a Praça da República. As árvores ainda estavam amarradas para evitar a queda. Está previsto um monitoramento, para garantir a sobrevivência destas árvores, durante 2 anos. 129 Figura 6.42 – Árvores transplantadas para a Praça da República 130 6.3.3.8 Remanejamento de serviço de transporte coletivo Com a interdição das pistas da Av. Ipiranga tanto da primeira quanto da segunda etapa, foi realizado apenas um remanejamento de serviço de transporte coletivo, após obtenção de aprovação junto a CET e a SPTrans. A Figura 6.43 mostra o remanejamento que ocorreu na Av. Ipiranga e nas intermediações. Figura 6.43 – Remanejamento de serviços de transporte coletivo Todas essas mudanças no transporte coletivo foram avisadas antecipadamente aos usuários, pelo setor de Comunicação Social, com a distribuição de folhetos informativos e colocação de faixas em pontos estratégicos da região. 131 6.3.3.9 Interferências na paisagem urbana O impacto visual era impossível de não ocorrer, visto que o canteiro administrativo da obra da Estação República estava locado na Praça da República, tomando um espaço significativo e abrangendo para si partes importantes da praça, como coreto, árvores e bancos. Áreas essas que eram públicas e que estavam fechadas ao acesso público. Além do impacto visual ao observar o Instituto Caetano de Campos, que tinha na sua frente máquinas barulhentas, solo manejado e material de construção, imagem esta que não condizia com a beleza da arquitetura do edifício. Para tentar minimizar o impacto visual e manter a população informada do que estava acontecendo na obra instalou-se tapumes. Todos os tapumes tinham a parte superior telada, permitindo que a população pudesse ver o que estava ocorrendo no interior da área isolada da obra, como pode ser visto na Figura 6.44. Figura 6.44 – Tapume telado permitindo que a população pudesse ver a obra Um obra como esta gera a curiosidade na população, todos querem ver como é feita uma obra do metrô, a Figura 6.45 mostra um pedestre fotografando a obra, aspecto turístico do empreendimento. 132 Figura 6.45 – Pedestre fotografando a obra 6.3.3.10 Interferências em patrimônio histórico Como a obra estava localizada em uma região central da cidade de São Paulo, era de se esperar que houvessem muitos patrimônios históricos tombados pelos órgãos ambientais competentes, visto que a cidade tem 452 anos de colonização e que o centro da cidade foi a primeira região a ser colonizada, sendo no passado a região mais nobre com a moradia das famílias mais ricas e poderosas. O tempo passou e essas casas continuaram tomando um espaço importante no centro da cidade. Os locais considerados patrimônio histórico foram apresentados no item 5.3.17. Dentre estes a Praça da República e o Instituto Caetano de Campos estão inseridos na área deste Estudo de Caso. Conforme descrito no item 6.3.3.3, a Praça da República foi parcialmente interditada, preservada e incorporada às ações ocupacionais do empreendimento. Foram tomados todos os cuidados para que a fachada do Edifício Caetano de Campos não fosse danificada de forma alguma, durante a realização dos elementos de fundação (paredes diafragma) para o apoio da laje, foi realizado um anteparo com lonas para que a lama proveniente da escavação com Clam Shell não sujasse a fachada do prédio, conforme é mostrado na Figura 6.46. 133 Figura 6.46 – Anteparo realizado para evitar que o Edifício Caetano de Campos fosse atingido pela lama Este anteparo ou proteção foi executado em todo o perímetro do edifício, como pode ser visto na Figura 6.47. Figura 6.47 – Em todo o perímetro do Edifício Caetano de Campos foi executado o anteparo para proteção 134 Na Figura 6.48 pode ser observado que este anteparo foi executado muito próximo a fachada do edifício, pois o espaço para a execução da obra era muito pequeno, a obra começava aonde o edifício terminava, uma verdadeira “briga por espaço”. O projeto da execução da Estação República da Linha 4 – Amarela já estava findado quando o edifício foi tombado, por isso a dificuldade de adequar os projetos próximo ao edifício. Figura 6.48 – Anteparo executado muito próximo ao Edifício Caetano de Campos Foi tomado todo o cuidado com as fundações do edifício, pois por ser uma edificação antiga, não existem mais registros dos projetos de fundação e execução deste edifício, então restou ao CVA ter todo o cuidado para a execução da obra, devido ao desconhecimento do edifício vizinho, com a leitura diária da instrumentação instalada no edifício Caetano de Campos e nos demais edifícios sob influência da obra, em qualquer alteração observada a obra era paralisada e apenas prosseguia após o aval do Acompanhamento Técnico de Obra – ATO. 135 6.3.3.11 Soluções criativa para impactos não estudados Durante o transcorrer da obra foram identificados impactos para os quais não estavam definidas soluções de mitigação no PAA. O PAA definia que o canteiro de obras deveria ser mantido o mais limpo possível, para evitar material em suspensão (poeira) que por ventura atingisse a população local. Com isso, foi implantado o sistema de aspersão de água para evitar o pó. Na obra da Estação República para evitar a sujeira e a desordem foi implantado um sistema simples e eficiente. Na execução dos serviços de Jet Grouting (colunas de solo-cimento), há um refluxo de material do furo que está sendo executado (nata de cimento) e esse material proveniente do refluxo extravasa e dependendo do nivelamento do local onde as colunas estão sendo realizadas, este material corre no sentido da declividade, provocando assim um elevado nível de sujeira. O canteiro de obra providenciou uma contenção da área onde estava sendo realizado o serviço, com isso todo o material do refluxo ficou isolado em uma área e após a conclusão dos serviços, essa área era limpa através da retirada do material com pás. Essa contenção realizada pode ser vista na Figura 6.49. Figura 6.49 – Contenção realizada para execução dos serviços de Jet Grouting 136 Outra solução foi à execução de um anteparo com lonas no tapume telado, em locais onde era possível de ocorrer respingos e sujeira proveniente da obra. Com este anteparo evitaram-se reclamações por parte dos pedestres que poderiam ser atingidos com algum resíduo da obra. A Figura 6.50, mostra um dos anteparos realizados durante os serviços de Jet Grouting, porém houveram outros anteparos realizados durante o transcorrer da obra, conforme pode ser visto na Figura 6.51. Figura 6.50 – Anteparo para evitar que os pedestres se sujem com o serviço de Jet Grouting Figura 6.51 – Anteparo criado para a proteção do pedestre 137 6.3.3.12 Previsão de impactos na Estação República da Linha 3 – Vermelha Em 1982, quando a Estação República da Linha 3 – Vermelha foi entregue ao público, ninguém imaginava que já estava planejada a execução da Linha 4 – Amarela que só ocorreu em meados de 2004. Porém, em 1982 boa parte da execução da Linha 4 – Amarela da Estação República já ficou construída, toda a parte do Corpo da Estação já ficou pronta no estado bruto de acabamento. A Figura 6.52 e a Figura 6.53, mostram as plataformas laterais da esquerda e da direita respectivamente, e a plataforma central, todas prontas em seu estado bruto de acabamento, já deixando o espaço para os trilhos dos trens. Figura 6.52 – Plataforma central e lateral prontas em estado bruto 138 Figura 6.53 – Plataformas prontas em ambos os lados A Figura 6.54 mostra a parte de baixo da plataforma onde entraria a energização dos trens. Figura 6.54 – Apenas faltando a energização dos trens A Figura 6.55 mostra que já foi locada a área do emboque do túnel para a passagem dos trens. 139 Figura 6.55 – Já localizado emboque para a execução do túnel No ano de 2004, ano de implantação da obra da construção da Linha 4 – Amarela, houve uma mudança drástica no projeto, onde não seriam feitos mais túneis independentes para os trens, seria executado um único túnel central para os dois trens com a utilização do equipamento Shield, conhecido entre nós por Tatuzão. O Shield é totalmente automatizado. É um equipamento do tipo EPBS - Earth Pressure Balanced Shield, e trabalha sob pressão, não deixa a água entrar e injeta uma espuma polimérica, que gera o equilíbrio na parte escavada. O Shield entra escavando o solo e, na seqüência, monta e instala anéis pré-fabricados de concreto, que formam as paredes definitivas do túnel. O avanço da máquina se dá pela reação de macacos contra os anéis de revestimento já montados. Uma outra operação simultânea realizada pelo Shield é a retirada do solo, por meio de uma rosca, que o deposita numa correia transportadora no seu interior para levá-lo até vagonetas que voltam ao poço de emboque. Um equipamento de transporte vertical retira depois a terra, colocando-a em caçambas para que o material seja transportado até um botafora (MEDEIROS, 2006). O Shield que será utilizado em 2007 na execução da Linha 4 – Amarela foi construído na Alemanha e veio para o Brasil de navio, será montado na Estação Faria Lima e fará o túnel da Estação Faria Lima até a Estação Luz. O Shield percorrerá apenas esse trecho da obra porque foi construído somente para realizar escavações em solo e nas demais estações há a presença de rocha, em que a escavação está sendo feita através de detonações com explosivos, através do 140 método NATM – New Austrian Tunnelling Method. A Figura 6.56 mostra o Shield que será utilizado para a execução do túnel na Linha 4. Figura 6.56 – Shield que será utilizado na Linha 4 Em seu percurso o Shield encontrará um problema na Estação República, conforme Figuras 6.52 a 6.55, a estação já está toda construída e será preciso destruir o que já havia sido feito para abrir espaço para a passagem do Shield. A Figura 6.57 mostra a existência de pilares na plataforma central, local onde passará o Shield. Figura 6.57 – Pilares estruturais da estação no local de passagem do Shield Esses pilares são estruturais e estão presentes nos quatro andares da Estação República, conforme pode ser visto na Figura 6.58. 141 Figura 6.58 – Pilares estruturais em todos os andares da Estação Foi executado um serviço de engenharia de muitos estudos e cálculos para que fosse possível fazer o corte desses pilares que estavam no segundo andar da Estação. No quarto andar funciona a Linha 3 – Vermelha, o terceiro seria um andar de transição, no segundo funcionaria a Linha 4 – Amarela e o primeiro é o andar das catracas e bilheterias. A previsão é de que todo esse serviço seja realizado sem que os usuários do Metrô da Estação República percebam o que está acontecendo. A única interferência que é possível notar foi o fechamento de uma parte da estação para se tornar possível a integração das duas linhas, conforme pode ser visto na Figura 6.59 e na Figura 6.60. Figura 6.59 – Fechamento de uma parte da Estação República 142 Figura 6.60 – Fechamento de escadas de acesso Este é um impacto que exige projeto extremo da engenharia civil, porém todo o serviço será realizado com cautela e cuidados para não interferir na vida da população usuária do Metrô. Este será um trabalho realizado pelo CVA, juntamente com o auxílio do Metrô e com total apoio do GMA, a partir de meados de 2007. 6.3.4 Programa de Comunicação Social O Programa de Comunicação Social teve significado extremamente importante, em especial na obra da Estação República. A obra passou por uma série de interferências com a comunidade como fechamento de uma praça pública, desvio de tráfego, remanejamento de serviços de transporte coletivo e muitos outros. Todos esses impactos causados na região poderiam se tornar um grande problema para a obra e para a comunidade. Desde o início das obras, foi implantado no local um Posto de Informações aberto à população, com isso houve o funcionamento de um canal de comunicação com a comunidade mais influenciada pela obra. 143 Neste Posto de Informações a comunidade podia tirar dúvidas a respeito das obras, fazer reclamações, dar sugestões. Enfim, com a criação deste posto, o CVA conseguiu que as reclamações não prejudicassem o andamento da obra, e que a população ficasse satisfeita com a atenção e presteza com que eram atendidos por uma pessoa preparada para este tipo de atendimento. Todo esse serviço foi realizado por pessoas capacitadas com formação em Relações Públicas. Além do Posto de Informações, foram distribuídos à população folhetos explicativos sobre os desvios de tráfego que ocorreram na região, tudo isso foi realizado com antecedência para que o impacto aos motoristas e pedestres não fossem tão grandes. A Figura 6.61, mostra um dos folhetos distribuídos para informar sobre os desvios de tráfego. Figura 6.61 – Folheto distribuído sobre o desvio de tráfego 144 A Figura 6.62 mostra o folheto distribuído para informar sobre o remanejamento de serviços de transporte coletivo que iria ocorrer. Figura 6.62 – Folheto distribuído sobre o remanejamento de serviços de transporte coletivo A equipe integrante do Programa de Comunicação Social desempenhou função indispensável para a mitigação dos impactos junto à comunidade. 6.3.5 Programa de Interação Institucional Este programa foi bem ativo no caso da obra da Estação República, onde houveram muitos serviços em que foi necessária a participação dos órgãos e instituições governamentais. 145 Para o desvio de tráfego e remanejamento de serviços de transporte coletivo foi imprescindível a participação e aprovação das rotas e itinerários pela CET e pela SPTrans. Para a remoção da vegetação houve a participação do IBAMA e do DEPAVE, que executaram as licenças ambientais para o corte de certas espécies e determinaram o transplante de outras. O CONDEPHAAT também teve um papel importante na defesa dos edifícios tombados e denominados patrimônio histórico. A ELETROPAULO foi acionada para a execução de uma central elétrica somente para o uso da obra, que utilizava altas voltagens para as máquinas e equipamentos. Além de muitos outros órgãos e instituições que foram fundamentais para a realização e concretização do PAA, Na Linha 4 – Amarela do Metrô de São Paulo. 146 7 ANÁLISE CRÍTICA Com a finalização deste trabalho pode-se observar a importância de todas as formas de licenciamento, em especial o EIA-RIMA, que serviu para que fosse previsto todo e qualquer tipo de impacto gerado pela obra e se esta seria ambientalmente viável ou não. Todo o tipo de licenciamento gera um alto custo ao ser executado, porém é de suma importância o desenvolvimento de um licenciamento como este, para que se possa prever e evitar impactos extremamente agressivos, que tornem a execução da obra inviável ou com alto custo de execução. Outro motivo para a execução de um licenciamento é gerar diretrizes a serem seguidas para melhorar a qualidade da obra, diminuir os impactos e evitar possíveis embargos pelo descumprimento das leis vigentes e cumprir com os prazos prédeterminados para a execução de cada etapa de trabalho. A execução do licenciamento é onerosa, porém extremamente necessária, pois está provado que os benefícios adquiridos com a sua execução são de suma importância para garantir a harmonia entre a obra em questão e o seu ponto de influência, seja ele, uma rua, um bairro ou até mesmo uma cidade. Este método de trabalho contribuiu para o aprendizado das pessoas envolvidas nas obras, tornando sua atuação multidisciplinar, pois hoje o engenheiro não deve apenas se preocupar com a execução da obra, e sim com o seu entorno: as pessoas, o meio ambiente, o comércio, o trânsito e o equilíbrio entre todos os aspectos presentes no local. Para que o engenheiro possa prestar atenção em tudo isto, o mesmo deverá possuir conhecimento multidisciplinar, desenvolvendo capacitação sobre todos os aspectos pertinentes à execução da obra. As ações ambientais implantadas, geraram ações ocupacionais diretas, as quais foram citadas no capítulo 6. Cabe ressaltar que a ênfase deste trabalho de 147 conclusão de curso se deu às ações ambientais, para as quais foram discutidas e levantadas as responsabilidades e atribuições, relativas à execução e cumprimento. 148 8 CONCLUSÕES Ao final deste trabalho de conclusão de curso percebeu-se o quanto são grandes as atribuições do engenheiro civil e sua equipe e quantas foram as preocupações ambientais relacionadas à execução desta obra, Linha 4 – Amarela do Metrô, na cidade de São Paulo. Grande parte destas preocupações, em alguns anos atrás, era considerada desnecessária, pois as empresas não se preocupavam tanto com o meio ambiente como se preocupam hoje, a legislação ambiental não possuía tal abrangência. A degradação do meio ambiente é um assunto discutido em acordos internacionais e regulamentado, gerando multas e punições a quem não cumprir as exigências estabelecidas na lei, além da responsabilidade social que toda empresa deve ter. Deve-se sempre confrontar os impactos que serão gerados por uma obra com os benefícios que serão atribuídos aos cidadãos, com a execução da mesma. No caso desta obra em estudo, daqui a alguns anos, a cidade de São Paulo tendo um número maior de habitantes, o sistema de transporte coletivo urbano ora implantado contribuirá para suprir as necessidades da população. Independente dos impactos ambientais gerados por esta obra, o foco principal foi o desenvolvimento urbano ordenado, para isto aplicou-se um Plano de Ação Ambiental visando mitigar estes impactos. O TCC foi desenvolvido baseando-se no Plano de Ação Ambiental elaborado para a execução da Linha 4 – Amarela do Metrô de São Paulo, o qual gerou diretrizes gerenciais, para cumprir metas e prazos estabelecidos pelo contrato, porém com qualidade, segurança, responsabilidade social e diminuição dos impactos ambientais. Para o cumprimento das metas e prazos previstos no PAA e implantação da obra foi muito importante a parceria com órgãos e instituições, ligadas diretamente a cada etapa de execução do empreendimento. Esses órgãos e instituições foram pré- 149 determinados no PAA, facilitando assim o rápido contato entre as partes e contribuindo para a multidisciplinaridade efetiva do processo. As atribuições e responsabilidades inerentes ao cumprimento das ações ambientais previstas, aqui levantadas e esquematizadas de modo simplificado em fluxogramas, demonstraram a dinâmica exigida para a implantação da Linha 4 – Amarela, com o entorno urbano mantendo as suas atividades de comércio, lazer e moradia, mesmo durante a implantação do empreendimento. Os fluxogramas, gerados no presente trabalho, contribuem para a informação sucinta aos profissionais da área e áreas afins e ao público. Estes fluxogramas demonstraram as ações ambientais no Plano de Ação Ambiental, na gestão e mitigação dos impactos. Este trabalho contribuiu para se conhecer detalhes da pré-execução e da execução da obra Linha 4 – Amarela, como a extrema importância e os motivos de um licenciamento e de se executar um bom planejamento, como o PAA, otimizando as ações, os resultados e contribuindo para a execução da obra, do ponto de vista ambiental, urbanístico e ocupacional indiretamente. Com a realização deste trabalho levantou-se todo o processo para a execução das ações ambientais previstas para uma obra metroviária deste porte, numa região metropolitana e demonstrou-se o quão são complexas as fases, etapas, projeto, planejamento e licenciamento de uma obra deste tipo, do Metrô de São Paulo. Tal obra é sujeita à Resolução 001, de 1986, do CONAMA, que prevê a elaboração de EIA-RIMA, identificação e mitigação dos impactos ambientais relativos, com audiência pública e esclarecimento populacional. O trabalho de conclusão de curso contribuiu para aperfeiçoar conceitos, linguagem técnica e científica, interações com grupos diversos de profissionais, entendimento da dinâmica ambiental e suas negociações, importância do planejamento ambiental. 150 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Norma NBR 9653 – Guia para avaliação dos efeitos provocados pelo uso de explosivos nas minerações em áreas urbanas. Rio de Janeiro, 1986. ______ . 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