UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ESPECIALIZAÇÃO latu sensu HIGIENE E INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL-HIPOA AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA, SENSORIAL E pH DA CARNE DE CARANGUEJO-UÇÁ, Ucides Cordatus (Linnaeus, 1763), COMERCIALIZADAS NOS MUNICIPIOS DE BELÉM-PA E MARACANÃ-PA Paulo Sergio Rodrigues Santana Belém-PA, Abril de 2009 0 PAULO SERGIO RODRIGUES SANTANA Aluno do curso de Especialização latu sensu da UCB AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA, SENSORIAL E pH DA CARNE DE CARANGUEJO-UÇÁ, Ucides Cordatus (Linnaeus, 1763), COMERCIALIZADAS NOS MUNICIPIOS DE BELÉM-PA E MARACANÃ-PA Trabalho monográfico de conclusão do curso de Especialização latu sensu em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem AnimalHIPOA (TCC), apresentado a UCB como requisito parcial para obtenção do título de Especializado, sob a orientação do Prof. Msc. Sebastião Tavares Rolim Filho. Belém-PA, Abril de 2009 1 AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA, SENSORIAL E pH DA CARNE DE CARANGUEJO-UÇÁ, Ucides Cordatus (Linnaeus, 1763), COMERCIALIZADAS NOS MUNICIPIOS DE BELÉM-PA E MARACANÃ-PA Elaborado por Paulo Sergio Rodrigues Santana Aluno do Curso de Especialização em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal - HIPOA da UCB Foi analisado e aprovado com grau: ------------------------- Belém-PA, 20 de Abril de 2009 ____________________________ Membro ____________________________ Membro ____________________________ Profº Orientador Presidente Belém-PA, Abril de 2009 ii 2 Dedico este trabalho aos meus familiares por estarem torcendo sempre por mim em todos os momentos de minha vida, dando-me apoio em horas de dificuldades. iii 3 AGRADECIMENTOS A força divina que enche nossos corações de força, coragem e esperança nos fazendo realizar coisas maravilhosas e gratificantes. Ao Professor e orientador Sebastião Tavares Rolim Filho, pelo seu precioso tempo cedido à nossa orientação, nos possibilitando a conclusão deste trabalho. As colegas Médicas Veterinárias da Vigilância Sanitária SESPA (Nível Central), Dra. Tereza Regina Viggiano Barreto e Dra. Carlicéia Silva de Sousa, pela gentileza e atenção que nos deram ao nos fornecerem os laudos e demais orientações que foram fundamentais para a realização deste trabalho. A querida colega e amiga Simone Tigusa Miyake por nos dar todo o apoio e ter nos fornecido algumas bibliografias. Aos Professores dos diversos e proveitosos módulos de nossa pósgraduação por compartilharem conosco, conhecimentos e experiências importantes para a nossa vida profissional e moral. Aos meus queridos pais e irmãos por acreditarem em mim. A todos os meus amigos, em especial os colegas e companheiros: Leandro Lopes Ramos e Sammy Machado Abud pela lealdade e confiança. Juntos em mais uma vitória! Que Deus nos abençoe! iv 4 RESUMO SANTANA, Paulo Sergio Rodrigues Avaliação Microbiológica, Sensorial e PH da Carne de Caranguejo-uçá, Ucides cordatus (Lineaus, 1763), Comercializada nos Municípios de Belém – PA e Maracanã – PA. Este trabalho teve o objetivo de avaliar as condições microbiológicas, sensoriais e o PH da carne de caranguejo-uçá comercializadas no município de Belém-PA e Maracanã-PA. Foram coletadas 20 amostras de carne (massa) e pata de caranguejo nos estabelecimentos comerciais de alimentação de Belém, no período de março a abril de 2006 e 07 amostras no mês de agosto de 2007 do município de Maracanã. Todas as amostras foram coletadas por profissionais técnicos capacitados do nível central-SESPA, transportadas em sacos plásticos apropriados em caixas isotérmicas com gelo e levadas ao Laboratório Central do Estado do Pará (LACEN – PA). Os resultados demonstraram que as 27 (100%) amostras analisadas apresentavam níveis microbiológicos (Coliforme fecais, Stphilococus aureus e Salmonella sp.) aceitáveis em relação a legislação em vigor, porém apresentavam PH acima de 8,0, estando portanto em estado de deteriorização. As 7 amostras do município de maracanã apresentaram características sensoriais próprias, enquanto que as 18 amostras do município de Belém apresentaram se impróprias para o consumo. Este fato pode ter como causa o maior tempo de armazenamento da carne de caranguejo em gelo e possíveis variações de temperatura desta no transporte desde a catação até a comercialização. v 5 ABSTRACT SANTANA, Paulo Sergio Rodrigues Microbiological, Sensory and PH evaluation of crab-meat uçá, Ucides cordatus (Lineaus, 1763), marketed in the Belém - PA and Maracanã – PA citys. This study aimed to evaluate the microbiological, sensory and pH conditions of meat from crab-uçá sold in the Belém-PA and Maracanã-PA city. 20 samples of meat (mass) and crab leg was collected in Belém food shops, in the period of March-April 2006 and 07 samples in the month of August 2007 the Maracanã city. All samples were collected by trained professional technicians SESP-central level, transported in suitable plastic bags for isothermal boxes with ice and taken to the Central Laboratory of the State of Pará (LACEN - PA). The results showed that 27 (100%) samples had levels microbiological (fecal coliform, Staphilococus aureus and Salmonella sp.) acceptable for the law, but had pH above 8.0, therefore in a state of deterioration. The 7 samples of the Maracanã city had sensory own, while 18 samples of Belém city were unfit for consumption. This may caused by the longer storage of crab meat on ice and possible changes in temperature of the transport, since the meet sorting until marketing. vi 6 LISTA DE TABELAS TABEL A 1 Concentrações bacterianas na carne beneficiada do caranguejo-uçá nos municípios de Maracanã-PA e Belém-PA – 2006/2007 (Numero Mais Provável de Coliformes Fecais) NMP/g e (Unidade Formadora de Colônia de Staphylococcus aureus) UFC/g................................................................................................29 TABELA 2 Valores do pH das amostras de carne de caranguejo comercializadas nos municípios de Maracanã-PA e Belém-PA – 2006/2007..........................................................................................31 TABELA 3 Características sensoriais da carne beneficiada do caranguejo-uçá nos municípios de Maracanã-PA e Belém-PA – 2006/2007, analisadas segundo o RIISPOA........................................................33 vii 7 SUMÁRIO Página RESUMO.................................................................................................. v LISTA DE TABELAS............................................................................... vii 1.INTRODUÇÃO...................................................................................... 9 2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................... 11 3. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................... 25 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................... 29 5. CONCLUSÕES.................................................................................... 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................ 36 viii 8 AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA, SENSORIAL E pH DA CARNE DE CARANGUEJO-UÇÁ, Ucides Cordatus (Linnaeus, 1763), COMERCIALIZADAS NOS MUNICÍPIOS DE BELÉM-PA E MARACANÃ-PA 1. INTRODUÇÃO Os manguezais são ecossistemas de elevada importância, já que funcionam como um berçário para várias espécies animais. Geralmente estão localizados em áreas estuarinas e marinhas, constituindo fonte de vida e energia. São ricos em nutrientes e apresentam uma elevada biodiversidade e produtividade (SILVA, 1998 apud ARAÚJO, 1999). O caranguejo-uçá (Ucides cordatus), de apreciado sabor e valor sócioeconômico em nossa região (CINTRA, 1999), destaca-se por seu papel como recurso pesqueiro e fonte de renda para milhares de pescadores da costa brasileira (RODRIGUES, 2000). A produção da carne de caranguejo-uçá é uma atividade bastante explorada em alguns municípios do estado do Pará e a obtenção deste produto se dá pela extração manual, realizada por várias famílias, que em sua maioria não possuem condições adequadas de higiene (MIYAKE, 2008). A quase totalidade da produção destina-se à região metropolitana de Belém, que inclui também o distrito de icoaraci e o município de Ananindeua. Uma parcela do produto é destinada ao consumo do tirador e de sua família, uma pequena quantidade é colocada à venda no mercado municipal, cabendo notar que certos produtos, em épocas como: Carnaval, Semana Santa e mês de julho, separam uma parte da captura para vender em suas casas (MANESCHY, 1993). 9 A qualidade higiênico - sanitária como fator de segurança alimentar tem sido amplamente estudada e discutida, uma vez que as doenças veiculadas por alimentos são um dos principais fatores que contribuem para os índices de morbidade nos países da América Latina (MIYAKE, 2008). De acordo com Figueiredo (2003), microorganismos patogênicos não modificam as características organolépticas do alimento. Estas modificações são ocasionadas por microorganismos deteriorantes que, na grande maioria dos casos, não são patogênicos. Leitão (1988), ao comparar outros alimentos de origem animal com a carne de caranguejo, descreve que esta carne pode sofrer processos variados de deterioração como atividades de enzimas autolíticas, processos de rancificação de gorduras e principalmente a atividades de microorganismos, presentes em sua superfície e no trato intestinal. Embora esses fatores de deterioração variem em função da decomposição do pescado, condições de captura e estocagem, intensidade de manuseio etc., sabe-se que a participação microbiana é sem dúvida um dos principais fatores determinantes da vida útil desse alimento. Não existindo legislação voltada para estabelecer padrões higiênicos sanitários na cadeia produtiva da carne de caranguejo, conseqüentemente não havendo um controle por parte do Ministério da Agricultura o da Saúde, torna-se necessário fazer análises bacteriológicas, físico-químicas e sensoriais deste produto, objetivando mensurar os riscos para o consumidor, para que medidas higiênico-sanitárias preventivas sejam tomadas desde a captura deste crustáceo até a mesa do consumidor. Portanto o objetivo do presente estudo foi avaliar as condições microbiológicas, sensoriais e o pH da carne de caranguejo-uçá comercializadas no município de Belém-PA e Maracanã-PA. 10 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CARANGUEJO UÇÁ Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) Os caranguejos são crustáceos de corpo convexo, com carapaça sem espinhos e o último par de patas terminando em uma unha. Vivem no lodo dos mangues, sendo na maior parte marinhos. Apresentam carne muito saborosa e representam um dos mais importantes componentes dos manguezais brasileiros (OLIVEIRA, 1997). A espécie de caranguejo encontrada em nossa região norte (Ucides cordatus), vulgarmente chamada de caranguejo-uçá, é um crustáceo de coloração azulada, arroxeada ou avermelhada, decápode braquiúro, pertencente à comunidade da fauna subterrânea que vive nos manguezais, cuja presença é constatada através de tocas ou buracos próximos uns dos outros entre emaranhados de raízes Rhizophora (PARÁ. SECTAM,1993; apud. OLIVEIRA, 1997). Segundo Gondim (1998), o Estado do Pará possui uma área de manguezal superior a 4.500 km2, o que equivale cerca de 45 mil campos de futebol. 2.2 ASPÉCTOS SOCIO-ECONÔMICOS E CULTURAIS Os caranguejeiros têm como atividade principal de renda a pesca do caranguejo, que dura praticamente o ano todo. Estas pessoas caracterizam-se por serem grupos econômicos e socialmente marginalizados, que encontram, no mangue, características mais atraentes e mais viáveis de sobrevivência, como recursos alimentares abundantes, proximidades de áreas urbanas e acesso a 11 terra. Porém defrontam-se com a degradação crescente de coleta e a falta de incentivos externos (BRASIL, 1994). Martins (1998), apud César (2002), observou que existem categorias distintas de tiradores de caranguejo, tais como: o tirador, que tem no mangue o único meio de sobrevivência por não possuir qualquer outra atividade que lhe satisfaça; o tirador agricultor, que além de possuir uma pequena roça, procura na atividade do mangue um ganho extra; o tirador pescador, que em período de folga de sua atividade de pesca ou na entre safra do pescado vai para o manguezal. 2.3 CONDIÇÕES HIGIÊNICAS DO PROCESSO DE CATAÇÃO O processo ainda é realizado de uma forma “artesanal” e os riscos de contaminação microbiológica são elevados, interferindo na qualidade do produto final representando um sério risco para a saúde do manipulador e do consumidor final (MIYAKE, 2008). O caranguejo pode ser considerado um produto pesqueiro, faz com que sua contaminação também ocorra através do manuseio descuidado por parte dos pescadores, pelo inadequado acondicionamento que recebe e pela longa trajetória quando capturado até o consumo (CÉSAR, 2002) A obtenção deste produto se dá pela extração manual, realizada por várias famílias, que em sua maioria não possuem condições adequadas de higiene. A carne de caranguejo é regularmente consumida por todos os níveis da população e freqüentemente está associada a eventos de doenças de origem alimentar (MIYAKE, 2008). Araújo (1999) relata que as “empresas” que realizam o beneficiamento artesanal são na maioria domiciliares e com pouca infra estrutura, não 12 apresentado nenhum padrão tecnológico e ou estrutura apropriada para sua manipulação, sendo freqüente a presença de crianças, animais domésticos e insetos no interior destes recintos, o que indica um ambiente impróprio para manipulação da carne de caranguejo. O desconhecimento e como conseqüência a não execução das BPF pelos manipuladores da carne do caranguejo-uçá é sem dúvida, o início para a obtenção de um produto com risco potencial à saúde do consumidor, tendo em vista que o processo de “catação” é realizado, em sua grande maioria, sem as mínimas condições higiênico-sanitárias para garantir a segurança e a qualidade alimentar (MIYAKE, 2008). 2.4 COMERCIALIZAÇÃO Desde os tempos remotos, o consumo de crustáceos e de outros componentes da fauna de manguezais, faz parte da dieta alimentar dos habitantes de regiões de manguezais e cidades próximas e, até hoje, a atividade de catação é fundamental no beneficiamento da carne de caranguejo, garantindo a comercialização e seu consumo no município de Belém (MACHADO, 2007) . O caranguejo é amplamente comercializado, tanto “in natura” como semi processado na forma de carne, é facilmente perecível e propicio à proliferação de microorganismo (OLIVEIRA, 1997). A comercialização desses crustáceos e moluscos que saem dos mangues sem nenhum tipo de beneficiamento deixa baixo rendimento para as comunidades pesqueiras, e ao chegar aos consumidores nos restaurantes seu valor é de até 10 vezes mais (FERREIRA, 2003). 13 O levantamento do Centro de Pesquisa Pesqueira do Litoral Norte CEPNOR/IBAMA apud MIYAKE (2008) estimou a produção de caranguejo do estado do Pará em 4.678,50 toneladas, no ano de 2004. Sendo que os dados estatísticos da produção de caranguejo-uçá no ano de 2005 foram de 5.652,0 toneladas, representando 6,8% do total da atividade pesqueira no estado. Gondim (1998) e IBAMA apud MIYAKE (2008) relatam que entre as maiores zonas produtoras do estado do Pará, estão os municípios de Augusto Corrêa, Bragança, São Caetano de Odivelas, Quatipuru, Maracanã, Marapanim e São João de Pirabas. E as estimativas apontam que em tais zonas produtoras existem cerca de 16 mil extratores de caranguejo. Desses, apenas 1.200 (cerca de 8%) estão exercendo de forma regularizada a atividade. O IBAMA e os outros órgãos na região estão buscando o ordenamento da atividade que hoje é caracterizada como atividade extrativista combinada com comercialização informal na economia paraense. Os manguezais do litoral do Estado do Pará produzem cerca de 40 milhões/ano de indivíduos da espécie do Caranguejo-uçá, compreendendo todas as zonas produtoras na região nordeste. Estudos feitos pelo CEPNOR no município de Bragança, uma das zonas produtoras, demonstram que a produção atual é de 5.000 toneladas ao ano, sendo 1.000.000 de unidades exportadas vivas. Para cada 25 ou 30 unidades corresponde ao rendimento de 1 kg carne de caranguejo (IBAMA apud MIYAKE, 2008). Segundo Maneschy (1993), os profissionais locais não dispõem de órgão que representem e apóiem no processo de comercialização, com isso uma pequena quantidade da mercadoria é colocada à venda pelo produtor à população local e grande parte é repassada para o intermediário que irá fazer o 14 transporte e a distribuição para as feiras livres, logradouros públicos, bares em pontos isolados de comercializações de pescados em centros urbanos. A relação de trabalho (caranguejeiro/ intermediário) é informal, cujos atravessadores são beneficiados durante a comercialização, pois os mesmos conseguem aferir renda superior aos catadores ao se apropriarem da mais valia de seus trabalhos (BRASIL. M. M. A, 1997). A quase totalidade da produção destina-se à região metropolitana de Belém, que inclui também o distrito de icoaraci e o município de Ananindeua. Uma parcela do produto é destinada ao consumo do tirador e de sua família, uma pequena quantidade é colocada à venda no mercado municipal, cabendo notar que certos produtos, em épocas como: Carnaval, Semana Santa e mês de julho, separam uma parte da captura para vender em suas casas (MANESCHY, 1993). 2.5 COMPOSIÇÕES FÍSICO-QUÍMICAS DA CARNE DE CARANGUEJO Lourenço et al., (2006), realizaram pesquisa com 20 amostras de carne de caranguejo-uçá oriundas dos municípios de São Caetano de Odivelas-PA e Belém-PA e encontraram, respectivamente, os seguintes valores médios para os parâmetros físico-químicos analizados: 79,35% e 77,35% de umidade; 14,34% e 17,12% de proteína; 2,59% e 0,59% de gordura bruta; 2,69% e 3,60 de cinzas; 0,95% e e1,44% de carboidratos; 8,35mg/100g e 30,35mg/100g para bases voláteis totais; 8,21 e 7,75 de pH; 81,92 kcal/100g e 78,65kcal/100g. A grande diferença entre os valores de gordura bruta é justificada pela época de coleta do caranguejo, que no caso de São Caetano, foram coletados no começo do mês de setembro, época em que os caranguejos apresentam razoável teor de gordura. 15 O pH é tido como um fator importante para a conservação do alimento, por limitar o crescimento dos microorganismos capazes de se multiplicar no mesmo. De acordo com Leitão (1988), alimentos pouco ácidos apresentam uma microflora bastante variada com condições para o desenvolvimento de um grande número de bactérias. A análise de pH é realizada para determinar a quantidade de ácidos que se encontra em um determinado alimento visto que, o desenvolvimento bacteriano encontra-se muito influenciado pelo pH (ASCAR, 1985). Segundo Abba (2004); Moraes e Santos (2008), o pH do músculo vivo situa-se ao redor de 7,0 que é o pH neutro, em relação ao pH da carne fresca o desejável situa-se entre 5,6 a 5,8. Após o abate, as reservas de glicogênio são transformadas em ácido lático num processo anaeróbico (ausência de oxigênio), ocasionando uma diminuição no pH muscular. PH abaixo de 6,0 (carne boa para consumo); pH entre 6,0 e 6,2 (carne para consumo imediato); pH acima de 6,4 (indica início do processo de decomposição). O frescor é uma propriedade do pescado que exerce considerável influência sobre a sua qualidade, talvez seja o mais importante critério individual para julgar a qualidade da maioria dos produtos pesqueiros (FURLAN et al, 2006). No Brasil, os padrões de qualidade do pescado e derivados estão baseados na análise de compostos como bases nitrogenadas voláteis totais (NBVT) e trimetilamina (TMA), bem como na mensuração do pH (FURLAN et al, 2006). Grisi e Lira (2007) encontraram valores de pH em torno de 7,9 e 8,4, para a carne de caranguejo, in natura, nas feiras de João Pessoa-PB e Cabedelo-PB, respectivamente. 16 César (2002) encontrou valores de pH entre 8,0 e 9,0, cuja média variou em torno de 8,4 para o município de São Caetano de Odivelas-PA e em torno de 8,2 para a vila de Caratateua/Bragança-PA. Ogawa et al (1973), realizaram análises microbiológicas e físico-químicas em carnes de caranguejo congelada e constataram que, em relação o pH, todos os lotes sofreram modificações logo no 30º dia de estocagem e modificações mais significativas no 90º dia. Porém, foi observado que um dos lotes manteve seu pH inalterado, desde o 30º dia. Dessa forma, os resultados obtidos não caracterizaram o pH como ponto marcante na avaliação do produto. 2.6 ASPECTOS NUTRICIONAIS DA CARNE DE CARANGUEJO O caranguejo constitui elemento muito nutritivo e nas suas partes comestíveis ocorrem em maior quantidade o nitrogênio, lipídio, sódio, cálcio e fósforo em ordem decrescente, sendo o seu conteúdo protéico superior as de outras espécies estuarinas de valor comercial, apresentando aproximadamente 105,3 kcal/100g (NASCIMENTO apud OLIVEIRA, 1997) Filho et al., (2003), realizaram análise das características bromatológicas da carne de três crustáceos: camarão, sururu e caranguejo (in natura), e constatou que este último possui o maior teor de proteínas e é rico em carboidratos e lipídeos. As proteínas são consideradas elementos fundamentais para a vida, pois são portadoras de energia (ação energética) e intervêm na reprodução celular (ação plástica), sendo assim, substâncias orgânicas imprescindíveis nos organismos vivos (ASCAR, 1985). 17 As gorduras ou lipídeos constituem a fração mais energética dos alimentos, já os carboidratos são elementos que desempenham diversos papéis em nosso corpo, sendo o mais importante a nutrição das células do sistema nervoso central. Além disso, esses açúcares também têm a função de poupar a queima de proteínas com finalidade energética e auxiliam na oxidação mais eficiente e completa das gorduras (SILVA, 1981). 2.7 MICROBIOLOGIA DA CARNE DE CARANGUEJO O pescado é um dos alimentos altamente perecíveis devido a fatores microbiológicos tais como: a rápida instalação da fase de rigidez post mortem, a liberação de muco, alta quantidade de água nos tecidos, constituição frouxa do tecido conjuntivo, rico em fosfolipídios, proteínas e ácidos graxos poliinsaturados que servem de substrato para as bactérias (FERREIRA et al, 2002). A movimentação excessiva do pescado por ocasião da captura diminui consideravelmente as reservas de glicogênios de seus músculos, o que proporciona pouca redução do pH. Conseqüentemente a fase de rigor mortis será rápida e de curta duração, propiciando que esta carne se torne mais propícia as alterações bacteriológicas, diminuindo assim sua vida comercial (FERREIRA et al, 2002). Para Santos e Santos (2008), a velocidade de congelamento influi de forma importante na viabilidade microbiana. A velocidade de congelamento baixa (0,150,2° por minuto) acarreta em uma maior morte microbiana devido a características como: formação de cristais extracelulares; migração de soluto as frações líquidas; diminuição da atividade de água (aw); saída de água do interior dos 18 microorganismos e as grandes tensões osmóticas entre as frações líquidas e o interior das células microbianas levando a ruptura da membrana. Quando uma suspensão de microorganismos é submetida a congelamento e descongelamento, uma parte das células sofre dano. Para se recuperar, a bactéria injuriada irá precisar de peptídeos, aminoácidos, glucose, ácido cítrico, ácido málico, etc. e, caso não haja disponibilidade desses nutrientes, morre, pois se torna mais sensível (OGAWA e MAIA, 1999). Apesar da evolução tecnológica das últimas décadas quanto às técnicas de conservação e higiene dos alimentos, as Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs) têm sido consideradas como um grave problema de saúde pública em escala mundial, em que os alimentos são reconhecidos como o principal vetor das enfermidades entéricas agudas (CURTIS apud OLIVEIRA, 2003). Dados disponíveis de surtos apontam como agentes mais freqüentes os de origem bacteriana e dentre eles a Salmonella spp. Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Shiguella spp, Becillus cereus e Clostridium perfringens (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Os microrganismos patogênicos podem chegar ao alimento por diversas vias embora sempre refletindo condições precárias de higiene durante a produção, armazenamento, distribuição ou manuseio em nível doméstico. Quando presentes causam doenças, cuja intensidade vai depender de fatores inerentes ao alimento, ao patógeno em questão e ao indivíduo a ser afetado (FRANCO E LANDGRAF, 1996). A organização mundial de Saúde relata que mais de 60% das doenças de origem alimentar são provocadas por agentes microbiológicos, ressaltando que o manipulador é o principal veículo desta transmissão, durante o preparo de refeições (SILVA Jr., 2001). 19 Devido ao processo de extração da carne do caranguejo-uçá, muitas vezes sem nenhum cuidado higiênico-sanitário durante a manipulação, os catadores acabam contaminando o produto e com isso trazendo sérios riscos à saúde do consumidor (ARAÚJO apud MIYAKE, 2008). Segundo a portaria nº 001 de 29 de janeiro de 1987 da Divisão Nacional de Vigilância Sanitária de Alimentos, estabelece condições microbiológicas para pescado e produtos de pesca como: Salmonella spp (ausência em 25g); coliformes fecais: NMP (máximo), 102 UFC/g; coliformes totais: NMP (máximo), não existe padrão e S. aureus ; NMP ou contagem direta (máxima) 103 UFC/g (BRASIL, 1997). A pesquisa de coliformes fecais fornece de forma mais segura informações sobre as condições higiênicas do alimento, assim como, melhor indicação da ocorrência de enteropatógenos (FRANCO E LANDGRAF, 1996). A Escherichia coli é um bacilo gram negativo presente na flora intestinal de animais de sangue quente. É uma enterobacteriácea, ou seja, é um indicador de contaminação microbiana de origem fecal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). De acordo com Ministério da Saúde (2006), atualmente existem 6 grupos de E. coli patogênicas que causam gastroenterites em humanos: as enteropatogênicas (EPEC), as enterotoxigênicas (ETEC), as enteroinvasivas (EIEC), as enteroemorragicas (EHEC), Enteroagregativa (EAgg EC) e as DifusoAdetentes. Dentre as Enteroemorragicas, destaca-se a E. colli O157:H7, por causar surtos de diarréia sanguinolentas severas. Esta é transmitida principalmente por alimentos de origem bovina, tendo sido a carne moída crua ou mal passada, implicada em quase todos os surtos documentados nos EUA. Suspeita-se que a quantidade de microorganismos necessária para causar a doença seja similar a 20 da Shiguela sp (apenas 10 microorganismos). A sintomatologia pode evoluir para uma complicação chamada Síndrome Hemolítica Uremica (SHU), principalmente em crianças menores de 5 anos e idosos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Staphilococcus aureus, também conhecido como estafilococo dourado, é a espécie de estafilococo coagulase-positivos mais virulentas do seu gênero (WIKIPÉDIA, 2009) Esta espécie encontra-se amplamente disseminada na natureza, tendo o homem e os animais como seus grandes reservatórios, sendo que na espécie humana, tem como habitat principal as fossas nasais (FRANCO E LANDGRAF, 1996). Segundo Reis e Faria (1998), a grande incidência de Staphilococcus aureus pode significar falhas na manipulação durante o preparo e armazenamento do alimento, o que indica a necessidade da adoção de treinamento e monitoramento nos locais de produção. Este microorganismo causa a chamada Intoxicação Alimentar, ou seja, após um período de aproximadamente 2 horas em temperatura ambiente, esta bactéria, se presente no alimento, é capaz de produzir toxinas que são sorologicamente distintas (A-E), são resistentes a hidrólise pelas enzimas gástricas e jejuinas, termoestáveis (resistem ao aquecimento a 100º C durante 30 min.). Dentre as mais citadas a toxina A é a mais predominante nas intoxicações alimentares (MURRAY apud CÉSAR, 2002). Este autor também cita que a intoxicação alimentar é caracterizada por um período curto de incubação (1 a 8h) acompanhada por náuseas, vômitos e diarréia. O Staphilococcus aureus tem despertado grande interesse dos pesquisadores em função de estar presente em inúmeros casos de intoxicação alimentar, envolvendo manipuladores (VIEIRA et al., 1998). 21 A salmonelose, doença causada pela bactéria Salmonella, constitui-se num importante problema sócio-econômico no Brasil e em vários outros países do mundo. Nos mais desenvolvidos, o agente tem sido incriminado como o principal responsável pelos surtos das (DTAs) (ALVES apud BARRETO, 2002). A S. typhimurium é o sorotipo mais encontrado nos alimentos. No Brasil, estudos indicaram que a S. typhimurium, S. agona, S. anatum e S. oranienburg como sorotipos mais encontrados no homem, em alimentos e amostras ambientais (LANDGRAF apud MIYAKE, 2008). De acordo com Jay, (1992), os produtos de origem animal são os maiores responsáveis pela distribuição universal desta doença e seus problemas subseqüentes. Existem atualmente cerca de 2.435 sorotipos de salmonelas, dentro das quais 1.367 pertencem a subespécie entérica e dentro desta estão contidos cerca de 99,5% dos sorotipos mais comumente isolados Dentre as salmonelas encontramos os agentes responsáveis pela febre tifóide, causada por S. typhi, as febres entéricas, causadas por S. paratyphi (A, B, C) e as enterocolites (ou salmoneloses), causadas pelas demais salmonelas (FRANCO E LANDGRAF, 1996). A Deterioração é o conjunto de reações autolíticas e microbianas que ocorrem simultaneamente no alimento depois da morte, originando produtos com sabores e odores desagradáveis, tornando o alimento rejeitado (CARDOSO, 2008). Leitão (1988), ao comparar outros alimentos de origem animal com a carne de caranguejo, descreve que esta pode sofrer processos variados de deterioração como atividades de enzimas autolíticas, processos de rancificação de gorduras e principalmente a atividades de microorganismos, presentes em sua superfície e 22 no trato intestinal. Embora esses fatores de deterioração variem em função da decomposição do pescado, condições de captura e estocagem, intensidade de manuseio etc., sabe-se que a participação microbiana é sem dúvida um dos principais fatores determinantes da vida útil desse alimento. 3.8 CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS DA CARNE DE CARANGUEJO De acordo com Tononi (2009), o congelamento lento, aquele realizado pelo refrigerador doméstico, produz cristais de gelo muito grandes que no descongelamento irão danificar a estrutura do peixe, tais como textura e cor. Araújo (1999) relata que a carne de caranguejo elaborada é acondicionada em sacos plásticos e estocada em freezer ou refrigerador doméstico, sendo que o tempo de estocagem oscila entre 3 dias a 1 mês. Segundo o RIISPOA – (aprovado pelo decreto nº 30.691, de 29/03/52, alterado pelos decretos nº 1255 de 235/06/62, nº 1236 de 02/09/94, nº 1812 de 08/02/96 e nº 2244 de 04/06/97, os crustáceos devem apresentar aspecto geral brilhante e úmido, corpo com curvatura natural, rígida, artículos firmes e resistentes; carapaça bem aderente ao corpo; coloração própria da espécie, sem qualquer pigmentação estranha; olhos vivos e destacados; odor característico e suave. Em que pese o avanço do governo brasileiro com a edição da resolução supra mencionada, ainda permanece uma grande lacuna a ser coberta pelos órgãos do governo Federal, Estadual e Municipal de Saúde Pública quanto a melhoria do controle dos processos de beneficiamentos da carne do caranguejo de forma semelhante à Resolução RDC nº 12/2001, afim de que, também se disponha de uma legislação direcionada para a comercialização deste produto, 23 para avaliar as condições higiênico-sanitárias da cadeia do processo produtivo de sua carne, amplamente comercializada em casas de frutos do mar, mercados, supermercados, hotéis, bares e restaurantes (CÉSAR apud MIYAKE, 2008). 24 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 COLETAS DAS AMOSTRAS Foram coletadas 20 amostras de carne (massa) e pata de caranguejo nos estabelecimentos comerciais de alimentação da capital Belém, no período de março a abril de 2006 e no município de Maracanã coletaram-se 07 amostras no mês de agosto de 2007. Todas as amostras, de 1kg, foram coletadas por profissionais técnicos capacitados do nível central-SESPA, transportadas em sacos plásticos apropriados em caixas isotérmicas com gelo e levadas ao Laboratório Central do Estado do Pará (LACEN – PA). Os dados para a realização deste trabalho foram retirados de planilhas do arquivo da Secretaria de Saúde do Estado do Pará –SESPA - Departamento de Vigilância Sanitária – VISA, fornecidos pelas Medicas Veterinárias: Dra. Tereza Regina Viggiano Barreto e Dra. Carlicéia Silva de Sousa. 3. 2 ANÁLISES DAS AMOSTRAS 3.2.1 Análise de pH Primeiramente foi aferido pH neutro com solução tampão: pH 7ª 20°C, em seguida foram colocadas cerca de 350g de amostra preparada em um béquer de 100ml e adicionado quantidade mínima de água destilada, fervida recentemente, posteriormente foram feitas as leituras diretamente no pHgametro. 25 3.2.2 Análises das características sensoriais As análises das características organolépticas foram realizadas baseadas no que regulamenta o RIISPOA (Art. 442) que diz que o pescado fresco próprio para consumo deverá apresentar as seguintes características organolépticas: Crustáceos: devem possuir aspecto geral brilhante, úmido; coloração própria da espécie, sem qualquer pigmentação estranha; cheiro próprio e suave. 3.2.3 Análise Microbiológica Os padrões microbiológicos para a carne do caranguejo foram baseados na atual legislação brasileira (RDC nº 12/2001 – ANVISA), pela qual devem ser realizadas análises de coliformes fecais (Coliformes a 45º/g), Staphylococcus aureus (Estafilococos coagulase positiva) e Salmonella sp/25g. Os resultados obtidos foram comparados aos estabelecidos pela ANVISA, que segundo as normas o produto pode estar: De acordo com os padrões legais vigentes, quando este apresentar resultados abaixo ou igual ao estabelecido para amostra indicativa; Impróprio para o consumo humano, quando este demonstrar resultados acima dos limites estabelecidos; presença de outros microorganismos patogênicos ou de toxinas eu representem riscos à saúde do consumidor. 26 3.2.3.1 Enumeração e Identificação de Staphylococcus aureus. A determinação de S. aureus realizou-se por meio do método de plaqueamento em superfície, a partir de 25 g da amostra diluída em 225 mL de Solução Tampão de Butterfield (10-1). A partir dessa, outras diluições de 10-2 e 103 foram preparadas em 9 mL do mesmo Tampão e inoculados (0.1 mL) em placas de Ágar Baird Parker (BP) a 35ºC/24-48h. As colônias típicas de S. aureus que cresceram nomeio BP, foram caracterizadas como sendo circulares, pretas, pequenas (no Max. 1.5 mm de diâmetro) lisas, convexas, com bordas rodeadas por um ralo opaco e/ou um halo transparente se estendendo para além da zona opaca, enquanto que as atípicas apresentavam-se cinzentas, sem um ou ambos os halos típicos. 3.2.3.2 Determinação do Número Mais Provável (NMP) de coliformes fecais (CF). Este grupo foi enumerado a partir da técnica dos tubos múltiplos ou NMP, recomendada pela “America Public Health Association/APHA. Para a inoculação, foram utilizados os caldos Lauril Sulfato (LST) a 35º C/ 48h e o de Escherichia coli a 44,5C/24h como meios considerados presuntivos e confirmativos, respectivamente, para os coliformes fecais. Para esta análise, foi realizada uma diluição com 25 g da amostra em 225 mL de Solução Tampão da Butterfield (10-1) e desta foi efetuada duas outras (10-2 e 10-3) em 9 mL do mesmo tampão. Cada uma destas diluições foi inoculada em três tubos contendo 10 mL de LST simples e o tubo de Durham. Para a confirmação dos coliformes fecais foram selecionados os tubos de LST com presença de gás, e deles transferido uma alçada de cada para os tubos 27 de caldo (E.C) e incubados em banho Maria a 44,5ºC/24h. A seguir, foi determinado o NMP/g para os tubos de coliformes fecais. Durante o procedimento, foram utilizadas como controle positivo e negativo, cepas padrões de E.coli e E. aerogenes. 3.2.3.3 Detecção de Salmonella sp A metodologia para a detecção de Salmonella sp. Apresentou basicamente quatro etapas: Pré-enriquecimento de 25 g da amostra em 225 mL de água peptonada (APT); Enriquecimento nos caldos Selenito-Cistina e Rappaport-Vassiliadis; Plaqueamento em meios seletivos-indicadores (SS, HE, XLD); Caracterização Bioquímica; Durante a realização dos testes bioquímicos foram utilizados como controle cepas padrões de Salmonella enteritidis. 28 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO No presente estudo foi constatado que todas as amostras apresentavam níveis microbiológicos aceitáveis de acordo com a Resolução RDC nº 12 de 12 de janeiro de 2001 da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), como mostra a tabela 1. TABELA 1: Concentrações bacterianas na carne beneficiada do caranguejo-uçá nos municípios de Maracanã-PA e Belém-PA – 2006/2007 (Numero Mais Provável de Coliformes Fecais NMP/g e Unidade Formadora de Colônia de Staphylococcus aureus UFC/g. Município Nº Amostras Maracanã 7 Belém 20 Coliformes Staphylococcus fecais aureus Salmonella sp NMP< 3g = < 102 UFC/g = Ausência em Satisfatório Satisfatório 25g NPM< 3g = < 102 UFC/G = Ausência em Satisfatório Satisfatório 25G Oliveira (1997) encontrou resultado semelhante aos dados apresentados no presente estudo, ao analisar 15 amostras de carne congelada de caranguejouçá coletadas nos mercados e feiras livres do município de Belém-PA, encontrando valores para coliformes fecais < 1,0 x 102 UFC/g e ausência total de Salmonela sp em 25 g da amostra, estando tais amostras em condições higiênicosanitárias adequadas para o consumo humano. Da mesma forma, Lourenço et al (2006), ao analisar carne in natura deste crustáceo, constatou ausência de Salmonella sp nas 10 amostras coletadas no município de Belém e presença desta em apensa 20% das 10 amostras coletadas 29 em São Caetano de Odivelas. Porém este mesmo autor constatou níveis de coliformes fecais e Staphylococcus aureus acima do permitido pela ANVISA em ambas as cidades. Estes resultados, segundo Silva et al (1997), podem ser em função de vários fatores desfavoráveis à Salmonella sp no alimento, como a existência de uma microbiota competitiva muito maior do que desta bactéria e cepas em números reduzidos e/ou injuriadas pelo processo de preservação, entre eles o congelamento. Devido aos fatores desfavoráveis já descritos em relação a este microorganismo, Grisi e Lira (2007) constataram presença de Salomella sp em apenas 2 das 12 amostras coletadas na (feira 2) da cidade de Cabedelo-PB. Para Santos e Santos (2008), a velocidade de congelamento influi de forma importante na viabilidade microbiana. A velocidade de congelamento baixa (0,150,2° por minuto) acarreta em uma maior morte microbiana devido a características como: formação de cristais extracelulares; migração de soluto as frações líquidas; diminuição da atividade de água (aw); saída de água do interior dos microorganismos e as grandes tensões osmóticas entre as frações líquidas e o interior das células microbianas levando a ruptura da membrana. Porém é importante ressaltar que este procedimento, apesar de causar certa inativação, não higieniza a carne. Por outro lado, o presente trabalho vai de encontro aos achados de César (2002) que, ao analisar dois municípios litorâneos do estado do Pará, constatou que 12 das 30 amostras apresentavam níveis de coliformes fecais acima do limite estabelecido pela legislação em vigor. A ocorrência total de S. aureus nestas amostras foi de 40% e Salmonella de apenas 6,66%. Lima (1999), também 30 detectou uma alta incidência de coliformes fecais em suas amostras, cujos valores médios foram de 2,0 x 106 e 9,8 x 102 NMP/g. Em relação aos valores de pH foram verificados que todas as amostras analisadas estavam alteradas com pH elevado, demonstrado na tabela 2, o que demonstra que o produto já se encontrava em estado de deterioração. TABELA 2: Valores do pH das amostras de carne de caranguejo comercializadas nos municípios de Maracanã-PA e Belém-PA – 2006/2007. Município Nº Amostras pH 4 9.0 3 8.0 15 8.0 1 8.5 4 9.0 Maracanã Belém De acordo com Leitão (1988), alimentos pouco ácidos apresentam uma microflora bastante variada com condições para o desenvolvimento de um grande número de bactérias. No presente trabalho, apesar de não se ter encontrado contaminação microbiana relevante nas amostras analisadas, os valores de pH foram elevados, sinalizando que todas as amostras estão impróprias para consumo segundo o que regulamenta o RIISPOA (Art. 446. alinea 2) que diz que o pH da carne externa deve ser inferior a 6,8 e da interna inferior a 6,5 nos peixes. No Art. 445, alínea 9, considera-se impróprio para consumo o pescado que não se enquadrar nos limites físicos e químicos fixados para o pescado fresco. 31 Grisi e Lira (2007) encontraram valores de pH semelhantes ao presente trabalho, em torno de 7,9 e 8,4, para a carne de caranguejo, in natura, nas feiras de João Pessoa-PB e Cabedelo-PB, respectivamente. Valores de pH ainda mais elevados foram achados por César (2002) que encontrou valores entre 8,0 e 9,0, cuja média variou em torno de 8,4 para o município de São Caetano de Odivelas-PA e em torno de 8,2 para a vila de Caratateua/Bragança-PA Por outro lado Ogawa et al (1973), ao realizarem análises microbiológicas e físico-químicas em carnes de caranguejo congelada, constataram que, em relação o pH, todos os lotes sofreram modificações logo no 30º dia de estocagem e modificações mais significativas no 90º dia. Porém, foi observado que um dos lotes manteve seu pH inalterado desde o 30º dia. Dessa forma, os resultados obtidos não caracterizaram o pH como ponto marcante na avaliação do produto. No que diz respeito às características sensoriais, as amostras provenientes do município de Maracanã foram todas próprias para o consumo, porém a maioria das amostras coletadas no município de Belém foram consideradas impróprias para o consumo. Resultados das características sensórias das amostras demonstrados na tabela 3. 32 TABELA 3: Características sensoriais da carne beneficiada do caranguejo-uçá nos municípios de Maracanã-PA e Belém-PA – 2006/2007, analisadas segundo o RIISPOA. Município Maracanã Aspecto/Amostra Cor/Amostra Sabor/Amostra Odor/Amostra Própria (7) Própria Não Analisado Próprio Próprias (2) Característicos (04) Belém Característicos (04) N/A Alteradas (18) Alterados (16) Alterados (16) Araújo (1999) relata que a carne de caranguejo elaborada é acondicionada em saco plástico e estocada em freezer ou refrigerador doméstico. O tempo de estocagem oscila entre 3 dias a 1 mês. Este tempo é suficiente para haver mudanças nas características físicas e químicas desta carne segundo relatou Ogawa (1973) quando analisou o PH de carnes de caranguejo e descobriu que todos os lotes sofreram modificações logo no 30º dia de estocagem. De acordo com Tononi (2009), o congelamento lento, aquele realizado pelo refrigerador doméstico, produz cristais de gelo muito grandes que no descongelamento irão danificar a estrutura do peixe, tais como textura e cor. Dessa forma, sabendo que as características físico-químicas e sensoriais estão intimamente relacionadas, acredita-se que as amostras impróprias encontradas em Belém, têm como causa o maior tempo de armazenamento em gelo, proveniente de um congelamento lento e possíveis variações de temperatura, já que, grande parte da produção é repassada para o intermediário que irá fazer o transporte e a distribuição da mercadoria para as feiras livres, logradores públicos, bares e mercados dos centros urbanos (CÉSAR, 2002). 33 Ressaltasse que não há fiscalização das condições de congelamento desta carne até o destino final. De outra forma, acredita-se as amostras analisadas provenientes do município de Marcanã-PA foram todas próprias para consumo devido, dentre outros, ao menor tempo de congelamento. 34 5 CONCLUSÕES Apesar de não haver contaminação microbiana relevante nas amostras analisadas, os valores de pH foram elevados, sinalizando que todas as amostras estão impróprias para consumo segundo o que regulamenta o RIISPOA, que considera impróprio para consumo o pescado que não se enquadra nos padrões físicos-químicos e sensoriais estabelecidos para o pescado fresco. Os dados obtidos indicam boa qualidade microbiológica em relação a bactérias patogênicas da carne de caranguejo, comercializada nos referidos municípios. No entanto é necessário monitoramento microbiológico desse produto bem como orientação aos catadores e manipuladores ao longo de toda a cadeia de processamento da carne para que adote os cuidados Higiênicos Sanitários. Observou-se que grande parte das amostras de carne de caranguejo provenientes do município de Belém-PA foram impróprias para o consumo devido a um maior tempo de armazenamento em gelo e a possíveis variações de temperatura durante o transporte e distribuição. Assim, como não há fiscalização em relação às condições de congelamento desta carne até o destino final, sugerimos que seja realizada uma pesquisa avaliando tais condições. 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABBÁ, M. G. Avaliação do ganho de peso e característica de carcaça em novilhas cruzadas submetidas ou não a esterilização pelo método de introdução de esferas inoxidáveis intra uterina. Dissertação (Pós-graduação em Medicina Veterinária- Área de concentração em Reprodução Animal) – Universidade Estadual Paulista, campos de Botucatu. 2004. ARAÚJO, M. D. A catação do caranguejo-uçá, Ucides cordatus (Linnaeus 1763), no município de São Caetano de Odivelas/ Pará: aspectos sócioeconômicos, descrição do beneficiamento artesanal e composição química. 1999. 28f. Monografia (Especialização em Ecologia e Higiene do Pescado). Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, Belém, 1999 ASCAR, J. M. Alimentos: Aspectos bromatológicos e legais. São Leopoldo (RS): UNISINOS, 1985). BARRETO, N. S. E.; VIEIRA, R. H. S. F. dos. Salmonela versus manipuladores de alimentos: Um fator de risco para os consumidores. Rev: Higiene Alimentar. v. 16, nº. 101, out. 2002. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal. Diretrizes ambientais para o setor pesqueiro: diagnóstico e diretrizes para pesca marítima. Brasília, 1997. BRASIL. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Lagosta, caranguejo-uçá e camarão do nordeste: Relatórios das Reuniões dos Grupos Permanentes de Estudos (GPE). Brasília, (Coleção Meio Ambiente. Série Estudos – Pesca, 10), 1994. BRASIL Resolução RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001a. ANVISA. Aprova o Regulamento Técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos. Disponível em:< http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=144>. Acesso em: 04 de Abr. 2009. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Legislação. SisLegis. Decreto n. 30.691, de 29 março de 1952. Aprova o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA). Disponível em: HTTP: extranet.agricultura.gov.br/sislegisconsulta/consultarLegislacao. Acesso em: 04 de Abr. 2009. CAMPOS,L. C. Salmonella, In: TRABULSI, L. R. Microbiologia. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 1998. P. 229-234. CARDOSO, J. M. Diagnóstico e introdução de boas práticas na produção de massa de caranguejo-uçá no município de Marapanim-PA. Universidade do Estado do Pará, Marabá, 2008. 36 CÉSAR, K. L. V. Análise higiênico-sanitária da carne do caranguejo-uça, comercializada em dois municípios litorâneos do estado do Pará. 2002. 81 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestrado em Doenças Tropicais, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Pará, Belém, 2002. CINTRA, I. H. et al. A catação do caranguejo-uçá, Ucides cordatus (Linnaeus, 1973) no Município da São Caetano de Odivelas/ Pará: Aspéctos sócio – econômicos, descrição do beneficiamento artesanal e composição química. In: CONBEP, 11, Recife, 1999. Anais... Recife, 1999. P. 323-330. FERREIRA, P. R. Saldo do caranguejo-uçá. Revista Agroamazônia, Belém, vol. 8, n.3, p 10, fev. 2003. FERREIRA, M. W.; SILVA, V. K.; BRESSAN, M. C.; FARIA, P. B.; VIEIRA, J. O.; ODA, S. H. I. Pescados processados: Maior vida de prateleira e maior valor agregado. 2002. p. 6-7 Disponível em: <http://www.editora.ufla.br/BolExtensao/pdfBE/bol_66.pdf>. Acesso em: 25 de mar. 2009. FIGUEIREDO, R. M. As armadilhas de uma cozinha: Coleção Higiene dos Alimentos, v. 3. São Paulo-Barueri: Manole, 2003. FILHO, V. E. M.; FILHO, J. E. M.; NASCIMENTO, A. R.; VAZ, M. S. O.do.; MARINHO, S. C.; Analise bromatologica do camarrão, caranguejo e sururu (in natura), consumidos na cidade de São Luiz, MA. Rev. Higiene Alimentar. v.17, n.12. set. 2003. FRANCO, B. D. G.; LANDGRAF, M. Microbiologia dos Alimentos. São Paulo: Atheneu, 1996. FURLAN, E. B.; GALVÃO, J. A.; SALÁN, E. O.; YOKOAMA, V. A.; OETTERER. M. Estabilidade físico-quimica e mercado do mexilhão (Perna perna) cultivado em Ubatuba-SP. Departamento de Agroindustria Alimentos e Nutrição. Escola Superior de Agricultura-ESALQ-USP, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010120612007000300015&lng=e&nrm=iso>. Acesso em: 25 de mar. 2009. GONDIM, C. I. E. Caranguejos do Pará. ECO- Rio; R. Brasileira de Ecologia, Rio de Janeiro, v. 8, n. 37, p. 18 – 19, Nov./dez. 1998. GRISI, T. C. S. L. de.; LIRA, K. G. Ocorrência de bactérias patogênicas em carne de caranguejo (Ucides cordatus), comercializada em feiras-livres de João Pessoa e Cabedelo, PB. Rev. Higiene Alimentar. v. 21, n. 154, p. 69-70. Setembro de 2007. JAY, J. M. Microbiologia Moderna de los alimentos. 3. Ed. Zaragoza: Acribia, 1992. LEITÃO, M. F. F. Microbiologia e deterioração do pescado fresco e refrigerado de origem fluvial e marinha. Campinas. ITAL. 1988. 40p. 37 LIMA, T. C. S. Ocorrência de bactérias patogênicas na carne do caranguejouçá (Ucides cordatus), água e sedimentos do mangue do Rio Paraíba do Norte – PB. João Pessoa: UFPB, 1999. Dissertação de Mestrado, 1999. LIRA, G. M. et al. Avaliação da qualidade de peixes comercializados na cidade de Maceió-AL. Revista Higiene Alimentar. v. 15, n. 81, p. 67-74, maio de 2001. LOURENÇO, L. F. H. de. Análises físico-quimicas e microbiológicas de carne de caranguejo – uca Ucides cordatus (linnaeus, 1763), comercializada nos municípios de São Caetano de Odivelas e Belém, PA. Rev. Higiene Alimentar. v. 20, n. 142, p. 90 – 95. Julho, 2006. MACHADO, D. Catadoras de caranguejo e saberes tradicionais na conservação de manguezais da Amazônia Brasileira. Rev. Estudos Feministas, Florianópolis, 15 (2): 240, maio-agosto, 2007. MANESSCHY, M. C. Pescadores nos manguezais: estratégias técnicas e relações sócias de produção na captura de caranguejo. . In: FURTADO, L.; LEITÃO, W.; MELO, A. F. Povos das águas : realidade e perspectivas a Amazônia. Belém : MPEG, 1993. p. 19-61. MANUAL INTAGRADO DE PREVENÇÃO E CONTROLE DE DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS. Brasilia. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, 2006. 18-19 p. MIYAKE, S. T. M. Avaliação das Boas Práticas de Fabricação (BPF) durante a obtenção da carne de caranguejo-uçá, ucides cordatus (Linnaeus, 1763). Monografia-UFRA, Universidade Federal Rural da Amazônia. 54f. TCC-Curso de Medicina Veterinária. Belém, 2008. MORAES, G. J. de.; SANTOS, T. A. B. dos. Qualidade de carne bovina. Disponível em: <http://www.pubvet.com.br/texto.php?id=274>. Acesso em: 30 de mar. 2008. OGAWA, M.; MAIA, E. L. Manual de pesca: Ciência e tecnologia do pescado. v. 1. São Paulo. Livraria Varela, 1999. OGAWA, M.; ALVES, T. T.; NORONHA, M. C. da.; ARARIPE, C. A. E.; MAIA, L. E. Industrialização do Caranguejo uca, Ucides cordatus (linneus). I – Técnicas para o processamento da carne. Arquivo de Ciências do Mar. V. 12 (1), p. 3137, junho. 1973. OLIVEIRA, A. M. de.; GONÇALVES, M. O.; SHINOHARA, N. K. S.; STAMFORD, T. L. M. Manipuladores de Alimentos: Um fator de risco. Rev: Higiene Alimentar. v.17, n. 114/115. Nov/dez. 2003. OLIVEIRA, C. F. de. Aspectos da bioecologia e composição química aproximada da carne de caranguejo-uçá, Ucides cordatus (Linnaeus 1763), 38 comercializada no município de Belém/ Pará. 1997. 28f. Monografia (Especialização em Tecnologia do Pescado). Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, Belém, 1997. REIS, J. D. P.; FARIA, N. C. Surtos de Toxinfecção Alimentar ocorridos no Distrito Federal no Período de 1994 a 1997. Revista de Saúde do Distrito Federal. Brasília, v. 9, n. 3, p. 27-31, 1998. RODRIGUES, A. M. T. Exploração do caranguejo Ucides cordatus (Decapoda: Ocypodidae) e o processo de gestão participativa para a normatização para a normatização da atividade na região sudeste-sul do Brasil. Boletim do Instituto de Pesca, São Paulo, 26 (1): 63-78, 2000. SANTOS, T. M.; SANTOS, W. L. M. Conservação de carnes pelo frio. PUBVET, v.2, n. 25, Art. 263, jun, 2008. SILVA Jr., E. A. Manual de controle higiênico-sanitário em alimentos. São Paulo: Varela, 4ª Ed., 2001, 475 p. SILVA, N.; JUNQUEIRA, V. C. A.; SILVEIRA, N. F. A. Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos. São Paulo: Varela, 1997. SILVA, D.J. Análise de alimentos (métodos químicos e biológicos). Viçosa: UFV, 1981. TONONI, J. R. Indústria do Pescado. 2009. Disponível em: <http://www. vix.sebraees.com.br/arquivos/biblioteca>. Acessado em: 06 de abril de 2009. VIEIRA, A. C. et al. Staphilococcus aureus entero toxigênicos em manipuladores de alimentos, Distrito Federal, Brasil. Revista de Saúde do Distrito Federal, Brasília, v. 9, n. 2, p. 20-26, abr./ jun. 1998. Em: WIKIPÉDIA, A enciclopédia Livre. Staphiloccocus aureus. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Staphylococcus_aureus>. Acessado em: 02 de abril de 2009. 39