Considerando-se esses períodos, é necessário repassar as principais alterações ocorridas ao longo dos tempos: Emprego do h Esta letra foi mantida em respeito à etimologia da palavra. Teve pronúncia aspirada no latim clássico, mas foi perdida no vulgar e assim as línguas românicas a herdaram e permanece não pronunciada, a não ser quando se combina nos grupos ch, lh, nh. Emprego do ch Sempre com som [ʃ ], resulta: (1) dos grupos pl-, fl- e cl- que sofreram palatização: capulu>caplu>cacho;implere>encher; (2) da evolução do grupo –sti seguido de vogal: bestia>bicha; (3) da influência do francês e do espanhol (em outras épocas): bachelier>bacharel; rancho>rancho. Emprego de x Essa grafia resulta, em geral, de: (1) Palatização do s latino, isolado ou em grupos como ss, sc, ps, às vezes ligado a um iode: vascella>*vaiscella>baixela; capsa>caixa; ressue>roxo; (2) X latino: coaxare>coaxar; relaxare>relaxar; (3) Palatização do s em contato com c fricativo: pisce>peixe; miscere>mexer. Emprego do c sibilante Em geral, essa grafia advém: (1) do c sibilante do latim vulgar: coenare>cear; caepulla>cebola; ciconia>cegonha; censu>censo; (2) do sc inicial latino: sceleratu>celerado; sciatica>ciática;scindere>cindir; (3) de ce, ci, te, ti latinos seguidos de vogal: pretiu>preço; alucinare>alucinar; acceptare>aceitar; minacia>ameaça. Importante lembrar que a consoante fricativa alveolar surda é hoje representada por várias grafias disponíveis na língua (x, s, ss, c, ç),mas que nem sempre foi assim. Em dado momento, elas tiveram pronúncias diferenciadas umas das outras. No momento atual, elas se confundem. Ao estudante, resta memorizar as grafias atuais ou, melhor ainda, conhecer a etimologia das palavras. Emprego do s surdo inicial e final Ambos os casos de s provêm do mesmo uso em latim: se>se; si>se; siccu>seco; em posição final, repete-se o uso do acusativo (caso lexicogênico do português) plural, como em causas>causas; personas> pessoas. Emprego do s surdo medial Sempre grafado ss, tal emprego provém de: (1) ss latino ou grego: assare>assar; grossu>grosso; (2) s latino, intervocálico ou precedido de consoante: ressonare>ressoar; persona>pessoa; (3) x intervocálico com som de [ks]: dixi>disse; sexaginta>sessenta; texere>tesser. Emprego do g Tal grafia advém do g do latim vulgar: gelu>gelo; elogiu>elogio. Emprego do j Em português, j resulta de: (1) Consonantização de i semiconsoante latino: iactu:jato; Iesus>Jesus; (2) Evolução de um iode antecedido de consoante: hodie>hoje; radiare>rajar; basiu>beijo; caseu>queijo. Importante lembrar aqui alguns contextos em que g passa a ser grafado j para acomodação da pronúncia, como se vê em angeo>anjo. Essas adaptações ocorrem frequentemente ainda no português hodierno, como atestam as ocorrências de fugir-fujo; dirigir-dirijo etc. Emprego do s sonoro O famoso s medial intervocálico com som de [z] origina-se: (1) Da sonorização do s latino (surdo) no mesmo contexto fonético: casa>casa; rosa>rosa; (2) da simplificação do prehensa>presa. Emprego do z medial grupo ns: mensa>mesa; defensa>defensa; Esta grafia tem sua origem em: (1) c fricativo latino intervocálico: facere>fazer; decimare>dizimar; ducentus> duzentos. (2) da transformação de c ou t seguido de iode: iudiciu>juízo; pretiare>prezar. Emprego do z final Essa grafia resulta da evolução do conjunto –ace: audace>audaz; efficace>eficaz; vorace>voraz.