FÍSICA 3 Fontes de Campo Magnético Prof. Alexandre A. P. Pohl, DAELN, Câmpus Curitiba EMENTA • • • • • • • • • • • • Carga Elétrica Campo Elétrico Lei de Gauss Potencial Elétrico Capacitância Corrente e resistência Circuitos Elétricos em Corrente Contínua Campo Magnético Indução Magnética Indutância Magnetismo em Meios Materiais Atividades Fontes de Campo Magnético Como são criados os campos magnéticos? • Qual é a natureza do campo magnético produzido por uma única partícula carregada em movimento? • Como é a descrição do campo magnético produzido por um segmento de condutor que transporta uma corrente? Sabemos que uma carga (não importa se estática ou em movimento) cria um campo elétrico. Uma carga elétrica cria um campo magnético somente quando está em movimento. Campo Magnético de Carga em Movimento Deseja-se calcular o campo magnético gerado por uma carga em um ponto do espaço. Chama-se ponto da fonte o ponto onde se encontra a carga. E ponto do campo o ponto onde se deseja calcular o campo. A experiência mostra que o módulo do campo B é proporcional a |q| e inversamente proporcional a r2. Entretanto, a direção do campo é perpendicular ao plano que contém a reta que une a carga ao ponto do campo e o vetor velocidade v da mesma: r é o vetor unitário que une a carga ao ponto do campo. r µ 0 q vr × rˆ B= 4π r 2 Campo Magnético de Carga em Movimento O campo pode ser visto de outra perspectiva, quando a carga se movimenta para dentro da página. Nota-se que as linhas de campo são circunferências, cujos raios são centrados na carga (que se movimenta para dentro da página) O sentido do campo é dado pela regra da mão direita: “segure” o vetor v com a mão direita, de modo que seu polegar aponte no sentido de v. Ao fechar os dedos em torno da reta que representa a velocidade v, os dedos fazem uma rotação em torno de v, no mesmo sentido da rotação das linhas de campo magnético. Campo Magnético de Carga em Movimento Ao se traçar também as linhas de campo elétrico, originadas na própria carga, verifica-se que as linhas do campo B e E são perpendiculares entre si. A unidade métrica de B (sistema SI) é 1 Tesla = 1 N.s/C.m = 1 N/A.m Ao se tomar a expressão para B e substituir as unidades métricas correspondentes às grandezas envolvidas na equação, obtém-se as unidades da constante µ0 (1 N.s2/C2 = 1 N/A2 = 1 Wb/A.m = 1 T.m/A). No sistema SI µ0 = 4πx10-7 T.m/A Exemplo Dois prótons se deslocam paralelamente ao eixo Ox em sentidos opostos, com a mesma velocidade v. Determine a força elétrica e a força magnética sobre o próton da parte superior e calcule a razão entre os módulos dessas forças. Força elétrica: q2 Fe = 4πε 0 r 2 1 ( ) ˆ Campo criado pela carga r µ 0 q v î × j µ 0 qv B= = k̂ 2 2 inferior no ponto onde se 4π r 4π r Encontra a carga superior. Exemplo(continuação) A velocidade do próton superior é: -v. A força magnética sobre ele, exercida pelo próton inferior é: r r Fm = q( −v) × B = q(−v) iˆ × Bk̂ = −qvB − jˆ = +qvB jˆ ( ) Portanto, a força magnética é: 2 2 r µ qv µ q v ˆ 0 0 ˆ Fm = +qvB j = qv = j 2 2 4π r 4π r A razão entre os módulos das forças será: Fm µ0 q2 v 2 = 2 Fe 4π r q2 2 = ε µ v 0 0 2 4πε 0 r 1 Campo Magnético de um Elemento de Corrente Princípio da superposição de campos magnéticos: O campo magnético total produzido por diversas cargas em movimento é a a soma vetorial dos campos produzidos pelas cargas individuais. Seja dl um segmento de um condutor que transporta uma corrente. Se A é área da seção desse condutor, seu volume será: A dl. Se a densidade de cargas no condutor é n, então a quantidade total de cargas no dito volume é: dQ = nqAdl Campo Magnético de um Elemento de Corrente Pode-se afirmar que as cargas que se movem nesse segmento são equivalentes a uma única carga dQ que se desloca com velocidade de arraste va. Assim, o campo magnético criado por essa “carga” dQ é: dB = µ 0 dQv a senϕ µ 0 nqA( dl ) v a senϕ µ0 I ( dl ) senϕ = = 2 2 4π r 4π r 4π r2 em que I = n q va A. Na forma vetorial, tem-se: r r µ 0 I dl × rˆ dB = 4π r 2 Essa equação é conhecida como Lei de Biot e Savart. Campo Magnético de um Elemento de Corrente O campo magnético total calculado em qualquer ponto do espaço por uma corrente que flui em um circuito completo é determinado integrando-se sobre todos os segmentos dl que conduzem a corrente. r µ0 dB = 4π ∫ r I dl dl × rˆ r2 Caso exista um material que envolva tal condutor no espaço, o campo magnético em suas vizinhanças terá uma contribuição adicional resultante da magnetização do material. A não ser que tal material seja ferromagnético, esse campo magnético adicional é pequeno e pode ser desprezado. Exemplo Um fio de cobre conduz uma corrente constante de 125 A para um tanque de eletrodeposição. Determine o campo magnético produzido por um segmento de fio de 1,0 cm de comprimento em um ponto situado a uma distância de 1,2 m do fio, considerando que o ponto seja: a)um ponto P1 situado sobre a perpendicular superior do fio; b)um ponto P2 situado sobre uma linha que forma um ângulo de 30°com o fio. Solução De acordo com a regra da mão direita, no ponto P1 o campo está entrando na página (plano xy). De acordo com a figura, o segmento dl está localizado na parte negativa do eixo Ox. Assim, r dl = − ( dl )iˆ r dl × rˆ = dl −iˆ × ĵ = − ( dl ) k̂ ( ) O módulo de B no ponto P1 é calculado por: µ 0 I ( dl ) senϕ ( 4π ×10 dB = = 2 4π r 4π −7 ) (125A) (1, 0 ×10 m) (sen90 ) = 8, 7 ×10 0 −2 (1, 2m) 2 −8 T Solução O módulo de B no ponto P2 é calculado por: µ 0 I ( dl ) senϕ ( 4π ×10 dB = = 2 4π r 4π −7 −2 0 125A 1, 0 ×10 m sen30 ( ) ) ( )( ) = 4, 3×10−8 T 2 (1, 2m) Os valores obtidos são muito pequenos. Lembre que o valor do campo magnético da Terra é 10-4 T. Os campos produzidos também se referem a apenas um pequeno segmento de condutor com comprimento de 1,0 cm! Campo Magnético de um Condutor Retilíneo Um caso simples e de interesse prático é o de um condutor retilíneo. Deseja-se calcular o campo B gerado por esse condutor em um ponto sobre a reta perpendicular que divide o condutor em duas metades, situado a uma distância x de seu centro. Para se calcular o campo, deve-se partir da expressão: r µ0 dB = 4π ∫ r I dl × rˆ r2 O elemento dl encontra-se ao longo do eixo Oy. Assim, dl = dy e 2 r= x +y O campo B penetra na página. 2 sen (π - ϕ ) = senϕ = x x +y 2 2 Campo Magnético de um Condutor Retilíneo O limite de integração corresponde ao tamanho do segmento de corrente L=2a. Portanto, yinf = -a e ysup = +a r r µ I dl × rˆ µ I d y rˆ senϕ µ I x dB = = = ∫ ∫ ∫ 4π r 4π ( x + y ) 4π ( x + y +a 0 +a 0 2 0 2 −a 2 2 2 −a 2 ) 3/ 2 dy Examinando-se uma tabela de integrais, verifica-se que (em que n = 3/2) dy ∫ (a + y 2 2 ) n y = 2(n − 1)a (a + y 2 2 2 ) n −1 2n − 3 dy + ∫ (2n − 2)a (a + y 2 2 2 ) n −1 Campo Magnético de um condutor retilíneo Portanto, o resultado da integração fornece a seguinte expressão: µ0 I 2a B= 4π x x2 + a2 Quando o comprimento do condutor for muito grande (a ∞), então a >> x e B= µ0 I 2π x Neste caso, B possui o mesmo módulo em todos os pontos sobre uma circunferência centralizada no condutor e situada em um plano perpendicular a ele. Campo Magnético em Fio Retilíneo in the direction of the magnetic field lines. S S B I B S B I S S B S B B As linhas do campo magnético são circunferências centrallizadas sobre o fio que conduz a corrente uniforme I. Assim, as linhas de campo sempre formam curvas fechadas e nunca possuem pontos Iniciais ou finais. Exemplo Um condutor retilíneo longo conduz uma corrente de 1,0 A. Para qual distância, a partir do eixo do condutor, o módulo do campo magnético produzido pela corrente é igual ao módulo aproximado do campo magnético médio na superfície da Terra? Considere que tal campo magnético tenha o valor de 0,5x10-4 T r= µ0 I = 2π B −7 4 π ×10 T.m/ A) (1, 0A) ( 2 π ( 0, 5 ×10 T ) −4 = 4 mm Campo Magnético de Dois Fios A figura abaixo mostra um plano xy que corta perpendicularmente dois fios longos paralelos, cada um deles conduzindo uma corrente I de mesmo módulo, porém de sentidos contrários. Determine a) o módulo, a direção e o sentido de B nos pontos P1, P2 e P3; b) calcule o módulo a direção e o sentido de B nos pontos do eixo Ox à direita do fio 2, com base na coordenada x do ponto. Solução A solução requer o cálculo da resultante da soma dos campos em cada ponto. a figura ilustra a direção e sentido que o vetor B de cada fio produz nos pontos desejados. No ponto P1 tem-se (B1 aponta no sentido negativo do eixo Oy e B2 aponta no sentido positivo de Oy): r r r Btot = B1 + B2 µ0 I B1 = 2 π ( 2d) Btot = B1 − B2 = µ0 I e B2 = 2 π ( 4d) µ0 I 8π d O campo resultante aponta no sentido negativo de Oy. Exemplo (solução) No ponto P2 tem-se (tanto B1 como B2 apontam no sentido positivo de Oy): r r r Btot = B1 + B2 µ0 I B1 = 2π ( d) µ0 I e B2 = 2 π ( d) µ0 I Btot = B1 + B2 = πd O campo resultante aponta no sentido positivo de Oy. Exemplo (solução) No ponto P3 tem-se (B1 aponta no sentido positivo do eixo Oy e B2 aponta no sentido negativo de Oy): r r r Btot = B1 + B2 µ0 I B1 = 2 π ( 3d) Btot = B2 − B1 = µ0 I e B2 = 2π ( d) µ0 I 3π d O campo resultante aponta no sentido negativo de Oy. Exemplo (solução) Para qualquer ponto à direita do fio 2 (para x > d), B1 e B2 possuem a mesma direção, mas sentidos opostos. r r r Btot = B1 + B2 B1 = µ0 I 2π ( x + d) e B2 = µ0 I 2 π ( x − d) µ0 I 1 1 µ0 I d 1 Btot = B2 − B1 = − = 2π x + d x − d π ( x2 − d 2 ) Para pontos muito distantes dos fios (x >> d2) µ0 I d Btot = π x2 Campo Magnético de uma Espira Circular Anteriormente discutimos a força e o torque sobre uma espira que conduz corrente e que se encontrava inserida em um campo magnético uniforme. Agora deseja-se determinar o campo magnético produzido pela própria espira. Seja a figura abaixo que mostra uma espira circular com raio a e que conduz uma corrente I. Deseja-se calcular o campo magnético em um ponto P situado sobre o eixo da espira e localizado a uma distância x do seu centro. y Novamente, utiliza-se a Lei de Biot e Savart: S dl p 2 u 2 r^ a u I z O I I S r dBy S dB x p 2 u 2 u P dBx x r µ0 B= 4π ∫ r I dl × rˆ r2 Campo Magnético de uma Espira Circular A figura mostra que dl e r são perpendiculares e que a direção de B está contida no plano xy. Da figura observa-se que r2 =x2 + a2. Ao se calcular a contribuição das componentes de campo ao longo dos eixos Ox e Oy verifica-se que as dontribuições ao longo de Oy se cancelam, restando apenas as contribuições ao longo de Ox. A componente dBx é calculada como: dBx = dBcosθ com cosθ = µ0 ∴ Bx = 4π ∫ I ( dl ) rˆ ( cosθ ) µ 0 I = 2 r 4π ∫ a x2 + a2 dl a 12 2 2 2 2 x + a ( ) (x + a ) Campo Magnético de uma Espira Circular Todas as grandezas na intregral, exceto dl, são constantes. Portanto µ0 I a ∴ Bx = 4π ( x2 + a2 ) 3 2 ∫ dl A integral restante requer o cálculo da contribuição do elemento dl sobre o perímetro da espira, cujo resultado é: 2πa. Assim, µ0 I a Bx = 4π ( x2 + a2 )3 2 µ0 I a µ0 I a2 ∫ dl = 4π 2 2 3 2 ( 2π a) = 2 2 2 3 2 (x + a ) (x + a ) Campo Magnético sobre o eixo de uma bobina Se agora, ao invés de uma única espira, tivermos uma bobina constituída por N espiras de mesmo raio, o campo magnético resultante ao longo do eixo central dessa bobina será: 2 bobina x B = µ0 NI a 2 32 2(x + a 2 ) Atenção: essa equação é válida somente para os pontos sobre o eixo da bobina! O fator N é a razão pela qual se usa uma bobina, ao invés de uma única espira, para se obter um campo magnético de grande intensidade. Campo Magnético sobre o eixo de uma bobina A figura abaixo mostra o comportamento do campo B em função da variável x. O valor máximo é obtido quando x = 0 (no centro da bobina). Bx Bmax 1 2 3a 2a a O a Pode-se reescrever a equação do campo Magnético em função do momento de dipolo magnético da espira (ou bobina). m NI 5 0 2a Bmax 2a Se µespira = I A= I πa2 (ou µbobina = N I A= N I πa2 , tem-se: 3a x bobina x B = µ 0 µ bobina 2 32 2π ( x + a 2 ) Exemplo Uma bobina conduzindo uma corrente de 5,0 A é constituída de 100 espiras Circulares com raio igual a 0,60 m. Detremine: a)O campo magnético ao longo do eixo da bobina, situado a uma distância de 0,80 m do seu centro; b) Em que ponto ao longo do eixo da bobina o campo magnético se reduz a 1/8 do valor do campo no centro da bobina. a) Campo magnético ao longo do eixo da bobina −7 4 π ×10 T. m/ A) (100 ) ( 5, 0A) ( 0, 6m) ( −4 Bx = = 1,1×10 T 2 2 2 ( 0,8m) + ( 0, 6m) Exemplo (continuação) continuação) b) A incógnita é o valor de x, no qual o campo possui 1/8 do módulo qu possui quando x = 0. Assim, µ N Ia 2 2 0 2( x + a 2 2 1 µ N Ia = 8 2(0 + a ) 0 ) 32 2 32 2 1 1 = ⇒ ) 8a ( x + a x = ± 3 a = ±1,04m 1 ∴ (x + a 2 2 32 3 2 23 2 ) 32 1 = 8a 3 23 Lei de Ampère Em problemas com simetria elevada o cálculo do campo magnético pode ser realizado empregando-se a Lei de Àmpere. Tal lei é definida tomando-se a integral de linha do campo B em torno de uma trajetória fechada. r r ∫ B ⋅ dl = µ I 0 Nessa equação o círculo no símbolo da integral indica que esta deve ser calculada em uma curva fechada, ou seja, o ponto inicial e final da trajetória devem coincidir. Tal equação vale para todos os percursos e condutores, qualquer que seja a forma do condutor e o percurso escolhido. A corrente I significa a corrente total existente no interior ou correntes englobadas pelo circuito de integração. Lei de Ampère Seja o campo magnético produzido por um condutor retilíneo que transporta uma corrente I. De nossa análise anterior verificamos que µ0 I B= 2π r e que as linhas de campo magnético são circunferências, cujo centros são o próprio condutor. Para entender como tal resultado pode ser obtido empregando-se a Lei de Àmpere, deseja-se calcular o produto de B e dl sobre um elemento do caminho escolhido e realizar a integral sobre todo o caminho. Lei de Ampère Examinando-se a figura abaixo, na qual se toma uma conferência com raio r, observa-se que B e dl são paralelos. Como r é constante (ou seja, o caminho escolhido não sofre alteração em seu diâmetro) o valor de B também é constante. Assim, na integral de caminho pode-se tirar B para fora da operação de integração: r r ∫ B ⋅ dl = ∫ Bdlcos(0 ) =B ∫ dl o A integral no caminho fechado ao longo da circunferência de raio r nada mais é do que o comprimento da própria circunferência. Assim, B ∫ dl = B(2π r ) Lei de Ampère Utilizando-se nosso conhecimento sobre B, ou seja, sabendo-se que: µ0 I B= 2π r então µI (2π r ) = µ I B ∫ dl = B(2π r ) = 2π r 0 0 Portanto, a integral no caminho fechado é igual ao produto de µ0 pela corrente I que atravessa a área delimitada por tal caminho. Lei de Ampère Pode-se estender o resultado obtido para percursos de integração mas gerais. Seja a figura abaixo que mostra um caminho de integração genérico. O ângulo entre B e dl é Φ, portanto: r r B⋅ dl dl = Bdl cosΦ Mas, dl cosΦ = r dθ em que dθ é o ângulo subtendido pelo elemento de caminho dl em relação ao fio e r é a distância entre dl e o fio. Lei de Ampère Assim, r r µI (rdθ ) ∫ B ⋅ dl = ∫ Bdlcos(Φ ) = ∫ 2π r µI Portanto, ∫ (dθ ) 2π r r 0 0 Finalmente, ∫ dθ = 2π → ∫ B ⋅ dl = µ I 0 A integral sobre dθ representa o ângulo varrido pela linha que liga o fio condutor com o elemento dl durante uma volta completa ao longo do caminho de integração. Tal resultado não depende da forma do percurso ou da posição do fio no interior do mesmo. Lei de Ampère r r ∫ B ⋅ dl = µ I 0 tot A lei de Àmpere continua valendo para quaisquer condutores que se encontram dentro do percurso de integração, como mostra a figura acima. Contrariamente ao caso da força elétrica, a força magnética não é conservativa, pois ela depende também da velocidade da partícula. Assim, a lei de Àmpere não representa o trabalho realizado pela força sobre uma carga de prova movida ao longo do percurso. Exemplo 1 Um condutor cilíndrico longo de raio R conduz uma corrente I. A corrente está uniformemente distribuída na área da seção reta do cilindro. Calcule o campo magnético em função da distância r entre o ponto do campo e o eixo do cilindro para todos os pontos dentro (r < R) e fora do condutor (r > R). Interior do Condutor: No interior do condutor o campo B tem o mesmo módulo a uma distância r do seu centro. Assim, escolhe-se uma circunferência de raio r para o percurso fechado da Lei de Àmpere. Como B é constante, obtém-se: r r ∫ B ⋅ dl = B ∫ dl =B(2π r ) = µ I 0 perc Exemplo 1 ((continuação continuação)) Para calcular a corrente Iperc no interior percurso de integração, nota-se que a densidade de corrente no condutor é dada por: corrente I J= = área πR Assim, I 2 I Ir (π r ) = = J (π r ) = πR R 2 perc 2 2 2 2 Substituindo a expressão para Iperc na expressão da Lei de Àmpere, tem-se: Ir µI B(2π r ) = µ ⇒B= r 2π R R 2 0 0 2 2 (para r < R) Exemplo 1 ((continuação continuação)) Fora do condutor considera-se uma circunferência para o percurso, cujo raio r é maior do que R (r > R). Neste caso, I = Iperc e o resultado é mesmo calculado anteriormente para um fio condutor. Portanto, µ0 I B= 2π r (para r > R) Fora do condutor o campo magnético é o mesmo que o produzido por um fio retilíneo longo que conduz uma corrente I. Exemplo 2 Um solenóide é constituído por um enrolamento helicoidal de fio sobre um núcleo, em geral com seção reta circular. A figura abaixo mostra a seção longitudinal de um solenóide com N espiras. Todas as espiras conduzem uma corrente I. Assim, o campo magnético total é a soma dos campos magnéticos produzidos por cada espira. Utilize a Lei de Àmpere para determinar o campo magnético no centro ou nas proximidades do centro desse solenóide. Escolhe-se como caminho de integração o retângulo abcd visto na figura ao lado. Assim, r r r r r r r r r r ∫ B ⋅ dl = ∫ B ⋅ dl + ∫ B ⋅ dl + ∫ B ⋅ dl + ∫ B ⋅ dl b c d a a b c d Exemplo 2 ((continuação continuação)) Considerações: - campo B uniforme no interior do solenóide; - campo B nulo fora dele; - supõe-se que os lados bc e da sejam muito longos, de modo que o lado cd esteja tão afastdo a ponto de o campo magnético sobre ele ser desprezível. A figura abaixo ajuda a entender tais premissas: As linhas de campo próximas do centro do solenóide são paralelas, indicando um campo quase uniforme. Fora dele, as linhas são mais espaçadas e o campo magnético é fraco (quase nulo). Quando o solenóide possui comprimento muito maior do que o diâmetro de sua seção reta e as espiras são enroladas de forma compacta, o campo interno nas vizinhanças do seu centro é paralelo ao eixo e o campo externo é muito pequeno. Exemplo 2 ((continuação continuação)) Assim, considerando-se as premissas anteriores, tem-se: r r ∫ B ⋅ dl = B ∫ dl (cos0 ) =B L r r ∫ B ⋅ dl = ∫ Bdl (cos90 ) = 0 r r ∫ B ⋅ dl = ∫ Bdl (cos0 ) = 0, pois B = 0 r r ∫ B ⋅ dl = ∫ Bdl (cos90 ) = 0 b b 0 a c a c 0 b b d d 0 c c a a 0 d d Observa-se, na verdade, que as integrais ao longo dos trechos bc e da podem ainda ser segmentadas em duas partes: uma que vai do centro ao limite das espiras e outras que se estende desse limite até os pontos c e d, respectivamente. Exemplo 2 ((continuação continuação)) r r r r ∫ B ⋅ dl = ∫ B ⋅ dl = B L = µ I b Finalmente, a 0 perc Como o número de espiras em um comprimento L é nL (onde n é a densidade de espiras por unidade de comprimento), então a corrente total no interior do retângulo é: Iperc = nLI. Assim, B L = µ nLI ⇒ B = µ nI 0 0 Exemplo 2 ((continuação continuação)) Um cálculo mais exato fornece o comportamento mostrado na figura ao lado para o campo magnético. Para os pontos ao longo do eixo o campo é mais forte nas vizinhanças do centro (pnto x = 0) e diminui à medida que o ponto se aproxima das extremidades, na direção de x = +2a e x = - 2a. Exercício Os fios que formam as semicircunferências indicadas na figura abaixo possuem raios a e b. Determine o móudlo, a direção e o sentido do campo magnético resultante produzido pelas correntes dos fios no ponto P. Materiais Magnéticos A origem do magnetismo está no movimento dos elétrons no interior do átomo. Os elétrons formam espiras de corrente microscópicas que se movem e produzem indvidualmente campos magnéticos. Em muito materiais, esses campos magnéticos microscópicos estão distribuídos aleatoriamente e não produzem nenhum campo magnético externo. Entretanto, em outros materiais esses campos microscópicos produzem um campo externo. Ou ainda em alguns materiais, os campos magnéticos microscópicos podem ser alinhados com um campo externo aplicado sobre eles, para o qual então Contribuem. Neste caso, diz-se que tais materiais foram magnetizados. Magneton de Bohr Seja a figura ao lado que mostra o modelo primitivo de um elétron em um átomo. O elétron (massa m e carga –e) move-se com velocidade v em uma órbita circular de raio r. A carga que se move é então equivalente a uma espira circular! Assim, tal espira possui um momento de dipolo magnético dado por µ = I A, onde I é a corrente e A é a área da espira. A corrente é calculada como: I= e e = T (2π r ) v T é o período de tempo que o elétron gasta para percorrer a distância de 2π r. Magneton de Bohr ev e vr (π r ) = Portanto, o momento de dipolo magnético do elétron é: µ = 2π r 2 2 Em comum expressar o momento magnético µ em termos do momento angular L do elétron, L = (mv)r, que é o produto do momento linear (mv) pelo raio r. Assim, e vr e µ= = L 2 2m Segundo a Física Quântica, o momento angular atômico é quantizado e possui o valor L = h/2π, que representa sua unidade fundamental (h é a conhecida como constante de Planck e possui o valor h = 6,626x10-34 J.s. Magneton de Bohr Assim, µ= e h eh = 2m 2π 4π m Tal momento de dipolo magnético é chamado de magneton de Bohr, cujo valor é: µB = 9,274x10-24 A.m2 = 9,274x10-24 J/T. Os elétrons também possuem um momento angular intrínseco, conhecido como spin e pode ser descrito classicamente como oriundo da rotação do elétron em torno de seu próprio eixo. Esse momento angular possui também um momento de dipolo magnético associado, cujo módulo é quase exatamente o valor de um magneton de Bohr. ~(1,001 µB). Classificação dos Materiais Magnéticos Os materiais magnéticos podem ser classificados em três categorias: • Paramagnéticos • Diamagnéticos • Ferromagnéticos Paramagnetismo O campo magnético produzido pelas espiras microscópicas dos elétrons é diretamente proporcional ao momento magnético total µtot por unidade de volume V do material. Essa grandeza é conhecida como magnetização do material: r µr M= V tot E o campo magnético adicional produzido pela magnetização é: r µM 0 Quando esse material preenche o espaço em torno de um condutor que transporta uma corrente I, o campo magnético total observado no seio desse material será: r v r B=B +µ M 0 0 Paramagnetismo Um material paramagnético é aquele que possui o comportamento descrito logo acima, em que o campo magnético interno fica ampliado em relação ao valor que existiria se em seu lugar houvesse apenas o vácuo. Introduz-se um parâmetro conhecido como permeabilidade magnética relativa do material, expresso por: µ K = m µ 0 A diferença entre o valor da permeabilidade relativa e a unidade é conhecida como suscetibilidade magnética, designada por: χ = K −1 m m χm e Km são grandezas adimensionais. Observação: não confundir o parâmetro µ com a grandeza vetorial que representa o dipolo de momento magnético! Paramagnetismo A tendência dos momentos magnéticos atômicos de se alinharem paralelalmente ao campo magnético externo é dificultada pelo movimento caótico dos elétrons, devido à agitação térmica. A suscetibilidade magnética sempre diminui quando a temperatura aumenta. Esse fenômeno é conhecido por Lei de Curie, em que o valor de M é dado por: B M =C T C é a constante de Curie (possui valor diferente para diferentes materiais) e T é a temperatura. Diamagnetismo A maioria dos materiais na natureza pode ser classificada como diamagnética. (mais comumente conhecidos como não-magnéticos). Quando um campo magnético externo é aplicado em materiais diamagnéticos, o resultado é um campo magnético interno que se opõe ao campo externo aplicado. O efeito geralmente é muito pequeno e não é observado. Um material diamagnético possui apresenta uma suscetibilidade magnética negativa. Um supercondutor é um diamagneto perfeito (χm = -1) e repele completamente o campo externo aplicado. Valores de χm Ferromagnetismo Em materiais ferromagnéticos há fortes interações entre os momentos magnéticos atômicos que produzem um alinhamento interno em certas regiões do material, denominadas de domínios magnéticos Na presença de um campo magnético externo, tais domínios tendem a se alinhar paralelamente ao campo. O campo magnético total no interior de um domínio pode ser da ordem de alguns milhares de magnetons de Bohr. Assim, a Permeabilidade relativa Km é muito maior do que um. Assim, um material ferromagnético (por exemplo, ferro) é fortemente magnetizado pel campo de um imã permanente. Entretanto, à medida que o campo magnético externo aumenta atinge-se uma saturação, cujo valor é conhecido como magnetização de saturação. Ferromagnetismo Em muito materiais ferromagnéticos a relação entre a magnetização e o campo magnético externo quando o campo aumenta é diferente de quando ele diminui. esse tipo de comportamento é conhecido como histerese e pode ser visto nas figuras abaixo. Memórias de Imã permanente computadores Transformadores A magnetização e desmagnetização de um material produz dissipaçao de energia e a temperatura do material aumenta durante o processo. Materiais ferromagnéticos São largamente empregados em eletroimãs, transfomadores, geradores e motores.