DIAGNOSTICO DA EROSÃO ACELERADA NO BAIRRO DOM FERNADO I
(GO)
Thiago Martins Rosa Gonçalves: Acadêmico do Curso de Engenharia
Ambiental pela Universidade Católica de Goiás.
[email protected]
Antonio Pasqualetto : Engenheiro Agrônomo, Dr. Orientador do Projeto Final
de Curso de Engenharia Ambiental – UCG - [email protected]
Resumo: O presente trabalho faz um diagnóstico geral da degradação
ambiental situada no bairro Don Fernando em Goiânia (GO). Destaca o papel
exercido pela voçoroca e suas conseqüências sócio-ambientais. Diante do
exposto, um diagnóstico ambiental do local foi desenvolvido com a finalidade
de dar subsídios para a elaboração de um possível plano de ação.
Palavras chave: diagnostico, degradação, voçoroca.
Summary: The present work makes a general diagnosis of the situated
ambient degradation in the quarter Don Fernando in Goiânia (GO). It detaches
the paper exerted for voçoroca and its partner-ambient consequences. Ahead
of the displayed one, an ambient diagnosis of the place was developed with
the purpose to give subsidies for the elaboration of a possible plan of action. .
Words key: diagnosis, degradation, voçoroca.
1 INTRODUÇÃO
Erosões urbanas e periurbanas representam um grande problema
ambiental no Brasil e os danos registrados incluem assoreamento, destruição
de loteamentos, residências, equipamentos urbanos e obras civis de um modo
geral (SALOMÃO e IWASA, 1995, p.31).
O processo erosivo escavado no leito de uma drenagem evolui até
atingir a exposição do lençol freático, que ao longo do tempo vem rebaixando
até chegar a redução do fluxo total das águas no período das secas.
Os
mesmos
produtos
de
instabilidade
urbana
servem
inadequadamente para o lançamento de lixo, desencadeiam perda de solos e
vegetação, bem como a propagação de animais nocivos à saúde humana.
Não é diferente na cidade de Goiânia com taxa de crescimento
bastante elevada e uma população urbana estimada em 1200.000 habitantes,
com sérios e graves problemas advindos da especulação oportunista,
antiética e gananciosa do solo urbano e do alto índice de desqualificação e de
desemprego de sua população (RIBEIRO, 2004, p.32), crescendo também o
numero de erosões cadastradas, bem como a dimensão dos danos
desencadeados.
Claro que, mesmo com essa plêiade de profissionais, acredita-se não
ter exaurido o debate, nem tão pouco ter a presunção de que esse trabalho é
a palavra final sobre o assunto, mas sob a ótica da responsabilidade e a
experiência técnica envolvida, não se tem receio em afirmar que o mesmo
oferece base técnica para abrir o processo discursivo além de apresentar
contribuição acentuada para o enriquecimento da questão.
Esta pesquisa teve como objetivo avaliar a erosão situada no bairro
Don Fernando em Goiânia, sugerindo medidas mitigadoras .
2
REVISÃO BIBLIOGRAFICA
2.1 Erosão : Definição e tipos
A erosão é um processo mecânico que se desenvolve na superfície
causando profundidade em certos tipos de solos e sobre determinadas
condições físicas de forma natural significante, transformando-se critica pela
ação modificadora do homem.O transporte e movimentação de partículas do
solo, subsolos e rochas em decomposição pelas águas, ventos, assim dando
surgimento ao processo erosivo (CEMIG2001).
A remoção e transporte dos horizontes da superfície do solo pela água,
começa pelas primeiras de gotas de chuvas que tocam diretamente o solo no
descoberto, pela vegetação, se completa com a formação de enxurrada que
formam os sulcos de varias proporções (LEPSCH 1991, p.132).
A irrupção do processo erosivo, com a ocupação do solo e perda do
mesmo por erosão laminar e desencadeada por vários fatores relacionados á
condição natural do terreno, principalmente a chuva e a cobertura vegetal, a
topografia e o tipo de solo (OLIVEIRA, 1997, p.25).
E importante distinguir que a erosão causada pela água pode ser das
seguintes formas: laminar ou difuso que constitui o processo erosivo por
escoamento ou por concentração de fluxo de água (sulcos, ravinas e
boçorocas), por se constituírem em processos erosivos que envolvem
mecanismos e condições diversos.
Erosão laminar é aquela que se caracteriza pela separação e
arrastamento das partículas superficiais do solo. Esse tipo de erosão se da
em camadas finas e uniformes (BERTONI E LOMBARDI NETO, 1993, p.65).
A partir do momento em que a água começa a percorrer caminhos
preferenciais na superfície do solo, provocando fissuras de até 50 m de
maneira progressiva (de montante a jusante) estas são chamadas de sulcos
(VIEIRA, 1998, p.58).
Segundo (CEMIG 2001) o ravinamento corresponde ao canal de
escoamento pluvial concentrado, apresentando feições erosionais com
traçado bem definido. A cada ano, o canal se aprofunda, devido à erosão das
enxurradas, podendo atingir até alguns metros de profundidade.
Conforme (BERTONI E LOMBARDI NETO, 1993, p.65) foi observado
para a erosão laminar, o desenvolvimento de erosão por ravinas (sulcos
relativamente profundos) e voçorocas (sulcos profundos com surgência de
águas de superfície) dependendo da conjugação de fatos naturais e uso de
ocupação.
Fatos naturais condicionados na formação de ravinas e voçorocas,
exceto o fator água, mostra que elas dependem principalmente do tipo de
solo, em segundo lugar do tipo de relevo, e de modo indireto do tipo de
substrato rochoso.
Os sulcos e ravinas podem ser descritos ainda por meio de parâmetros
dimensionais: os sulcos são pequenos canais que podem alcançar até 0,5 m
de profundidade. Enquanto ravinas podem ter sua profundidade em torno de
0,5 m a 1,5 m.
Outra característica da ravina e que esta pode ter sua expansão tanto
de forma regressiva (para montante da encosta) quanto progressiva (seguindo
a gravidade) e apresenta uma calha já formada com a forma de U (VIEIRA,
1998, p.96).
De acordo com (CHRISTOFOLETTI, 1979, p.23) voçoroca pode ser
formada através de uma passagem gradual da erosão laminar para em sulcos
e ravinas cada vez mais profundas ou então, diretamente a partir de um ponto
de elevada concentração de água sem a devida dissipação de energia, em
forma de U com o fundo plano.
A voçoroca corresponde a um estagio mais avançado, ao complexo de
erosão cujo poder destrutivo local é superior ao das outras formas e portanto
de difícil contenção. Na boçoroca atuam, além da erosão superficial como nas
demais formas erosivas, outros processos, condicionados pelo fato desta
forma erosiva atingir em profundidades o lençol freático, interceptado pela
boçoroca, induz o aparecimento de surgência d’água no fundo da boçoroca.
No caso de boçorocas, outro fator decisivo para o seu desenvolvimento
e a presença e a profundidade do lençol freático nos solos. Esta condição e a
profundidade do lençol freático depende também dos tipos de solos. Solos
rasos, embora relativamente mais erodíveis, podem não propiciar o
desenvolvimento de boçoroca por serem pouco espessos e não abrigarem no
seu interior o lençol freático. Por outro lado, solos relativamente menos
erodiveis, podem não propiciar desenvolvimento de boçorocas por serem
pouco espessos e não abrigarem no seu interior o lençol freático. Por outro
lado, solos relativamente menos erodíveis, como latossolos, podem sofrer o
desenvolvimento
de
boçorocas,
desde
que
induzidas
por
elevadas
concentrações de água superficiais, sem dissipação de energia, cuja ação de
aprofundamento no solo atinja o lençol freático.
Pode-se para efeito didático utilizar parâmetros dimensionais para
caracterizar uma voçoroca, como sendo: comprimento e largura superiores a
3 m e profundidade acima de 1,5 m (VIEIRA, 1999, p.72).
Observa-se que para a erosão laminar, o desenvolvimento de ravinas
(sulcos relativamente profundos) e boçorocas (sulcos profundos com
surgência de água de superfície) depende da conjugação de fatores naturais
de uso de ocupação.
2.2 Fatores intervenientes no processo erosivo
Com a deflagração dos processos erosivos, em função da ocupação do
solo, as perdas de solo por erosão são comandadas por diversos fatores
relacionados às condições naturais dos terrenos, destacando-se: a chuva, a
cobertura vegetal, a topografia e os tipos de solos.
A água de chuva provoca a erosão laminar por meio do impacto das
gotas sobre a superfície do solo, caindo com velocidade e energia variáveis, e
por meio do escorrimento da enxurrada. Sua ação erosiva depende da
distribuição pluviométrica, mais ou menos regular, no tempo e no espaço, e
por meio do escorrimento da enxurrada. Chuvas torrenciais ou pancadas de
chuvas intensas, como tromba-d'água, constituem a forma mais agressiva de
impacto da água no solo. Durante esses eventos a aceleração da erosão é
máxima (GUERRA, 1995, p.455).
A cobertura vegetal é a defesa natural de um terreno contra a erosão.
Entre os principais efeitos da cobertura vegetal, destacam os seguintes:
a) proteção contra o impacto direto das gotas de chuva;
b) dispersão e quebra da energia das águas de escoamento superficial;
c) aumento da infiltração pela produção de poros no solo por ação das raízes;
d) aumento da capacidade de retenção de água pela estruturação do solo por
efeito da produção e incorporação de matéria orgânica.
Ao ser eliminada a cobertura vegetal, o equilíbrio natural representado
pelo trinômio água-solo-planta se vê alterado, e passa a receber menor aporte
de matéria orgânica iniciando-se o processo de degradação do solo.
A influencia da topografia do terreno na intensidade erosiva verifica-se
principalmente pela declividade e comprimento de rampa (comprimento da
encosta). Estes fatores interferem diretamente na velocidade das enxurradas.
A topografia e um fator natural que determina velocidades dos
processos erosivos. Maiores velocidades de erosão podem ser mais em
relevos suaves acidentados como morros, do que em relevos suaves, como
colinas amplas, pois declividades mais acentuadas fornecem concentração e
maiores velocidades de escoamento das águas, aumentando sua capacidade
erosiva. A declividade tem maior importância quando maior for o comprimento
da encosta. Por isso, a influencia da topografia da encosta (LEPSCH, 1991,
p.185).
O solo, por influenciar e sofrer a ação dos processos erosivos,
conferindo maior ou menor resistência, constitui o principal fator natural
relacionado à erosão. Sua influência deve-se às suas propriedades físicas,
principalmente textura, estrutura, permeabilidade e densidade, e às suas
propriedades químicas, biológicas e mineralógicas (Estado de São Paulo,
1978, p.42).
A textura, ou seja, o tamanho das partículas, influi na capacidade de
infiltração e de absorção da água de chuva, interferindo no potencial de
enxurradas, e em relação a maior ou menor coesão entre as partículas.
Assim, solos de textura arenosa são normalmente mais porosos, permitindo
rápida infiltração das águas de chuva, dificultando o escoamento superficial
(op. cit, p.42).
A estrutura, ou seja, o modo como se arranjam as partículas do solo,
igualmente à textura, influi na capacidade de infiltração e absorção da água
de chuva, e na capacidade de arraste das partículas do solo (op. cit, p.43).
Assim, solos com estrutura microagregada ou granular, como os
latossolos, apresentam alta porcentagem de poros e, conseqüentemente, alta
permeabilidade, favorecendo a infiltração das águas de chuva, apresentam
também agregação entre partículas, aumentando a resistência do solo ao
arraste de partículas pela ação das águas(op. cit, p.45).
Solos com características latossólicas são quimicamente pobres em
bases (Na, Ca, Mg, etc.) e ricos em sesquióxidos de ferro e alumínio,
tendendo, em geral a se estruturarem por microagregação; essas formas de
organização estrutural dão ao solo alta porosidade entre partículas. Por outro
lado, solos com alto conteúdo em bases tendem, em geral a estruturas
poliédricas (prismáticas ou em blocos), apresentando pequena porosidade
entre partículas, e menor permeabilidade em relação aos latossolos
(BERTONI E LOMBARDI NETO, 1993, p.101).
A matéria orgânica incorporada no solo permite maior agregação e
coesão entre partículas, tornando o solo mais estável em presença de água,
mais poroso, e com maior poder de retenção de água.
3
METODOLOGIA
A área pesquisada do presente trabalho encontra-se inserida no limite
urbano da cidade de Goiânia, especificamente no Setor Dom Fernando I,
próximo as dependências da Cooperativa de Reciclagem na Zona Leste do
município, sendo uma área de alta densidade de ocupação, classificada como
urbanização inadequada em função de grande quantidade de cabeceiras de
drenagem e da susceptibilidade a erosão, recomenda-se utilizações de
agropecuária com manejo adequado, sendo também impróprio para a retirada
de material de empréstimo. (Instituto Brasileira de Geografia e Estatística
IBGE, 1988), de acordo com a Lei de complementar N ° 031 de 29 de
dezembro de 2004, que "Dispõe sobre o uso e a ocupação do solo nas Zonas
Urbana e de Expansão Urbana do Município de Goiânia e estabelece outras
providências urbanísticas”.
Inserida na superfície mais elevado do Planalto dissecado de Goiânia,
a formação geológica desta área é formado por um conjunto metamórfico
constituído por granulitos, gnaisses e quartzitos, dobrados e falhas com
domínio de latossolo distroficos associados a cambissolos e solos litólicos.
Área de declividade baixa a moderada (0 a 10%), suavemente dissecada em
formas convexas com altitudes de 880 a 975 m, onde ainda há resíduos de
florestas semidecidual com direção dos ventos nordeste e leste. (IBGE, 1988)
No que diz respeito ao clima, a cidade de Goiânia esta inserida no
clima tropical com precipitação média de 1575.9 mm por ano. Sendo
geralmente os meses de novembro e dezembro mais chuvosos e julho o de
menor índice pluviométrico. A temperatura média anual e de 24°C , onde a
máxima e de 29.8°c e a mínima perto dos 19°C, a umi dade média é de 67% m
(Instituto Nacional de Metrologia INMET)
Inicialmente foram levantados dados bibliográficos da área e da região,
envolvendo carta de solos, geomorfologia da área, geologia, regime
pluviométrico de Goiânia.
A segunda etapa do estudo ambiental contou com o levantamento de
campo com GPS – Sistema de Posicionamento global modelo Garmim XL12,
perfis perpendiculares à direção das camadas, descrição dos horizontes do
solo, nível do lençol freático, relação solo-vegetação.
E em uma terceira etapa, a elaboração de mapas da área,
elaboração de texto e interpretação de todos os dados observados na área,
proporcionando uma conclusão que permite a interação dos resultados e
conseqüentemente
o
equilíbrio
ambiental
da
área,
nos
levando
a
considerações a respeito da degradação da área em questão. (mapas em
anexo)
4 DIAGNOSTICO AMBIENTAL
A Sociedade de Goiânia e Cultura em 1995 criou o Instituto Dom
Fernando com intuito de formar cidadão, promovendo variadas linhas de
pesquisas na busca de um desenvolvimento comunitário. Em 1987 ocorreu
um volumoso êxodo rural para Goiânia, onde grande parte desta população
ocupou a região Leste de Goiana, onde se localizava uma área fundiária de
propriedade do centro de Pastoral Diocesano, com a ocupação a igreja se
sentiu na obrigação de ajudar os invasores, cedendo o local para o município,
onde então surgiu os Bairros Dom Fernando I e Dom Fernando II.
A região objeto de estudo apresenta características importantes para o
contexto ambiental local, a qual possui aspectos particulares como: ambiente
geológico formado por rochas definidas como pertencente ao Grupo Araxá
Sul, composto por clorita quartzo xisto; morfologia definida como Planalto
Rebaixado de Goiânia, particularmente fazendo parte do contexto do vale
semi-aberto do Rio Meia Ponte; solos vermelhos, definidos como latossolos;
vegetação do tipo mata de galeria; classificação hodrogeologica das águas
subterrâneas com nível do lençol freático na ordem de 12,0m de
profundidade.
Figura 1 : Classificação do solo, dentro da erosão
Esta ocupação desordenada propiciou o desenvolvimento de diversos
impactos ambientais envolvendo o meio físico, biótico e sócio econômico, com
atuação de forma diferenciada, tais como: a perda de grandes extensões de
áreas verdes; perda de solos; desenvolvimento de processos erosivos; perda
de matas de galeria situada nas margens das drenagens; aumento do fluxo
das águas pluviais; rebaixamento do lençol freático; fuga da fauna; aumento
da temperatura local; contaminação dos recursos hídricos pela geração de
lixo; redução de contribuição de águas para o Rio Meia Ponte; proliferação de
doenças; redução das zonas de recargas; perturbação climática pontual;
aumento da criminalidade na capital e perda da qualidade de vida ambiental.
Figura 2 : Disposição inadequada do lixo
O desenvolvimento urbano não planejado através das chamadas
“invasões” normalmente sem a proteção de ambiental dos elementos que
promovem a sustentabilidade faz com que o perímetro urbano interfira sobre o
meio físico principalmente nos locais próximos dos cursos d’água (fundo de
vales) e em superfícies com declividades acentuadas (susceptíveis a
processos erosivos), tais condições proporcionaram a ampliação dos
problemas ambientais, bem como a deflagração de processos erosivos
acelerados, representada pelas voçorocas.
Os estudos permitem afirmar que, na origem a erosão urbana está
associada
à
falta
de
planejamento
adequado
que
considere
as
particularidades do meio físico e às condições sociais e econômicas das
tendências de desenvolvimento da área urbana.
Figura 3 : Falta de guias e sarjetas
Dentre as principais causas do desencadeamento e evolução da
erosão nas cidades destacam-se: o traçado inadequado do sistema viário,
freqüentemente agravado pela falta de pavimentação, guias e sarjetas; a
deficiência do sistema de drenagem de águas pluviais e servidas, e a
expansão urbana descontrolada, com implantação de loteamentos e conjuntos
habitacionais em locais não apropriados sob o ponto de vista geotécnico.
Sabe-se, no entanto que a degradação ambiental nestas áreas urbanas
não se restringe somente aos processos erosivos, mas também a poluição
dos canais fluviais, do ar entre outros. Desta forma, entende-se por
degradação ambiental a quebra do equilíbrio dinâmico entre as relações
homem e natureza refletida no ambiente.
Considera-se que determinado ambiente esteja degradado quando as
relações entre os elementos do sistema físico ambiental (vegetação, solo,
topografia, etc) não interagem de forma em que haja a manutenção de
determinado padrão funcional, necessitando reajustes visando a busca de um
novo estado de equilíbrio (CHRISTOFOLETTI , 1974, p.58).
Analisando os estudos, verificamos que quando há a retirada da
cobertura vegetal em áreas com declividades acentuadas (encostas)
associadas aos diversos condicionantes pedológicos e litológicos, pode
ocorrer a redução do potencial de infiltração, deflagrando processos como
escoamento superficial, auxiliando o transporte de sedimentos.
Figura 4 : Retirada da cobertura vegetal
O conhecimento do estado da erosão e de seu impacto ambiental e o
prognóstico de sua evolução com base na definição da suscetibilidade dos
terrenos é imprescindível à definição das ações governamentais como:
estabelecer prioridades para as áreas de aplicação de investimentos em obras
corretivas, orientar a expansão urbana, definir as adequações necessárias à
implantação de obras viárias que atravessem áreas de alta suscetibilidade à
erosão, e outras.
Figura 5 : Estado da erosão
Outro aspecto da urbanização que contribui para a formação da erosão
é o traçado das ruas perpendicular às curvas de nível, em encostas com
declividade superior a 25%. Esta situação é agravada pelo avanço do
asfaltamento das ruas, de montante para jusante. O conhecimento do estado
da erosão e de seu impacto ambiental e o prognóstico de sua evolução com
base na definição da suscetibilidade dos terrenos, imprescindível à definição
das ações governamentais como: estabelecer prioridades para as áreas de
aplicação de investimentos em obras corretivas, orientar a expansão urbana,
definir as adequações necessárias à implantação de obras viárias que
atravessem áreas de alta suscetibilidade à erosão, e outras.
Nos estudos geográficos sobre características do sitio urbano, deve
haver a preocupação de avaliar áreas de risco, através do reconhecimento de
unidades morfotopográficas que orientem a melhor opção do uso do solo,
além do acompanhamento do desenvolvimento das análises a respeito dos
processos geomorfológicos que posa gerar um delineamento avaliativo das
áreas de risco (Guerra & Cunha, 1995, p.455).
Acredita-se que o surgimento e desenvolvimento de voçorocas em áreas
urbanas esta associada à intensidade e freqüência das precipitações,
declividade e comprimento das encostas e do tipo de solo, além das
modificações introduzidas pela urbanização. (op. cit, p.455), afirmam que os
desequilíbrios registrados nas encostas ocorrem em muitos casos devido a
participação do clima e alguns aspectos das encostas que incluem a
topografia, geologia, graus de intemperismo, solos e tipos de ocupação.
Figura 6 : Afloramento do lençol
5 Plano de Ação
Os resultados obtidos permitem afirmar que o gênese de tais processos
está relacionado à combinação de diversos fatores (pluviosidade, grau de
cobertura vegetal, tipo de solo, declividade etc), a alteração do equilíbrio da
dinâmica ambiental dos elementos que compõe este ambiente, desencadeia
condições ideais para um processo erosivo.
Em virtude de que o maior problema do desenvolvimento de processo
erosivo em área urbana está associada à falta de planejamento urbano
adequado, que considere as particularidades do meio físico, as condições
sociais e econômicas das tendências de desenvolvimento da área urbana.
Este desenvolvimento envolve e amplia as áreas construídas e pavimentadas,
promovendo o aumento substancia da velocidade das enxurradas e, desde
que não dissipadas, concentra os escoamentos, acelerando os processos de
desenvolvimento de ravinas e boçorocas.
Com base na compreensão da dimensão da voçoroca pode-se afirmar
que esta oferece risco a população do entorno e aos ecossistemas locais, se
a degradação continuar sendo acelerada com vem acontecendo ao longo do
tempo. Portanto tais prejuízos sociais e ambientais podem ser minimizados
através de algumas medidas de contenção, as quais se encontram aqui de
forma resumida, compondo um método de recuperação do processo erosivo
identificado com objetivo de contribuir com a redução do passivo ambiental
nocivo ao estado e a população:
A – Desvio das águas pluviais:
Interceptar as águas pluviais que correm para a voçoroca, implantar
canais de condução das águas associadas à curvas de nível na parte acima
do ponto de movimentação das águas (de extremidade fechada) com
capacidade de reter as águas que vem de cotas superiores na direção do
canal. Estes canais de circulação de água deverão ter internamente degraus
com ângulos de zero grau com objetivo de reduzir sensivelmente a velocidade
das águas. Os canais deverão ser de meia manilha e que tenha um diâmetro
com capacidade de conduzir toda a água precipitada no ambiente de estudo.
E nos locais onde serão implantadas as curvas de nível deverão ser feitos
dissipadores de águas associado ás gramíneas e vegetação de porte para
permitir que a água que esta sendo lançada fora da zona de captação e
condução sejam infiltradas
contribuindo assim com
o processo de
recuperação, impedindo que a erosão continue o seu processo evolutivo como
vem acontecendo ao longo do tempo. As águas pluviais captadas nos canais
de desvios deverão ser lançadas na drenagem abaixo do ponto de
desenvolvimento do processo erosivo de forma que a as mesmas não sejam
impactantes no sentido de propiciar o desenvolvimento de novo processo
erosivo.
B – Controle das águas provenientes do lençol freático:
As águas provenientes do lençol freático que formam a nascente
devem ser controladas no seu volume total, fazendo com que o seu curso seja
de forma natural ao longo do canal impedindo a sua migração lateral a cada
período. São medidas que contribui e impedem com o solapamento das bases
do canal, em função disto impedia que as mesmas contribuam com
alargamento do canal da drenagem instável. Portanto, a contenção do
processo migratório do canal será de forma que o fundo chato da drenagem
tenha capacidade de condução das águas com dissipadores com degraus que
permitam que velocidade do fluxo seja de forma branda e sustentável para a
capacidade dos solos, senão o processo de arranque continuará de forma
interminável.
Para o disciplinarmento das águas subterrâneas, deverão ser
colocados drenos profundos, do tipo cego, de material que ser utilizado o
bambu com objetivo de evitar que as águas interfiram na recuperação
propiciando o aumento do processo erosivo interno que passará a
desmoronamentos com arranque de um volume considerável de solos das
margens contribuindo com alargamento das margens das mesmas.
C – Modelagem do canal de drenagem:
Conforme as características geométricas da ocorrência erosiva podem
sofrer modificações após curtos períodos de chuva, exigindo flexibilidade do
projeto com adaptações de obras implementadas durante a fase construtiva.
Portanto o estágio atual da erosão, após passar por um período chuvoso o
canal encontra-se sinuoso em suas margens com alargamento em
determinados locais e confinado em outros pontos. As encostas do canal de
fluxo das águas que esta sendo modelada pela erosão na sua totalidade de
forma vertical, para tanto será efetuado o modelamento de suas encostas
colocando-as com um grau na ordem de 45º com objetivo de efetuar a
implantação de um plantio que envolve tapetes de gramíneas. Este tapete de
gramíneas permitirá que a movimentação das encostas seja reduzida
controlando
a
perda
substancial
de
solos
como
vem
ocorrendo,
conseqüentemente promovendo o alargamento do canal. A quantidade de
sedimento transportado ao longo do canal será reduzida e o curso do fluxo
será preservado promovendo estabilidade das margens e fundo do canal.
D - Isolamento da área da voçoroca:
Cercar a área do entorno da voçoroca de forma a se evitar o
movimento de pessoas e animais. A cerca deverá ficar a aproximadamente
50m das margens da voçoroca. Portanto a construção da cerca tem como
objetivo maior evitar acidentes e proteger o ambiente que se encontra instável
e que o mesmo poderá ser recuperado diante das ações que serão tomadas
para não promover e conter o desenvolvimento erosivo. A cerca utilizará
postes eqüidistantes um do outro de 5,0m X 5,0m e 10 fios de arames com
espaçamentos entre eles de 15 cm, de forma bem esticados. Esta medida é
bastante importante no sentido de permitir que a recuperação não será
interrompida permitindo que a área se torne estável.
E – Plano de recomposição da vegetação junto à cabeceira da erosão:
A distribuição das espécies no reflorestamento não será padronizada,
devendo seguir as condições de distribuição natural, visando às devidas
interações da espécie no meio ambiente. Considerando estes parâmetros
foram estabelecidos modelos básicos para locação de espécies, sejam de
pioneiras, secundárias ou clímax.
Para garantir a reestruturação dessa
vegetação, com distribuição de espécies de forma a obter um povoamento
denso e o mais próximo possível da condição fitossociológica primária,
determinou-se o espaçamento 3,0m x 2,0m utilizando-se de 43 espécies
sendo 20 espécies pioneiras 7 secundárias e 16 espécies clímax, na
proporção de aproximadamente 45% de pioneiras 20% secundárias e 35%
clímax (quadro 1). A vegetação compreende um fator de estabilidade e
proteção contra os agentes erosivos. Deve-se plantar no entorno uma
vegetação alta, priorizando espécies nativas da região. Para a estabilização
dos barrancos devemos vegeta-los onde for possível visando principalmente
gramas, brachiaria, etc.
NOME VULGAR
angicos
aroeira
bacupari
barbatimão
baru
buriti
embaúba
faveira
garapa
guapeva
guariroba
ingás
jatobá
jenipapo
lobeira
mandiocão
mutamba
paineira
pau d’óleo
pau santo
pau terra folha grande
pau terra folha miúda
pequi
quaresmeira
sangra d’água
tingüi
pata-de-vaca
NOME CIENTÍFICO
Anadenanthera ssp
Astronium pubescens
Salacia campestris
Stryphnodendron adstringens
Dypterix alata
Mauritia flexuosa
Cecropia sp
Dimorphandra mollis
Apuleia leiocarpa
Pouteria torta
Syagurus oleracea
Inga ssp
Hymeneae courbaril
Genipa americana
Solanum lycocarpum
Didymopanax morototoni
Guazuma ulmifolia
Chorisia spenciosa
Copaifera langsdorfii
Kielmeyera coriacea
Qualea grandiflora
Qualea parviflora
Caryocar brasiliense
Tibouchina granulosa
Croton sp
Magonia pubescens
Bauhinia sp
FAMÍLIA
Leguminosae
Anacardiaceae
hippocrateaceae
Leguminosae
Leguminosae
Palmae
Moraceae
Leguminosae
leguminosae
Sapotaceae
Palmae
Leguminosae
Leguminosae
Rubiaceae
Solanaceae
Arariaceae
Sterculiaceae
Bambacaceae
Leguminosae
Guttiferae
Vochysiaceae
Vochysiaceae
Caryocaraceae
Nelastomaceae
Euphorbiaceae
Sapindaceae
Leguminosae
Quadro 1 : Espécies de Vegetação a serem utilizadas na recuperação da
erosão:
F - Controle do Lixo:
Fazer coleta seletiva de lixo por toda a área e colocar tela na boca das
tubulações que canalizam o fluxo de água pluvial, com capacidade de
contenção de lixo provenientes do bairro Dom Fernando. E periodicamente
deverá ser efetuada a coleta seletiva deste lixo acumulado nas telas do canal
para que os canais não fiquem entupidos prejudicando o ambiente e
contribuindo para o desenvolvimento de processos erosivos.
G – Conservação das obras implantadas:
Para a conservação do projeto de estabilização e recuperação da
erosão, é necessário que as medidas tomadas sejam compatibilizadas com o
ambiente e que o roteiro traçado seja seguido de forma correta, com definição
previa do destino da área recuperada no projeto urbanístico paisagístico. Os
dados hidrológicos (vazão) da bacia de contribuição para o dimensionamento
das obras hidráulicas em com o conhecimento topográfico da área em estudo.
A elaboração de um PRAD (Plano de recuperação de áreas
degradadas) e indispensável para mitigar os impactos ambientais existentes
na área.
H – Educação Ambiental:
Devem ser inseridas palestras de cunho educacional dentro das
escolas do bairro e palestras para moradores, junto à associação de bairro
com objetivo de conscientizar as pessoas que a preservação ambiental faz
parte da melhoria da qualidade vida. Com medidas deste cunho evita a
disposição de lixo inadequado evitando a presença de animais, insetos,
animais peçonhentos, ratos e outros.
6 Conclusão
Com a presente pesquisa conclui-se que;
- Com a não recuperação da voçoroca, continuará a perda sócio ambiental
para a população com contínuo redução da qualidade de vida e
conseqüentemente aumentado o passivo ambiental para o poder público.
- A falta de um planejamento urbano permitiu o desequilíbrio ambiental da
área com o surgimento da Voçoroca e sua recuperação é viável tecnicamente
e economicamente, pois são medidas de baixo custo em relação ao alto
retorno ambiental e social para a população.
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