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Opi­ni­ão
Aná­po­lis, de 20 a 26 de janeiro de 2012
Vander Lúcio Barbosa
edi­to­ri­al
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Problema sem fim
O
problema vivido em
Anápolis, há anos,
com a falta de espaço para o desenvolvimento
de uma política carcerária
aceitável, pelo menos do
ponto de vista legal, não é
segredo para ninguém. Todo
mundo sabe que o Município precisa, com urgência,
de resolver esta pendência.
É desagradável, para não dizer constrangedor, a cidade
mais importante do interior,
com um PIB nas alturas, o
funcionamento de um grande parque industrial e mais
de três dezenas de cursos
superiores, distribuídos em
várias faculdades, se ver às
voltas com uma situação
vexatória, sendo obrigada
a mandar detentos para
cadeias de outras comunidades. Mas, esta semana, a
situação se agravou. Com
a recusa da Casa de Prisão
Provisória, em Aparecida
de Goiânia, que não pode
receber mais presos de Anápolis, também por faltas de
vagas, abriu-se, novamente,
a ferida. Reunidas às pressas, lideranças correram em
busca de uma solução, mesmo que paliativa.
Com os presos fora de
Anápolis, agravam-se os
problemas. Os advogados
criminalistas têm dificuldades em atenderem a seus
clientes; juízes e promotores, igualmente têm suas
ações dificultadas, as famílias dos detentos ficam
impedidas de os visitarem
e, assim, vai. Até quando,
não se sabe. Fala-se que
estaria faltando empenho
de alguns setores, dentre
eles, o político. É urgente,
então, que as arestas sejam
aparadas e que o problema
vivido agora, o seja por um
breve tempo. Se não houver
arestas, melhor ainda. Anápolis merece.
Rev. Samuel Vieira
[email protected]
Que vida besta!
M
eu pai tinha um
hobbie que foi cultivado e transmitido para dois de seus filhos.
Ele amava caçar, infelizmente (ou felizmente), eu
fui o filho que nunca compartilhou de seu lazer. Ele
costumava se embrenhar
em matas, às vezes ficando
acampado por lá até atingir
o seu alvo. Em muitas destas viagens, meus irmãos o
acompanharam.
O irmão mais novo,
sempre foi muito entusiasmado com estas viagens, e
numa de suas primeiras experiências, ficou suspenso
numa rede amarrada entre
árvores, esperando que o
animal viesse comer as frutinhas que caiam da árvore. Naquela noite, nenhum
animal apareceu, exceto
um tatu que passou longe
de onde se encontravam.
Ao voltar para casa,
meu irmão perguntou que
animal era aquele e recebeu a seguinte explicação:
“Quando chega a noite, al-
guns animais saem para comer. O tatu sai de sua toca,
come e volta novamente
para sua casinha”. Meu irmão pensou um pouco e
disse: “Eles fazem isto toda
noite?” Diante da afirmativa de meu pai ele respondeu: “Que vida Besta!”
Mais tarde descobri que
esta reflexão era um veio
filosófico do meu irmão,
porque Carlos Drummond
de Andrade fez a mesma
afirmação no seu poema,
Cidadezinha qualquer.
Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Êta vida besta, meu Deus.
De Alguma poesia (1930)
Acho que esta visão sobre a vida revela o sentimento de milhões de pessoas que apenas trabalham
para comer, comem para
trabalhar, vestir e dormir;
dormem para trabalhar, e
vestem para comer e novamente dormem, num ciclo
quase infindável de idas e
vindas, cuja existência vai
desembocar num túmulo
frio e ridículo onde cessam
todos os sonhos, desejos e
frustrações. Uma vida besta, sem sentido e propósito!
No entanto, a vida é bem
mais que comer, dormir, trabalhar. A vida adquire sentido quando encontra um
Norte como referência para
sua história. Jesus percebeu
isto nos seus discípulos, e
fez uma afirmação extremamente importante: “Eu vim
para que tenham vida, e a tenham em abundância”. Existe alguém que pode transformar esta experiência tola de
existir em uma vida plena de
significado. Jesus afirmou:
“Quem crê em mim, do seu
interior fluirão rios de água
viva!”. Não é exatamente
para esta direção que nosso
coração tão ansiosamente
anseia caminhar?
Samuel Vieira é pastor
evangélico, mestre em Teologia
Elias Hanna
[email protected]
Sobre Chicos
e Franciscos
A
I
nápolis apresenta,
como se sabe, índices de crescimento
acima da média brasileira, o
que vem chamando a atenção de grandes grupos econômicos da área industrial,
prestação de serviços, logística e grandes redes varejistas. Isto é extremamente
benéfico ao Município que
assiste a um aumento crescente de sua arrecadação.
Anápolis já responde por
cerca de 9% do PIB goiano
recuperando índices da década de 70, quando recebeu
a alcunha de Manchester
devido à sua força econômica. Todos ganham com
o crescimento da Cidade,
principalmente o prefeito,
comandante maior.
Estranho é que alguns
dos soldados do comandante não se esforcem para
que as benesses desse crescimento atinjam números
ainda mais animadores,
senão vejamos: Uma grande rede de supermercados,
o Bretas, chegou à Cidade
com a intenção de construir três lojas e um centro
de distribuição com investimentos superiores a R$
40.000.000,00 e geração de
cerca de 500 empregos, mas
vem encontrando todo tipo
de dificuldades para gerar
riquezas ao Município. Uma
de suas lojas não pôde, sequer, ter iniciada a construção, pois estaria localizada
no caminho de um futuro
viaduto. O pior é outra loja
já completamente construída; com funcionários treinados, mercadorias nas gôndolas e impossibilitada de
funcionar sob o argumento,
do Meio Ambiente, de que
havia sido construída sobre o leito de uma nascente
d’água. Basta olhar em volta
e vê-se uma dezena de edifícios sobre o leito do mesmo córrego. A uns, a visão;
a outros, a cegueira. Pior é
a Granol, que contamina
toda a nascente do Córrego
Barreiro dizimando a flora
e a micro fauna da região
sem que ninguém do Meio
Ambiente se incomode. Os
diretores do Bretas devem
estar pensando que, em
Anápolis, pau que bate em
Chico, não necessariamente bate em Francisco. Se o
legado maior da Revolução
Francesa segundo o qual todos são iguais perante a lei,
não é de todo aplicado em
Anápolis, é premente que
o comandante assuma seu
papel na resolução do presente conflito chamando a
atenção de seus soldados,
uma vez que “a culpa nunca é do soldado. Sempre é
do comandante”.
II
Rezava a lenda que,
diante de um naufrágio, o
comandante deveria ser o
último a abandonar o navio. O comandante do navio Costa Concordia Francesco Schettino agiu como
agem os ratos, abandonando a embarcação. Esperava
encontrar queijos em solo
firme. Esqueceu-se que,
não raro, queijos podem
ser vigiados por gatos.
III
No último final de semana assisti ao ultimo show de
Chico Buarque. Impossível
não associar a desgraça do
Comandante Francesco a
letra de ‘Ana de Amsterdã’:
“Arrisquei muita braçada,
Na esperança de outro mar,
Hoje sou carta marcada,
Hoje sou jogo de azar”. Pensando bem, Chico é Chico,
os outros são Franciscos.
Elias Hanna - Médico Endocrinologista
Os presos de Anápolis
N
inguém nasce criminoso, apesar de a “teoria Lombrosiana”
apontar para tal. E, dificilmente, alguém criaria filhos
para o mundo da bandidagem, muito embora, também, os maus exemplos, às
vezes, possam influenciar.
Mas, na ordem natural das
coisas, o ser humano foi feito para viver em harmonia,
em paz e na busca de uma
vida de melhor qualidade.
Entretanto, existem o ideal,
o possível e o real. E, ultimamente, a sociedade brasileira vive um fenômeno social
que, claro, existe, também
em outras nações: o crime
está em uma ascendência
preocupante, deixando sem
sono as maiores autoridades
em criminologia e em justiça, nos quatro continentes.
A banalização da vida (e da
morte) é uma realidade posta diante de todos nós que,
atônitos, não enxergamos
alternativas para nos vermos livres de tal situação.
Da mesma forma, os bens
e propriedades das pessoas estão sendo dizimados;
surrupiados, roubados e,
literalmente, tomados, sem
que haja uma reação a respeito de tamanho abuso.
Vivemos em dois brasis: um, cantado em prosa
e verso, do qual se dizem
maravilhas, uma espécie
de paraíso tropical, onde
carnaval, futebol e muita
cerveja, são coisas preponderantes. Este Brasil, em escala preocupante, tem sido
financiado, abastecido, e
mantido, em grande parte, por dinheiro de origem
duvidosa. Os noticiários do
dia-a-dia estão aí, servindo
de prova. O outro Brasil é
aquele dos trabalhadores,
grande parte deles, miseráveis que não podem comprar o remédio para o filho
enfermo, ou para a esposa
que necessita. Os trabalhadores que veem, sem muito
espanto, o dinheiro que pagam em forma de tributos,
sendo esbanjado pelos ocupantes dos confortáveis e
atapetados salões onde, na
maioria das vezes, se arquitetam planos mirabolantes
para se sugar, ainda mais,
o que resta de dignidade
para as categorias de menor
poder aquisitivo, político e
social. Este segundo Brasil
é infinitamente maior, mas
é, também, infinitamente
mais fraco e se submete a
tais tipos de coisa.
Assim sendo, de realidade em realidade, vivemos todos. Em Anápolis,
esta semana, chegou-se,
de novo, às raias do absurdo. Presos, gente que tem
contas a ajustar com a sociedade, depositados em
um calabouço que mais
lembrava as masmorras da
história medieval. Isto, por
que a Cidade não tem um
estabelecimento para acomodar essa gente e por que
houve a recusa da diretoria
da Casa de Prisão Provisória, em Aparecida de Goiânia, de “importar” ‘nossos
presos’. Enquanto isso, os
políticos e as autoridades
se perdiam em intermináveis reuniões, entrevistas e
poses para fotografias. Solução, mesmo, que é bom,
praticamente
nenhuma.
Os mesmos arremedos de
sempre. E, a sociedade, o
que acha de tudo isso?
Claro que criminoso tem
de pagar pelo que fez. Afinal de contas, ele feriu a
sociedade, feriu pessoas e/
ou instituições. Entretanto,
é imperioso que se aja racionalmente. Até porque, estas
pessoas, hoje, envolvidas
com o crime são, em maior
ou menor escala, frutos desta mesma sociedade que as
recrimina. E, é bom lembrar,
ainda, que por não existir
prisão perpétua, nem pena
de morte no Brasil, um dia,
estes criminosos vão sair da
cadeia, claro, se não morrerem por lá. E, como sairão?
Iguais, ou piores do que
como entraram? Com será
que a sociedade os receberá?
de plantão.
Um dia li uma parábola que falava de um
panificador que era praticamente analfabeto, mas
cujo negócio crescia de
vento em popa, tanto que
mandou seu filho para estudar na Europa; e já formado chegou o filho da
Europa, pós-graduado, e
apavorado com o volume
de compras que o pai fazia para o seu estabelecimento; o filho foi alertar
o pai sobre a crise e confiando na cultura do filho
estudado, foi reduzindo
as compras; e então os
clientes já não achavam
mais tudo que procuravam em sua loja, e foram
deixando de ir até lá... e a
crise chegou para o panificador...
Temos que seguir a
vida sempre com prudência, mas sem dar
muita atenção para essas
ameaças de recessão. Se
começarmos a dar ‘bola’
pra isso, nós realmente
promoveremos uma crise
sem precedentes.
A vida não para e as
pessoas continuam co-
mendo, vestindo, trocando de carro, comprando
casa, enfim... Ninguém
vive sem isso... E o mundo não pode parar.
Há que se ter fé na vida,
e acima de tudo, fé em si
mesmo... e trabalhar, e
trabalhar e trabalhar... Fé
e trabalho, esse deve ser o
lema de todos.
Ao contrário do que
todo mundo pensava, a
Europa, tão rica, passa
hoje por dificuldades, e
o Brasil, tão de terceiro
mundo por tantas décadas, está crescendo, não
exatamente por conta de
políticas públicas, mas
porque o povo é muito
guerreiro e trabalhador
e porque o empresariado
brasileiro é arrojado e corajoso.
Que
continuemos
assim, trabalhando e
crescendo. Com garra e
trabalho, a Europa se recuperará e nós não seremos atingidos por esse
furacão chamado crise, se
continuarmos no mesmo
ritmo de trabalho.
Vander Lúcio Barbosa é
publicitário, diretor geral
do CONTEXTO e do Guia
Anápolis Lista Telefônica.
Andréa Siqueira
[email protected]
Crise
C
rise... Não gosto
de ouvir falar em
crise, porque o ficar falando nisso, parece
agravar a crise. É claro
que elas existem, que elas
acontecem... e muito, ou
totalmente, por culpa
dos governos, que gastam mais que podem, que
deixam dívidas para os
governos seguintes, como
bem diz Stephen Kanitz
num artigo: “No caso da
Europa, os governantes
atuais estão tendo de pagar dívidas que não contraíram. Daí, a má vontade em achar uma solução.
Por isto, a total falta de
compromisso em reduzir
despesas para pagar dívidas que não contraíram”.
Mas, não me lembro
de uma época em que
os meios de comunicação não tenham alardeado crises aqui ou acolá.
Claro que não fazem isso
gratuitamente. Mas, penso que muito do avanço
das crises econômicas se
devem ao sensacionalismo que é feito por toda
a mídia, dando atenção
demais aos pessimistas
Opinião do leitor
Buracolândia
É certo que a Prefeitura
está realizando um bom trabalho na região central da
cidade. Parabéns ao Prefeito
e toda a sua equipe. Afina de
contas, eles estão aplicando
bem o dinheiro arrecadado. Mas, nós, moradores da
chamada periferia, também
temos o direito de receber
benefícios. Concordam? As-
Andréia Siqueira é
advogada
sim sendo, peço encarecidamente que os agentes públicos do município façam
uma visita aos bairros e que
vão acompanhados de máquinas para taparem a grande quantidade de buracos.
Ah! Levem os vereadores.
Professora Meire Sena
(por e-mail)
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