A DOENÇA NA VIDA HUMANA
Quem já experimentou em si mesmo ou conviveu com um parente ou amigo com uma
doença séria, sabe como a pessoa doente pode ficar abalada, exterior e interiormente.
O doente é tirado de sua vida normal, de sua profissão e da sociedade. A experiência de
fraqueza, isolamento, medo, dores físicas e espirituais podem levá-lo ao desânimo e ao
desespero. A doença nos mostra que não somos os donos da saúde e da vida.
Sem dúvida, a doença pode também fazer amadurecer em nós forças desconhecidas.
Ela pode nos levar a uma compreensão mais profunda da brevidade e transitoriedade
de muitas coisas que, normalmente, parecem importantes demais e exigem toda a
nossa atenção. A doença pode ajudar a estabelecer um relacionamento novo e melhor
com aqueles que estão ao nosso redor, especialmente na família. Ela pode nos levar a
descobrir e refletir sobre as questões mais fundamentais da vida. Ela é um desafio para
uma vida mais ligada e mais unida a Deus. Não que Deus nos castigue. Pelo contrário,
quer nossa salvação, felicidade, não só no aqui, mas eternamente. Então... Infelizmente
(ou felizmente?!) quem não aprender no amor, aprende na dor!
E contudo, a doença não deixa de ser um mal. Deus quer a vida, plena vida, com saúde.
Sentimo-nos de maneira sadia, se nos defendemos contra qualquer ameaça à vida. Por
isso, os médicos e todos os que estão a serviço dos doentes, para lhes dar conforto e
ajudar a restabelecer a saúde, cumprem uma missão cristã. Fazemos bem se na
doença procuramos recuperar saúde e se todos ajudamos os doentes a manterem ou
descobrirem de novo a vontade de superar a doença. Com uma aceitação meramente
passiva que se pode esconder sob o manto de devota resignação, não respondemos à
providência divina, embora a entrega à vontade de Deus, especialmente em situações
extremas, seja a única atitude verdadeiramente cristã.
Em todo caso, apesar de toda repugnância de nossa parte, devemos reconhecer que
não podemos sempre superar a doença, pelas nossas próprias forças. Muitas vezes
também os enfermeiros e os médicos mais dedicados não podem nada diante do
mistério da doença.
A DOENÇA NA SAGRADA ESCRITURA
A sagrada Escritura vê na doença um sinal de que nós vivemos num mundo que não
está ainda plenamente sob o domínio de Deus. Mas a doença, ainda que intimamente
1
ligada à condição do homem pecador, não pode ser considerada como castigo e em
proporção com os pecados concretos de uma determinada pessoa (cf. Lc 13,1-5; Jo 9,23). Isso não exclui que, às vezes, a doença possa ser conseqüência de pecados
pessoais. Resolutamente, a Bíblia rejeita a idéia de que Deus possa punir os pecados
dos pais nos filhos, fazendo-os cair na doença (Jo. 9,2; Jr 31,29).
JESUS E OS DOENTES
Nos evangelhos, Jesus se mostra como o grande adversário e vencedor da doença:
“Traziam-lhe todos os que sofriam várias doenças e incômodos e ele os curava” (Mt
4,24). A Escritura vê nisso um sinal de que, em Jesus, chegou o Reino de Deus. Pelas
curas, Jesus manifesta que Deus quer a salvação de todos os homens e o
restabelecimento da criação. A doença é vencida em sua raiz. Por mais grave que seja,
ela não é um mal absoluto. Deus é a salvação do doente, embora tenha que passar pela
morte. Deus ama não apenas os que têm saúde, mas também, e de modo especial os
doentes que não valem muito ou nada aos olhos do mundo. Os doentes pertencem a
mesma categoria dos pobres, em sentido bíblico, e são os prediletos de Deus.
Quem tem o amor de Deus, está na salvação, também nos dias da doença. Em Jesus
nos foi revelado que Deus não está longe dos doentes; pelo contrário, está
especialmente perto. Jesus mesmo passou pela dura realidade da cruz. Também ele
sofreu feridas e dores físicas e espirituais.
Devemos ficar sempre mais conscientes de que, conforme as palavras do apóstolo São
Paulo, pela doença e pelo sofrimento “completamos em nossa carne o que falta às
tribulações de Cristo, em favor do seu corpo que é a Igreja” (Cl 1,24).
A IGREJA E OS DOENTES
Com a palavra “Curai os doentes” (Mc 10,8), Jesus transmitiu aos seus discípulos a
missão de cuidar dos doentes. A Igreja entendeu que essa palavra foi dirigida a si
mesma e procura, então, cumprir essa tarefa: No decorrer da história ela fundou
hospitais e ambulatórios, Congregações de homens e mulheres que cuidam dos
doentes, Associações caritativas. Ela nos exorta continuamente a servirmos aos
doentes. Ultimamente ela vem insistindo na formação de ministros leigos dos doentes
em nossas comunidades. Ela está preocupada em não deixar os doentes sozinhos, mas
2
quer acompanhá-los em suas horas e dias mais difíceis, lembrando-se da palavra de
Jesus: “Estava doente e me visitastes” (Mt 25,36). Ela quer
ajudar os membros
enfermos para que possam recuperar a saúde e suportar o sofrimento num espírito
cristão.
Importantes são sobretudo a fé e a confiança na bondade de Deus. Precisamente, o
doente experimenta que vida e saúde são dons de Deus. Na doença aprendemos que
não podemos simultaneamente receber a vida da mão de Deus e viver sem nos lembrar
dele. Por isso, o sofrimento é sempre um chamado de Deus à revisão de vida à
conversão. Sofrendo, sentimos que Deus é nossa salvação, e que tudo o que temos e
somos é dele.
3
Download

A Doença na Vida Humana