Geografia GEOGRAFIA FÍSICA I NOÇÕES ESPACIAIS – ROSA-DOS-VENTOS Pontos Cardeais: # Norte (N) # Sul (S) # Leste (E) # Oeste (W) Pontos Colaterais: # Nordeste (NE) # Noroeste (NW) # Sudeste (SE) # Sudoeste (SW) Pontos Subcolaterais: # Norte-Nordeste (NNE) # Norte-Noroeste (NNW) # Sul-Sudeste (SSE) # Sul-Sudoeste (SSW) # Leste-Nordeste (ENE) # Leste-Sudeste (ESE) # Oeste-Noroeste (WNW) # Oeste-Sudoeste (WSW) REDE DE COORDENADAS – PARALELOS / MERIDIANOS E LATITUDE / LONGITUDE Meridianos Os meridianos são linhas imaginárias em forma de semicírculos, que vão de um pólo a outro. O principal meridiano, estabelecido como meridiano central da Terra no século XIX, é o Meridiano de Greenwich, que juntamente com a Linha Internacional da Data, divide a Terra em hemisférios Leste e Oeste. A partir do Meridiano de Greenwich é medida a longitude A longitude é a medida em graus, do lugar considerado a Greenwich.Todos os pontos que se encontram à mesma distância de Greenwich estão no mesmo meridiano. Esta distância vai de 0º a 180º, tanto Leste quanto Oeste. Paralelos Os paralelos são linhas imaginárias em forma de círculos, paralelos à Linha do Equador, que é o principal paralelo da rede de coordenadas. Os paralelos possuem tamanhos diferentes, sendo que o Equador é o maior de todos (considerado um círculo máximo, pois divide a Terra em dois hemisférios iguais). A partir da Linha do Equador é medida a latitude. A latitude é a distância, medida em graus, do lugar considerado ao Equador. Todos os pontos que se encontram à mesma distância do Equador estão no mesmo paralelo. Esta distância vai de 0º a 90º, tanto Norte quanto Sul. Cálculo de Coordenadas Geográficas: Para determinar a localização de um ponto qualquer na superfície terrestre através de mapas ou cartas, devemos verificar as coordenadas (longitude e latitude), definidas em graus, minutos e segundos, e ler estes valores. Ponto de Antípoda: É o nome dado ao ponto geográfico simétrico de um ponto que tem coordenadas geográficas conhecidas, em relação a um referencial. Ou seja, é o ponto contrário a determinado paralelo (latitude) ou meridiano (longitude). #Quanto à latitude (lembrando, que vai de 0° a 90°, sempre Norte ou Sul), o ponto de antípoda será a mesma latitude no hemisfério oposto. Ex.: 40°N - seu ponto antípoda será 40°S. #Quanto à longitude (lembrando, que vai de 0° a 180°, sempre Leste ou Prof. Marcos Bohrer 1 Geografia Oeste), diminui-se o ponto dado de 180° e troca-se o hemisfério. Ex.: 60°W - seu ponto de antípoda será 120°E, pois 180°- 60°=120°. ROTAÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS MOVIMENTO DE ROTAÇÃO Ocorre de Oeste para Leste; Dura aproximadamente 24 horas; Sucessão dos dias e das noites; Formato do Planeta; Efeito Coriólis; Deslocamento dos ventos atmosféricos; Trajetória das correntes marinhas; Diferença no nível do mar entre as bordas leste e oeste dos continentes http://nautilus.fis.uc.pt/astro/hu/movi/images/imagem5.jpg FUSO HORÁRIO A velocidade das comunicações acabou impondo a necessidade de unificação da hora em todo o mundo. Para tanto, criou-se um sistema de fusos horários, cujos princípios foram propostos em 1884 na Conferencia de Washington. Por esse sistema, o globo terrestre foi dividido em 24 fusos horários, cada um deles equivalendo a uma hora ou 15º. Adotou-se como fuso de referência o de Greenwich, responsável pela hora oficial mundial, ou gora GMT (Greenwich Meridian Time). Esse fuso é formado pela soma de 7,5º a leste e 7,5º a oeste do meridiano de 0º. A Terra leva, aproximadamente, 24 horas (um dia) para completar seu movimento de rotação no sentido Oeste-Leste e, portanto percorrer 360º. Dividindo-se 360º por 24 horas obtém-se 15º logo, cada fuso equivale há 1 hora e a distância de 15º. Essa distância é o tempo que o Sol demora para iluminar esta faixa de 15º da superfície terrestre. Assim sendo, o globo foi dividido em 24 fusos de 15º cada. Todos os fusos apresentam horários definidos em relação a Greenwich (Gr.) e, como a Terra gira de Oeste para Leste, as localidade a Leste estão sempre com horário adiantado em relação as que se encontram a Oeste de Greenwich. FUSOS DO BRASIL Prof. Marcos Bohrer 2 Geografia A Linha Internacional de Data Também chamada de Linha Internacional de Mudança de Data ou apenas Linha de Data, é uma linha imaginária na superfície terrestre oposto ao Meridiano de Greenwich, mas não coincide exatamente com Meridiano 180º teórico, e implica mudança de data obrigatória ao cruzá-la. Há discrepâncias em seu desenho porque grupos de ilhas, devido a diversos fatores geopolíticos, se posicionam à leste ou oeste. Mesmo assim, ao cruzar de Leste para Oeste, soma-se 24 horas, e, ao passar de Oeste para Leste, subtrai-se um dia. TRANSLAÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS MOVIMENTO DE TRANSLAÇÃO Movimento em que a Terra executa em torno do Sol; Leva aproximadamente 365 dias e 6 horas; as estações do ano (em conjunto com a inclinação do eixo da Terra); equinócios e solstícios; desigual distribuição de luz e calor na Terra; desigual duração dos dias e das noites; ano bissexto. 1.1. Periélio: Posição mais próxima entre a Terra e o Sol, ao longo do ano (147.100.000 km). Ocorre no dia 3 de janeiro. 1.2. Afélio: Posição mais afastada entre a Terra e o Sol, ao longo do ano (152.100.000 km). Ocorre no dia 4 de julho. 1.3. Equinócios: Correspondem às épocas do ano em que ambos os hemisférios são igualmente iluminados, isto porque o Sol está passando sobre a linha do Equador com ângulo de 90º. Os equinócios ocorrem nos dias 23 de setembro e 21 de março. Fonte: elaborado pelo autor. 1.4. Solstícios: Correspondem às épocas do ano em que os hemisférios Norte e Sul estão desigualmente iluminados, coincidindo com a passagem do Sol pelos trópicos, com ângulo de 90º. Ocorrem nos dias 21 de junho e 22 de dezembro. Prof. Marcos Bohrer 3 Geografia Tabela das posições Terra-Sol e Estações do Ano DATA POSIÇÃO DA TERRA POSIÇÃO DO SOL ESTAÇÃO DO ANO DURAÇÃO DOS DIAS E DAS NOITES NORTE SUL NORTE SUL 21/03 Equinócio Equador Primavera Outono Dia=Noite Dia=Noite 21/06 Solstício T. Câncer Verão Inverno Dia>Noite Dia<Noite 21/09 Equinócio Equador Outono Primavera Dia=Noite Solstício T. Capricórnio Inverno Verão Dia<Noite 21/12 Dia=Noite Dia>Noite REPRESENTAÇÃO CARTOGRÁFICA A cartografia — a técnica e a arte de produzir mapas — é a linguagem da Geografia. Mapas físicos, políticos e temáticos revelam os aspectos visíveis da paisagem ou as fronteiras políticas, espelham projetos de desenvolvimento regional ou contribuem para organizar operações militares. As tentativas de cartografar o espaço geográfico remontam aos povos antigos, que já registravam elementos da paisagem e fixavam pontos de referência para seus deslocamentos e expedições. A cartografia se desenvolveu paralelamente ao comércio e à guerra, acompanhando a aventura da humanidade. Atualmente, a produção de mapas emprega técnicas sofisticadas, baseadas nas fotografias aéreas e em imagens obtidas por satélites de sensoriamento remoto. Mapas são fontes de saber e de poder. Os mapas e cartas geográficas correspondem a instrumentos fundamentais da linguagem e da análise geográficas. Eles têm uma função primordial: conhecimento, domínio e controle de um determinado território. Por isso, são fonte de informações que interessam a quem tem poder político e econômico Elementos de um mapa A confecção de um mapa é uma tarefa de certa complexidade. Abrange um conjunto de operações que vão desde os levantamentos no próprio terreno e a análise de documentação (fotos aéreas, por exemplo) até o estudo de expressões gráficas (legendas etc.) e outros aspectos. Os mapas modernos são elaborados com o auxílio de instrumentos e recursos muito avançados, tais como fotografias aéreas, satélites artificiais e computadores. Os elementos de um mapa são: Escala, Projeções Cartográficas, Símbolos ou Convenções e Título. Mapa Representação plana; Geralmente em escala pequena; Área delimitada por acidentes naturais e políticoadministrativos; Destinação a fins temáticos, culturais ou ilustrativos. Carta Representação plana; Escala média ou grande; Desdobramento em folhas articuladas de maneira sistemática; Os limites das folhas são constituídos por linhas convencionais, destinadas à avaliação precisa de direções, distâncias e localização de pontos, áreas e detalhes. Planta A planta é um caso particular de carta; A representação se restringe a uma área muito limitada; A escala é grande, conseqüentemente o número de detalhes é bem maior. SISTEMAS DE PROJEÇÃO Os sistemas de projeções cartográficas foram desenvolvidos para dar uma solução ao problema da transferência de uma imagem da superfície curva da esfera terrestre para um plano da carta, o que sempre vai acarretar deformações. Os sistemas de projeções constituem-se de uma fórmula matemática que transforma as coordenadas geográficas, a partir de uma superfície esférica (elipsoidal), em coordenadas planas, mantendo correspondência entre elas. O uso deste artifício geométrico das projeções consegue reduzir as deformações, mas nunca eliminá-las. Os tipos de propriedades geométricas que caracterizam as projeções cartográficas, em suas relações entre a esfera (Terra) e um plano, que é o mapa, são: a) Conformes – os ângulos são mantidos idênticos (na esfera e no plano) e as áreas são deformadas. b) Equivalentes – quando as áreas apresentam-se idênticas e os ângulos deformados. c) Afiláticas – quando as áreas e os ângulos apresentam-se deformados. Prof. Marcos Bohrer 4 Geografia CLASSIFICAÇÃO DOS MAPAS 3.1. Quanto à superfície de projeção: Projeção Cilíndrica Os paralelos e os meridianos foram projetados a partir do centro da esfera. A linha do Equador é a única coordenada que mantém a dimensão original. Os pólos não podem ser projetados. Os paralelos e os meridianos cruzam-se formando ângulos retos. É bastante utilizada na navegação e na confecção de mapas-mundi. Os países situados ao longo e nas proximidades da linha do Equador apresentam pequenas distorções, comparados com aqueles situados em latitudes mais elevadas. Projeção Cônica As coordenadas traçadas na esfera são projetadas no cone do Equador ao pólo, isto é, somente um hemisfério é representado. A única coordenada que mantém a dimensão original é o paralelo tangente ao cone (zona temperada). Os meridianos que são projetados no cone encontram-se nos pólos. Os países localizados dentro da região temperada entre os trópicos e os círculos polares, apresentam pequena pequenas distorções em relação aos das regiões intertropical e polar. Projeção azimutal O pólo é projetado no centro do plano. Os meridianos são linhas retas, partindo do pólo, e os paralelos são círculos concêntricos. As regiões polares e as áreas circunvizinhas são representadas com pequenas distorções. Essa projeção é bastante utilizada na navegação aérea do hemisfério norte, devido ao maior fluxo de transporte nesta região. Projeção Cilíndrica de Mercator Nesta projeção os meridianos e os paralelos são linhas retas que se cortam em ângulos retos. Corresponde a um tipo cilíndrico pouco modificado. Nela as regiões polares aparecem muito exageradas. Prof. Marcos Bohrer 5 Geografia Projeção Cilíndrica de Peters Outra projeção muito utilizada para planisférios é a de Arno Peters, que data de 1973. Sua base também é cilíndrica equivalente, e determina uma distribuição dos paralelos com intervalos decrescentes desde o Equador até os pólos, como podemos observar no mapa ao lado. As retas perpendiculares aos paralelos e as linhas meridianas têm intervalos menores, resultando na representação das massas continentais, um significativo achatamento no sentido Leste-Oeste e a deformação no sentido Norte-Sul, na faixa compreendida entre os paralelos 60o Norte e Sul, e acima destes até os pólos, a impressão de alongamento da Terra. ESCALA Escala é a relação entre dois pontos quaisquer do mapa com a correspondente distância na superfície da Terra, ou seja, é a razão entre a dimensão representada no mapa e sua correspondente no terreno. Traduzida, geralmente por uma fração, significa que esta fração representa a relação entre as distâncias lineares da carta e as mesmas distâncias da natureza, ou melhor: é a fração em que o numerador representa uma distância no mapa, e o denominador a distância correspondente no terreno, tantas vezes maior, na realidade quanto indica o valor representado no denominador. Existem os seguintes tipos de escalas: Trata-se de uma fração ou proporção que estabelece a relação entre a distância ou comprimento no mapa e a distância correspondente no terreno. Por exemplo: se um determinado mapa estiver na escala 1:200.000 (um por duzentos mil), isso significa que cada unidade de distância no mapa (1 cm, por exemplo) corresponde a 200 mil unidades (200 mil cm, no caso) no terreno, ou seja, 1 cm no mapa é igual a 200 mil cm no terreno. A Escala Gráfica: aparece sob a forma de uma reta dividida em várias partes, cada uma delas com uma graduação de distâncias. A sua utilidade é a mesma da escala numérica. Apresenta-se sob a forma de segmento de reta graduado. Por exemplo: Cálculo da Escala Informações Marginais Legenda A legenda é parte integrante de qualquer mapa. Ela é constituída de um conjunto de informações que, exibida em uma das margens do mapa, auxiliará o usuário a ler, compreender, interpretar e julgar um determinado documento cartográfico. Uma legenda constitui-se da apresentação de todas as convenções aplicadas no mapa e das informações complementares para que essa leitura seja realizada, tais como: tado ou Município. culação com os mapas vizinhos (quando houver ) Prof. Marcos Bohrer 6 Geografia Fragmentos das imagens que deram origem ao mapa podem também ser utilizados na legenda de alguns tipos de documentos cartográficos, para mostrar como os elementos do terreno são representados nesses mapas. Leitura de Mapas A leitura de um documento cartográfico não é uma tarefa difícil embora exija do usuário atenção, principalmente quando ele deseja extrair informações que não estão explicitadas por símbolos ou convenções. Os documentos cartográficos em escala pequena, apresentando aspectos físicos do terreno, são os mapas mais simples de serem lidos. Mas todos os mapas tornam-se documentos de simples leitura desde que acompanhados de uma legenda, na qual esteja explicitados todos os símbolos, cores e convenções empregadas para definir os elementos do terreno ou fenômenos mapeados. A imagem de satélite e a fotografia aérea não possui esta facilidade, o que exige do usuário conhecimentos para sua interpretação. Outras convenções cartográficas, tais como símbolos, cores e figuras são encontradas na legenda dos mapas, sinalizando temas de caráter geral ou específicos, de forma que o cartográfico possa ser lido e interpretado CURVAS DE NÍVEL Denominadas de isoípsas, são linhas que unem pontos de mesma altitude do relevo. O relevo submarino também é representado de forma análoga, porém o processo de levantamento é o sonar (ultra-som) e as curvas de nível são denominadas batimétricas. A curva de nível constitui uma linha imaginária do terreno, em que todos os pontos de referida linha têm a mesma altitude, acima ou abaixo de uma determinada superfície da referência, geralmente o nível médio do mar. Com a finalidade de ter a leitura facilitada, adota-se o sistema de apresentar dentro de um mesmo intervalo altimétrico, determinadas curvas, mediante um traço mais grosso. Tais curvas são chamadas "mestras", assim como as outras, denominam-se "intermediárias". Existem ainda as curvas "auxiliares". GEOGRAFIA HUMANA I AGRICULTURA “Cerca de 800 milhões de pessoas passam fome no mundo, a maioria na África e na Ásia. O problema continuará existindo enquanto a tecnologia, o capital e as elevadas produções de alimentos estiverem concentrados em países ricos e bem alimentados. Muito pouco sobrará para a multidão de famintos, excluídos das técnicas, das melhores formas de cultivo, e conseqüentemente, do alimento que os salvará da miséria.” Jacques Diouf - Relatório sobre a fome no mundo 2002 – FAO / ONU Sistemas Agrícolas Os sistemas agrícolas e a produção pecuária podem ser classificados como intensivos ou extensivos. Essa noção está ligada ao grau de capitalização e ao índice de produtividade, independentemente do tamanho da área cultivada ou de criação. As propriedades que, através da utilização de modernas técnicas de preparo do solo, cultivo e colheita, apresentam elevados índices de produtividade e consegue explorar a terra por um longo período de tempo, Prof. Marcos Bohrer praticam agricultura intensiva. Já as propriedades que se utilizam da agricultura tradicional – aplicação de técnicas rudimentares, apresentando baixo índice de exploração da terra e obtendo, assim, baixos índices de produtividade – praticam agricultura extensiva. Na pecuária, por exemplo, o rendimento é avaliado pelo número de cabeças por hectare. Quanto maior a densidade de cabeças, independentemente do gado estar solto ou confinado, maior a necessidade de ração, de pastos cultivados e 7 Geografia de assistência veterinária. Com tudo isso, há um aumento da produtividade e do rendimento, que são características da pecuária intensiva. Quando o gado se alimenta apenas em pastos naturais, a pecuária é considerada extensiva e geralmente apresenta baixa produtividade. Intensivo: *Principais agentes: capital e trabalho; *Agente secundário: terra; *Alto rendimento por hectare; *Países desenvolvidos. Extensivo: *Principal agente: terra *Pouca mecanização *Baixo rendimento por hectare *Países subdesenvolvidos Tipología da Agricultura A Agricultura Itinerante de Subsistência e a Roça: Sistemas agrícolas largamente ampliados em regiões onde a agricultura é descapitalizada. A produção é obtida em pequenas e médias propriedades ou parcelas de grandes latifúndios (nesse caso parte da produção é entrega ao proprietário como forma de pagamento pelo aluguel da terra), com a utilização de mão-de-obra familiar e técnicas tradicionais e rudimentares. Por falta de assistência técnica e de recursos, não há preocupação com a conservação do solo, as sementes utilizadas são de qualidade inferior, não se inverte em fertilizantes e, por tanto, a rentabilidade, a produção e a produtividade são baixas. Após alguns anos de cultivo, há uma diminuição da fertilidade natural do solo, geralmente exposto à erosão. Ao perceber que o rendimento da terra está diminuindo, a família desmata uma área próxima e pratica a queimada para acelerar o plantio, dando início à degradação acelerada de um nova área, que também será brevemente abandonada. Daí o nome agricultura itinerante. Em regiões miseráveis do planeta, a agricultura de subsistência está voltada às necessidades imediatas de consumo alimentar dos próprios agricultores. A produção destina-se à subsistência da família do agricultor, que se alimenta praticamente apenas daquilo que planta. Tal realidade ainda existe em boa parte dos países africanos, em regiões do Sul e Sudeste Asiático e a América Latina, mas o que prevalece hoje é uma agricultura de subsistência voltada ao comércio urbano. O Agricultor e sua Família cultivam algum produto que será vendido na cidade mais próxima, mas o dinheiro que recebem é suficiente apenas para garantir a subsistência deles. Não há excedente de capital que lhes permita buscar melhorias nas técnicas de cultivo e aumento da produtividade. Esse tipo de agricultura é comum em áreas distantes de grandes centros urbanos, onde a terra é mais barata, em função das grandes dificuldades de comercialização da produção. Nesse sistema, predominam as pequenas propriedades, cultivadas em parceria. Existem também os posseiros, agricultores que simplesmente ocupam terras devolutas. Agricultura de Jardinagem Essa expressão se originou nos Sul e Sudeste da Ásia, onde há uma enorme produção de arroz em planícies inundáveis, com a utilização intensiva de mão-de-obra. Prof. Marcos Bohrer Tal como a agricultura de subsistência, esse sistema é praticado em pequenas e médias propriedades cultivadas pelo dono da terra e seus familiares ou em parcelas de grandes propriedades. A diferença é que nelas se obtém alta produtividade, através do selecionamento de sementes, da utilização de fertilizantes, da aplicação de avanços biotecnológicos e de técnicas de preservação do solo que permitem a fixação da família na propriedade por tempo indeterminado, Não há necessidade de ela se deslocar para outra área. Em países como as Filipinas, a Tailândia, a Indonésia, etc., devido à elevada densidade demográfica, as famílias contam com áreas muitas vezes inferiores um hectare e as condições de vida são bastante precárias. Em países que realizaram reforma agrária – Japão e Taiwan – e ao redor dos grandes centros urbanos de áreas tropicais, após a comercialização da produção e a realização de investimentos para a nova safra, há um excedente de capital que permite melhorar, a cada ano, as condições de trabalho e a qualidade de vida da família. Na China, desde que forma extintas as comunas populares, após a morte de Mao Tse-Tung, em 1976, houve um significativo aumentos da produtividade. A produção é predominantemente obtida em propriedades muito pequenas (inferiores a um hectare por família) e em condições de trabalho em geral ainda precárias. Devido ao excedente populacional, a modernização da produção agrícola foi substituída pela utilização de enormes contingentes de mão-deobra. No entanto, em algumas províncias litorâneas, está havendo um processo de modernização, impulsionado pela expansão de propriedades particulares e da capitalização proporcionada pela abertura econômica de 1978. Sua produção é essencialmente voltada para abastecer o mercado interno. As Empresas Agrícolas: São as responsáveis pelo desenvolvimento do sistema agrícola dos países desenvolvidos, com destaque para os Estados Unidos e a União Européia. Nesse sistema, a produção é obtida em médias e grandes propriedades altamente capitalizadas, onde se atingiu o máximo desenvolvimento tecnológico. A produtividade é muito alta em decorrência do selecionamento de sementes, uso intensivo de fertilizantes, elevado grau de mecanização no preparo do solo, no plantio e na colheita, utilização de silos de armazenagem, sistemático acompanhamento de todas as etapas da produção e comercialização por técnicos, engenheiros e administradores. Funciona como uma empresa e sua produção é voltada ao abastecimento tanto para o mercado interno quando do externo. Nas regiões onde se implantou esse sistema agrícola, verificase uma tendência à concentração de terras, na medida em que os produtores que não conseguem acompanhar a elevação do níveis de produtividade perdem condições de concorrer no mercado e acabam por vender suas propriedades. È o sistemas agrícola predominante nos Estados Unidos, Canadá, Austrália, União Européia (com exceção da região mediterrânea) e porção da Argentina e do Brasil (regiões onde se cultivam soja e laranja, por exemplo). Plantation Grande propriedade monocultora, com produção de gêneros tropicais, voltada para a exportação. Forma exploratória típica de países subdesenvolvidos, a plantation foi um sistema agrícola amplamente utilizado durante a colonização européia na América. Nesse período de expansão do capitalismo mercantilista, utilizava-se, em larga escala, a mão-de-obra 8 Geografia escrava. Expandiu-se posteriormente para África e sul e Sudeste da Ásia. Atualmente, esse sistema persiste em várias regiões do mundo subdesenvolvido (Brasil, Colômbia, América Central, Gana, Costa do Marfim, Índia, etc.), utilizando além de mão-de-obra assalariada, trabalho semi-escravo, que não envolve pagamento de salário. Trabalha-se em troca de moradia e alimentação. No Brasil, encontramos plantations em vastas porções do território, com destaca para as áreas que cultivam café e cana-de-açúcar, dois dos nossos principais produtos agrícolas de exportação. Ao lado das plantations sempre se instalam pequenas e médias propriedades policulturas, cuja produção alimentar abastece os centros urbanos próximos. O Espaço Agrário Nacional Estrutura Fundiária no Brasil e a Classificação das Propriedades Classificação dos Imóveis Rurais, segundo O Estatuto da Terra Minifúndio: Corresponde a toda propriedade inferior ao módulo fixado para a região em que se localiza e para o tipo de exploração que nela ocorre. Os minifúndios possuem quase sempre menos de 50 hectares de extensão, embora sua média seja de 20 hectares. Eles correspondem atualmente a cerca de 72% do total dos imóveis rurais do país, embora ocupem apenas cerca de 12% da área total desses imóveis. Latifúndio por dimensão: São todas as propriedades agrárias com área superior a 600 vezes o módulo rural. Os latifúndios por dimensão correspondem, nas estatísticas oficiais, a menos de 0,1% do número total de imóveis rurais, abrangendo uma área equivalente a cerca de 5% da superfície total ocupada pelas propriedades fundiárias. Sua área média situa-se um pouco acima de 100 mil hectares. Esses dados estatísticos, porém, talvez não sejam exatamente corretos, já que um proprietário pode dividir sua terra demasiadamente grande em vários imóveis, deixando, assim, de ser classificado como latifúndio por dimensão. Latifúndio por exploração: Corresponde aos imóveis de até 600 módulos rurais, onde a terra é mantida inexplorada, com fins especulativos, ou então é explorada de forma deficiente e inadequada. Sua área média é de 350 hectares, abrange cerca de 23% do número total de imóveis e equivale a aproximadamente 73% da área total das propriedades agrárias do país. Empresa rural: São os imóveis explorados de forma econômica e racional, com uma área que, no máximo, chega a 600 módulos rurais. Essas empresas abrangem cerca de 5% do número total de imóveis e uma área equivalente a quase 10% da superfície total ocupada pelas propriedades agrárias no Brasil. A área média dessas empresas rurais é de 221 hectares. As Relações de Trabalho no Campo Pequenos Proprietários: São lavradores que trabalham em base familiar. Eles representavam, em 1985, cerca de 7 milhões de pessoas ativas (isto é, que trabalham), o que equivale a perto de 40% da força de trabalho permanente da agropecuária brasileira. Uma parte desses minifundiários é constituída por posseiros. A organização do trabalho nos minifúndios baseia-se fundamentalmente na família, incluindo o proprietário e seus dependentes, que prestam serviços sem remuneração. Essas pequenas propriedades cultivam gêneros agrícolas e criam pequenas quantidades de suínos, aves e, às vezes, bovinos, conservando o essencial para o seu consumo e vendendo o excedente para adquirir roupas, remédios, bens industrializados, etc. Mas o preço que conseguem para sua produção é baixo, apesar de esses gêneros serem revendidos pelos intermediários nos centros urbanos a preços bem mais elevados. Isso submete esses pequenos proprietários de terras a uma condição de vida tão miserável que, muitas vezes, seus filhos são obrigados a migrar para as cidades em busca de empregos não-especializados. Muitos minifundiários trabalham em épocas de colheita nas grandes propriedades, já que o rendimento que obtêm em seus minifúndios nem sempre é suficiente para o sustento da família. Parceiros: São aqueles que trabalham em uma parte das terras de um proprietário, ficando com a metade (meeiros) ou com a terça parte do que é produzido (os terceiros). Há, ainda, nesse sistema de parceria, o exemplo do vaqueiro do sertão nordestino, que cuida do gado do fazendeiro e recebe um bezerro para cada quatro nascidos vivos (é o chamado quarteiro). Os parceiros não são empregados do proprietário de terras, pois não possuem carteira de trabalho assinada e este último não tem nenhuma obrigação trabalhista. São em geral trabalhadores pobres, que produzem com a ajuda da família. 9 Geografia Arrendatários: São aqueles que arrendam ou “alugam” a terra e pagam ao proprietário em dinheiro. Quando são pequenos arrendatários – a maioria –, pouco diferem da situação dos parceiros: recebem uma baixa remuneração e trabalham com a família. Quando são grandes arrendatários, muitas vezes possuem empregados e um padrão de vida mais elevado. Assalariados Permanentes: São os empregados que recebem salários e normalmente trabalham para grandes proprietários de terras. Eles representavam, em 1985, menos de 2 milhões de pessoas, o que equivalia a 10% da mão-de-obra rural do país. Como se vê, a relação de trabalho tipicamente capitalista é ainda minoritária no meio rural do Brasil.. Assalariados Temporários: São empregados pelas grandes fazendas apenas em épocas de maior necessidade de mão-de-obra, principalmente na colheita. Eles somavam mais de 4 milhões de pessoas em 1985 – o equivalente a quase 25% da mão-de-obra empregada na agropecuária –, mas seu número cresce a cada dia. Podem ser divididos em duas categorias: os pequenos proprietários, posseiros ou parceiros, que se empregam fora de suas terras em alguns meses durante o ano por não conseguirem garantir seu sustento apenas com o minifúndio; e os volantes ou bóias-frias, que são trabalhadores rurais que vivem migrando de uma região para outra em busca de serviço. Estes últimos vêm adquirindo a cada ano maior importância na força de trabalho agrária do país. Industrialização É a atividade econômica do setor secundário que transforma matéria prima em bens ou mercadorias. Etapas do Desenvolvimento Industrial: 1º Revolução Industrial (1750): originou-se no Reino Unido, na Inglaterra e na França. Inovações: carvão, ferro e indústria têxtil. 2º Revolução Industrial (1840): teve sua origem na Europa. Inovações: aço, petróleo e eletricidade. 3º Revolução Industrial ou Técnico-Científica Informacional (1970): é uma das conseqüências da globalização, e ver ocorrendo desde a década de 70 até os dias de hoje em todo o mundo. Inovações: informática, robótica, telecomunicações e biotecnologia. Tipos de Indústrias: Extrativa: retira os recursos da natureza. Ex.: extração de minérios. Beneficiamento: processa/modifica/beneficia um produto primário para que possa ser utilizado ou consumido. Ex.: Petroquímica Construção: utiliza diferentes matérias-primas/produtos para criar novos produtos. Transformação: engloba todas as atividades de reelaboração de uma matéria-prima qualquer, empregado sistemas com diferentes graus de sofisticação. Ou seja, ela elabora produtos para satisfazer tanto as indústrias quanto as pessoas, consumidores finais. Ela pode ser: *Bens de Produção: fabrica para outras indústrias e ainda pode ser classificada de mais duas maneiras: - Base: produzem matérias-primas para outras indústrias. Ex.: cimento - Bens de Capital: produzem equipamentos para as outras indústrias, tais como motores, máquinas e etc. *Bens de Consumo: fabrica para o consumidor final (população). Os bens de consumo podem ser duráveis ou nãoduráveis. -Bens Duráveis: são bens que não se esgotam no ato da utilização. Ex.: automóveis, eletrodomésticos. -Bens Não-Duráveis: são bens que se esgotam no ato da utilização. Ex.: Alimentos, bebidas. Fatores Responsáveis pela Localização Industrial 1. 2. 3. 4. 5. Mão-de-Obra barata ou qualificada; Flexibilidade das leis trabalhistas; Mercado consumidor; Disponibilidade de matérias-primas, energia, transporte, comunicação e abastecimento de água; Isenção ou vantagens fiscais. Globalização Podemos definir a globalização como um processo de integração de economias e mercados nacionais que ainda está em curso. Ela implica a interdependência não só de um fluxo monetário e de mercadorias como também a interdependência de pessoas, além da uniformização de padrões que está ocorrendo em todo mundo também na esfera social e cultural. Através do processo colonialista, a humanidade acelerou os contatos de troca de informações, de técnicas, culturas e, principalmente, de expansão do capitalismo e da integração de mercados mundiais. Assim, esta multiplicação dos espaços de lucro (domínio de mercados locais de investimentos e fontes de matérias-primas) conduziu o mundo à globalização. Apesar de ser um progresso relativamente antigo, apenas na década de 1990 ele se impôs como um fenômeno de dimensão realmente “planetária”, através dos Estados Unidos e da Inglaterra. 10 Geografia O papel do desenvolvimento das técnicas da globalização A partir da substituição da manufatura pela maquinofatura na Primeira Revolução Industrial, muitos outros avanços tecnológicos trouxeram transformações ao mundo, iniciando a fase da Terceira Revolução Industrial ou Informacional (segunda metade do século XX). Os avanços técnico-científicos dessa Terceira Revolução Industrial (informática, cabos de fibra óptica, telecomunicações, robótica e outros) e a difusão da rede de informação reforçaram o processo de globalização. Eles reduziram os espaços de tempo, não só na esfera econômica (mercados) como também na rede de comunicações, nos hábitos, nos padrões culturais e nos padrões de consumo. O papel do capital na economia globalizada Com a ampliação da rede financeira pelo mundo, o capital adquiriu uma maior mobilidade. Até a década de 70, a maior parte do capital de circulação era o chamado capital produtivo, ou seja, investimentos de longo prazo aplicados na instalação de unidades produtivas (construção de fábricas, vias de circulação, usinas hidrelétricas). Nos dias de hoje, cada vez mais se torna mais visível o capital especulativo, denominado também de capital volátil. Ele é destinado à obtenção de lucros a partir da compra e venda de ações e de moedas conforme variam seus valores. As transnacionais As transnacionais são as empresas que expandiram suas atividades muito além das fronteiras de seu país de origem, tornandose assim as unidades econômicas típicas do processo de globalização. Através da dominação da tecnologia moderna e com filiais em diversos países, passaram a controlar a economia mundial. Essas empresas ultrapassam cada vez mais a esfera dos países nos quais se instalam, exercendo um poder político sobre eles e acelerando a internacionalização da economia. Transformações e Sistema de produção O sistema fordista-taylorista predominava na produção desde o início do século XX. Muito utilizado por Henry Ford em suas fábricas de automóveis e organizado por Frederick Taylor, esse método deu origem à produção em grande escala e padronizada. Neste modo de produção, o trabalhador realiza apenas uma etapa do processo produtivo, para poupar movimentos desnecessários. A esse processo dá-se o nome de linha de montagem. A finalidade é sempre produzir mais em menos tempo e com custos mais baixos. O modelo pós-fordista ou capitalismo flexível foi introduzido no Japão nos anos 50, a partir de experiências realizadas na fábrica Toyota, sendo por isso também conhecida como toyotismo. O seu principal objetivo é expandir os fornecimentos e alcançar maior flexibilidade, diversificando a produção segundo a necessidade do mercado e da demanda, com qualidade e baixo custo. Utilizando novas tecnologias foi possível o uso de máquinas de ajuste flexível, ou seja, que possibilitaram modificações contínuas, rápidas e incorporar inovações, com conseqüente redução de custos. Novas relações de trabalho No regime fordista-taylorista cada trabalhador realizava apenas uma parte do processo produtivo, repetindo tarefas especializadas e simples, instituindo assim a divisão e a hierarquização do trabalho. Com isso, os trabalhadores não necessitavam de muita qualificação. Com o regime toyotista foi introduzido o trabalho em equipe com estímulo a polivalência e constante aperfeiçoamento dos funcionários fixos, pois esse regime tem como objetivos ganhos de eficiência produtiva, competitividade global e incentivo à inovação. Na economia globalizada as relações de trabalho são diferentes. O trabalho já não está mais concentrado, isto é, grande parte dos funcionários das empresas e indústrias passaram a ser contratados em regimes temporários ou terceirizados, sem as condições dos funcionários permanentes. Com isso, as organizações de trabalhadores e sindicatos vêm enfraquecendo. Eles vêm lutando mais pela manutenção dos empregados do que por direitos e salários melhores. Como conseqüência da maior abertura aos investimentos estrangeiros e ao comércio externo, o mercado de trabalho mudou muito no Brasil. Para concorrer com as empresas estrangeiras, as nacionais são obrigadas a aperfeiçoar o processo produtivo, diminuir custos, demitir empregados e, muitas vezes, se associar a grandes grupos internacionais. Na década de 1990, no Brasil, os trabalhadores tiveram sua carga horária aumentada ao máximo. O número de demissões aumentou. O desemprego acentuou-se e, consequentemente, a exclusão e a pobreza. Isso fez com que se desenvolve o trabalho informal que consiste na atividade de pessoas nos serviços, na venda ou na produção de mercadorias, trabalhando por contra própria, sem proteção legal nem vínculos empregatícios. Pensamento Liberal Na Europa do século XVII surgiu a doutrina conhecida como liberalismo econômico, defendendo que o Estado deveria garantir a propriedade privada e a livre concorrência. Com a globalização surgiu o neoliberalismo, teoria que propõe limitar a intervenção do Estado e discutir a vida econômica do país com políticas de desregulamentação dos mercados, privatizações e equilíbrio fiscal. 11