da da Editores Assistentes Alexandre Jazara Eveline Braga de Albuquerque Conselho Científico Prof. Dr. Antonio Carlos de Campos Prof. Dr. Antonio Carlos Lorenz Sabóia Profa. Dra. Edela Puricelli Prof. Dr. João Gavranich Junior Prof. Dr. Leandro Gonçalves Velasco Prof. Dr. Linneu Cuffari Prof. Dr. Luiz Fernando Lobo Leandro Profa. Dra. Marina Clemente Conde Profa. Dra. Marina Helena C. G. de Magalhães Prof. Dr. Paulo Afonso de Oliveira Junior Prof. Dr. Paulo Bordini Prof. Dr. Pedro Velasco Dias Prof. Dr. Pérsio Azenha Faber Prof. Dr. Roberto Macoto Suguimoto Prof. Dr. Rogério Gonçalves Velasco Prof. Dr. Rudiney Jeferson Daruge Profa. Dra. Suzana C. O. M. de Souza Prof. Dr. Victor Prado Curvêllo Conselho Científico Internacional Profa. Dra. Adriana Basili Esbry (Chile) Prof. Dr. Mario Javier Scarrone (Uruguai) Prof. Dr. Ezequiel Gómez Ocampo (Paraguai) Prof. Dr. Leopoldo Meneses Rivadeneiro (Peru) Diretoria da Sociedade Presidente: Prof. Dr. Paulo Afonso de Oliveira Junior Vice-Presidente: Prof. Dr. João Gavranich Junior Secretária: Profa. Dra. Simone Cristine de Souza Tesoureiro: Prof. Dr. Pérsio Azenha Faber Prof. Dr. Fábio Parada Pazinatto Criação, Diagramação, Editoração Eletrônica Alexandre Jazara Eveline Braga de Albuquerque Capa SOBRACIBU Revisão de Texto Prof. Dr. Raymundo Miracca Jornalista Reponsável Wilson de Oliveira Jasa - MTB 32.837 Prova Digital / Impressão Jasa Desenvolvimento Tiragem 2.500 exemplares - Circulação Interna Secretária Sociedade Brasileira de Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial (SOBRACIBU) Tel: (19) 3242-6214 (Cedar Campinas) CNPJ: 52.840.840/0001-66 Responsabilidade Editorial Os artigos publicados não refletem, necessariamente o ponto de vista da Editora. Ficam proibidas as reproduções de qualquer natureza, tendo todos direitos reservados à Editora. da E ditor i al ISSN 2175-3725 Revista da Sociedade Diretor: Prof. Dr. Linneu Cuffari Editor Científico: Prof. Dr. Raymundo Miracca Secretário: Prof. Dr. Nelson Corazza Junior com muita honra que inauguramos este editorial da REVISTA DA SOBRACIBU um sonho surgido há muitos anos que agora se concretiza neste primeiro volume , cumprindo mais esta missão de uma entidade que congrega especialistas em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Faciais a de trazer atualização científica para nossos especialistas, além de se tornar mais um veículo de integração da nossa especialidade no Brasil. Com o objetivo de também promovermos uma integração com a América Latina agregamos vários colegas de Paises Latinos Americanos ao nosso corpo editorial também com o objetivo de integrar ainda mais o Brasil no contexto da América Latina , aliás muito bem representado pela nossa ilustre colega Profª. Dra. Edela Puricelli que vem realizando um excelente trabalho a frente da ALACIBU (Asociacion Latinoamericana de Cirurgia y Traumatologia Buco Maxilo Facial )fato que nos enche de orgulho e regozijo . Não poderia ter melhor momento para o lançamento desta revista do que em nosso congresso latino americano de modo que divulguemos mais este veiculo em toda nossa America Latina. Esta revista visa também se tornar um grande veiculo de união de nossa especialidade ,não só trazendo atualização científica como também integrando os nossos especialistas no Brasil . É importante ressaltar o trabalho de toda a diretoria para a realização desta revista especialmente do corpo editorial liderado pelo Prof. Miracca que de forma tão empenhada não poupou esforços para que esta revista fosse lançada, e indexada fato muito importante para o reconhecimento deste trabalho. Aproveito este momento para solicitar aos colegas que nos ajudem a manter este sonho vivo nos enviando artigos científicos tão essenciais para nossa Revista , tenho também a certeza que nossa Revista virá em muito nos ajudar a consolidar cada vez mais a nossa especialidade ao meio odontológico , trabalho iniciado com as campanhas promovidas pela nossa diretoria para a valorização de nossa especialidade . EDITORA R. Conceição da Aparecida, 15 - Vl. Buenos Aires São Paulo - SP - CEP: 03627-120 Telefax: (11) 2625-1600 www.jasadesenvolvimento.com.br [email protected] Paulo Afonso de Oliveira Jr. Presidente da SOBRACIBU REVISTA DA SOBRACIBU 03 Sumário Pág. 03 Editorial Avaliação Clínica e Histológica da Cicatrização da Mucosa Bucal em Ratos Induzidos ao Fumo Análise Crítica dos Movimentos de Rotação do Complexo Maxilo Mandibular nos Sentidos Horário e Anti-horário: Indicações Clínicas e Resultados Tratamento Cirúrgico de Fratura Subcondilar Alta com Luxação Extracapsular Medial. Abordagem Combinada Pré-auricular Endoaural e Retromandibular de Hinds 3º Molar Inferior, Incluso Invertido, Ectópico e no Ramo da Mandibula Fraturas Pan Faciais Em Paciente Pediatricos Pág. 22 Anquilose de ATM na Infância Pág. 25 Normas De Vancouver. Pág. 28 Pág. 05 Pág. 10 Pág. 15 Pág. 19 Catalogação-na-Publicação Serviço de Documentação Odontológica Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo Revista SOBRACIBU / Sociedade Brasileira de Cirurgia e Traumatalogia Buco Maxilo Facial. vol. 1, n. 1 (julho 2009) . São Paulo : SOBRACIBU, 2009- . v. : il. Trimestral. Resumo em português e inglês. ISSN 2175-3725 1. Odontologia - Periódicos 2. Cirurgia Buco Maxilo Facial - Periódicos I. Sociedade Brasileira de Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial. CDD 617.6005 BLACK D05 04 REVISTA DA SOBRACIBU Avaliação clínica e histológica da cicatrização da mucosa bucal em ratos induzidos ao fumo. Clinical and histological evaluation of the oral mucous healing periods in rats induced to smoke. Recebido em Março/2009 Aprovado em Abril/2009 Marcelo Vitale RESUMO Foi realizada uma pesquisa com 32 ratos da raça Wistar e foram divididos em 2 grupos: grupo 1 (grupo controle, n=16) e grupo 2 (grupo experimental, n=16). O grupo experimental foi exposto a fumaça de cigarro por 55 dias. Com 45, 48, 50 e 52 dias, foram realizadas feridas cirúrgicas nas regiões de mucosa jugal no lado direito. Após 55 dias do início da pesquisa, todos os animais foram sacrificados (grupo controle e experimental) e submetidos a biópsia no local da ferida, com a finalidade de comparar, por meio de métodos clínicos e histológicos, alguma alteração de reparação tecidual entre os grupos experimental e controle em diferentes períodos. Os resultados histológicos e clínicos concluíram que quando comparados os ratos dos dois grupos, os do grupo experimental apresentaram um retardo na cicatrização dos tecidos moles bucais, de onde se deduziu que o hábito de fumar é prejudicial à reparação tecidual.¹ Palavras-Chave: Mucosa bucal, implantes dentários, tabaco, cicatrização de feridas, tabagismo. Abstract A research was accomplished with 32 females Wistar rats, with average of age of 4 months, and average of weight of 235 gr. The animals were divided in 2 groups: group 1 (group control, n=16) and group 2 (group experimental, n=16). Each group was subdivided in 4 subgroups: white (n=4), green (n=4), blue (n=4) and red (n=4). With 45, 48, 50 and 52 days, surgical wounds were accomplished in the areas of mucous membrane jougal, right side in the rats of the subgroups red, blue, green and white, respectively. After 55 days of the beginning of the research, all the animals were sacrificed (group control and experimental) and submitted to the biopsy in the same place of the wound with the purpose of comparing through clinical and histological methods the time of wound healing among the smoking and no-smoking groups in each subgroup. The histological and clinical results concluded that there was a retard in the wound healing of the buccal soft tissue of the smoking rats compared with the no-smokers rats, meaning that the habit of smoking is harmful to the wound healing. Key words: Mouth mucosa, dental implants, tobacco, wound healing, smoking. ¹Dissertação apresentada à Universidade de Santo Amaro, para obtenção do título de mestre, pelo programa de Pós-Graduação em Odontologia. Área de concentração em Implantodontia, sob a orientação do Prof. Dr. Alfredo Gromatzky REVISTA DA SOBRACIBU 05 INTRODUÇÃO E PROPOSIÇÃO A cicatrização da ferida no local da instalação do implante dependerá da presença de células adequadas, de uma nutrição satisfatória do tecido e de um bom estímulo para que ocorra a reparação óssea. No entanto, evidências clínicas sugerem uma clara tendência para o retardo da reparação da ferida em fumantes, pois já se sabe que o fumo prejudica não só a cicatrização, por afetar a circulação, mas igualmente o sistema imune e a função normal das células (HABSHA; ZARB, 2002). Estudos in vitro demonstraram que a nicotina inibe o crescimento de fibroblastos gengivais e os desorganizam (CHAMSON; FREY; HIVERT, 1982; PEACOCK et al., 1993; RAULIN et al., 1988). Já se sabe da existência de uma vasoconstricção na cavidade oral, relacionada ao fumo, que causa uma isquemia e contribui, para a diminuição da resistência às inflamações e infecções locais. Todos esses efeitos causados pelo fumo interferem na cicatrização que, por sua vez, interfere na vascularização do tecido ósseo adjacente, o que retarda e até impede a osseointegração local (LINDEN et al., 1999; REUS et al, 1984; SWEET e BUTLER, 1979). Até o momento, existem apenas hipóteses sobre a causa do retardo da cicatrização pelo fumo, e isso ocorre devido principalmente a três fatores: danos diretos aos macrófagos e fibroblastos, efeito de vasoconstricção diminuindo a nutrição do fluxo sanguíneo e inibição da epitelização. Pelos motivos expostos, fumantes foram aconselhados a parar de fumar antes de cirurgias eletivas ou durante a recuperação de feridas resultantes de traumas, doenças ou cirurgias de emergência. O objetivo do presente trabalho, conforme o que até aqui tem sido dito, é avaliar e comparar, em ratos induzidos ao fumo e ratos não induzidos ao fumo, a interferência da fumaça de cigarro na cicatrização da mucosa oral. REVISÃO DE LITERATURA O Fumo Segundo Mosely e Finseth (1977), a fumaça do cigarro contém aproximadamente 3% a 6% de monóxido de carbono, que é levado principalmente para os pulmões, onde é convertido em carboxihemoglobina. Raulin et al. (1988), para avaliarem os efeitos da nicotina sobre os fibroblastos, realizaram um experimento in vitro e concluiram que usuários de produtos que contém nicotina têm maior susceptibilidade à destruição do periodonto e dificuldade na regeneração periodontal após tratamentos clínicos. Bain (1996) realizou um estudo com 223 implantes, instalados em 78 pacientes e fundamentou a importância do ato de cessar o hábito de fumar no período pré e pós-operatório. Haverstock e Mandracchia (1998), com a intenção de alertar sobre o prejuízo da recuperação dos fumantes em cirurgias ósseas, sugere aos pacientes a abstinência do fumo durante todos seus tratamentos. O Fumo e a Cavidade Oral Conforme os resultados encontrados em uma pesquisa feita com humanos por Sweet e Butler (1979), constataram-se alterações vasculares resultantes do tabagismo, com conseqüente aumento na incidência de alvéolo seco, após exodontias. Miller Junior (1987), em um estudo sobre cobertura radicular com enxerto gengival livre, analisou os fatores que poderiam levar às falhas dessas coberturas. Concluiu que o fumo foi o causador de 25% dos insucessos. Uma evidência sobre a diminuição da vascularização da mucosa bucal pode ser aferida das observações clínicas de Meechan et al. (1988), que relacionaram o hábito de fumar com a presença insatisfatória de sangue alveolar após extrações dentárias, além de maior incidência de dor no alvéolo. Concluindo que o ato de fumar tem um efeito adverso sobre a cicatrização de feridas nas extrações. Miller Junior (1988), num estudo envolvendo 28 pacientes fumantes e 29 pacientes não fumantes, demonstrou uma cicatrização pobre no pós-operatório de cirurgias mucogengivais. Preber e Bergstrom (1990) encontraram, em cirurgias de redução 06 REVISTA DA SOBRACIBU de profundidade de bolsas periodontais, um pós-operatório insatisfatório, se comparados os resultados aos de pacientes não fumantes. Foi avaliada por Hanioka et al. (2000) a saturação de oxigênio na gengiva de fumantes e de não-fumantes portadores de doença periodontal. Os resultados sugeriram que os fumantes têm incapacidade funcional de microcirculação gengival. Nociti Júnior et al. (2000) desenvolveram em ratos um estudo sobre inflamação em ligamentos periodontais. Notou-se no final do experimento que houveram perdas ósseas diretamente proporcionais ao aumento da dose de nicotina injetada. O fumo e sua relação com a doença periodontal foram avaliados em um estudo de Bezerra et al. (2003), no qual os índices de profundidade de sondagem e recessão gengival vestibular de todos os dentes presentes de 46 pacientes fumantes e 49 nãofumantes foram classificados. Os resultados comprovaram a importância do fator de risco do fumo na etiologia da doença periodontal, dada a sua associação com maiores índices de perdas ósseas alveolares. O Fumo e a Atividade Cicatricial Foram encontradas por Siana, Rex e Gottrup (1989) diferenças de altura em cicatrizes de pacientes mulheres fumantes, em comparação com pacientes mulheres não fumantes, submetidos, a cirurgias de laparotomia para esterilização e o método de sutura da pele foi padrão nos 120 casos (51 não fumantes e 69 fumantes). Uma pesquisa executada por Tipton e Dabbous (1995), mostrou que a nicotina inibe a proliferação dos fibroblastos gengivais e a produção de fibronectina e colágeno, ao mesmo tempo em que promove a interrupção da colagenase. Analisar e avaliar a resposta da recuperação tecidual de pacientes fumantes, após cirurgias de retalho, foi o objetivo de Scabbia et al. (2001). Os resultados revelaram, após 6 meses, uma redução de profundidade à sondagem com ganho de nível clínico de inserção. Porém os pacientes fumantes tenderam a responder menos favoravelmente à cicatrização, em comparação aos não fumantes. O hábito de fumar altera ou impede a função dos fibroblastos, e a resposta tecidual necessita das funções normais destas células, para uma ótima resposta cicatricial. (HABSHA; ZARB, 2002). Sorensen et al (2002), concluiram que fumar é o maior risco para infecções cicaticiais em cirurgias de mastectomia. A sugestão da cessação do hábito de fumar foi reforçada com a pesquisa realizada por Kuri (2005) com 188 pacientes que foram submetidos a cirurgias reconstrutivas de cabeça e pescoço, e a quem foram esclarecidos os prejuízos do hábito de fumar e sugerido que cessassem esse hábito por 7 dias antes da cirurgia. MATERIAIS E MÉTODOS Os Animais Foram utilizados 32 ratos, fêmeas, da raça Wistar, pesando em média 235 g.. Os animais foram alojados em gaiolas (4 em cada gaiola) e separados de acordo com seus grupos e subgrupos. Os 32 animais foram divididos em 2 grupos, um grupo controle, não exposto a fumaça de cigarro (n = 16) e um grupo experimental, exposto a fumaça (n = 16). O grupo controle foi mantido por um período de 45 dias em suas próprias gaiolas, e após este período foram divididos por cores em 4 subgrupos: a gaiola 1 com ratos vermelhos, a 2 com ratos azuis, a 3 com ratos verdes e a 4 com ratos brancos, ou seja, sem pintura. Os animais do grupo experimental também foram divididos em 4 subgrupos, após os 45 dias de inalação de fumaça de cigarro com as mesmas cores porém foram mantidos na sala reservada à indução do fumo. Esta sala que dispunha de um exaustor e continha um cilindro de ar comprimido e uma caixa plástica com tampa, com 65 litros de volume (dados fornecidos pelo fabricante). Figura 1 Caixa montada. Figura 2 Espaço de inalação. Esta caixa foi composta por uma divisão perfurada de madeira, contendo 20 furos de 10 mm de diâmetro, que separava o compartimento de inalação do compartimento de combustão de cigarro. O espaço de inalação era suficiente para que se distribuíssem os 16 ratos de maneira satisfatória e ainda haviam 12 pequenos furos em cada canto inferior da caixa, para que servisse de saída de ar. analisados clínica e histológicamente. RESULTADOS Análise Clínica da Cicatrização Na comparação clínica, feita pela análise fotográfica, ficou visível a alteração da cicatrização em todos os períodos avaliados, como mostram os exemplos das figuras 5 e 6, nos períodos mais extremos da pesquisa. Figura 3 Vista da gaveta com os cigarros instalados. O compartimento de combustão dispunha de uma espécie de gaveta com 10 perfurações, onde foram encaixados os cigarros todos na mesma posição, com o filtro voltado para uma das paredes da caixa, onde há uma perfuração com uma mangueira de silicone ligada diretamente a um cilindro de ar comprimido. O ar é liberado na dose de 10 l/min e permanece durante os 10 minutos em que os ratos ficam inalando a fumaça, tempo e quantidade de ar suficientes para a queima total dos cigarros. Esse sistema de inalação de fumaça para os ratos já existe desde 1962, foi descrito por Dontenwill e Mohr (1962) e foi modificado para este experimento. Neste método de inalação, os ratos eram colocados duas vezes ao dia para inalar a fumaça do cigarro, e permaneciam na caixa por 10 minutos cada vez. Exame de Carboxihemoglobina Após 45 dias do início da pesquisa, foi coletado sangue de 6 animais do grupo experimental e de 6 animais do grupo controle, escolhidos aleatoriamente para que se fizesse a confirmação de que o período e o tempo de exposição da fumaça do cigarro nos animais do grupo experimental eram suficientes para considerálos como sendo “fumantes”. Para que o exame de carboxihemoglobina (HbCO) fosse executado, utilizou-se o protocolo e a fórmula de Van Assendelft (1970 apud DACIE; LEWIS, 1991). Constatada a diferença da porcentagem de carboxihemoglobina no sangue de cada rato, os animais do grupo experimental foram considerados “fumantres”. a. Análise Histológica da Cicatrização Alteração dos Fibroblastos Grupo Controle Após 45 dias com os ratos inalando fumaça de cigarro, foi iniciado, para as comparações, o procedimento com os subgrupos: o subgrupo vermelho é focalizado para se analisar a cicatrização de 10 dias, o subgrupo azul para a cicatrização de 7 dias, o subgrupo verde para a cicatrização de 5 dias e o subgrupo branco para a cicatrização de 3 dias. Os animais de cor vermelha, tanto do grupo controle (n = 4) como do grupo experimental (n = 4), foram submetidos a uma cirurgia que teve por finalidade causar uma ferida na região interna da mucosa bucal do lado direito. Dentro dos períodos estipulados os animais de cor azul, verde e branco passaram pelo mesmo procedimento. Logo após a cirurgia de obtenção da ferida dos animais brancos, um deles, do grupo de fumantes, não resistiu e foi a óbito, sendo então excluído do resultado por não atingir o período de cicatrização desejável. Independente dos períodos que foram executadas as cirurgias, todos os animais do grupo experimental, operados ou não, continuaram o processo de inalação de fumaça de cigarro até o último dia da pesquisa; dia este em que os animais dos dois grupos foram sacrificados para que se executassem as biópsias que iriam comparar as cicatrizações. Terminado então este período, com 55 dias de inalação de fumaça de cigarro, todos os 31 animais foram sacrificados e b. Figura 6 Lesão do subgrupo vermelho após 10 dias (a. grupo experimental, b. grupo controle) Dinâmica do Experimento Figura 4: Guia para padronização do tamanho da lesão. b. a. Figura 5 Lesão do subgrupo branco após 3 dias. (a. grupo experimental, b. grupo controle) Grupo Experimental Grupo Controle Grupo Experimental A quantidade de fibroblastos, medida por cruzes e foi visivelmente verificada nas lâminas demonstradas nas figuras, por pontos roxos e ligeiramente alongados. Comparando o grupo controle com o grupo experimental, sem subdivisões de períodos, constatou-se existir somente 1 animal com taxa baixa no grupo controle, seguida de 7 médias, 6 altas e 2 muito altas; no grupo experimental observamos 1 animal com taxa muito baixa, 4 baixas, 9 moderadas e 1 alta. REVISTA DA SOBRACIBU 07 Alteração do Colágeno Grupo Controle Grupo Experimental Grupo Controle Grupo Experimental Em se tratando de comparar somente os animais do grupo experimental com os animais do grupo controle, sem subdivisões, foram encontradas taxas, nos animais que não inalaram a fumaça do cigarro, de 3 muito baixas, 8 baixas, 1 moderada e 4 altas. E, nos animais considerados como sendo “fumantes”, foram encontradas 7 muito baixas, 5 baixas e 3 moderadas. a. (aumento 40x, coloração HE) b. (aumento 40x, coloração HE) Figura 7 Histologia da quantidade de fibroblastos e colágeno, após 10 dias de cicatrização. (a. animal do grupo experimental, b. animal do grupo controle) a. (aumento 40x, coloração HE) b. (aumento 40x, coloração HE) Figura 8 Histologia da quantidade de fibroblastos e colágeno, após 3 dias de cicatrização. (a. animal do grupo experimental, b. animal do grupo controle) DISCUSSÃO Os resultados do teste de HbCO apresentaram uma taxa média de 1,66% para os animais do grupo experimental e 0,62% para os animais do grupo controle, confirmando o estudo de Mosely e Finseth (1977) no qual se afirma que, para os animais serem considerados “fumantes”, a taxa de HbCO pode variar de 1 a 20%, enquanto a taxa dos animais do grupo controle é menor que 1%. Tais resultados nos levam a afirmar que, nos animais não submetidos à fumaça, o nível de HbCO no sangue é mais baixo ou normal, quando comparado com o nível dos animais considerados “fumantes”. Considerando-se que a caixa utilizada para a pesquisa e os períodos de exposição à fumaça do cigarro foram desenvolvidos especificamente para a pesquisa apresentada, pode-se afirmar que esse método de indução ao fumo para ratos se mostrou altamente eficaz. Conforme demonstrado na literatura por Hanioka et al. (2000); Meechan et al. (1988); Miller Junior (1988); Reus et al. 08 REVISTA DA SOBRACIBU (1984), o produto resultante da fumaça do cigarro, pela isquemia nos vasos periféricos, causa um prejuízo na cicatrização dos tecidos moles, daí advindo um retardo na cicatrização, o que motivou esta pesquisa sobre as alterações causadas, pelo hábito de fumar, na cicatrização do tecido mucoso da cavidade oral. Estudos realizados por Chamson, Frey e Hivert (1982); Hanes, Schuster e Lubas (1991); Peacock et al. (1993); Raulin et al. (1988) e Tipton e Dabbous (1995) verificaram inibição fibroblástica nos tecidos gengivais tratados com nicotina, fato também comprovado na presente pesquisa, que comparou a atividade dos fibroblastos em ratos do grupo experimental e em ratos do grupo controle; concluiu que os animais expostos à fumaça de cigarro apresentaram uma taxa de fibroblasto diminuída, causa de retardo na cicatrização em todos os períodos avaliados. Alguns estudos sobre a interferência do fumo nos implantes confirmam uma perda óssea peri-implantar inicial (BAIN; MOY, 1993; HABSHA; ZARB, 2002), insucessos nos enxertos orais de pacientes fumantes (DE BRUYN; COLLAERT, 1994; JONES; TRIPLETT, 1992; SCHWARTZ-ARAD et al., 2002) e uma osseointegração insatisfatória (LINDEN et al., 1999; REUS et al, 1984; SWEET e BUTLER, 1979; HABSHA e ZARB, 2002). Essa pesquisa, portanto, evidenciou que o fumo interfere na cicatrização da mucosa bucal, já que prejudica a vascularização para o tecido ósseo e pode impedir o processo inicial da osseointegração. As respostas cicatriciais dos animais foram avaliadas clinicamente por métodos fotográficos, e as alterações foram demonstradas nas figuras 5 e 6. Os resultados não mostraram modificações importantes nos macrófagos, que são os responsáveis pelo estímulo dos fibroblastos à sintetização do colágeno no período de reparação. Em concordância com os estudos de Habsha e Zarb (2002) e Pinheiro (2004), que afirmam a interferência na síntese de colágeno, os resultados elucidaram uma possível investigação mais profunda no que diz respeito à inibição de fibroblasto, sem alteração de macrófagos, pela interferência do fumo. Com base nos resultados desse estudo, podemos afirmar que existe um acúmulo mais lento do colágeno nas feridas do grupo experimental, ocorrência que altera a capacidade de regeneração tecidual dessas feridas, quando comparadas com as feridas dos controles. Isso se deve à inibição dos fibroblastos e não aos macrófagos, cuja função é estimular os fibroblastos a sintetizarem colágeno, confirmando-se assim as pesquisas executadas por Pinheiro et al. (2004) e Tipton e Dabbous (1995). O que não se observou em nenhum trabalho pesquisado foi um aumento pronunciado de edema, evidenciado nesta pesquisa no subgrupo de 5 dias (verde), pois um extravasamento de exudato (transudação) é esperado durante este período. Mas, quando realizada a comparação entre os animais do grupo experimental e os animais do grupo controle, verificou-se que os primeiros apresentaram uma discreta, porém perceptível alteração, pois a injúria do cigarro pode ter levado a um afastamento maior das células do endotélio, ou a um período maior de tempo desse afastamento. Houve também uma alteração na quantidade de hemácias e de fibrina no subgrupo verde (5 dias), que se apresentou inalterado nos outros subgrupos. Era de se esperar um aumento neste período, por ser uma fase inicial da cicatrização, mas não se apresentaram diferenças entre o grupo experimental e o grupo controle, e sim uma mesma alteração nos dois. O número de hemácias e fibrinas mostrou-se aumentado nos animais considerados como sendo “fumantes”, indicando um tempo maior de hemorragia neste grupo. CONCLUSÃO Os resultados do experimento em ratos considerados como sendo “fumantes”, em comparação ao grupo controle, permitem concluir que: 1. A cicatrização da mucosa oral no grupo experimental apresenta-se alterada em todos os tipos de cirurgias realizadas na região. 2. O fumo pode interferir diretamente na ação dos fibroblastos, sem alterar a atividade de macrófagos. As maiores alterações clínicas e histológicas apresentaram-se nos dois primeiros períodos de cicatrização (3 e 5 dias), indicando que o seu retardo, causado pelo hábito de fumar, é mais evidente na fase inicial. REFERÊNCIAS¹ Bain, C. A. Smoking and implant failure - benefits of a smoking cessation protocol. Int J Oral Maxillofac Implants 1996; 11(6):756759. Bain, C. A.; Moy, P. K. The association between the failure of dental implants and cigarette smoking. Int J Oral Maxillofac Implants 1993; 8(6):609-15. Bezerra, M. G. et al. Avaliação do hábito de fumar como fator de risco para a doença periodontal. Rev Bras Patol Oral 2003; 2(3):18-21. Chamson, A.; Frey, J.; Hivert, M. Effects of tobacco smoke extracts on collagen biosynthesis by fibroblast cell cultures. 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The effects of nicotine on reproduction and REVISTA DA SOBRACIBU 09 ANÁLISE CRÍTICA DOS MOVIMENTOS DE ROTAÇÃO DO COMPLEXO MAXILO MANDIBULAR NOS SENTIDOS HORÁRIO E ANTI-HORÁRIO: INDICAÇÕES CLÍNICAS E RESULTADOS CRITICAL ANALYSIS OF ROTATION MOVEMENT OF THE MAXILLOMANDIBULAR COMPLEX IN CLOCKWISE AND COUNTERCLOCKWISE: CLINICAL INDICATIONS AND RESULTS Recebido em Maio/2009 Aprovado em Junho/2009 Paulo Afonso de Oliveira Jr.* Pérsio Azenha Faber ** Lucas Caetano Uetanabaro † Roberta Sartor Sgarbi † † RESUMO Este artigo analisamos a correção cirúrgica de deformidades dentofaciais através da alteração do plano oclusal diminuindo ou aumentando, respectivamente rotacionando o complexo maxilo mandibular nos sentidos horário ou anti horário. Estes movimentos apresentam suas aplicações especificas em determinados padrões faciais , trazendo como resultados estéticos e funcionais modificações destes padrões faciais , cada movimento em particular apresenta um seqüência cirúrgica própria . Nos casos de rotação anti horária devemos iniciar a cirurgia pela mandíbula em função da necessidade de criarmos uma mordida aberta posterior para propiciar espaço para o reposicionamento inferior da maxila em sua porção posterior . Já nos casos de rotação no sentido horário é necessário iniciar a cirurgia pela maxila pois neste tipo de movimento necessitamos realizar a intrusão da maxila em sua região posterior para propiciar o movimento da mandíbula acompanhando a maxila. Discutimos de forma sucinta as aplicações de cada tipo de movimento evidenciando os resultados clínicos e etapas do planejamento cirúrgico , ressaltando as características clinicas e aplicações destes movimentos . Palavras-Chave: Rotação Do Plano Oclusal Nos Sentidos Horário E Antihorário, Cirururgia Ortognatica Abstract This issue reviews the surgical correction of dentofacial deformities by decreasing or increasing the occlusal and mandibular plane, respectively, thus changing the maxillomandibular complex in clockwise or counterclockwise. These movements have their applications in certain specific facial patterns, bringing an aesthetic and functional results. Each movement, particularly, shows a surgical sequence itself. In cases of counterclockwise rotation we should start the surgery required by the mandible, creating so a posterior open bite, to provide space for the repositioning of the lower jaw in its posterior portion. In cases of clockwise rotation it's necessary to start the surgery required by the maxilla, because this type of movement looks for to achieve intrusion in the posterior region to provide the movement of the mandible following the maxilla. We discuss briefly the applications of each move type and clinical results showing the stages of surgical planning, highlighting the characteristics and clinical applications of those movements. Key words: Rotation Oclusal Plane In Clockwise And Counterclockwise , Orthognathic Surgery * MC Coordenador do Curso de Especialização em CTBMF da APCD/Santa Casa de Piracicaba ** MC Chefe do Departamento de CTBMF da Santa Casa de Piracicaba † Aluno R2 do Curso de Especialização em CTBMF da APCD/Santa Casa de Piracicaba †† Aluno R2 do Curso de Especialização em CTBMF da APCD/Santa Casa de Piracicaba Introdução Em cirurgia ortognática temos a disposição uma série de estratégias para adequar o tratamento de cada caso em particular principalmente no que tange intensificar e ressaltar cada tipo de movimento com o intuito de melhorar os resultados estético e funcional. O plano oclusal é definido pelo ângulo formado entre o plano horizontal de Frankfurt e o plano formado por uma linha que tangencia as cúspides dos pré molares e segundo molares inferiores ,sendo o valor normal para adultos de 8o +- 4o. 1,9,10 A manipulação do plano oclusal em cirurgia ortognática foi inicialmente proposto por McCollum et al . 2 como uma alternativa cirúrgica para tratamento de alguns casos de padrão II com baixas angulações de plano oclusal. A alteração do plano oclusal, também conhecida como rotação do complexo maxilo mandibular mostrou-se um método eficaz de tratamento com resultados estéticos e estáveis. Reyneke & Evans 3 1990 propuseram a implementação deste método como um importante recurso no tratamento das deformidades dentofaciais. Wolford et. al. 9-10-11 Analisando a estabilidade do movimento anti horário, em vários aspectos tais como: manutenção de espaço aéreo (apnéia), grau de recidiva do CMM e DTMs Os autores afirmam com segurança que o movimento apresenta estabilidade a longo prazo. 10 REVISTA DA SOBRACIBU Com o objetivo de ilustrar como utilizar de maneira racional cada tipo de rotação aplicando-a em particular para cada tipo de deformidade , dividiremos essas rotações em dois grupos : grupo 1 : Rotações do complexo maxilo mandibular no sentido antihorário principalmente aplicadas no tratamento de casos padrão II com elevado plano oclusal, diferindo tecnicamente por se iniciar a cirurgia pela mandíbula, por motivos técnicos que serão melhor esclarecidos no desenvolver do trabalho, e, grupo 2: Rotações do complexo maxilo mandibular no sentido horário aplicável principalmente aos casos de padrão III onde necessitamos intensificar os movimentos com o intuito de melhorar os resultados estéticos e funcionais e diferindo tecnicamente por se iniciarmos a cirurgia pela maxila. Na verdade, o fato de começarmos a cirurgia pela mandíbula ou pela maxila, ficou muito tempo a critério do cirurgião sendo inclusive motivo de muita celeuma no assunto. No presente artigo discutiremos as implicações técnicas de cada tipo de movimento em particular . Os princípios que regem esses complexos movimentos tem como função corrigir deformidades, utilizando essas rotações para intensificar as modificações estéticas proporcionadas pela cirurgia ortognática , fato que seria impossível em alguns casos realizando exclusivamente movimentos horizontais puros. A proposta deste estudo é discutir onde pode ser aplicado cada movimento em particular com o objetivo de intensificar ou otimizar os resultados estéticos e funcionais aplicando essas rotações de modo racional. Rotações no sentido anti-horário Esses procedimentos são aplicáveis principalmente a pacientes que apresentem maloclusão classe II com deficiência mandibular e pouca projeção do mento (micrognatia ), não significando contudo que não possa ser aplicada a outros padrões faciais . Alem disso apresentam algumas características comuns aos pacientes que apresentam fenótipo facial onde o plano oclusal é elevado : 1-Plano oclusal elevado (superior a 12 0 ). 2-Plano mandibular elevado. 3-Altura facial anterior aumentada ou altura facial posterior de mandíbula diminuída . 4-Mordida aberta anterior, acompanhado de perda das guias oclusais incisal e canina . 5-Os casos mais graves podem estar acompanhados de apnéia obstrutiva em graus de moderados a severos. 6-Mais freqüentes em maloclusões classe II com pouca projeção mentoniana (micrognatia). Esses movimentos acabam por gerar uma mordida aberta posterior para permitir a rotação do complexo maxilo mandibular no sentido anti-horário (fig. A) , implicando também em uma maior facilidade seqüencial e operacional de se iniciar a cirurgia pela mandíbula , pois desta maneira teremos mais facilmente a criação do espaço posterior necessário para permitir o reposicionamento inferior posterior da maxila em um segundo tempo, fato portanto que pode desvincular a seqüência operacional da cirurgia à fatores como a preferência individual do cirurgião, passando a ser sim uma estratégia inerente ao planejamento de todo processo cirúrgico como estamos propondo. Cottrell & Wolford9 ressaltam a facilidade da manipulação e fixação da maxila, após a criação do espaço posterior, preservando assim de maneira mais adequada o posicionamento condilar, além de facilitar o próprio ato cirúrgico. Figura A. ilustra a rotação do complexo maxilo mandibular no sentido anti-horário resultando em projeção da região mentoniana , diminuição da projeção maxila e área peri nasal , aumentando a angulação dos incisivos superiores e diminuindo a angulação dos incisivos superiores e conseqüente aumento do espaço orofaringeo.(extraido de Wolford et al AM.J ORTHOD DENTOFAC ORTHOP 1994: 106:304-16) Wolford 4,8 e Chemello5 salientam importantes considerações quanto a saúde da articulação temporo-mandibular que devem ser atentamente observadas na indicação destes movimentos , pois estes movimentos podem implicar na piora do quadro de patologias articulares pré existentes . Ressaltando a necessidade de uma minuciosa avaliação de distúrbios internos da ATM , condições artríticas ou processos remodeladores articulares como: reabsorção condilar idiopática ,artrite reumatóide ,ou artrite psorítica . Não estando contra indicado estes procedimentos cirúrgicos em pacientes portadores destes quadros, contudo havendo a necessidade nestes casos de se incluir procedimentos terapêuticos que visem estabilizar estas articulações sejam cirúrgicos ou não. Gonçalves et. al.9 em estudo retrospectivo, avaliaram a estabilidade da rotação anti-horária do complexo maxilo mandibular em pacientes classe II portadores de DTM (deslocamento discal). O estudo foi divido em três grupos: grupo1(G1) pacientes com ATMs saudáveis submetidos a cirurgia ortognática, grupo2(G2) pacientes com deslocamento discal submetidos a cirurgia ortognática e discopexia concomitantes e grupo3(G3) pacientes com DTMs (deslocamento discal) tratados somente com cirurgia ortognática. Os autores afirmaram que os grupos G1 e G2 mantiveram estáveis esqueleticamente os pontos avaliados, assim como a projeção de tecidos moles. Esses dois grupos não apresentaram sinais ou sintomas de DTM mesmo a longo prazo. No entanto, o G3 apresentou recidiva significativa, segundo os autores, devido a patologia da ATM. Eles concluíram que apesar da rotação anti-horária do complexo maxilo mandibular tender a proporcionar grandes avanços da mandíbula, criando assim um braço de alavanca maior, isso não reflete em cargas exacerbadas na articulação tornando o movimento seguro e estável em pacientes saudáveis e com certos tipos de DTMs. que apesar da rotação anti-horária do complexo maxilo mandibular tender a proporcionar grandes avanços da mandíbula, criando assim um braço de alavanca maior, isso não reflete em cargas exacerbadas na articulação tornando o movimento seguro e estável em pacientes saudáveis e com certos tipos de DTMs. Rotações no sentido horário. A rotação do complexo maxilo mandibular beneficia estética e funcionalmente pacientes que apresentam tipo facial com baixo plano oclusal. Como características gerais destes pacientes podemos destacar : -Baixo plano oclusal <4 o -Plano mandibular baixo também -Relação Antero posterior padrões I,II e III (macrognatia) -Mordida profunda anterior -Grande projeção mentoniana - Angulação dos incisivos inferiores diminuída Para a realização desse tipo de movimento incide na necessidade de realizarmos uma impactação posterior da maxila para permitir o movimento do complexo maxilo mandibular no sentido horário tal estratégia cirúrgica na verdade não implica na obrigatoriedade de iniciarmos a cirurgia pela maxila como afirma Wolford et AL 1993 8 , mas iniciar pela maxila torna o procedimento mais fácil e em uma seqüência mais harmônica e lógica. A compreensão da lógica desses movimentos reflete-se diretamente na coordenação seqüencial da cirurgia sendo executada e ordenada conforme a necessidade de cada tipo de movimento transoperatório especifico. Figura B. ilustra de maneira esquemática a rotação do plano oclusal no sentido horário, evidenciando a movimentação da mandíbula e do mento para posterior, diminuição da angulação dos incisivos superiores , avanço da maxila e áreas paranasais e aumento da angulação dos incisivos inferiores . (extraido de Wolford et al AM.J ORTHOD DENTOFAC ORTHOP 1994: 106:304-16) Na realidade encontramos um número pequeno de trabalhos sobre a rotação horária do CMM , sabemos contudo que este movimento é muito útil, tendo uma aplicação em especial nos pacientes classe III particularmente nos casos em que a discrepância esquelética é maior que a discrepância dentária , nos fornecendo a possibilidade nas cirurgias combinadas onde através deste movimento conseguimos realizar complementações estéticas significativas , intensificando muitas vezes as alterações sagitais lançando mão de alterações verticais posteriores da maxila proporcionadas pela alteração do plano oclusal para adequar os resultados estéticos aos funcionais . Caso 1 Paciente T.L 19 anos portadora de micrognatismo mandibular e oclusão padrão II associada a excesso vertical da maxila. .O planejamento consistiu no avanço mandibular com rotação anti horária do plano oclusal, movimento que intensifica o avanço mandibular eliminando em muitos casos a necessidade de genioplastias compensadoras. Na rotação anti horária observamos , que iniciar a cirurgia pela mandíbula torna a cirurgia mais fácil , outro fator que nos parece ajudar na execução da cirurgia é a utilização da osteotomia preconizada por Wolford & Davis 199013, pois o desenho da osteotomia parece facilitar este tipo de movimento fotos (1.2 , 1.3). Foto 1.1 Cirurgia de modelos iniciando pela mandíbula, gerando mordida aberta posterior para permitir a rotação d CMM no sentido anti horário Foto 1.2 Evidenciando planejamento na plataforma de Ericsson evidenciando a intensidade do avanço mandibular REVISTA DA SOBRACIBU 11 Foto 1.3 Cirurgia iniciando pela mandíbula , osteotomia sagital preconizada por Wolford & Davis (1990) Foto 1.4 Utilização da serra para basal na complementação da osteotomia Foto 1.5 Fixação interna rígida utilizando placas e parafusos para estabilizar a osteotomia, observando a adaptação do segmento proximal Foto 1.6 parafusos interposicionais reforçando na estabilização da OSM Foto 1.7 Frontal pré operatória Foto 1.8 Frontal pós operatória Foto 1.9 Perfil pré operatória Foto 2.3 Cirurgia de modelos evidenciando mordida aberta posterior Foto 2.4 Cirurgia iniciada pela mandíbula , evidenciando osteotomia modificada e fixação utilizando sistema locking 2.0mm Foto 2.5 Frente pré operatória Foto 2.6 Frente pós operatório recente Foto 2.7 Perfil pré operatório Foto 2.8 Perfil pós operatório Foto 2.9 Telerradiografia pré operatória Foto 2.10 Telerradiografia pós operatória evidenciando redução do plano oclusal Foto 1.10 Perfil pós operatório Caso 3 Foto 1.11 Oclusão pré operatória Foto 1.13 Telerradiografia pré operatória Foto 1.12 Oclusão pós operatória Foto 1.14 Telerradiografia pós operatória Paciente M.F.O 27 anos sexo fem. apresentando prognatismo mandibular associado a hipomaxilismo , com baixo plano oclusal. A cirurgia ântero-posterior exclusiva não permitiria resultados estéticos aceitáveis Optou-se pela rotação horária do plano oclusal com o objetivo de adequar os resultados funcionais e estéticos , fato que apenas foi possível utilizando os recursos da rotação horária do plano oclusal. Neste tipo de movimento torna-se mais fácil iniciar a cirurgia pela maxila pois a realização da intrusão maxilar posterior irá gerar o espaço para rotacionar a mandíbula no segundo tempo operatório permitindo intensificar o recuo mandibular , mostrando-se que nestes casos em particular a seqüência mais lógica é iniciar a cirurgia pela maxila. Foto 1.15 Radiografia final Pós operatória Caso 2 Paciente A.P.S.C 35 a sexo fem . Portadora de excesso vertical de maxila micrognatismo mandibular relação padrão II , optou-se pela rotação anti horária do complexo maxilo mandibular. A realização da rotação anti horária do CMM permite intensificar os movimentos sagitais da mandíbula , tanto que é comum realizarmos grandes movimentos de avanço mandibular com esta metodologia, além de possibilitar um maior avanço com projeção da área geniana , fato que permite melhorar o perfil. Foto 2.1 Radiografia norma lateral 12 REVISTA DA SOBRACIBU Foto 2.2 Planejamento cirúrgico iniciando pela mandíbula Foto 3.1 perfil pré operatório Foto 3.2 perfil pós operatório Foto 3.3 Foto frontal pré operatório Foto 3.4 Foto frontal pós operatório Foto 3.5 radiografia norma lateral pré Foto 3.6 radiografia norma lateral pós operatório Caso 4 Paciente D.S.V.P sexo fem 30 anos portadora de severa discrepância maxilo mandibular padrão III foi prepara ortodonticamente para cirurgia ortognatica com o intuito de intensificar os resultados estéticos foi planejada a rotação horária do plano oclusal,observamos que iniciar a cirurgia pela mandíbula torna muito mais complexo o procedimento nestes casos, pois sem a criação do espaço posterior(mordida aberta )fica muito difícil movimentar a mandíbula. Em virtude de discrepância transversal da maxila optou-se pela expansão maxilar via Le Fort I. Foto 4.1 planejamento cirurgico Foto 4.2 cirurgia de modelos evidenciando impactação posterior da maxila Foto 4.3 expansão maxilar via Le Fort I transoperatorio Foto 4.4 frente pré operatória Foto 4.5 frente pós operatória Foto 4.6 perfil pré operatório Foto 4.7 perfil pós operatório Foto 4.8 oclusão pré operatória Foto 4.9.1 radiografia pré operatória Foto 4.9 oclusão pós operatória Foto 4.9.2 radiografia pós operatória DISCUSSÃO A grande maioria dos trabalhos sobre rotação do complexo maxilo-mandíbular, procuram discutir a estabilidade destes movimentos 2,3,4,5,6,7,... , neste presente estudo nos atemos as indicações de cada tipo de rotação onde discutimos basicamente as possibilidades cirúrgicas e as estratégias que cada tipo de movimento pode oferecer. As rotações anti horárias do CMM se aplicam bem no tratamento das relações oclusais padrão II associados ou não e discrepâncias verticais Reyneke & Evans 3-6 , devemos destacar que estas rotações muitas vezes são muito bem aplicadas no tratamento de padrões II , por vezes eliminando a necessidade de genioplastias principalmente nos casos femininos pois intensificamos a projeção mandibular de forma discreta e mais natural,utilizando o contorno anatômico do próprio pogônio para obtermos a projeção geniana necessária , pois proporcionamos avanços mandibulares significativos sem implicarem em genioplastias compensadoras que podem por vezes deixam algum aspecto de artificialidade ao perfil feminino. Por outro lado autores como Wolford et Al 19944 ressaltam a importância de uma boa avaliação do status das articulações temporo mandibulares (ATMs) pois salientam que estes movimentos de rotação anti horária aumentam a carga mecânica das articulações e conseqüentemente o stress nestas articulações principalmente devido ao aumento das forças musculares decorrentes do aumento do braço de alavanca mandibular decorrente da rotação anti-horária Cottrel et AL 1997 12 sendo portanto estes fatores precipitantes em pacientes portadores de patologias articulares pré existentes . Gonçalves et. al.9 em contrapartida relatam a importância do diagnóstico da DTM e a resolução via cirurgia com rotação do CMM. Segundo os autores, a alteração do plano oclusal e mandibular, mantêm correta adaptação do côndilo a fossa proporcionando uma maior estabilidade as estruturas articulares da ATM, estando diretamente relacionado a escolha correta do tipo da osteotomia mandibular escolhida, por exemplo, Cottrell & Wolford11 ditam que para o tratamento de deformidade classe II a osteotomia sagital modificada por Wolford & Davis 199013 assisti de maneira mais efetiva um correto posicionamento condilar. Conclusão As rotações do CMM nos sentidos horário e anti horário parecenos se tratar de um importante recurso em cirurgia ortognatica , quando bem indicado e observada suas indicações de modo a ressaltar os resultados estéticos e funcionais . Principalmente quando dispomos de discrepâncias oclusais incompatíveis com os resultados almejados com os procedimentos cirúrgicos , se tornando um importante aliado no tratamento cirúrgico em cirurgias bimaxilares (cirurgias combinadas). Em nossa experiência o fato de iniciarmos a cirurgia pela mandíbula ou pela maxila deve seguir um planejamento lógico e estratégico sempre visando o ganho de tempo cirúrgico obedecendo a uma estratégia seqüencial que facilite os movimentos cirúrgicos transoperatórios evitando deste modo a criação de grandes mordidas abertas ou intensos movimentos maxilo mandibulares que dificultem ou atrasem o ato cirúrgico , mesmo que de forma transitória ou que promovam alterações no posicionamento condilar. Em termos de planejamento cirúrgico sempre devemos obedecer um ritual de procedimentos que vão desde os traçados cefalometricos predictivos a tomada do arco facial e registros intra-orais analise dos modelos e montagem destes em articulador semi-ajustável que são procedimentos padrões em toda cirurgia ortognatica . Contudo quando iniciamos pela mandíbula notamos que mínimos detalhes podem gerar instabilidade oclusal no transoperatório podendo criar ao final resultados inesperados que por vezes podem implicar na necessidade de liberarmos os sistemas de fixação interna rígida e restabelecer os parâmetros oclusais e proceder nova fixação interna rígida da mandíbula procedimentos. Fato que pode ser devidamente solucionado quando lançamos mão no planejamento de uma plataforma de Erickson (foto 1.2) e uma detalhada cirurgia de modelos. As rotações horárias e anti-horárias do CMM são procedimentos que devidamente aplicados podem intensificar ou otimizar resultados estéticos, apresentando significativa estabilidade quando devidamente indicados e executados. Os movimentos de rotação horária do CMM apresentam uma seqüência mais lógica e fácil quando iniciamos a cirurgia pela maxila enquanto que nos movimentos anti-horários do CMM notamos que ao iniciar pela mandíbula torna a cirurgia mais fácil reduzindo de maneira significativa o tempo cirúrgico, pois as relações intermaxilares são mais facilmente obtidas, consideramos também neste caso a utilização da osteotomia proposta por Wolford & Davis13 (figura C) um importante recurso que previne rotações do segmento proximal além de apresentar excelentes características em procedimentos cirúrgicos quando se iniciam pela mandíbula pois seu desenho em especial oferece orientação do movimento realizado, além de um controle melhor do segmento proximal em particular nos avanços mandibulares e nas rotações anti-horárias do CMM facilitando a orientação do cirurgião nestes procedimentos. Este desenho de osteotomia aliado a utilização da serra para basal (foto 1.4) que facilita a finalização da osteotomia, facilitada também se torna a fixação interna rígida possibilitando a utilização de placas e parafusos ou apenas parafusos interposicionais ou suas associações, em particular preferimos o uso inicial de placas e parafusos pois fornecem um posicionamento mais passivo dos segmentos ósseos prevenindo compressões REVISTA DA SOBRACIBU 13 nervosas e torques condilares, podendo ser utilizado posteriormente parafusos bicorticais com objetivo de proporcionar uma maior estabilidade a osteotomia. nervosas e torques condilares, podendo ser utilizado posteriormente parafusos bicorticais com objetivo de proporcionar uma maior estabilidade a osteotomia. Figura C.: Osteotomia proposta por Wolford &Davis (1990) BIBLIOGRAFIA 1- Ricketts RM. 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Palavras-Chave: Côndilo Mandibular/cirurgia; Fraturas Mandibulares/diagnóstico; Articulação Temporomandibular/cirurgia. Abstract An approach combining the retromandibular and endaural incision is performed for reduction and plating of a high subcondylar fracture. Various methods of osteosynthesis are discussed emphasizing that the choice depends on the criteria of the surgeon and personal preference. Key words: Mandibular condyle/surgery; Mandibular Fractures/diagnosis; Temporomandibular Joint/surgery. *Graduado, Especialista e Mestre pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - USP - SP *Doutor em C.T.B.M.F. pela Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP - SP * Postdoctoral Research Fellow in Orthognathic Surgery - University of Washington - Seattle - USA * Professor Titular de Traumatologia Maxilofacial da UFPB - PB * Coordenador da Disciplina de Implantodontia da UFPB - PB * Chefe do Serviço de Reabilitação dos Defeitos da Face do Hospital Universitário Lauro Wanderley - UFPB - PB ** Especialista em CTBMF pela APCD - Bauru - SP ** Residência em CTBMF pelo Hospital Beneficência Portuguesa de Bauru - SP ** Doutorando em CTBMF pela Universidade Sagrado Coração USC - Bauru - SP ** Prof. Substituto de Cirurgia I da UFPB Introdução Classificação Embora protegido anatomicamente pelo processo zigomático do osso temporal, pelos músculos e ligamentos sobre a articulação temporomandibular, o colo do côndilo está sujeito à fraturas causadas por ação de forças diretas e/ou indiretas, uma vez que é a parte mais delgada da mandíbula. Clinicamente, um paciente portador de fratura condilar pode apresentar (1) evidência de trauma facial, principalmente na área de mandíbula e especialmente na sínfise; (2) edema e dor localizada na região de articulação temporomandibular (ATM); (3) limitação da abertura bucal; (4) desvio, ao abrir a boca em direção ao lado fraturado; (5) mordida aberta posterior, no lado contralateral; (6) mudança da oclusão no lado fraturado, com possível mordida cruzada; (7) presença de sangue no canal auditivo; (8) dor à palpação no lado fraturado; (9) ausência de movimento condilar à palpação, tanto transmeato quanto lateralmente sobre o côndilo; (10) em protrusão, desvio mandibular em direção ao lado fraturado; (11) inabilidade do paciente de excursionar a mandíbula no lado fraturado; (12) dificuldade de excursões e de protrusão da mandíbula; e (13) ocorrência de mordida aberta, geralmente, em fraturas subcondilares bilaterais1. As fraturas condilares da mandíbula sempre apresentaram controvérsias não apenas no que tange em relação ao diagnóstico, mas particularmente quanto à seleção do método de tratamento, se conservador ou cirúrgico. No entanto, com a evolução dos e x a m e s d e i m a g e n s , p r i n c i p a l m e n t e a t o m o g ra f i a computadorizada, a conduta a ser tomada tornou-se mais segura e predictível. Um exame clínico minucioso e a estrita observância dos sinais e sintomas do paciente, associados à um exame de imagens acurado, subsidia o cirurgião na conduta a ser tomada. O objetivo deste trabalho é o de apresentar um caso clínico com indicação absoluta de redução cruenta e fixação óssea face ao grau de deslocamento condilar. As classificações, embora quase sempre incompletas, servem para nos auxiliar no diagnóstico e no plano de tratamento a ser adotado. A Classificação de Köhler (Figura 1) define as fraturas de acordo com a localização do traço de fratura. Assim, temos as fraturas intracapsulares, na porção mais superior do côndilo (dentro dos limites da cápsula articular); fraturas subcondilares altas; fraturas subcondilares baixas; e fraturas da base condilar. Quanto ao tratamento a ser preconizado, as fraturas intracapsulares são tratadas de forma conservadora (fisioterapia + controle da oclusão por meio de elásticos), enquanto as fraturas subcondilares alta e baixa e fraturas da base condilar podem ser tratadas cirurgicamente (redução + fixação interna rígida) ou de forma conservadora2,3. Fig. 1. Classificação de Köhler para as fraturas do côndilo mandibular. As fraturas intracapsulares não são tratadas cirurgicamente pelo risco de necrose do pequeno segmento ósseo (Esquema gentilmente cedido pelos Drs. Leandro Eduardo Klüppel, Renato Sawasaki, Roger William Fernandes Moreira e Renato Mazzonetto). Uma outra classificação das fraturas condilares, também por nós adotada, é a de Spiessl, Schroll4 (Figura 2). De acordo com essa classificação as fraturas condilares podem ser: com/sem deslocamento; com encurtamento do ramo; sem contato ósseo; com angulação medial/lateral, podendo ainda ser: intracapsulares, altas e baixas. REVISTA DA SOBRACIBU 15 Fig. 2. Classificação quanto a localização do traço de fratura em relação ao ramo mandibular (Esquema gentilmente cedido pelos Drs. Ângela Alves de A g u i a r G o t o e F ra n c i s c o Rogério Aguiar de Menezes). Fig. 4. Radiografia de Towne, mostrando o deslocamento medial do côndilo esquerdo. Revisão da literatura A abordagem endoaural para a região de articulação temporomandibular (ATM) foi idealizada por Davidson, em 1955, e passa por baixo e por trás na região entre a hélice e o tragus, prosseguindo ao longo do teto do canal auditivo externo por cerca de 1 cm. Em seguida, continua na metade anterior da circunferência meatal, na junção dos meatos ósseo e cartilaginoso. Uma divulsão cirúrgica é feita em direção à parte posterior da cápsula da articulação, atrás e abaixo do lobo glenóide da glândula parótida. Uma vez que a direção do canal auditivo externo é para baixo, para a frente, e para medial, então a dissecação deve seguir da mesma forma, caso contrário a membrana timpânica poderá ser lesada5. Algumas variantes dessa técnica são encontradas na literatura em função da preferência individual do cirurgião. A abordagem retromandibular é preconizada para fraturas subcondilares. A incisão começa aproximadamente 1 cm abaixo do lóbulo da orelha e 1 cm posterior ao ramo mandibular. A parótida é retraída anteriormente e as fibras do masseter são separadas rombamente ao longo do seu curso vertical para alcançar o ramo subjacente6. Choi et al7., Ellis et al8., afirmam que a melhor estabilidade é conseguida com a aplicação de duas miniplacas 2.0mm e parafusos bicorticais. Rallis et al9., relatam bons resultados com o uso de duas miniplacas 2.0mm e perfurações bicorticais nas fixações subcondilares de fraturas com desvio. Hammer, Schier, Prein10, afirmam que a utilização de uma miniplaca compressiva de 2.0mm de titânio e parafusos bicorticais perpendiculares ao traço de fratura fornecem uma melhor estabilidade. Meyer11 idealizou uma miniplaca tridimensional, com formato trapezoidal, que oferece estabilidade segura e confiável, de acordo com os preceitos filosóficos de Champy quanto à fisiologia mandibular. Autores como Lachner et al12., e Kitayama13 indicam a abordagem intra-oral como um método seguro de acesso à essas fraturas. Ainda utilizando uma abordagem intra-oral, Lee et al14., preconizam a redução das fraturas subcondilares por endoscopia, um método ainda pouco utilizado rotineiramente. Caso clínico Fig. 1. Vista pré-operatória frontal. Paciente do gênero masculino, 15 anos de idade, vítima de queda de bicicleta, portador de fratura subcondilar alta, lado esquerdo, e apresentando limitação de abertura bucal e laterodesvio para o lado acometido. O exame de imagens (radiografia de Towne e tomografia computadorizada) revelou significativa luxação extracapsular medial do côndilo afetado. Fig. 2. Vista pré-operatória frontal mostrando a limitação de abertura bucal. 16 REVISTA DA SOBRACIBU Fig. 3. Vista pré-operatória de perfil, lado esquerdo, mostrando o edema locorregional. Fig. 5. Radiografia de Towne, com vista mais aproximada, mostrando a luxação extracapsular medial do côndilo esquerdo. O tratamento proposto foi a redução cruenta e fixação funcionalmente estável do côndilo mandibular objetivando a restauração anátomo-funcional e estética do paciente. A abordagem preconizada foi a pré-auricular endoaural, que permite um adequado acesso ao campo operatório, evita estruturas anatômicas importantes e proporciona uma cicatriz praticamente imperceptível esteticamente. A abordagem retromandibular de Hinds, empregada como acesso adjunto, por sua vez, é intermediária entre as incisões pré-auricular e submandibular e constitui-se em uma via recomendada para fraturas subcondilares altas. Fig. 6. Tomografia computadorizada mostrando o severo deslocamento medial do côndilo mandibular. No presente caso, necessário se fez uma abordagem combinada devido ao tipo de fratura, inclusive com perda de substância óssea em bisel na face medial do côndilo, e também pela dificuldade de localização do côndilo e sua posterior fixação utilizando somente a via endoaural. Houve a necessidade de remoção do côndilo do sítio cirúrgico, Fig. 7.Remoção do côndilo de sua fixação parcial com uma mandibular. miniplaca de 2.0mm e parafusos bicorticais, de forma passiva, sobre a mesa cirúrgica, levando-o de volta para sua colocação na fossa mandibular do osso temporal com posterior aparafusamento ao ramo mandibular. Uma vez realizada a osteossíntese, o disco articular foi reposicionado, suturado aos remanescentes da cápsula articular, mais inferiormente, e a seguir, realizou-se o fechamento da cápsula articular rompida pelo deslocamento condilar. Fig. 8. Côndilo mandibular e fragmento ósseo condilar removidos. Fig. 9. Fixação parcial da placa fora do campo cirúrgico. Fig. 10. Radiografia pós-operatória de Towne, após uma semana. Fig. 11. Radiografia lateral de crânio mostrando a osteossíntese do côndilo. Orientações pós-operatórias foram dadas ao paciente e sua mãe para que o tratamento fisioterápico fosse iniciado logo após a remoção da sutura e regressão do edema local visando o pleno retorno à normalidade da função mastigatória. mãe para que o tratamento fisioterápico fosse iniciado logo após a remoção da sutura e regressão do edema local visando o pleno retorno à normalidade da função mastigatória. DISCUSSÃO Em estudos comparativos entre tratamentos fechados e abertos para pacientes portadores de fraturas condilares com desvios, diversos autores15-19 relatam resultados pósoperatórios satisfatórios nos pacientes intervidos cirurgicamente referindo-se a: simetria facial, amplitude de abertura bucal, oclusão dentária semelhante à oclusão anterior ao trauma, movimentação mandibular de abertura, lateralidade e protrusão, devolvendo ao paciente a normalização de suas atividades funcionais. Em nosso entendimento, quando houver grandes desvios dos fragmentos, principalmente medial ou posterior, e diminuição da altura do ramo mandibular, a redução cirúrgica e sua fixação deverão ser consideradas essenciais, evitando-se assim a subsequente calcificação dos fragmentos em posição viciosa20 ou pseudoartrose. Optamos, nos casos de fraturas altas, como no caso em questão, pela abordagem pré-auricular endoaural, abordagem esta que nos propicia um bom campo cirúrgico aliado à uma estética bastante favorável, embora alguns autores julguem o acesso pré-auricular como um risco em potencial ao nervo facial21,22. Nesse caso específico, devido a complexidade da fratura, lançamos mão também do acesso de Hinds. Quanto à osteossíntese, empregamos uma placa adaptacional, tipo Champy, e parafusos bicorticais colocados de forma passiva. Uma outra opção seria a colocação de uma miniplaca de titânio 2.0 mm compressiva com parafusos bicorticais perfurados de maneira cêntrica4. Há que se tomar precaução quando do uso de parafusos de tração, uma vez que a compressão poderá girar o côndilo dentro da fossa temporal da mandíbula, especialmente nas perfurações excêntricas. Evitamos o torque excessivo dos côndilos, quando do uso dessa modalidade técnica, fazendo perfurações cêntricas. Ellis et al.16, avaliaram o posicionamento condilar adquirido após fixação interna rígida em fraturas condilares unilaterais. Constataram que quanto mais rígido é o método de fixação mais diferenças ocorrem no posicionamento condilar. Quando o côndilo é fixado de uma maneira semi-rígida, com parafusos monocorticais, e posterior fisioterapia, há maiores chances de um melhor posicionamento condilar na fossa mandibular do osso temporal. Uma outra alternativa ainda seria o uso de uma miniplaca de Meyer (se disponível), ou uma malha de titânio, ambas fornecendo estabilidade tridimensional. O biotipo do paciente também precisa ser levado em consideração. Nesse caso em particular, o paciente é de compleição física franzina, com um sistema muscular frágil, implicando assim em uma carga mastigatória menor. Essa combinação de fatores, sem nos esquecermos da perda óssea em bisel mencionada anteriormente, e somando-se a ela uma alta cooperação do mesmo, nos levou a considerar o uso de apenas uma miniplaca de titânio. Uma complicação potencial a ser levada em alta consideração é a reabsorção condilar decorrente de uma posição não-fisiológica do côndilo dentro da fossa após a sua fixação e ao aumento da força funcional, causando assim sobrecarga do lado operado23. Daí a importância de atentarmos para o posicionamento correto do côndilo e, após a fixação, movimentarmos a mandíbula para testarmos a oclusão antes da síntese dos tecidos moles. Somos frontalmente contrários à indicação de tratamento conservador em casos com desvios significativos do côndilo, conforme apregoado por alguns autores 24,25, e concordes ao tratamento cirúrgico, de acordo com outros autores26. O argumento de que o côndilo possui uma grande capacidade de remodelação, principalmente em crianças, é uma maneira extremamente simplista de encarar o tratamento e pode levar o profissional a resultados insatisfatórios e até desastrosos. Podemos citar o trabalho de Thorén et al27 que realizaram tratamentos conservadores, independentemente do grau de desvio condilar, em pacientes com até 15 anos de idade, apresentando no pós-operatório desvios mandibulares, mordidas abertas anteriores e desordens oclusais. Dessa forma, em casos de deslocamentos severos do côndilo mandibular, independentemente de o paciente apresentar máoclusão significante, somos partidários da redução aberta e osteossíntese dos fragmentos ósseos, evitando possíveis sequelas como dor, pseudoartrose e limitação de abertura bucal. como dor, pseudoartrose e limitação de abertura bucal. Devido à impossibilidade do uso de procedimento endoscópico até o momento atual, não é nossa rotina a aplicação de tal recurso na fixação de fraturas condilares, embora Lee et al21., relatem essa técnica com bons resultados. CONSIDERAÇÕES FINAIS O tratamento das fraturas condilares exige um exame clínico cuidadoso e um acurado exame de imagens. Feito o diagnóstico, seleciona-se o método de fixação mais adequado ao caso em questão. Diversas modalidades de osteossíntese podem ser empregadas e a escolha depende do critério e preferência pessoal do cirurgião que deverá estar atento no sentido de minimizar possíveis complicações e sequelas advindas de um tratamento equivocado. Consideramos, portanto, que a redução aberta e fixação funcionalmente estável propiciam efeitos benéficos anátomo-funcionais e estéticos aos pacientes. REFERÊNCIAS 1. Goto AAA. Tratamento cirúrgico das fraturas subcondilares: avaliação da abordagem retromandibular de Hinds [ Dissertação]. São Paulo (SP): Curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde do Hospital Heliópolis- Hospel; 2006. 2. Prein J. Manual of internal fixation in the cranio-facial skeleton: techniques recommended by the AO ASIF-Maxillofacial Group. New York: Springer;1998. 3. Chossegros C, Cheynet F, Blanc JL, Bourezak Z. Short retromandibular approach of subcondylar fractures: clinical and radiologic long-term evaluation. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 1996;82(3):248-52. 4. Spiessl B, Schroll K. Gesichtsschädel. In: Nigst H (Hrsg). Spezielle Frakturen-und Luxationslehre. Stuttgart, New York: Georg Thieme, BD. 1/1,1972. 5. Davidson AS. Endaural condylectomy. Br J Plast Surg 1955;8:64-6. 6. Hinds ED, Girotti WJ. Vertical subcondylar osteotomy: a reappraisal. Oral Surg 1967; 24:164. 7. Choi HB, Yoo HJ. Open reduction of condylar neck fractures with exposure of the facial nerve. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 1999;88:292-6. 8. Ellis III E, Throckmorton G, Palmieri C. Open treatment of condylar process fractures: Assessment of adequacy of repositioning and maintenance of stability. J Oral Maxillofac Surg 2000;58:27-34. 9. Rallis G, Mourouzis C, Ainatzoglou M, Mezitis M, Zachariades N. Plate osteosynthesis of condylar fractures: a retrospective study of 45 patients. Quintessence Int 2003;34:45-9. 10. Hammer B, Schier P, Prein J. Osteosynthesis of condylar neck fractures: a review of 30 patients. Br J Oral Maxillofac Surg 1997;35:288-91. 11. Meyer C. Determination of the external forces applied to the mandible during various static chewing tasks 1998;26:331-41. 12. Lachner J, Clanton JT, Waite PD, Ala B. Open reduction and internal rigid fixation of subcondylar fractures via an intraoral approach. Oral Surg Oral Med Oral Pathol 1991;71:257-61. 13. Kitayama S. A new method of intra-oral open reduction using a screw applied through the mandibular crest of condylar fractures. J Cranio Max Fac Surg 1989;17:16-23. 14. Lee C, Stiebel M, Young DM. Cranial nerve VII region of the traumatized facial skeleton: optimizing fracture repair with the endoscope. J Trauma 2000: 423-31. 15. Zhang X, Obeid G. A comparative study of the treatment of unilateral fractured and dislocated mandibular condyles in the rabbit. J Oral Maxillofac Surg 1991;49:1181-90. 16. Ellis III E, Throckmorton G, Palmieri C. Open treatment of condylar process fractures: Assessment of adequacy of repositioning and maintenance of stability. J Oral Maxillofac Surg 2000;58:27-34. 17. Throckmorton GS, Ellis EIII, Hayasaki H. Masticatory motion after surgical or nonsurgical treatment for unilateral fractures of the mandibular condylar process. J Oral Maxillofac Surg 2004;62:127-38. REVISTA DA SOBRACIBU 17 18. Palmieri C, Ellis III E, Throckmorton G. Mandibular motion after closed and open treatment of unilateral mandibular condylar process fractures. J Oral Maxillofac Surg 1999;57:764-75. 19. Yang WG, Chen CT, Tsay PK, Chen YR. Functional results of unilateral mandibular condylar process fractures after open and closed treatment. J Trauma 2002;52:498-503. unilateral mandibular condylar process fractures after open and closed treatment. J Trauma 2002;52:498-503. 20. Aguiar SA, Goto AAA, Menezes FRA, Oliveira ACM, Cozzolino FA, Denardin O. Abordagem retromandibular de Hinds nas fraturas condilares. Rev Paul Odont 2006. No prelo. 21. Lee C, Stiebel M, Young DM. Cranial nerve VII region of the traumatized facial skeleton: optimizing fracture repair with the endoscope. J Trauma 2000: 423-31. 22. Sugiura T, Yamamoto K, Murakami, Sugimura M. A comparative evaluation of osteosynthesis with lag screws, miniplates, or kirschner wires for mandibular condylar process fractures. J Oral Maxillofac Surg 2001;59:1161-8. 23. Manganello LC, Silva AAF. Fraturas do côndilo mandibular: classificação e tratamento. Rev Bras Otorrrinolaringol 2002; 68(5):749-55. 24. Norholt SE, Krishnan V, Sindet PS, Jensen I. Pediatric condylar fractures: A long-term follow-up study of 55 patients. J Oral Maxillofac Surg 1993;51:1302-10. 25. H Hallikainen D, Lizuka T, Lindquist C. Condylar process fractures in children: a follow-up study of fractures with total dislocation of the condyle from the glenoid fossa. J Oral Maxillofac Surg 2001;59:768-73. 26. Haug RH, Assael L A. Outcomes of open versus closed treatment of mandibular subcondylar fractures. J Oral Maxillofac Surg 2001; 59:370-5. 27. Thorén H, Hallikainen D, Lizuka T, Lindquist C. Condylar process fractures in children: a follow-up study of fractures with total dislocation of the condyle from the glenoid fossa. J Oral Maxillofac Surg 2001;59:768-73. 18 REVISTA DA SOBRACIBU Imagine seu anúncio aqui! Este espaço espera por você! 3º MOLAR INFERIOR, INCLUSO INVERTIDO, ECTÓPICO E NO RAMO DA MANDIBULA RELATO DE CASO THIRD MOLAR INFERIOR, IMPACTED, ECTOPIC AND IN MANDIBULAR RAMUS CASE REPORT Recebido em Março/2009 Aprovado em Abril/2009 Adriana Longov* Linneu Cuffari** RESUMO Os autores relatam um caso raro de cirurgia para remoção de um terceiro molar inferior incluso em posição ectópica, invertido e no ramo da mandíbula. O estudo radiográfico demonstrou uma área radiolúcida significante no ramo mandibular. de diâmetro aproximadamente 28 x 20 mm e a coroa dental posicionada em relação ao canal mandibular à distância de 3,1 mm. O tratamento proposto consistiu na enucleação do cisto e exodontia do terceiro molar inferior e proservação. A confirmação do diagnóstico de cisto odontogênico, foi constatado através de exame anatomopatológico. Na proservação a radiografia panorâmica de 14 meses apresentou uma reparação óssea completa e ao exame clínico um tecido mucoso com aparência de normalidade. Palavras-Chave: Terceiro molar; Dentes ectópicos; Ramo mandibular Abstract In this article the authors present a case of a surgery to remove the third inferior inclusive molar tooth in an ectopic position, inverted and in the jaw branch. The radiographic study showed a distinguished radiolucent area in the jaw branch with 28 x 20 mm of diameter and the dental crown positioned 3,1 mm distant from the jaw canal. The treatment suggested consisted of an enucleation of the cyst and an extraction of the third inferior molar with a follow up. The confirmation of the diagnosis of the odontogenic cyst was found through an anatomopathological test. After 14 months from the surgery it was showed a complete bone repair and the mucosal tissue with a normal appearance. Key words: Third molar; Ectopic teeth; Mandibular ramus? Adriana Longov* Cirurgiã dentista, Mestre em Ciências da Saúde (HOSPHEL),Ministradora em Cirurgia na EAP/APCD. Prof(a). do Curso de Especialização em CTBMF da APCD/ V. Mariana. Linneu Cuffari** Cirurgião dentista, especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofaciais, Mestre em Cirurgia de Cabeça e Pescoço (HOSPHEL),Prof. Responsável da disciplina de Farmacologia e Terapêutica Medicamentosa na Fac. de Odontologia da UNISANTA, Prof. de Curso de Especialização em CTBMF da APCD/ V. Mariana, ABENO. INTRODUÇÃO A inclusão dentária é freqüentemente encontrada na clínica odontológica. Porém, a inclusão ectópica ocorre em cerca de 1% da população em geral. Existem várias terminologias empregadas para as inclusões dentárias. Para Gregori,1988 dente incluso deve ser considerado como o elemento dentário que chegada a época normal de seu irrompimento, permanece, entretanto ainda imerso no interior dos tecidos. Por definição, ectópicos são elementos dentários que se desenvolveram em uma região afastada de sua posição normal na arcada dentária. Os dentes inclusos ectópicos podem ser encontrados no palato, seio maxilar, cavidade nasal, côndilo, processo coronóide, órbita, seio etmóide e outras ocorrências fora da cavidade oral, sendo raras.(Erkmen et al,1998). A retenção dental foi e sempre será tema de discussão e controvérsias entre autores. Os terceiros molares inferiores são os dentes cuja incidência de retenção é estatisticamente a maior, Lorton & Grover (1985), Richardson (1975), Tsaknis & Carpenter (1975) e Winter (1926). Uma maior freqüência no sexo feminino (58%) e no masculino (42%), segundo Bruce et al (1980). Segundo Palmieri Jr (1994), no estudo da posição de terceiros molares retidos, em 156 dentes, não foi encontrado nenhum dente molar inferior em posição invertida. Os terceiros molares são os mais afetados, pois são os últimos dentes a romper e assim não encontram, em grande parte dos casos, espaço adequado para o irrompimento.É o dente que apresenta maior número de transtornos de erupção, consequentemente aumentando as indicações para sua remoção. Dentre os problemas causados pelos dentes inclusos podemos citar: pericoronarites recorrente, trismos, periodontites, cáries, abscessos, osteomielites, reabsorções de raízes adjacentes, compressão de estruturas nervosas, aparecimento de cistos e tumores, apinhamentos dentários,etc.(Zanini,1990). Os dentes ectópicos podem apresentar uma variedade de sintomas de acordo com o local que se encontram. Incluindo, dor, obstrução nasal, edema facial, cefaléia, febre, rinorréia, epistaxes, úlceras localizadas, desvio da anatomia naso-maxilar, abscesso do septo nasal, sinusite e fístula oro-nasal (Jude et al,1995; Kim et al,2003). Clinicamente estes elementos podem ou não estar associados à sintomatologia,na qual,dependendo do sintoma será feita a opção do tratamento. As técnicas utilizadas para o tratamento das inclusões dentárias são divididas em dois grupos: a conservadora, onde se faz somente o acompanhamento clínico e radiográfico e a radical, representada pela remoção cirúrgica ou tracionamento ortodôntico. O objetivo deste trabalho é apresentar a técnica cirúrgica na remoção de um dente ectópico em posição invertida no ramo da mandíbula, bem como, apresentar o diagnóstico conclusivo por REVISTA DA SOBRACIBU 19 meio de exame anátomo-patológico.. RELATO DO CASO CLÍNICO O paciente S.F.M., 36 anos, gênero masculino, leucoderma, foi encaminhado a um Cirurgião Bucomaxilofacial. Na anamnese, a queixa principal do paciente era dor na parte posterior da mandíbula, lado direito e “gosto ruim na boca”. Ao exame clínico intra oral, foi constatado ausência do dente 3º molar inferior direito e edema na região de ramo da mandíbula de consistência firme. Foi solicitada uma radiografia panorâmica, devido a ausência do dente 48 na radiografia periapical. A radiografia panorâmica mostrou o dente 48 no ramo da mandíbula, posição invertida e uma área radiolúcida significativa ao redor da coroa dental e em intimo contato com o canal mandibular. Solicitou-se uma tomografia computadorizada para melhor visualização de detalhes. Foi realizada tomografia computadorizada Volumétrica com cortes transaxiais e espaçamento com espessura de 2 mm, sobre a região 48 para obter a mensuração da altura e espessura do osso alveolar. Ao exame Tomográfico Computorizado da mandíbula, foram constatados os seguintes resultados: imagem compatível com presença do dente 48 incluso, em posição ectópica com imagem hipodensa envolvendo sua coroa; a coroa dental encontra-se superior e lingualmente posicionada em relação ao canal mandibular, em intimo contato com o mesmo; observa-se solução de continuidade na cortical lingual da região; observa-se imagem compatível com reabsorção óssea da crista do rebordo e pode-se sugerir como hipótese de diagnóstico cisto de erupção. Optou-se pela remoção cirúrgica do dente 48 e do tecido patológico que envolvia a sua coroa com anestesia local e sedação inalatória com oxido nitroso + oxigênio. O paciente não apresentava nenhum problema sistêmico relacionado ao estado físico geral que contra-indicasse os procedimentos propostos. Como medicação pré operatória foi prescrito um comprimido de benzodiazepinico de 5 mg à noite anterior à cirurgia, 2 cápsulas de amoxicilina 500 mg (1 gr) e 2 comprimidos de dexametasona 4 mg (8 mg) uma hora antes da cirurgia. Após realizarmos o protocolo normal para a sedação com oxido nitroso + oxigênio, iniciamos o procedimento cirúrgico com anestesia local, regional ptérigomandibular e infiltrativa complementar do nervo bucal. A incisão mucoperiostal foi do tipo Avellanal ou em “L” aberto (Fig 1), seguido de divulsão mucoperiostal com exposição óssea. Na região da crista alveolar posterior ao segundo molar inferior D, verificamos ausência da mesma pela reabsorção provocada pela expansão do cisto. Com uma seringa descartável agulhada foi feita a aspiração do líquido cístico. Fig 4 Fig 5 Fig 6 Fig 7 Cuidadosamente com uma cureta, removemos todo o tecido patológico da cavidade (Fig 7) evitando causar danos no nervo alveolar inferior, devido ao seu íntimo contato com a coroa dental verificada na tomografia computadorizada. O material coletado foi colocado em recipiente com formol a 10% e enviado posteriormente para exame anatomopatológico Optamos em preencher a cavidade alveolar, para manter a estabilidade do coágulo, com espuma de colágeno, cortadas em pequenos pedaços e colocadas uma sobre as outras sem pressão e embebidas com sangue local. A sutura foi dada com pontos simples interrompidos com seda 3.0 após reposicionamento do retalho mucoperiostal (Fig 8). Fig 8 No pós-operatório foi prescrito amoxicilina 500 mg V.O. de 8 em 8 hs durante 7 dias, Etoricoxib 60 mg V.O. de 12 em 12 hs durante 4 dias, paracetamol 750 mg de 6 em 6 hs se necessário e orientação de cuidados gerais no pós-operatório. Retorno após 7 dias para remoção das suturas. O pós-operatório transcorreu sem intercorrências e na remoção dos pontos, a região da cirurgia apresentava aspecto de normalidade. O exame anatomopatológico constatou cisto odontogênico inflamatório, podendo corresponder a cisto dentígero com processo inflamatório (Fig 10). A radiografia de controle de 14 meses mostrou imagem que sugere reparação tecidual óssea compatível e satisfatória. Iniciamos a ostectomia com instrumento rotatório cirúrgico cortante (fresa cirúrgica esférica nº6 com irrigação constante de soro fisiológico) na área superior e anterior do ramo da mandíbula ao nível da coroa invertida do dente 48 (Fig 2) e foi possível visualizar a porção coronária do dente. O diâmetro da cavidade óssea foi alargado para estar compatível com o tamanho da coroa do dente 48 (Fig 3). Foi utilizado o elevador Heidbrink para luxar e movimentar o dente para a parte inferior da cavidade cística, facilitando a odontosecção entre a porção coronária e radicular (Fig 4) e a sua remoção. Inicialmente foi removida a coroa dental e em seguida a porção radicular ( Fig 5 e 6 ). Fig 2 20 REVISTA DA SOBRACIBU Fig 3 Fig 10 DISCUSSÃO Parmense;72(5-6):115-8,2001. Existe controvérsias a respeito do tratamento mais adequado para a remoção de dentes ectópicos. Há autores que indicam a remoção desses dentes quando na fase de germe e intra-ósseo e com raiz até um terço do seu comprimento total. Peterson et al.(1996), indicam a remoção numa idade em torno de 18 anos quando a raiz do germe possui dois terços do seu comprimento total. Outros autores indicam a conduta conservadora com acompanhamento clínico e radiográfico do dente por um período de tempo indeterminado, devido alguns dentes assumirem posições que dificultam o tratamento cirúrgico. (Peck,1988) De acordo com Hattab (1997), Lysel,Rohlin (1988) e Bruce ET AL (1980) um quarto dos terceiros molares inclusos foram removidos profilaticamente e mais da metade da dos removidos cirurgicamente não apresentavam sintomas subjetivos. Independente da situação ectópica desse dentes devemos levar em consideração sua localização , posição anatômica e possível formação cística que os mesmos apresentem para a decisão da conduta a ser decidida. Palmieri Jr, C.F. Estudo da posição dos terceiros molares retidos em pacientes atendidos na Clínica de Cirurgia da EAP da APCD, no período de 1992 e 1993. Monografia apresentada no curso de Especialização em CTBMF, São Paulo, 1994. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pellegrino, Antonio; Taronna, Ignazio; Mariella, Anthony; Machin, Genovieve; Carretta, Mauro; Mathison, Luis; Smitter, José; Ron, Yemile; Del Médico, Pedro. Embarazo ectópico molar: presentación de un caso clínico/Molar ectopic pregnancy:presentation of a clinic case. Arch.Hosp.Vargas; 40(1/2):69-72,ene.-jun.1998.ilus. Santana E; Ferreira Jr O; Pinzan. Avaliação da frequência da posição dos terceiros molares inferiores não irrompidos. BCI,vol.7, n.27, jul/ago/set, 2000. 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Magalhães,A.E.O.; Fernandes,A.V.;Nascimento,F.F.A de O.;Mendes, V.C.Remoção cirúrgica de pré-molar ectópico em ramo mandibular:relato de caso.BCI,Curitiba,v.9,n.35,p.192196,jul./set.2002. Martorelli SBF, Albuquerque RS, Marinho EVS, Coelho Jr EC, Martorelli FO, Melo JF. Inclusões Ectópicas em Apófise Coronóide Relato de casos geneticamente associados. Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-fac., Camaragibe v.7, n.3, p.41-48, jul./set. 2007. Medici A; Raho MT; Anghinoni M. Ectopic third molar in the condylar process:case report. Acta Biomed Ateneo REVISTA DA SOBRACIBU 21 FRATURAS PAN FACIAIS EM PACIENTE PEDIATRICOS RELATO DE CASO. Pan Facial Fractures in Pediatric Patients - Case Report. Recebido em Maio/2009 Aprovado em Junho/2009 * Luiz Marcelo Amaral Galvão Nunes, L.M.A. ** Rudiney Jéferson Daruge, R.J. *** Fábio Parada Pazinatto , F.P. **** Simone Cristine de Souza, S.C. RESUMO As fraturas buco maxilo faciais apresentam particularidades quando acometem pacientes pediátricos e principalmente nos casos das fraturas pan faciais onde o esqueleto facial é amplamente afetado pelo trauma, esta se trata de uma condição que oferece problema cirúrgico importante seja qual for a idade e invocam uma excessiva atenção dos que o atendem, principalmente infantil, pois a sua chegada no serviço de emergência é dramática e preocupante. Os casos de fraturas pan-facias exigem a devida atenção, tanto ao paciente adulto quanto ao paciente pediátrico, já que estruturas de referência para a estabilização e fixação do esqueleto facial estão por vezes comprometidas dependendo da intensidade e dinâmica do trauma. No caso das crianças isso se faz ainda mais presente pelo fato de que suas estruturas se dispõem de maneira próxima e ainda estão em desenvolvimento o que deve ser considerado para que o pósoperatório traga o mínimo possível de seqüelas ao paciente. As fraturas devem ser tratadas semelhantemente aos adultos, com a redução cruenta e a fixação interna rígida atentando as particularidades do paciente pediátrico. A intensidade e a direção do trauma são fatores significativos para a presença ou ausência de distúrbios ao desenvolvimento dos dentes permanentes. Apesar de diversas opções de tratamento das fraturas faciais em crianças estarem à disposição do cirurgião, a prevenção das fraturas faciais em crianças ainda é o melhor recurso disponível. Palavras-Chave: Fratura Pan-facial, Politrauma pediátrico, trauma facial, fraturas buco maxilo faciais, lesões traumáticas. Abstract Fractures buco maxillo facial features when presented affect pediatric patients and especially in cases of pan facial fractures where the facial skeleton is largely affected by trauma, this is a condition that offers important surgical problem whatever the age and rely on an excessive attention of those who serve, especially children, since their arrival in the emergency room is dramatic and disturbing. The cases of pan-facias fractures require proper attention to both the adult patient as the pediatric patient, as structures for the stabilization and fixation of the facial skeleton are sometimes compromised depending on the intensity and dynamics of trauma. In the case of children it is even more present by the fact that their structures have been so close and still are in development which should be considered for the post-operative bring the minimum of sequelae to the patient. Fractures should be treated similarly to adults, with the bloody reduction and rigid internal fixation considering the particularities of the pediatric patient. The intensity and direction of the trauma are significant factors for the presence or absence of disturbances to the development of permanent teeth. Despite several options for treatment of facial fractures in children are available to the surgeon, the prevention of facial fractures in children is still the best resource available. Key words: Pan-facial fractures, politraumatology children, facial traumatology, buco maxillo facial fractures, traumatic injuries. RELEVÂNCIA CLÍNICA Este artigo justifica-se em função de identificar a importância do trauma em pacientes pediátricos como problema de ordem multidisciplinar, contribuindo no que diz respeito ao planejamento e prognóstico de procedimentos cirúrgicos para o tratamento de fraturas pan faciais em pacientes pediátricos tanto em serviço públicos como privados. * Cirurgião Dentista, Residente em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial (CEDDAR - SOBRACIBU), Especializando em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial (Universidade Estácio de Sá-MEC). ** Cirurgião Dentista, Doutor em Odontologia legal, Mestre em Fisiologia, Especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial, Especialista em Disfunção têmporo mandibular e dor oro-facial, Médico, Especialista em Otorrinolaringologia. *** Cirurgião Dentista, Especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial, Especialista em Disfunção têmporo mandibular e dor oro-facial. **** Cirurgiã Dentista, Especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial, Especialista em Disfunção têmporo mandibular e dor oro-facial. INTRODUÇÃO O trauma é um importante problema de saúde pública mundial devido às altas taxas de morbidade e mortalidade. Ele corresponde a 50% das mortes na infância e adolescência nos Estados Unidos da América do Norte, sendo a maior causa isolada de morbimortalidade em crianças, superando todas outras causas associadas (Santili et al, 2005). Aproximadamente 22 milhões de crianças sofrem trauma anualmente nos Estados Unidos da América, sendo que muitas delas apresentam trauma facial isolado ou associado a trauma em outras regiões do corpo. Estima-se que a cada três indivíduos traumatizados, um seja criança (Haug, Foss, 2000). A grande preocupação com as fraturas de face em crianças se deve às graves seqüelas que as mesmas ocasionam em função do crescimento e desenvolvimento dos ossos faciais, sendo que os princípios específicos de tratamento das fraturas em adultos não podem ser indiscriminadamente aplicados na população pediátrica, devido às particularidades desta população em relação ao crescimento facial, grande potencial de remodelação óssea e possibilidade de presença de germes dentários na topografia das fraturas (Morano et al, 1998). 22 REVISTA DA SOBRACIBU As fraturas buco maxilo faciais apresentam particularidades quanto acometem pacientes pediátricos e principalmente nos casos das fraturas pan faciais onde o esqueleto facial é amplamente afetado pelo trauma, esta se trata de uma condição que oferece problema cirúrgico importante tanto ao paciente adulto quanto ao paciente pediátrico já que estrutura de referencia para a estabilização e fixação do esqueleto facial está por vezes comprometida dependendo da intensidade e dinâmica do trauma. No caso das crianças isso se faz ainda mais presente pelo fato de que suas estruturas se dispõem de maneira próxima e ainda estão em desenvolvimento o que deve ser considerado para que o pósoperatório traga o mínimo possível de seqüelas ao paciente. Em verdade não se pode deixar de considerar que no trauma buco maxilo facial que acomete pacientes pediátricos esta é uma intervenção que apresente tantas pequenas dificuldades e mais repleta de imprevistos. É certo, contudo, que complicações existem, e que podem desencadear em níveis maiores se o ato cirúrgico for menosprezado pelo profissional, ou pelo paciente se mal ou não orientado sobre o procedimento a ser realizado, fatos que assumem uma conotação bem diversa de simples números se ocorrerem conosco. O único recurso à disposição dos profissionais seja recém-formado, sejam veteranos, para reduzir ao mínimo as suas incidências é através de uma atuação preventiva ampla e inespecífica, representada pelo correto planejamento do ato operatório. RELATO DE CASO Paciente de cinco anos de idade, leucoderma, gênero masculino, vítima de atropelamento por motocicleta, foi primeiramente atendido no pronto socorro municipal onde foram realizados os primeiros procedimentos pela equipe do plantão e posteriormente encaminharam o paciente a um serviço de referência em cirurgia e traumatologia buco maxilo facial, CEDDAR-Campinas; no momento da admissão do paciente o mesmo apresentava ferimentos lácero cortantes na Fig. 01 Aspecto do face, em região frontal, região infra-palpebral paciente, três dias d i r e i t a , d o r s o n a s a l , j á s u t u ra d o ; pós-trauma. blefaroedema direito, blefarohematoma direito, discreto blefarohematoma esquerdo, ao exame intra-oral mobilidade em hemi-maxila direita (fig 01), sendo o paciente F i g . 0 2 To m o g r a f i a Computadorizada Reconstrução 3D Evidenciando as fraturas. mantido sob cuidados na unidade de terapia intensiva pediátrica nas primeiras 72 horas e posteriormente sendo submetido à cirurgia para redução e fixação interna rígida das fraturas. Ao exame de i m a g e m , t o m o g r a f i a computadorizada, foi possível determinar a posição dos múltiplos pontos de fratura, em região orbitária direita, maxila, ossos próprios do nariz, região zigomática direita, região Fig. 03 - Acesso as fraturas do naso-órbita-etmoidal direita (fig 02). esqueleto facial através dos O paciente foi encaminhado ao centro ferimentos decorrentes do trauma. cirúrgico para realização da redução e fixação interna rígida das fraturas, sob anestesia geral por meio de intubação oro - traqueal, para acesso as fraturas do esqueleto facial foi utilizada o próprio FLC infra-palpebral direito, FLC em dorso nasal, ambos decorrente do trauma e acesso intraoral de Caldwell (fig 03), após exploração de toda região afetada foi realizada a redução das múltiplas fraturas e em seguida a fixação interna rígida das mesmas, para tal foram utilizadas mini placas, tela e parafusos titânio de 1,5 milímetros e cimento de fosfato de cálcio como enxerto, para região de rebordo infra-orbitário direito que apresentavam perda de fragmentos ósseos (fig 04). Durante o trans-cirúrgico foi possível visualizar Fig. 04 - Aspecto do material de o germe de um elemento dental fixação interna rígida (FIR) em permanente (fig 05), entretanto não rebordo infra-orbitario e Cimento houve nenhum acidente trans- de fosfato de cálcio em região de assoalho e rebordo orbitário. operatório tendo o procedimento cirúrgico prosseguido conforme planejamento. Após alta cirúrgica o paciente foi encaminhado à unidade de terapia intensiva pediátrica de onde fora Fig. 05 - Aspecto transferido para o quarto da tela (FIR) em no dia seguinte e recebeu assoalho de órbita alta hospitalar no terceiro e presença de g e r m e d e n t a l dia pós-operatório em permanente. bom estado geral com discreto blefaroedema direito e curativos sobre as suturas hemostáticas Fig. 06 - Radiografias pós-operatório P.A. Water's e Panorâ-mica Aspecto da FIR. realizadas nas incisões, em pele, utilizadas para acesso ao esqueleto facial. Foi realizada tomada radiográfica, pósoperatório, mento-naso-placa com incidência Póstero-Anterior e também uma radiografia panorâmica (ortopantomografia) para laudo e verificação dos materiais de FIR utilizados (fig 06). Após alta hospitalar o paciente foi orientado e comparecer a retorno pós-operatório para remoção dos curativos e suturas e periodicamente para preservação do caso. Que apresenta atualmente um seguimento de seis meses e o mesmo se apresenta sem queixas. DISCUSSÃO Hoje, defeitos craniofaciais na infância podem ser tratados, utilizando técnicas modernas de enxertos ósseos e osteossíntese, em particular, considerando-se o fator crescimento (LENS et al., 2003). Os sistemas de miniplacas têm possibilitado grandes avanços na obtenção dos contornos ósseos mais adequados durante a cirurgia (PETERSON et al., 2000). Os traumatismos de face, seja qual for a idade, invocam uma excessiva atenção dos que o atendem, principalmente infantil, pois a sua chegada no serviço de emergência é dramática e preocupante. É da responsabilidade do cirurgião bucomaxilofacial prestar o primeiro atendimento ao paciente politraumatizado com lesão facial, sem, entretanto, deixar que os aspectos, aparentemente, mais dramáticos, retardem a avaliação de outras lesões associadas que podem coexistir trazendo um maior risco de vida ao paciente. Devem ser utilizados os valiosos serviços de outras especialidades que contribuirão para um tratamento adequado de um problema específico (MELO et al, 2003). A intensidade e a direção do trauma são fatores significativos para a presença ou ausência de distúrbios ao desenvolvimento dos dentes permanentes (DUARTE et al, 1999). Dentes não erupcionados na linha de fratura podem resultar em perda ou destruição dos dentes em desenvolvimento ou erupção fora da posição e com retardo (DINGMAN & NATVIG, 2001). Os acidentes motociclísticos se apresentam de maneira crescente como agentes etiológicos dos traumatismos da região buco maxilo faciais e grande parte dos traumas que estão associados a esta etiologia apresentam grande dano as estruturas envolvidas, o que por vezes acarreta em complicações pósoperatorias (GALVÃO NUNES et al 2008). As fraturas faciais em pacientes pediátricos constituem um capítulo à parte na Traumatologia Buco-Maxilo-Facial. Devido ao alto grau de cicatrização e neoformação óssea, elas necessitam de uma rápida intervenção pela possibilidade de desenvolvimento de deformidades ou disfunções (JUNIOR et al, 2007). Os inconvenientes da fixação interna rígida metálica em pacientes jovens incluem o possível dano aos germes dentários, a interrupção do potencial osteogênico do periósteo na exposição óssea (principalmente a mandíbula), a conseqüente alteração do padrão de crescimento, o aparecimento de cicatrizes hipertróficas e a possível interferência do material de osteossíntese no crescimento mandibular (VILALOBOS & CASTILLOS, 2004). SOBREIRA et al. (2002) observaram que as etiologias mais freqüentes das fraturas faciais são: acidentes de trânsito, com 40% das ocorrências; as agressões físicas, com 32%, e as outras causas somadas são 28% das ocorrências. Procedimentos de enxerto ósseo são utilizados com freqüência em cirurgias bucais e maxilofaciais e Como uma alternativa para o enxerto ósseo autógeno e alógeno vem se tentando empregar uma quantidade significativa de materiais, incluindo metais, cerâmicas e polímeros. Os cimentos ósseos a base de fosfato de cálcio são materiais cerâmicos que apresentam biocompatibilidade devido a sua composição química semelhante à dos ossos, e bioatividade, promovendo a osteocondução. Com essas características, é possível a utilização desses materiais como implantes ósseos ou REVISTA DA SOBRACIBU 23 como preenchimento (Leal, C.V. 2006). Os cimentos ósseos a base de fosfato de cálcio (CFC) apresentam características excelentes na reconstituição buco-maxilocrânio-facial, pois, por possuírem composição química muito semelhante à fase mineral do osso, garantem uma boa biocompatibilidade e bioatividade. Um CFC, além de não gerar reações adversas no organismo pode, ainda, auxiliar e estimular a criação de um novo tecido ósseo. (Motisuke et. al. 2005). Os vidros bioativos, materiais cerâmicos utilizados como substitutos ósseos, representam materiais promissores por apresentarem boa biocompatibilidade, promoverem união química ao osso natural e apresentarem propriedades osteocondutivas. O reparo ósseo obtido com o emprego dos biovidros justifica seu uso clínico (Cruz et al. 2006). como preenchimento (Leal, C.V. 2006). Os cimentos ósseos a base de fosfato de cálcio (CFC) apresentam características excelentes na reconstituição buco-maxilocrânio-facial, pois, por possuírem composição química muito semelhante à fase mineral do osso, garantem uma boa biocompatibilidade e bioatividade. Um CFC, além de não gerar reações adversas no organismo pode, ainda, auxiliar e estimular a criação de um novo tecido ósseo. (Motisuke et. al. 2005). Os vidros bioativos, materiais cerâmicos utilizados como substitutos ósseos, representam materiais promissores por apresentarem boa biocompatibilidade, promoverem união química ao osso natural e apresentarem propriedades osteocondutivas. O reparo ósseo obtido com o emprego dos biovidros justifica seu uso clínico (Cruz et al. 2006). CONCLUSÃO Os pacientes pediátricos estão sujeitos principalmente a traumatismos faciais de menor intensidade, contudo quando acometidos de maiores trauma requerem muita atenção para o tratamento. Estão associadas ao tratamento cirúrgico destes traumas diversas complicações no pós-operatório entre as quais pode se citar dor, edema, trismo, parestesias, equimose, injurias neurais, seqüelas estéticas e funcionais. O tratamento deste paciente requer atendimento multidisciplinar e atenção específica. Entre os principais indicadores de risco de complicações pósoperatório podemos citar intensidade do trauma, extensão do trauma, grandes perdas de substância, técnica cirúrgica complexa, inexperiência profissional, presença de lesões promovendo fragilidade e contaminação na área operada. MELO, R.E.V.A. et al. Traumatismos faciais em crianças e adolescentes: estudo em 516 pacientes. Odontólogo Moderno.2003. MORANO FG, SAMPAIO MMC, FREITAS RS, ALONSO N, FERREIRA MC. Análise de 126 fraturas de face em crianças menores de 12 anos. Ver Col Bras Cir 1998;25(3):201-4. MOTISUKE, M.; LAMBERT, C. S.; CARRODÉGUAS, R. G.; ZAVAGLIA, C.A.C. Fosfatos de cálcio para reconstituição bucomaxilo-crânio-facial VI Congresso Brasileiro de Engenharia Química em Iniciação Científica, 2005 PETERSON, L. J. et al . Cirurgia Oral e Maxilofacial Contemporânea. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. SANTILI C,LINO JR W, SEGAL AB, CARVALHO DE, FREGONESE M. 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Reconstruction of the frontal calvarian continuity in a child using a freeze-preserved autogenous bone graft. J Craniomaxillofac Surg., v.3, n.3, p.1548, June 2003. 24 REVISTA DA SOBRACIBU ANOTE EM SUA AGENDA!!!! Anquilose de ATM na infância: relato de caso clínico TMJ ankylosis in children case report Recebido em Maio/2009 Aprovado em Junho/2009 * Autor: Daniel Cesar Zeitune Zerbinatti ** Co-Autor: Prof. Dr. Rudiney J. Daruge *** Co-Autor: Fabio P. Pazinatto **** Co-Autora: Simone C. Souza ***** Co-Autor: Edgard Cesar Zerbinatti ****** Co-Autor: Daniel Nastri de Luca RESUMO A anquilose das ATMs é uma condição em que há limitação parcial ou total dos movimentos articulares devido à aderência de suas superfícies. Tem como fator etiológico principal o trauma. Este trabalho consta-se de um relato de caso de anquilose de ATM na infância tratado cirurgicamente com artroplastia e placas bioabsorvíveis. O paciente aos 4 anos de idade foi vítima de queda ciclística com consequente trauma de mento. Foi atendido no Japão, tendo diagnóstico de fratura de côndilo mandibular direito e fratura cominuta de mento. Recebeu como tratamento bloqueio maxilomandibular durante um mês. Imediatamente à remoção do bloqueio passou a apresentar limitação progressiva de abertura bucal. Após 3 anos, já com 7 anos de idade, teve como diagnóstico anquilose da ATM direita, e anquilose fibrosa da ATM esquerda, no Brasil. Foi submetido a tratamento cirúrgico de artroplastia e osteotomia vertical de ramo de mandíbula em lado direito, fixado com material de síntese bioabsorvível, associado à coronoidectomia direita e cirurgia funcional de ATM na articulação oposta. A técnica cirúrgica utilizada, e os materiais de fixação mostraram-se eficaz, reabilitando o paciente. O trabalho fisioterápico no pós-operatório teve grande importância no ganho e manutenção de medidas de abertura bucal do paciente. Palavras-Chave: Articulação temporomandibular, anquilose, bioabsorvível, cirurgia funcional de ATM Abstract The ankylosis of TMJs it’s a condition that has partial or total limitation of the joint movements due to the adhesion from its surfaces. Has as a principal etiologic factor the trauma. This work set out in a reporting on a case of a TMJ ankylosis in childhood treated surgically with arthroplasty and bioabsorbable plates. The patient to four years of age was a victim of cyclist accident with consequent trauma of the mandible. Was deal in Japain, having as fracture diagnostics of right mandibular condyle and comminute fracture of mandibular symphysis. Received as treatment maxilomandibular fixation during one month. Immediately after removing the fixation, happened to present pro gressive limitation on bucal opening After 3 years, now with 7 years of age, had as diagnostic ankylosis of right TMJ and fibrous ankylosis of left TMJ, in Brazil. Was subjected to surgical treatment of arthroplasty and vertical mandibular ramus osteotomy on right side, fixed on the material with bioabsorbible osteosynthesis, in associated with right coronoidectomy and functional surgery of the TMJ at the opposite joint. The surgery technique used, and the fixing materials have proved effective, reenabling the patient. The work postoperative physiotherapy had huge importance in gain and maintenance of the mouth opening . Key words: Temporomandibular Joint , Ankylosis, Bioabsorbable ,funtional Surgery In Tempomandibular Joint *Cirurgião Dentista, Especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial. ** Cirurgião Dentista, Doutor em Odontologia legal, Mestre em Fisiologia, Especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial, Especialista em Disfunção têmporo mandibular e dor oro-facial, Médico, Especialista em Otorrinolaringologia. *** Cirurgião Dentista, Especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial, Especialista em Disfunção têmporo mandibular e dor oro-facial. **** Cirurgiã Dentista, Especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial, Especialista em Disfunção têmporo mandibular e dor oro-facial. *****Cirurgião Dentista, Especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial, Especialista em Disfunção têmporo mandibular e dor oro-facial. ******Cirurgião Dentista, Especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial INTRODUÇÃO Dentre as articulações do corpo humano, a articulação temporomandibular (ATM) é uma das mais complexas, principalmente por ser a única que articula bilateralmente. O comprometimento de sua função provoca uma série de distúrbios no sistema estomatognático, desde a dificuldade do paciente quanto à alimentação, fonação, higiene oral, assim como uma possível deficiência no desenvolvimento facial e psico-social. A anquilose é uma condição em que há limitação parcial ou total dos movimentos articulares devido à aderência das superfícies. Esta tem como fator etiológico principal o trauma (normalmente trauma de mento). Esta patologia pode ocorrer uni, ou bilateralmente, independente de idade ou sexo. Quando esta ocorre na infância, ou em idade de crescimento, pode causar assimetria facial, por hipodesenvolvimento do lado afetado. No caso da ocorrência bilateral, pode não haver assimetria facial, porém pode provocar severa retrognatia. Esta deficiência de crescimento produz uma deformidade conhecida como face de pássaro (Bird-face). O tratamento desta patologia é estritamente cirúrgico, com o objetivo de promover a liberação dos tecidos da articulação, removendo massas ósseas e desta forma proporcionar mobilidade e funcionabilidade mandibular. Este trabalho tem como objetivo reportar o tratamento de um caso clínico de anquilose na infância, devido à fratura condilar e tratamento prévio por bloqueio maxilomandibular. MÉTODOS Relato de caso clínico, em que paciente de 7 anos de idade com anquilose de ATM foi submetido a tratamento cirúrgico de artroplastia e osteotomia vertical de ramo de mandíbula, fixado com material de síntese bioabsorvível, associado à cirurgia funcional de ATM na articulação oposta. RELATO DO CASO Paciente K.O., sexo masculino, aos 4 anos de idade foi vítima de queda ciclística no Japão em 2001, que resultou em trauma de mento. Foi prontamente atendido, e apresentou diagnóstico de fratura de côndilo mandibular direito e fratura cominuta de mento. REVISTA DA SOBRACIBU 25 Recebeu como tratamento bloqueio maxilomandibular durante 1 mês, e após a remoção do bloqueio, passou a apresentar limitação progressiva de abertura bucal. Recebeu como tratamento bloqueio maxilomandibular durante 1 mês, e após a remoção do bloqueio, passou a apresentar limitação progressiva de abertura bucal. Após três anos, o paciente compareceu ao serviço de CTBMF do CEDDAR, em Campinas-SP, com abertura bucal de 10 mm (Figura 1). Foram solicitados exames complementares como radiografias de face, tomografia computadorizada de terço médio e inferior de face e ressonância nuclear magnética das ATMs com a hipótese diagnóstica de anquilose bilateral das ATMs. Os exames de imagem evidenciaram na articulação direita a fusão óssea entre côndilo mandibular e cavidade articular, assim como importante remodelamento da superfície articular do côndilo esquerdo, sugerindo anquilose óssea em ATM direita e anquilose fibrosa em ATM esquerda (Figuras 2, 3, 4 e 5). Realizou-se também o exame de Axiossonomiografia das ATMs a fim de mapear as atividades elétricas dos músculos da mastigação e infra-hioídeos, movimentos mandibulares e ruídos articulares. . Em exame miográfico, apresentou hiperatividade cervical bilateral e digástrica direita em repouso. Figura 1 - Abertura bucal préoperatória. Nota-se a musculatura cervical contraída, devido à força que o paciente realizava na tentativa de abertura bucal. Figura 2 - Exame de Tomografia Computadorizada, em corte axial, evidenciando a massa anquilótica da ATM direita. Figura 3 - ATM direita anquilosada, observada em radiografia panorâmica. Figura 4 - ATM esquerda com alteração da anatomia condilar, observada em radiografia panorâmica. Ao exame físico, o paciente apresentou importante limitação de abertura bucal, dificuldade de fala com alteração de voz e dificuldade de respiração nasal. Relatou também ronco noturno e dificuldade de se alimentar, devido a pouca abertura bucal. Após a análise de todos os exames, o Figura 5 - ATM direita, em diagnóstico de anquilose das ATMs por situação de boca fechada. seqüela de fratura condilar direita foi confirmado. Sendo assim, a conduta eleita pela equipe foi a resolução cirúrgica do caso. A fim de reparar esta seqüela, em 2004, o paciente de 7 anos de idade foi submetido à cirurgia em ambiente hospitalar com anestesia geral inalatória e entubação nasotraqueal guiada por fibroscópio. As ATMs foram abordadas por incisões pré-auriculares, com variação endoaural (Figura 6), e o ramo mandibular direito por incisão retromandibular. No lado direito foram realizadas condilectomia e osteotomia vertical de ramo mandibular (Figura 7), a fim de recuperar a dimensão vertical posterior, e coronoidectomia. Para fixação interna rígida foram utilizadas duas placas retas de 2 mm bioabsorvíveis de lactosorb W. Lorenz Surgical, e 12 parafusos do mesmo material. Como tecido de interposição articular, foi utilizado fáscia do músculo temporal, sendo rafiada sobre o ramo mandibular deslocado em direção à cavidade articular. Nesta condição, o ramo desempenha função de um novo côndilo, e tem o tecido de interposição impedindo contato direto entre as superfícies articulares. Na ATM esquerda foi realizada cirurgia funcional com discopexia e âncora bioabsorvível W. Lorenz Surgical; e as superfícies articulares foram abordadas por artroplastia e “shaving” articular. Após a fixação das osteotomias, o paciente teve sua oclusão dentária estabelecida e mantida sem nenhum tipo de bloqueio maxilomandibular, e recebeu alta cirúrgica já com abertura bucal de 35 mm (Figura 8). O paciente recebeu alta hospitalar no dia seguinte, e iniciou o controle pósoperatório, com retornos programados. No oitavo dia de pós-operatório, foram aferidos 15 mm de abertura bucal. Conjuntamente, a partir desta data, teve Figura 8 - Abertura bucal início o tratamento fisioterápico, na transoperatória. intenção de promover maior amplitude de abertura bucal. Com 22 dias de pós-operatório, teve aferida a abertura espontânea de 17 mm e abertura forçada de 20 mm. Já no vigésimo oitavo dia de pós-operatório, apresentou abertura bucal espontânea inicialmente de 15 mm. Realizaram-se então exercícios fisioterápicos de abertura bucal imediatamente, que resultaram em abertura forçada de 23,5 mm. Após 4 semanas, ainda sob tratamento de fisioterapia, o quadro clínico evoluiu para 25 mm de abertura bucal (Figura 9). Com 50 dias de pós-operatório, apresentou abertura espontânea de 27 Figura 9 - abertura bucal mm. A partir disto, foi realizado novo em quatro semanas de exame de miografia, que acusou correção pós-operatório. da hiperatividade digástrica direita e relaxamento global da musculatura cervical e masseteres e temporais em repouso. Porém em movimento de abertura máxima, ainda se percebe hiperatividade masseterina bilateral e cervical. Nos exames radiográficos pós-operatórios se observou o reposicionamento do ramo mandibular direito através da osteotomia vertical do ramo, bem como sua relação com a cavidade articular. Notou-se também que o germe dentário do elemento 47 permaneceu intacto às osteotomias (Figuras 10 e 11). Figura 10 - Radiografia panorâmica pós-operatória, lado direito. Figura 11 - Radiografia panorâmica pós-operatória, lado esquerdo. Em 2009, com 4 anos e meio de pós-operatório, apresenta 35 mm de abertura bucal espontânea (Figura 12). Figura 12 - Abertura bucal em pós-operatório de quatro anos e meio. Figura 6 - Acesso préauricular, por incisão préauricular com variação endoaural. 26 REVISTA DA SOBRACIBU Figura 7 - Acesso retromandibular para a realização da osteotomia vertical de ramo em lado direito. DISCUSSÃO A fratura condilar resultante de trauma de mento não ocasiona anquilose da ATM com freqüência, se receber o tratamento correto, no tempo correto (1). O paciente cujo caso está relatado neste artigo não recebeu tratamento cirúrgico, nem tratamento clínico adequado à fratura condilar no momento imediato ao acidente em 2001. Não recebeu, por exemplo, nenhum tipo de dispositivo intraoral para manutenção de espaço articular. Em vez disto, foi realizado bloqueio maxilomandibular, que obviamente impediu a movimentação dessa articulação, e da articulação contralateral. Este bloqueio fez com que a reparação óssea da fratura envolvesse também a cavidade glenóide. artigo não recebeu tratamento cirúrgico, nem tratamento clínico adequado à fratura condilar no momento imediato ao acidente em 2001. Não recebeu, por exemplo, nenhum tipo de dispositivo intraoral para manutenção de espaço articular. Em vez disto, foi realizado bloqueio maxilomandibular, que obviamente impediu a movimentação dessa articulação, e da articulação contralateral. Este bloqueio fez com que a reparação óssea da fratura envolvesse também a cavidade glenóide. Em caso de trauma de mento sem fratura, a realização de artrocentese, ou seja, lavagem articular, a fim de remover coágulos intra-articulares, contribui para a prevenção da anquilose. A ATM esquerda do paciente poderia ter evoluído para uma anquilose verdadeira pela negligência deste tratamento. Quando ocorre na infância, a anquilose de ATM provoca a redução da função estomatognática, o que gera alterações de desenvolvimento da criança, devido hipodesenvolvimento facial e deficiência alimentar. Além disso, há também alterações no seu comportamento psico-social, devido à dificuldade de fonação e estética facial, que interfere na sua socialização. Atualmente se conhece diversos fatores etiológicos para a anquilose das ATMs: fraturas condilares não tratadas, infecções, artrites reumáticas, neoplasias, espondilite anquilosante, psoríase, até patologias congênitas aparecem como causadores de anquilose (2, 3, 4). Já Obiechina et al (5) relata um caso de anquilose de ATM causado por trauma de fórceps obstétrico. Quanto ao tratamento desta patologia, encontramos diferentes técnicas. Há autores que utilizam materiais de interposição entre o côndilo mandibular e a cavidade articular. Estes materiais podem ser aloplásticos (acrílico, silicone compressivo ou total sistema articular), ou oriundos de tecidos autógenos (derme, gordura, fáscia muscular, fáscia e músculo temporal) (6, 7, 8). Há também autores que utilizam enxerto costocondral, fíbula, metatarsal ou ilíaco com a finalidade de restaurar a altura facial (6, 9). Li, Zhi et al (10) num estudo de 10 pacientes com anquilose de ATM usou o disco articular preservado como material de interposição. Entretanto, Valentini, Valentino (11) num estudo de 60 casos de anquilose de ATM relata que obteve seus melhores resultados utilizando “shaving” articular e artroplastia com ou sem interposição de fáscia temporal. Outra técnica é a utilização de distrator osteogênico após a ressecção cirúrgica para a manutenção do espaço articular e impedimento de re-anquilose. Nesta conduta, o distrator é fixado no arco zigomático e no coto mandibular ressecado, mantendo-o distante da cavidade glenóide. Este dispositivo promove também o crescimento ósseo em suas ativações, juntamente com as estruturas adjacentes, como músculos e ligamentos (9, 12, 13). Independente da técnica cirúrgica utilizada, é imprescindível o tratamento fisioterápico no pós-operatório, a fim de minimizar fibroses, trismos, atrofias e até evitar recidiva (7, 8). O acompanhamento clínico mostrou o progresso de medidas em abertura bucal proporcionado pelos exercícios fisioterápicos. 1: Kim SM, Park JM, Kim JH, Kwon KJ, Park YW, Lee JH, Lee SS, Lee SK. Temporomandibular Joint Ankylosis Caused by Chondroid Hyperplasia From the Callus of Condylar Neck Fracture. J Craniofac Surg. 2009 Jan;20(1):240-2. 2: Marzotto SR, Gonçalves EM. Bilateral ankylosis of the temporomandibular joint: oral miofunctional aspects and clinical procedure. Rev CEFAC. 2007 jul-set; 9(3):358-66. procedure. Rev CEFAC. 2007 jul-set; 9(3):358-66. 3:Vasconcelos BC, Bessa-Nogueira RV, Cypriano RV. Treatment of temporomandibular joint ankylosis by gap arthroplasty. Med Oral Patol Oral Cir Bucal. 2006 Jan 1;11(1): E66-9. 4: Vasconcelos BC, Porto GG, Bessa-Nogueira RV. Anquilose da articulação têmporo-mandibular. Rev. Bras. Otorrinolaringol. 2008 Jan-Feb;74(1):34-8. 5: Obiechina AE, Arotiba JT, Fasola AO. 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O tratamento cirúrgico de osteotomia vertical de ramo e interposição de fáscia de músculo temporal reabilitou o paciente em sua função. A utilização de placas bioabsorvíveis na fixação da osteotomia vertical de ramo mandibular mostra-se eficaz, sendo que o controle pós-operatório comprova o resultado. É de extrema importância que o tratamento cirúrgico adequado para anquilose seja associado à fisioterapia pósoperatória, a fim de oferecer bons resultados clínicos. Imagine seu anúncio aqui! Este espaço espera por você! BIBLIOGRAFIA REVISTA DA SOBRACIBU 27 • Errata Entwistle N. Safety and cross infection [published erratum in Br Dent J 2003;194(2):63]. Br Dent J 2002;193(12):668. Normas de Vancouver Referencias bibliográficas • As referencias devem ser ordenadas alfabeticamente, numeradas e normalizadas de acordo com o Estilo Vancouver. Consultar o Medline CD-ROM, o Índex to Dental Literature e/ou a Bibliografia Brasileira do Odontologia para padronizar as abreviaturas dos títulos dos periódicos. A exatidão das referências é de responsabilidade dos autores. Comunicações pessoais, trabalhos em andamento e os não-publicados não devem ser incluídos na lista de referências, mas citados em notas no rodapé. Artigo citado por outros autores - apud Bass CC. The optimum characteristics of toothbrushes for personal oral hygiene (1948) apud Esteves SRR, Milanezi LA, Carvalho LB, Gacia VG. Avaliação das marcas das escovas dentárias, do seu tempo de uso e da freqüência de escovação diária dos alunos ingressantes em 1998, no curso de Ciências Odontológicas da UNIMAR - São Paulo, Brasil. Rev Cienc Odontol 2002;5(5):43-7. • Exemplos de referencias: • Livros Livro com até seis autores, citam-se todos; com sete ou mais autores, citam-se os seis primeiros e, em seguida, a expressão et al. Seltzer S, Bender IB, The dental pulp: biologic considerations in dental procedures. 2nd ed. Philadelphia: Lippincott; 1975. • Em suporte eletrônico Wothersponn AC, Falzon MR, Isaacson PG. Fractures: adults and old people [livro em CD-RM]. 4th ed. New York: Lippincott-Raven; 1998. Perin EB, Kashel JJ, editors. Assessment of performance measures for public health, substance abuse, and mental health. Washington: NAP; 1997. Disponível em: URL: http://search.nap.edu/redingroom/books/apm. Capítulo do livro Evans CA. Postnatal facial growth, birth through postadolescene. In: Avery JK, editor. Oral development and histology. 2nd ed. New York: Thieme Medical Publishers; 1994. p. 58-67 Dissertações e Teses Carrilho MRO. Efeito da armazenagem sobre as propriedades mecânicas da união resina composta/dentina e seus constituintes [Tese de Doutorado]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da USP;2002. Gavini G. Avaliação in vitro da limpeza da parede do canal radicular (terço apical), após o preparo químico-mecânico, valendo-se da microscopia eletrônica de varredura, tendo como fonte de variação a solução irrigadora e seu volume [dissertação de mestrado]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 1992. • Dissertações e Teses em suporte eletrônico Mori AT. Expectativas com relação aos resultados estéticos dos tratamentos odontológicos [Dissertação em CD-ROM]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2003. Mello EC. Subsídios para reflexão sobre a publicidade odontológica [Dissertação online]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2000. Disponivel em URL: http://www.saber.usp.br [2003 jul. 24]. • • Capítulo de livro em suporte eletrônico Chandler RW. Principles of internal fixation. In: Wong DS, Fuller LM. Prosthesis [livro em CD-ROM]. 5th ed. Philadelphia: Sauders; 1999. st Chen LV. World population and health. In: 2020 vision: health in the 21 century [monografia online]. Washington national Academic Press; 1996. p. 15-23. [citado 2003 July 25]. Disponível em: URL: http://books.map.edu/books/0309054885/ html/r1.html#pageto. • Editor(es) ou compilador(es) como autor(es) de livros Opperman RV, Rösing CK, coordenadores. Periodontia ciência e clínica. São Paulo: Artes Médicas; 2001. • Trabalho apresentado em evento Carneiro Junior AM, Carvalho RCR, Turbino ML. Avaliação da força de união da resina composta à porcelana [resumo B047]. In: Reunião anual da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica; 1998. set 8-11; São Paulo. Anais. São Paulo: SBPqO; 1998. p. 110. • EM suporte eletrônico Ciamponi AL. Abordagem Comportamental em criançao portadoras de necessidades especiais [CD-ROM]. in:21º Congresso Internacional de Odontologia; 2003 jan 27-30; São Paulo. Anais. São Paulo: APCD; 2003. Momen H. La información científica y técnica en salud como un bien público: propiedad, derecho de autor, regulación local y equidad en el acceso. In: 6º Congreso Regional de Información en Ciencias de La Salud [online]; 2003 mayo 6-9 ; Puebla. Anais eletrônicos. São Paulo: Bireme; 2003 [citado 2003 jul 24]. Disponivel em: URL: http://www.crics.info/crics6/program/?mode=new. Organização ou sociedade como autor de livros World Health Organization. Design and implementation of health information systems. Geneve: World Health Organization; 2000. • Artigo de jornal Araújo ME. Saúde do trabalhador cirurgião-dentista. Jornal APCD 2001 fev 14. Lee G. Hospitalization tied to ozone pollution: study estimates 50,000 admissions annually. The Washington Post 1996 jun 21; sect. a:3 (col.5). • • • Artigo de periódico Artigo com até seis autores, citam-se todos; com sete ou mais autores, citam-se os seis primeiros e, em seguida, a expressão et al. Annese V, Latiano A, Andriulli A, Genetics of inflammatory bowel disease: the beginning of the end or the end of the beginning? Dig Liver Dis 2003; 35:442-9 Fenelon AJS, Pinto CFD, Moreira WB, Lopes EB, Vieira MCL, Alvares MN, et al. Tratamento da leucemia linfoblástica do adulto: resultados do protocolo de alto risco do GBTLI85 comparados retrospectivamente com um esquema convencional. Rev Bras Cancerol 1994;40:67-73. • Artigo de periódico em suporte eletrônico MOk CC, Lau CS, Pathogenesis of systemic lupus erythematosus. J Clin Pathol [periódico online] 2003;56:481-90 [citado 2003 Jul 23]. Disponivel em: URL: http:// gateway1.ovid.com/ovidweb.cgi. Söderman M. Volume determination and predictive models in the management of cerebral arteriovenous malformations. Acta Radiol [periodic em CD-ROM] 2000;42 Suppl:425. Documentos legais Brasil. lei nº 006681, de 16 de agosto de 1979. Diário Oficial da Republica Federativa do Brasil, Brasília, 17 ago 1979, col. 2,p.11721. Preventive Health Amendments of 1993, pub. L. No. 103-183, 107 Stat. 2226 (dec. 14, 1993). Citação das referências bibliográficas no texto. Seguir o sistema numérico de citação, no qual somente os números-índices das referências, na forma sobrescrita, são indicados no texto. Numeros seqüenciais devem ser separados por hífen; números aleatórios devem ser separados por vírgula. Não se deve citar os nomes dos autores e o ano de publicação. Somente é permitida a citação de nomes de autores (seguidos de números-indice e ano de publicação de trabalho) se estritamente necessário, por motivos de ênfase. Exemplos de citação de referencias bibliográficas no texto: • Número aleatórios • Artigo sem indicação de autor Antibiotics before dental work: who needs them? Harv Heart Lett 1999;9:2-4. Actinobacilus actinomycetemcomitans and porphyromonas gingivalis in periodontal diseases. Periodontal 2000 1999;20:362. “O processamento é um negligenciado pela maioria dos profissionais , chegando alguns autores a afirmar que cerca de 90% das falhas em radiografias acontecem na câmera escura 5.7.10.” • • Organização ou sociedade como autor de artigo The American Dental Association. Michigan Dental Association Standards of Ethics and Code Professional Conduct. J Mich Dent Assoc 1998;40:40-6. 9 Números aleatórios e seqüenciais “Desde que observações clínicas comprovaram que lesões de mancha branca são reversíveis, a remineralização passou a ser um importante mecanismo na prevenção e 2-7.10.11.13-15.17.19.20-23 redução clínica das cáriaes em esmalte .” • Volume com suplemento Sugiya H, Michikawa H, Mitsui Y. Ca²+ -nitric-oxide-cGMP signaling in rabbit parotid acinar cells. Eur J Morphol 1998;36 Suppl: 194-7. • • “Cassatly et al.³ (1999) reportam um caso de osteomielite em uma paciente submetida a apicectomia com laiser de Nd: YAG, que levou à necrose de parte da maxila, pela difusão do calor gerado ao tecido ósseo adjacente ao ápice radicular.” Parte de volume Smalley JW, Silver J, Marsh PJ. The periodontopathogen Porphyromonas gingivalis binds iron protoporphyrin IX in the um-oxo dimeric form: an oxidative buffer and pathogenic mechanism. biochem J1998;331(pt3):681-5. Citação de nomes por motivo de ênfase • Fascículo com suplemento Sowinsk J, Petrone DM, Battista G. Clinical efficacy of a dentifrice containing zinc citrate: a 12-week calculus clinical study in adults. Comp Contin Educ Dent 1998;19(2 suppl): 16-9 • Fascículo sem indicação de volume Simon I. O oráculo bibliográfico: sonhos de um pesquisador. Rev USP 2002; (55): 6-11. • Parte de fascículo Suarez F, Springfield J, Furne J. 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A q u i ! 1,0-MM-MIKRO-SYSTEM 1.0 MM MICRO SYSTEM SISTEMA MICRO 1,0 MM SYSTEME MICRO 1,0 MM SISTEM MICRO DA 1.0 MM 1,5-MM-MIKRO-SYSTEM 1.5 MM MICRO SYSTEM SISTEMA MICRO 1,5 MM SYSTEMA MICRO 1,5 MM SISTEMA MICRO DA 1,5 MM 2,0-MM-MINI-SYSTEM 2.0 MM MINI SYSTEM SISTEMA MINI 2,0 MM SYSTEME MINI 2,0 MM SISTEMA MINI DA 2,0 MM 2.3 MM FRACTURE SYSTEM SISTEMA FRACTURA, 2,3 MM SYSTEME FRACTURE 2,3 MM SISTEMA FRATTURA DA 2,3 MM 2,3-MM-FRAKTUR-SYSTEMM