ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS CONFERÊNCIA SOBRE OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO Grupo de Trabalho 4: Fortalecendo a educação e o envolvimento da sociedade civil em questões de saúde materna INTRODUÇÃO1 O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) é uma agência das Nações Unidas e funciona como uma rede global que conecta os países ao conhecimento, além da troca de experiências e recursos para auxiliar as pessoas na busca de melhores condições de vida. Presente em 166 países trabalha em suas próprias soluções para o desafio do desenvolvimento nacional e global de acordo com os valores e princípios da Organização das Nações Unidas (ONU), o que faz com que seja reconhecida no mundo inteiro. O PNUD acredita que cada país deve controlar seu futuro e que trabalhando juntos para metas e objetivos em comum é que se conquista o desenvolvimento. O PNUD publica anualmente o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), baseado no conceito de desenvolvimento humano, que parte da premissa que para atingir o avanço da população não se deve levar em consideração apenas os fatores econômicos, mas também fatores sociais, culturais e políticos2. No ano de 1990 foi publicado o então inédito Índice de Desenvolvimento do Milênio (IDH), este indicador se contrapõe ao Produto Interno Bruto (PIB) per capta3 que abrange somente a esfera econômica. O IDH considera além do poder de compra de cada um, a 1 Texto desenvolvido por Guilherme Conceição Vieira, aluno do curso de Relações Internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado – FAAP. 2 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Desenvolvimento Humano e IDH. Disponível em: http://www.pnud.org.br/idh/. 3 O PIB per capta pode ser medido através da soma dos valores monetários de bens e serviços produzidos em um país ou região em certo período de tempo. Dividindo-se produto, renda e despesa pela população do país obtêm-se o PIB per capta. educação, a longevidade, etc. As três dimensões (PIB per capta, educação e longevidade) têm a mesma importância, gerando um índice que varia de zero a um4. Um dos trabalhos do PNUD são os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), adotados por países no ano de 2000, na Conferência do Milênio, com o prazo de quinze anos para serem alcançadas, ou seja, no até o ano de 2015. Até essa data os Estados-Membros das Nações Unidas assumiram o compromisso de buscar as oito metas para garantir o desenvolvimento humano no planeta5. Os projetos do PNUD prezam pelo progresso e cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. O primeiro dos oito objetivos é “Erradicar a pobreza e a fome”. Este objetivo vem sendo cumprido de forma com que o número de pessoas vivendo com menos de um dólar por dia diminuíssem. Eram 1,25 bilhões em 1990, no ano de 2004 passou a ser 980 milhões. As regiões mais afetadas pela desigualdade social são a África, América Latina e Caribe. Entre as metas do primeiro objetivo estão: a redução pela metade entre os anos de 1990 e 2015 da proporção de pessoas com renda inferior a um dólar por dia; alcançar o emprego pleno, produtivo e decente para rodos entre eles jovens e mulheres e reduzir pela metade entre esses quinze anos a população que sofre de fome6. O segundo objetivo é “Atingir o ensino básico universal”. Nos países em desenvolvimento é mais frequente a ausência das crianças nas escolas. Apesar das matrículas terem aumentado, mais de 100 milhões de crianças ainda continuam fora da escola em todo o mundo. Grande parte é do sexo feminino no sul da Ásia e África Subsaariana. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), na América Latina e Caribe o total de crianças sem estudar chega a 4,1 milhões. A principal meta desse objetivo é garantir que até o ano de 2015 todas as crianças terminem o ensino básico.7 4 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Desenvolvimento Humano e IDH. Disponível em: http://www.pnud.org.br/idh/. 5 Basics Facts about the MDGs. What are the Millennium Development Goals? Disponível em: http://www.undp.org/mdg/basics.shtml. 6 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Erradicar a extrema pobreza e a fome. Disponível em : http://www.pnud.org.br/odm/objetivo_1/. 7 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Atingir o ensino básico universal. Disponível em: http://www.pnud.org.br/odm/objetivo_2/. A terceira meta é responsável por “Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres”. A desigualdade entre homens e mulheres começa nos primeiros anos e deixa marcas para o resto da vida. Nos últimos anos a participação das mulheres no mercado de trabalho aumentou pouco, os maiores avanços foram na Oceania e no Oeste da Ásia. A intenção deste objetivo é eliminar a disparidade entre os sexos em todos os níveis de ensino até 2015.8 “Reduzir a mortalidade na infância” é o quarto objetivo acordado entre os países membros das Nações Unidas. Cerca de 11 milhões de crianças no mundo morrem entre as idades de zero a cinco anos de idade em decorrência de doenças que podem ser evitadas ou tratadas, como doenças respiratórias, diarreia, sarampo e malária. A mortalidade infantil é mais frequente em países em desenvolvimento com sistemas de saúde precários. O que se pretende com esse objetivo é reduzir em dois terços, até 2015 a mortalidade de crianças menores de cinco anos9. O quinto objetivo do milênio é o que pretende “Melhorar a saúde materna”. Muitas crianças morrem em decorrência de complicações na gravidez e muitas outras permanecem com sequelas o resto da vida. Na África uma a cada dezesseis mulheres morre na hora do parto. Os sinais de progresso são visíveis através de um aumento no número de pré-natais e também de cuidados pós-natais. Os melhores números aparecem em países de renda média, como o Brasil. As metas desse objetivo se baseiam em: reduzir em três quartos a taxa de mortalidade materna e alcançar até o ano de 2015 o acesso universal à saúde reprodutiva10. Este é inclusive o tema abordado nesta edição do nosso evento e será abordado durante este guia de estudos. Outro objetivo do milênio é “Combater a AIDS, malária e outras doenças”. Das pessoas que morrem de Aids a maioria é por falta de prevenção e tratamento. Somente 28% dos soropositivos recebem o tratamento necessário. Outras doenças são: a malária que mata um milhão de pessoas por ano no continente africano e a tuberculose que causa a morte de dois milhões no mundo inteiro. As metas desse objetivo podem ser resumidas em: até o ano de 2015 8 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Promover a igualdade entre os sexos e autonomia das mulheres. Disponível em: http://www.pnud.org.br/odm/objetivo_3/. 9 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Reduzir a mortalidade na infância. Disponível em: http://www.pnud.org.br/odm/objetivo_4/. 10 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Melhorar a saúde materna. Disponível em: http://www.pnud.org.br/odm/objetivo_5/. determos a propagação da AIDS, até 2010 promover o acesso universal ao tratamento da doença e até 2015 deter a incidência da malária e outras doenças como a tuberculose11. Enquanto o penúltimo objetivo diz respeito ao meio ambiente: “Garantir a sustentabilidade ambiental”. O número de áreas protegidas vem crescendo no mundo todo. Uma meta é diminuir pela metade o número de pessoas sem acesso a água potável, melhorando as condições em favelas, periferias e bairros pobres. Outras metas desse objetivo são: integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e programas nacionais e reverter as degradações dos recursos ambientais; reduzir a perda da diversidade biológica, até o ano de 2015, a proporção da população sem acesso a água potável e esgotamento sanitária (saneamento básico) e até 2020 ter atingido um melhora na vida de pelo menos 100 milhões de habitantes que vivem sob essas condições12. O último objetivo é o mais amplo e ambicioso de todos, ele visa “Estabelecer uma Parceria Mundial para o Desenvolvimento”. As pretensões vão desde ajuda para os países pobres que pagam US$ 100 milhões de serviços de dívidas por dia aos países ricos, aumento de auxílios humanitários, comércio internacional, barateamento de custo de remédios, acesso a internet, mercado de trabalho entre outras metas. Entre as metas do objetivo pode-se destacar: avançar no desenvolvimento de um sistema comercial e financeiro aberto; atender as necessidades dos países menos desenvolvidos; dos países sem acesso ao mar e dos pequenos estados insulares; tratar globalmente o problema das dívidas dos países em desenvolvimento; formular estratégias para que os jovens obtenham um trabalho digno e produtivo, proporcionar o acesso a medicamentos essenciais aos países em desenvolvimento; e tornar acessível os benefícios das novas tecnologias13. No ano de 2012, a saúde materna faz parte da Agenda Internacional através do quinto objetivo das metas do milênio. O principal objetivo é reduzir 3/4 a mortalidade materna, no 11 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Combater o HIV. Disponível em : http://www.pnud.org.br/odm/objetivo_6/ . 12 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Garantir a sustentabilidade ambiental. Disponível em: http://www.pnud.org.br/odm/objetivo_7/. 13 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Estabelecer parceria mundial para o desenvolvimento. Disponível em: http://www.pnud.org.br/odm/objetivo_8/. período entre 1990 a 2015. 14 Para garantir uma saúde materna de qualidade e evitar grandes taxas de mortalidade; cabe aos Estados promover políticas públicas, em todos os âmbitos – saúde, educação, infra-estrutura, tecnologia e condições básicas; para assim garantir que a quinta meta do milênio seja concretizada. Deve-se, primeiramente, delimitar o termo “saúde materna”. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, saúde materna refere-se a saúde da mulher durante a gravidez, nascimento da criança e o período pós parto. Enquanto a maternidade deveria ser um período de muita felicidade para as futuras mães, para muitas mulheres, é um período que traz sofrimento, doenças e até mesmo mortes. As principais causas de morte durante a maternidade são hemorragia, infecções, pressão alta, aborto forçado e parto obstruído.15 Deve-se atentar principalmente nos países subdesenvolvidos; os quais possuem maior incidência de casos de mortalidade materna. A grande maioria das mortes citadas a cima poderiam ser prevenidas. Hemorragia, por exemplo, a qual representa 1/3 das mortes maternas, pode ser prevenida por uma série de intervenções médicas, com o suporte de todo o equipamento e tecnologia hospitalar. Segundo a Organização Mundial da Saúde16, alguns fatos não podem ser descartados e assustam com relação a seus números: - 800 mulheres por dia morrem por causas que poderiam ser prevenidas durante a gravidez e o nascimento; - 99% das mortes maternais ocorrem em países em desenvolvimento; - Há uma incidência maior de mortalidade maternal nas regiões rurais e com condições precárias; - Há um risco maior de morte em adolescentes que ingressam nesse momento da gestação; 14 ONU. The Millennium Development Goals Report. 2010. Página 30. Disponível em: http://www.un.org/millenniumgoals/pdf/MDG%20Report%202010%20En%20r15%20low%20res%2020100615%20-.pdf 15 WHO. Health Topics. Maternal Health. Disponível em: http://www.who.int/topics/maternal_health/en/ 16 WHO. Media Centre. Maternal Mortality. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs348/en/index.html - Entre 1990 e 2010, a mortalidade maternal mundial caiu 50%. É possível afirmar que nesta quinta meta do milênio, desafios e incertezas são lançados a população que consequentemente geram dúvidas sobre a capacidade da sociedade em garantir a saúde da gestante. Qual é de fato o papel da mulher no mundo globalizado de hoje, que sofre com um desenvolvimento tecnológico em alta velocidade e o crescimento da fome, miséria e violência em números alarmantes? Como devemos cuidar das nossas gestantes? Qual o papel do governo e de suas política públicas? Como garantir a saúde da gestante? Estas são somente algumas das perguntas que são levantadas nos dias de hoje pelas mulheres e por todo o cenário Internacional. HISTÓRICO DO PROBLEMA A saúde materna sempre foi alvo de intensos debates, políticas e programas públicos. A saúde da mãe, ao mesmo tempo em que a saúde do filho, deve ser preservada. O momento da gestação deve ser prazeroso para a mulher, cabendo ao Estado fornecer apoio e ferramentas para garantir a saúde materna. É dever do Estado, através de suas políticas públicas, garantir o bem-estar de sua população, fornecer hospitais, acompanhamento pré-natal, contato com profissionais qualificados, medicamentos e todo o aparato necessário para a gestante. A mortalidade materna atingiu números alarmantes, e deve ser combatida. Alguns fatos não podem ser descartados; e devem pautar as discussões sobre a saúde materna. De acordo com a Organização Mundial da Saúde:17800 mulheres por dia morrem por causas que poderiam ser prevenidas durante a gravidez e o nascimento; 99% das mortes maternais ocorrem em países em desenvolvimento; há uma incidência maior de mortalidade maternal nas regiões rurais e com condições precárias; há um risco maior de morte em adolescentes que ingressam nesse momento da gestação; entre 1990 e 2010, a mortalidade maternal mundial caiu 50%. 17 WHO. Media Centre. Maternal http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs348/en/index.html Mortality. Disponível em: Deve-se atentar que os cuidados com a saúde materna contemplam três fases: o pré-natal, o parto e os cuidados após o nascimento. Sendo assim, é necessário que aconteça acompanhamento nessas fases. Muitas complicações podem surgir nesse período, e devem ser prevenidas. As principais complicações, as quais representam 80% das mortes maternas são: sangramento intenso (principalmente após o parto), infecções, pressão sanguínea alta durante a gestação e aborto inadequado. Deve-se exaltar outras mortes devido a malária e AIDS durante a gestação.18 Entretanto, deve-se ressaltar que essas complicações podem ser evitadas através de medicamentos, infra-estrutura adequada e acompanhamento da gestação por um profissional qualificado. Sendo assim, é evidente que os governos possuem grande participação nesse processo. Já no que tange o âmbito internacional, os Estados – em conjunto com Organizações Internacionais, no caso Organização Mundial da Saúde, devem garantir o acesso e oportunidades a todas as regiões do globo . No caso da saúde materna, devem haver políticas públicas que garantam os mesmos direitos a todos. Há discrepâncias enormes entre as regiões do planeta; locais como a África sub-saariana e Sul da Ásia possuem índices graves de mortalidade materna. De fato, a participação dos Estados sob questões da saúde materna é imprescindível; entretanto, a sociedade civil possui um papel fundamental. A participação da população torna as políticas publicam mais palpáveis e próximas. A educação, fornecida pelo Estado e cultivada pela população, é uma questão muito importante e que esta presente na questão da saúde materna. Devido a tal importância e magnitude, que este Grupo de Trabalho tratará o tema “Fortalecendo a educação e o envolvimento da sociedade civil em questões de saúde materna”. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA 18 WHO. Media Centre. Maternal Mortality. http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs348/en/index.html Disponível em: A mortalidade materna ainda é preocupante e deve ser combatida. Aperfeiçoar a saúde materna é uma das oito Metas do Milênio adotada pela Comunidade Internacional em 2000. Sob a quinta Meta do Milênio, os países se comprometeram a reduzir para três quartos entre 1990 e 2015. Desde 1990, a mortalidade materna mundial decresceu em 47%. Entretanto, o índice de mortalidade materna (i.e. número de mortes maternas para cada 100 000 nascimentos) decaiu para 3,1%; número distante dos 5,5% pretendidos pela Meta do Milênio.19 Deve-se atentar ao fato das disparidades existentes entre as localidades do planeta, ou até mesmo, no interior de cada país. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, mulheres pobres e que residem em áreas distantes não recebem acompanhamento médico necessário; principalmente em regiões como África Subsaariana e Sul da Ásia. Já em países desenvolvidos, todas as mulheres possuem ao menos quatro visitar pré-natal através de um especialista; além de receber todos os cuidados no parto. Dados diferentes dos um terço de mulheres grávidas que recebem uma visita durante seu pré-natal, em países subdesenvolvidos. De acordo com os relatórios da OMS, fica evidente que ainda é baixo o número de mulheres (uma em cada três) que recebem o acompanhamento e tratamento pré-natal necessário em países em desenvolvimento. Os dados são preocupantes, já que muitas doenças podem culminar durante uma gestação não acompanhada. Sangramento intenso durante o parto, infecções, alta pressão sanguínea durante a gestação e aborto inseguro são algumas complicações que podem surgir durante a gestação; além de doenças como malária e AIDS. De acordo com a Organização Mundial da Saúde e a UNICEF, as mulheres deveriam receber ao menos quatro atendimentos pré-natais, através de um profissional qualificado. Entretanto, menos da metade das mulheres gestantes, nos países em desenvolvimento, e apenas um terço das mulheres que residem na zona rural 19 WHO. Media Centre. Maternal http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs348/en/index.html Mortality. Disponível em: recebem as quatro visitas recomendadas. No Sudeste da Ásia, apena 25% das mulheres que residem na zona rural possuem o acompanhamento necessário. Além disso, existem alguns outros fatores que evitam que a mulher tenha o acompanhamento pré-natal necessário: pobreza, distância, pouca informação, serviços inadequados e práticas culturais.20 Neste momento, analisando os fatores a cima, fica evidente da importância da sociedade civil e o papel da educação nessa questão da saúde materna. No que diz respeito à educação, deve-se destacar os números alarmantes de adolescentes grávidas e da diminuição do uso de métodos anticoncepcionais. DIPLOMACIA NAS NEGOCIAÇÕES Com relação a região da América Latina e Caribe é possível afirmar que a mortalidade materna é uma problemática social que merece atenção mas sofre com a dificuldade de baixos registros na busca de melhorias e soluções. Assim, o preenchimento correto dos óbitos pelos profissionais da saúde, atenção frequente e a avaliação das causas de tais mortes é crucial. No Brasil em especial, (...) milhares de mulheres morrem todos anos por complicações ligadas à gestação, parto e puerpério, tendo este o quinto maior índice de mortalidade da América Latina. Estimam-se que ocorram 134,7 óbitos maternos por 100.000 nascidos vivos, sendo que as causas mais frequentes de morte materna são as doenças hipertensivas da gravidez, hemorragias, infecções e abortos, as 20 Idem. chamadas causas diretas. 98% destas mortes seriam evitáveis se as mulheres tivessem condições de vida digna e atenção à saúde adequada.21 Enquanto isso Estados Unidos, Canadá e a maioria dos países europeus possuem grau de conhecimento cientifico e tecnológico avançado permitindo que a maioria dessas mortes sejam evitáveis. As causas de mortalidade materna podem ser prevenidas e tratadas com intervenções básicas e rentáveis. Mas é fato que não são todas as mulheres nestas regiões que possuem acesso a cuidado apropriadamente capacitado. Enquanto a região Leste do Mediterrâneo se preocupa em prover cuidados adequados e planejamento familiar como ferramenta primordial para a promoção da saúde materna e neonatal, pois 50% dos partos ocorrem fora de instalações de atendimento de saúde. Quando olhamos a região africana a situação permanece em grande alerta principalmente por que não existe tradução adequada das políticas colocadas em ação, os sistemas de saúde são fracos e especialmente devido a falta de recursos humanos, alocação inadequada de fundos e baixa participação comunitária no assunto e a questão como um todo ainda é agravada por infecções de malária e HIV. Isto sem falar em níveis altos de pobreza e baixos níveis de literalidade presente em muitos países africanos que contribuem com o baixo status da mulher e comportamento comunitário de baixa preocupação com cuidados da saúde que afetam negativamente a saúde da mulher.22 O continente possui também grande dificuldade com falta de comprometimento nacional e financeiro, falta de coordenação entre parceiros, envolvimento masculino inapropriado no cuidado da saúde materna, crescimento da pobreza entre as mulheres, falta de acesso a disponibilidade e uso de cuidado capacitado durante a gravidez, parto e período pós-natal e falta de políticas claras de melhoria para 21 ZAMPIERI, Maria de Fátima Mota. Prevenção Da Mortalidade Materna: Um Desafio Para Todos. Disponível em: http://www.saude.sc.gov.br/geral/planos/programas_e_projetos/cemma/prodcient/art2/context.htm 22 WHO. Regional Office for Africa. Making pregnancy safer. Disponível em: http://www.afro.who.int/index.php?option=com_content&view=article&id=864&Itemid=1314 o cuidado da saúde materna.23 Enquanto no Egito a redução da RMM durante um curto período de tempo tem demonstrado que o efeito coletivo de um programa nacional integrado de maternidade saudável focado em melhorias comunitárias, local de atendimento medico e níveis profissionais de atendentes. Os treinamentos intensivos recebido pela equipe médica vêm demonstrando um efeito positivo na redução da RMM durante os anos 90 no país. Contudo, ainda permanece difícil quantificar o impacto direto das melhorias de infraestrutura e acompanhamento de profissionais qualificados nos nascimentos. Já na região do sudoeste asiático, os estudos demonstram que é necessário melhorar a relação entre políticas regionais e a estrutura mundial, melhorar o conhecimento da população ao difundir normas e ferramentas, prover auxílio técnico adequado enquanto melhoram a capacitação a nível nacional e regional e promoção e coordenação de cooperação. Outra área que também precisa de melhorias é a de monitoramento e avaliação da questão da saúde materna. Enquanto a cobertura do cuidado da saúde materna experiência melhorias em muitas partes do mundo na última década, uma média de somente 40% das mulheres de países de baixa renda se beneficial de tratamento capacitado durante o parto, o que quer dizer que milhões de partos não são assistidos por uma parteira, médico ou enfermeira treinada e a região do Oeste do Pacífico faz parte destas estatísticas. Desta forma, vale ressaltar que por mais que tenham ocorrido baixas nos índices de mortalidade maternal, permanecemos muito distantes da meta de 2015. Existiram melhorias significativas nas questões de saúde materna, mas o progresso permanece lento, ainda. Mas evitar a mortalidade maternal é possível, mesmo em países com recursos escassos, mas é necessário ter informações corretas em mãos para então traçar soluções. Compreender o nível da mortalidade somente não é suficiente, mas sim 23 WHO. Roadmap Africa. Disponível em: http://www.afro.who.int/en/clusters-aprogrammes/frh/making-pregnancy-safer/overview/policies-and-strategies.html compreender os fatores que levam a estas mortes. Cada óbito materno ou caso de risco de vida possui informações valiosas que podem indicar caminhos para melhor atender o problema. 24 24 MDG REPORT Em todas as regiões, a taxa de natalidade entre as adolescentes (número de nascimentos para cada 1000 mulheres, com idade entre 15 a 19) decresceu entre 1990 a 2000. Desde então, nota-se uma diminuição no progresso dessa taxa, e, em algumas regiões, o número voltou a subir. A maior taxa de natalidade entre as adolescentes está na África Sub-Saariana (120 nascimentos a cada 1000 adolescentes mulheres) – região que teve um pequeno progresso desde 1990. Já na América Latina e Caribe, o índice de adolescentes grávidas permanece alto. Em geral, adolescentes possuem dificuldades ainda maiores para ter acesso a serviços médicos de natalidade. Nota-se que medidas e programas educacionais devem perpassar nesse grupo da sociedade – adolescentes que se tornam mães, cresce constantemente. Por parte do governo, cabe a assistência médica e todo o acompanhamento pré-natal que essas gestantes devem receber; e, garantir, que a saúde dessas adolescentes seja preservada. Assim que se tornam gestantes, as adolescentes precisam ter os mesmos cuidados e acesso aos mesmos instrumentos que qualquer gestante; principalmente devido ao fato, de que engravidar na adolescência pode trazer riscos para a mulher, e também para o filho. Adicionando-se a isso, é dever do Estado promover campanhas de conscientização; para através da educação, prevenir gravidez indesejadas e com adolescentes. Em uma pesquisa feita na África Subsaariana nota-se que as adolescentes que residem em regiões pobres possuem três vezes mais chances de engravidar, se comparadas com adolescentes que agregam as classes mais altas da sociedade. Em áreas rurais, a taxa de natalidade entre as adolescentes é quase o dobro do que nas áreas urbanas. Entretanto, a maior disparidade encontrada está relacionada a educação: meninas que não frequentaram a escola possuem quatro vezes mais chances de engravidarem se comparadas a meninas com o nível médio de educação. Mais assustador são as disparidades encontradas durante o período analisado. A taxa de natalidade entre as adolescentes caiu em 18 dos 24 Subsaarianos países estudados. Entretanto, nos quase 18 países o declínio aconteceu entre as meninas que residem nas áreas urbanas; adolescentes com o segundo nível de educação e que fazem parte de uma classe de ricos que representa 20% da população local. Ou seja, as disparidades entre esse grupo, e as adolescentes que vivem na zona rural, com menos acesso a educação e provenientes das casses pobres aumentaram, durante o tempo.25 Outro vetor que está intimamente ligado a taxa de natalidade entre as adolescentes é o uso de métodos contraceptivos. Segundo o relatório das Metas do Milênio26, o progresso que havia entre os anos de 1990 e 2000 está decaindo: 26 MDG REPORT 27 MDG REPORT 27 Durante os anos 1990, o uso de contraceptivos aumentou entre as mulheres em praticamente todas as regiões. Em 2007, 60% das mulheres que eram casadas ou estavam se relacionando faziam uso de métodos contraceptivos. Entretanto, nota-se dois fatores: considerável diminuição no progresso do uso de métodos anticoncepcionais desde 2000 e disparidades mais acentuadas entre as regiões. Em regiões como África Subsaariana e Oceania o uso de contraceptivos ainda é muito aquém do esperado; além do fato de que em algumas sub-regiões, métodos antigos e inadequados ainda são utilizados como contraceptivos. Quando o planejamento familiar não supre as necessidades das mulheres – devido as tradições milenares que ainda persistem; é importante que seja oferecido para essas mulheres acesso para métodos contraceptivos; pois assim, pode-se aprimorar e garantir a saúde materna e diminuir a taxa de mortalidade materna. Prevenindo gravidez indesejada e gestação entre adolescentes, torna-se possível melhorar a saúde das mulheres e aumentar as chances dos filhos terem uma vida saudável. As tradições familiares e costumes antigos ainda estão muito presentes; e podem fornecer riscos a gestantes. O uso de métodos contraceptivos deve ser exaltado pela família e fornecido pelo Estado. Assim, a sociedade civil em conjunto com o Estado devem apoiar as mulheres e incentivá-las no uso de métodos contraceptivos e de evitar gravidez indesejadas e durante a adolescência. Cabe ao Estado fornecer acesso aos contraceptivos, campanhas de conscientização para adolescentes, promover acesso a hospitais, profissionais qualificados. Em contrapartida, a sociedade civil deve exigir e fiscalizar se o Estado está cumprindo com suas obrigações; além de estar sempre atenta as novas informações médicas e utilizar toda a tecnologia que o Estado fornece para as gestantes. Deve-se focar os esforços em alguns grupos específicos: primeiramente, nas classes mais desfavorecidas e entre o grupo que não possui acesso a educação. Segundo o relatório das Metas do Milênio, o uso de métodos contraceptivos diminui em mulheres pobres e sem educação. A educação é uma das principais ferramentas para prevenir a gravidez entre adolescentes; e deve ser provida pelo Estado e compartilhada pelas mulheres. Garantir que o planejamento familiar fornecido pelo Estado atinja as mulheres de classes mais baixas e aquelas sem acesso a escolaridade ainda é um processo muito desafiador. Os programas de saúde materna do Estado deve atingir todas as mulheres, independente da classe social ou nível de escolaridade. O Estado, através da educação, deve conscientizar toda a população da importância do acompanhamento pré-natal, a necessidade dos serviços de hospital e profissionais qualificados, a importância do uso de métodos contraceptivos e evitar gravidez indesejada. Já a sociedade civil, deve contribuir com as ferramentas fornecidas pelo Estado e fiscalizar sua funcionalidade. DIPLOMACIA NAS NEGOCIAÇÕES Com relação a região da América Latina e Caribe é possível afirmar que a mortalidade materna é uma problemática social que merece atenção mas sofre com a dificuldade de baixos registros na busca de melhorias e soluções. Assim, o preenchimento correto dos óbitos pelos profissionais da saúde, atenção frequente e a avaliação das causas de tais mortes é crucial. No Brasil em especial, (...) milhares de mulheres morrem todos anos por complicações ligadas à gestação, parto e puerpério, tendo este o quinto maior índice de mortalidade da América Latina. Estimam-se que ocorram 134,7 óbitos maternos por 100.000 nascidos vivos, sendo que as causas mais frequentes de morte materna são as doenças hipertensivas da gravidez, hemorragias, infecções e abortos, as chamadas causas diretas. 98% destas mortes seriam evitáveis se as mulheres tivessem condições de vida digna e atenção à saúde adequada.28 Enquanto isso Estados Unidos, Canadá e a maioria dos países europeus possuem grau de conhecimento cientifico e tecnológico avançado permitindo que a maioria dessas mortes sejam evitáveis. As causas de mortalidade materna podem ser prevenidas e tratadas com intervenções básicas e rentáveis. Mas é fato que não são todas as mulheres nestas regiões que possuem acesso a cuidado apropriadamente capacitado. Enquanto a região Leste do Mediterrâneo se preocupa em prover cuidados adequados e planejamento familiar como ferramenta primordial para a promoção da saúde materna e neonatal, pois 50% dos partos ocorrem fora de instalações de atendimento de saúde. Quando olhamos a região africana a situação permanece em grande alerta principalmente por que não existe tradução adequada das políticas colocadas em ação, os sistemas de saúde são fracos e especialmente devido a falta de recursos humanos, alocação inadequada de fundos e baixa participação comunitária no assunto e a questão como um todo ainda é agravada por infecções de malária e HIV. Isto sem falar em níveis altos de pobreza e baixos níveis de literalidade presente em muitos países africanos que contribuem com o baixo status da mulher e comportamento comunitário de baixa preocupação com cuidados da saúde que afetam negativamente a saúde da mulher.29 O continente possui também grande dificuldade com falta de comprometimento nacional e financeiro, falta de coordenação entre parceiros, envolvimento masculino inapropriado no cuidado da saúde materna, crescimento da pobreza entre as mulheres, falta de acesso a disponibilidade e uso de cuidado capacitado durante a gravidez, parto e período pós-natal e falta de políticas claras de melhoria para 28 ZAMPIERI, Maria de Fátima Mota. Prevenção Da Mortalidade Materna: Um Desafio Para Todos. Disponível em: http://www.saude.sc.gov.br/geral/planos/programas_e_projetos/cemma/prodcient/art2/context.htm 29 WHO. Regional Office for Africa. Making pregnancy safer. Disponível em: http://www.afro.who.int/index.php?option=com_content&view=article&id=864&Itemid=1314 o cuidado da saúde materna.30 Enquanto no Egito a redução da RMM durante um curto período de tempo tem demonstrado que o efeito coletivo de um programa nacional integrado de maternidade saudável focado em melhorias comunitárias, local de atendimento medico e níveis profissionais de atendentes. Os treinamentos intensivos recebido pela equipe médica vêm demonstrando um efeito positivo na redução da RMM durante os anos 90 no país. Contudo, ainda permanece difícil quantificar o impacto direto das melhorias de infraestrutura e acompanhamento de profissionais qualificados nos nascimentos. Já na região do sudoeste asiático, os estudos demonstram que é necessário melhorar a relação entre políticas regionais e a estrutura mundial, melhorar o conhecimento da população ao difundir normas e ferramentas, prover auxílio técnico adequado enquanto melhoram a capacitação a nível nacional e regional e promoção e coordenação de cooperação. Outra área que também precisa de melhorias é a de monitoramento e avaliação da questão da saúde materna. Enquanto a cobertura do cuidado da saúde materna experiência melhorias em muitas partes do mundo na última década, uma média de somente 40% das mulheres de países de baixa renda se beneficial de tratamento capacitado durante o parto, o que quer dizer que milhões de partos não são assistidos por uma parteira, médico ou enfermeira treinada e a região do Oeste do Pacífico faz parte destas estatísticas. Desta forma, vale ressaltar que por mais que tenham ocorrido baixas nos índices de mortalidade maternal, permanecemos muito distantes da meta de 2015. Existiram melhorias significativas nas questões de saúde materna, mas o progresso permanece lento, ainda. Mas evitar a mortalidade maternal é possível, mesmo em países com recursos escassos, mas é necessário ter informações corretas em mãos para então traçar soluções. Compreender o nível da mortalidade somente não é suficiente, mas sim 30 WHO. Roadmap Africa. Disponível em: http://www.afro.who.int/en/clusters-aprogrammes/frh/making-pregnancy-safer/overview/policies-and-strategies.html compreender os fatores que levam a estas mortes. Cada óbito materno ou caso de risco de vida possui informações valiosas que podem indicar caminhos para melhor atender o problema.