Pereira, Flora y Natan de Aquino, "Quênia: a mulher que semeava parques", Blog: Coletivo
Outras Palavras, Sao Paulo, Brasil, 12 de marzo de 2013.
Consultado en:
http://outraspalavras.net/blog/2013/03/12/quenia-a-mulher-que-semeava-parques/
Fecha de consulta: 22/07/2013.
Wangari Maathai, que ganhou Nobel por plantar mais de 51 milhões de árvores, fundou
movimento que atua em 400 comunidades, articulando luta pela paz com proteção da
natureza
Por Flora Pereira e Natan de Aquino, do Projeto Afreaka
Os parques Uhuru e Central explodem nas ruas de cimento de Nairóbi, quebrando o ritmo
do cenário urbano e criando uma faixa verde que abre caminho entre os arranha-céus da
capital. São mais de 100 hectares de área arborizada aberta ao público em uma região
acessível a todos os moradores. Também não faltam árvores nos bairros que rodeiam o
centro e nem nos que beiram os confins da cidade. Estar em Nairóbi é ter a sorte de acessar
os desfrutes que um centro urbano oferece e ao mesmo tempo poder continuar em contato
constante com a natureza. O mesmo se aplica a muitas outras cidades do Quênia. Mas
alcançar esse nível de arborização não foi fácil. Tudo foi fruto da luta de uma mulher que
vai ficar para sempre na história do país: Wangari Maathai.
Vencedora do Nobel da Paz em 2004 e consagrada como a primeira mulher africana a
receber o prêmio, Maathai foi responsável pelo plantio de mais de 51 milhões de árvores no
Quênia. A frente de seu tempo, ela desenvolveu modelos de projetos que hoje são
considerados exemplares no mundo do desenvolvimento sustentável. É difícil achar
conterrâneos que não tenham se inspirado no seu trabalho, que através da preservação
ambiental também abraçava as causas sociais e políticas do país. Maathai faleceu em 2011,
mas deixou toda uma escola de pensamento traduzida na inovadora organização fundada
por ela, o Movimento do Cinturão Verde (MCV).
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O diretor executivo da organização, Edward Wageni conta que desde o início até o fim da
cadeia do desenvolvimento de um projeto, o trabalho é feito diretamente com as
comunidades, identificando as necessidades locais anteriores à implementação, aplicando o
projeto e avaliando os seus resultados sempre em conjunto à população local, em especial
com as mulheres. “Elas são as responsáveis por 80% da força do país, são as produtoras de
comida e, por isso, estão envolvidas diretamente com as questões do meio ambiente. Para
elas, as mudanças climáticas têm um impacto desproporcional e, por isso, é importante que
estejam protegidas quando se trata desse assunto”, explica Wageni. Acrescenta que o fato
de as mulheres poderem ser exemplos de influência positiva em suas comunidades também
é um peso importante para a escolha do foco na força feminina.
Além do Cinturão Verde, Wangari desenvolveu inúmeros projetos e produziu uma rica
bibliografia em sustentabilidade e governança. Entre os exemplos de inovação, ela criou um
instituto que garante que os alunos universitários com estudos relacionados à preservação
possam ter a certeza de trabalhar na área, não desperdiçando conhecimento e pondo em
prática o que aprenderam. “Ela não só cunhou um veículo para dirigir sonhos, como
também foi a responsável por criar no Quênia o link entre o meio ambiente e a paz.
Podemos dar a ela o crédito pela consciência ambiental do país”, ilustra o diretor,
lembrando a luta de Wangari para a conscientização de que, se as pessoas não estivessem
em harmonia com a natureza, sempre haveria conflitos na sociedade. “Tive o privilégio de
trabalhar com ela sentado nesta mesma sala. Você podia perceber o grande compromisso e
a paixão. Se tem uma coisa que eu me lembro dela é a coragem e a convicção de que uma
vez que se identifica o problema, você deve ir e fazer acontecer. Ela fez o trabalho que fez
por 35 anos sem olhar para trás, sem ligar se as pessoas estavam ou não aplaudindo”. O
Quênia, que transpira as ações de Wangari Maathai, guia os países africanos para um futuro
mais verde.
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