Vestuário relatório de inteligência JANEIRO | 2014 Tecnologia aplicada à moda íntima Alternativa para ampliação da competitividade O uso de tecidos inteligentes na moda íntima se apresenta como um meio viável para o empreendedor que busca expansão no mercado de vestuário. A funcionalidade e a sensualidade das peças ganham novas características com o uso de tecidos que auxiliam no cuidado com a saúde, ou ainda que se amoldam de maneira menos agressiva ao corpo. Tudo isso agrega inovação tecnológica sem demandar mudanças radicais nas linhas de produção, o que abre caminhos promissores para pequenos negócios do setor. No relatório que segue, os pequenos negócios poderão conhecer um pouco mais sobre os tecidos inteligentes ligados à roupa íntima e como eles têm mudado os padrões de escolha da moda. O Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI) identificou um adicional de mais de 546 fábricas nos últimos quatro anos no Brasil, um incremento de 12,7% no setor. Os estados do Rio de Janeiro, Ceará, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são conhecidos como polos fortes nesse tipo de moda. Fonte: IEMI, 2011 O setor de moda íntima no Brasil cresceu 33%, no período de 2008 a 2012. Este crescimento é referente à produção e ao número de confecções no país, as quais produzem lingeries, pijamas, meias e a moda praia. Fonte: IEMI (2011) 1 A moda íntima e sua história Século XVI: Século XIX: Para as mulheres: surgem os primeiros corpetes pespontados, amarrados com hastes, prata e osso de peru. No final do século surgiram as hastes com barbatanas trazendo mais conforto e tornando a peça menos rígida. A moda íntima se desenvolve significativamente. O sutiã chega para dar mais firmeza aos seios e a Revolução Industrial, no século anterior, torna as roupas íntimas acessíveis, produzidas em algodão e compradas em lojas, ao invés de confeccionadas em casa a partir da lã. É o período em que cresce o uso dos chamados union suits, macacão que cobria dos punhos aos tornozelos, usados por crianças, homens e mulheres. Para os homens: calças justas e abertas entre as pernas, protegendo as partes íntimas apenas com a extensão do colete, passaram a usar o codpiece. Fontes das imagens: Library of Congress, 2014 e Wikipedia, 2014 Século XX: Anos 20: inclusão das cores nas peças de moda íntima feminina e surgimento dos primeiros combinados (calcinhas, sutiãs, cintas, anáguas, etc.) Anos 30: a lingerie se torna peça de luxo e sensualidade com a utilização de tecidos como a seda e a cambraia. As cuecas ganham cós elástico e se assemelham ao short de pugilista. Em 1935, os modelos chamados de slip jockey alcançaram sucesso imediato de vendas Anos 50: os bojos aparecem nos sutiãs para modelar os seios pequenos e as roupas de baixo masculinas começam a ser produzidas com cores e estampas Anos 60 e 70: inovação em cores e tecidos, como o nylon e a lycra. Peças femininas com transparência das rendas, destacando os decotes e sutiãs com alças reguláveis. Era a época da revolução sexual e enquanto as mulheres queimavam os sutiãs pela causa feminista, os homens passaram a ousar nas estampas e modelos das cuecas. Foi na década de 60 que a Zorba introduziu o modelo slip no Brasil Anos 90: roupa íntima passa a ser peça de moda, com desenhos diferenciados, pensando nas necessidades do público e criada a partir de tecidos tecnológicos que levam em conta o conforto e a beleza. Século XXI: conexão da sensualidade, da funcionalidade e da praticidade, novas formas de modelagem do corpo, busca por higiene e bem-estar a partir de tecidos inteligentes. 2 Os tecidos inteligentes e a roupa íntima Ao longo do tempo a roupa íntima ganhou significados diferentes, a partir do uso de tecidos inteligentes. As peças são modernas, sem costura, anticelulite ou antibacterianas. Ainda existem modelos que auxiliam nas cólicas ou são produzidas com algodão orgânico, o que contribui de forma efetiva para o debate sobre sustentabilidade no setor de vestuário. Fonte: Tecnologia aplicada aos fios têxteis: Moda e consumo (2009). O QUE AS MULHERES PROCURAM NA ROUPA ÍNTIMA Pesquisa realizada com 1100 mulheres 93% usam lingeries que contribuem para a modelagem do corpo 72% preferem as peças modeladoras para sair à noite 70% usam para ir a uma festa 43% As entrevistadas buscam modelar: 43% 18% Casos de empresas seios abdômen coxas Fonte: Textilia.net, 2013. Pesquisa realizada com 1,1 mil mulheres na Alemanha, Brasil, EUA, França, Inglaterra e Itália, entre 18 e 49 anos. O percentual de resposta é superior a 100%, devido a opção de resposta ser de múltipla escolha. que investem em tecnologia para moda íntima Scala: com sedes em Guarulhos (SP) e Itabuna (BA) investe em matérias-primas que seguem a linha de modelagem em materiais inteligentes e trazem diferenciais tecnológicos, como pijamas compostos com manteiga de karité que auxiliam na hidratação da pele. 2 Rios: de Joinville (SC), aposta na tecnologia e inovação como diferencial. A empresa investe 5% de seu faturamento em pesquisa de novos produtos e se prepara para concorrer com as peças importadas. A 2 Rios possui modelos diferenciados como um sutiã Super Up que aumenta em até dois números o volume dos seios. “Se não tivéssemos nos preparado, hoje não teríamos possibilidade de competir com as asiáticas”, Matheus Fagundes, vicepresidente da 2 Rios, em entrevista ao Jornal DCI, junho/13). 3 Perfil do público os compradores da tecnologia na moda íntima CONSUMO DE ROUPA ÍNTIMA Gasto médio por compra: Mulheres: R$ 93,20 Homens: R$ 115,85 Praticidade, conforto, sensualidade e romantismo são aspectos decisivos para a aquisição do produto, tanto por homens quanto por mulheres. Apesar de a tecnologia ter avançado em relação à produção de peças com materiais inteligentes, parcela significativa do público em geral pouco conhece esses benefícios. Classes econômicas mais consumidoras: B2/C Faixa etária: de 25 a 34 anos 70% dos entrevistados não conheciam ou nunca tiveram contato com o tecido inteligente 46% acharam bom que o produto adquirido tenha esse diferencial Fonte: Tecnologia aplicada aos fios têxteis: Moda e consumo, 2009 As lojas físicas predominam como espaço de compra Fonte: IEMI, 2011. Esses dados demonstram possíveis oportunidades para os pequenos negócios, visto que é possível investir no desenvolvimento da tecnologia para a produção das peças, e também em ações de comunicação e marketing para que elas se tornem conhecidas pelo consumidor. DICAS A liberdade feminina alcançada pelas consumidoras se deu com o movimento feminista e isso deve ser valorizado pelos empreendedores que atuam com esse perfil de público. Fonte: Larissa Freiberger e Sandra Regina Rech. A Lingerie e um Novo Segmento de Mercado (2013) “As empresas devem se antecipar quando o assunto é moda íntima, ou seja, desenvolver novos serviços e adaptar tecnologia para criar coisas que as mulheres ainda não sabem que precisam” Fonte: Faith Popcorn. Público-alvo: Mulher - Evolução: 8 verdades do marketing para conquistar sua consumidora do futuro (2000) Homens Não só as mulheres estão em alta quando o assunto é moda íntima. A tecnologia permitiu o avanço de peças masculinas também mais sensuais e que acabam criando diferenciais aos modelos. A marca Upman, do Rio Grande do Sul, desenvolveu uma cueca com algodão egípcio que muda de cor quando a temperatura do corpo passa dos 37°C. Fonte da imagem: Upman ,2014 4 A moda íntima e seus desafios A internacionalização das empresas e o custo da produção são dois dos principais desafios enfrentados pelos pequenos negócios que estão ou visam o nicho . Com o mercado globalizado, a internacionalização se torna uma necessidade e uma realidade. Além de câmbio desfavorável e as empresas brasileiras, muitas vezes, ignoram ou rejeitam as possibilidades de exportação. Fonte: Os desafios das pequenas e médias empresas de moda íntima da Região Sul de Santa Catarina a ingressarem no mercado internacional (2010) PRINCIPAIS DESAFIOS DA ÁREA: internacionalização das empresas custo da produção DICAS PARA ENFRENTÁ-LOS inovação de produto conhecer as particularidades de cada região escolher materiais que não agridem a natureza Para enfrentar o desafio do mercado global é necessário inovação de produto, o que significa especificamente a ampliação do conteúdo tecnológico na peça. Confira o Boletim do Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas, de 2008. Para atender novos mercados, as empresas necessitam fazer planejamento, o que implica conhecer as particularidades de cada região onde quer estar inserida. A oferta capaz de satisfazer aspectos naturais e culturais é um diferencial. Outro desafio diz respeito à sustentabilidade. A escolha de materiais que não agridem a natureza, além de ser um aspecto de responsabilidade social, é reconhecido como um elemento de estilo. Nova lógica de produção, novas oportunidades “Trata-se de se adequar a uma nova lógica de produção. Essa nova lógica demanda investimento para adequações, o que pode impactar no financeiro da empresa, mas que também abre oportunidades para a valorização dos pequenos negócios na cadeia produtiva”, Ana Cândida Zanesco, fundadora do Instituto Ecotece. 5 AÇÕES RECOMENDADAS Os investimentos em tecnologia para moda íntima devem ter como pilares alguns pontos fundamentais, tais como: funcionalidade, conforto, bem-estar e segurança. Acesse o Relatório de Inteligência do SIS Roupas Inteligentes e saiba mais sobre tecnologia têxtil que pode melhorar o desempenho, aparência e função dos tecidos; As pesquisas para novas matérias-primas inteligentes podem ser compartilhadas entre pequenos negócios, ou seja, se os empreendedores se juntarem é possível que ganhem em preço e na maior produção; Os pequenos negócios podem buscar pelos novos estudos sobre os tecidos em universidades e centros de pesquisa. Desde 2004, com a Lei de Inovação, as universidades são obrigadas a terem núcleos de inovação tecnológica para que levem o conhecimento da instituição para o setor produtivo. Nesse sentido, é importante conhecer o núcleo de inovação da universidade mais próxima de seu negócio e ver como podem ser feitas as ações de transferência de tecnologia; Para a produção de peças íntimas é preciso levar em conta o público-alvo e as especificidades de cada um, ou seja, não adianta investir em tecnologia para modelagem do corpo, se o público a ser atendido é de adolescentes e vice e versa. É interessante criar peças que levem em conta as demandas das mulheres mais maduras; Para os pequenos negócios que decidirem pela exportação é preciso estudar os mercados. Não só do ponto de vista econômico, mas também, o perfil do público consumidor. Quando se trata de moda íntima essa análise é muito importante, visto que ela definirá matérias-primas e modelagens de preferência. Dessa forma, é preciso conhecer as particularidades de cada região; A tecnologia aplicada às roupas íntimas se abre para a sustentabilidade, tanto no processo de produção como especificamente no produto final. Isso porque o uso de tecidos inteligentes supõe não só o desenvolvimento de novos materiais, como uma nova forma de lidar com eles durante o processo produtivo. Isso deve ser encarado como um diferencial para o pequeno negócio, que pode oferecer sua capacidade de produção sustentável aos processos de larga escala das grandes empresas. Além disso, a sustentabilidade se apresenta como um “estilo” das coleções, o que atrai o público. Vestuário relatório de inteligência janeiro | 2014 Coordenador: Marcondes da Silva Cândido Gestor do Projeto: Douglas Luís Três Conteudista: Tatiana Fiuza SEBRAE Santa Catarina Endereço: SC 401, KM 01, Lote 02 Parque Tecnológico Alfa - João Paulo CEP: 88030000 - Florianópolis – SC Telefone: 48 3221 0800 Dúvidas ou sugestões sobre o conteúdo do relatório envie um e-mail para: [email protected] Faça também suas contribuições para o SEBRAE-SC enviando um e-mail para: [email protected] Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610). Fotos: Banco de imagens. www.sebrae-sc.com.br/sis