Metodologia de Pesquisa em Contabilidade: Análise da Percepção dos Discentes do Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Pós-Graduação em Ciências Contábeis – UnB, UFPB e UFRN Autoria: Diogo Henrique Silva de Lima, Fernanda Fernandes Rodrigues, César Augusto Tibúrcio Silva RESUMO Diante da importância da disciplina de Metodologia da Pesquisa para o desenvolvimento da Contabilidade, vez que alicerça a elaboração de pesquisas de qualidade e a formação de docentes e futuros orientadores de graduação e especializações, o presente tem como objetivo geral investigar aspectos do ensino dessa disciplina nos cursos de pós-graduação quanto a: (1) avaliação da disciplina e do docente; e (2) diagnóstico de problemas ocorridos durante a elaboração de dissertações e sua relação com o ensino. Foram aplicados questionários a mestres do Programa Multiinstitucional e Inter-regional de Pós Graduação – Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), no período de outubro a novembro de 2009. Também foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com alguns respondentes que manifestaram interesse em fazer considerações adicionais. Para a análise dos dados recorreu-se a estatística descritiva. Foram analisadas algumas associações entre as variáveis estudadas, onde se aplicou a estatística qui-quadrado de Pearson (teste χ2). Os participantes da pesquisa corroboram com a relevância da disciplina de Metodologia da Pesquisa, uma vez que a maioria dos pesquisados afirma que seu ensino deve ser obrigatório nos cursos de pósgraduação, atribuindo-lhe elevada importância a cadeira para elaboração de seus estudos. Todavia, problemas no seu ensino foram constatados. Muitos respondentes afirmam que sua carga horária é insuficiente diante da quantidade de conhecimento a ser absorvido e que as formas de ministrar aulas e avaliar os discentes apresentam limitações. A maior parte dos participantes da pesquisa afirmou não ter tido auxílio do professor de Metodologia no delineamento da pesquisa, mesmo sendo avaliados na disciplina através de um projeto de pesquisa. A concentração na elaboração de um projeto de pesquisa como instrumento avaliativo parece tornar míope o ensino da disciplina, que não contempla uma análise mais abrangente do método científico. Tal conclusão foi obtida a partir do baixo nível de agregação de valor obtido durante os créditos da cadeira. Os problemas sinalizados parecem estar no desenho da disciplina e não nos docentes por ela responsáveis, haja vista que a maioria dos pesquisados afirmou que o professor tem boa didática e possui conhecimento atualizado sobre a matéria. Atenção especial deve ser direcionada ao planejamento da disciplina e o delineamento de quais competências se deseja dos mestrandos no tocante a Metodologia da Pesquisa. Palavras-chave: metodologia de pesquisa, pós-graduação stricto sensu, Ciências Contábeis. 1 INTRODUÇÃO A pesquisa científica, segundo Moriki e Martins (2009), tem como pilar os fundamentos teóricos, que são sustentados pela formulação de um problema e na adoção de técnicas e de instrumentos de pesquisa. A disciplina de metodologia científica tradicionalmente objetiva dar ao discente o conhecimento teórico necessário para uma formulação adequada do problema de pesquisa, das técnicas e instrumentos de pesquisa que podem ser utilizados, além de contribuir em quesitos estéticos, como a ordem de estruturação do trabalho, formatação e apresentação. 1 Para Velloso (1978 apud MORIKI; MARTINS, 2009), cursos de pós-graduação devem ter objetivos aos níveis cognitivo e afetivo. Quanto ao nível cognitivo, deve-se buscar o aprofundamento dos conhecimentos de determinada área do saber, incluindo desde a ampliação do quadro teórico ao domínio de métodos e técnicas e oferecer treinamento básico em metodologia de pesquisa, capacitando o discente a se iniciar na investigação científica, além de desenvolver atitude crítica frente ao conhecimento. Com relação ao nível afetivo, busca-se desenvolver formas de pensamento e de comportamentos para o trabalho científico independente. Segundo Matias-Pereira (2003), o objetivo principal dessa disciplina é desenvolver habilidades de análise, interpretação e elaboração de conhecimentos científicos, e ainda, familiarizar o aluno/pesquisador com as diversas estratégias de coleta, processamento e análise de dados. A disciplina metodologia científica, ou metodologia de pesquisa, de acordo com Silva et al. (2004), fornece instrumentos para a elaboração do projeto de pesquisa, com o objetivo de atender aos objetivos específicos exigidos pelos cursos de pós-graduação stricto sensu. Os cursos de pós-graduação stricto sensu, que incluem o mestrado e o doutorado tem por objetivo formar profissionais qualificados para o magistério superior e para as atividades de pesquisa. Os programas de mestrado acadêmico reconhecidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES, 2009) são 16 e os de doutorado 4. Desses, apenas o da USP possui doutores formados, visto que o curso de doutorado da UnB, UFPB e UFRN teve início a partir de março de 2008 e os cursos da FURB e da FUCAPE ainda não abriram seleções. No Brasil, quanto à formação de mestres e doutores, a área contábil ainda se apresenta de forma bastante deficiente. Observa-se que os cursos de mestrado atualmente têm apresentado um desenvolvimento relativamente rápido quando comparado ao dos cursos de doutorado. Guimarães e Caruso (1996 apud CUNHA; MARTINS; CORNACHIONE, 2008), apresentam que uma das dificuldades do desenvolvimento da área é dada pela capacitação docente que não acompanhou o inegável sucesso da pós-graduação, principalmente a nível regional. Os motivos seriam: (1) a adoção do modelo sequencial no país, com o mestrado se constituindo um pré-requisito para o doutorado, o que eleva o tempo médio para titulação; (2) a competição do mercado não acadêmico com a academia; e (3) em função da relativa perda de prestígio das profissões acadêmicas com a exaltação do business (mercado corporativo). Assim, o presente trabalho se propõe a responder à seguinte questão de pesquisa: qual a percepção dos alunos do curso de mestrado em ciências contábeis quanto à disciplina de metodologia científica? Diante da importância da disciplina de Metodologia da Pesquisa para o desenvolvimento da Contabilidade, vez que alicerça a elaboração de pesquisas de qualidade e a formação de docentes e futuros orientadores de graduação e especializações, o presente estudo tem como objetivo geral investigar aspectos do ensino dessa disciplina nos cursos de pós-graduação quanto a: (1) avaliação da disciplina e do docente; e (2) diagnóstico de problemas ocorridos durante a elaboração de dissertações e sua relação com o ensino. O trabalho está dividido em quatro capítulos, além dessa introdução. O capítulo 2 traz a revisão da literatura, com algumas pesquisas relacionadas com o tema. O capítulo 3 apresenta os procedimentos utilizados na pesquisa. O capítulo 4 traz a análise dos resultados obtidos. Finalmente, no capítulo 5, as considerações finais do estudo são apresentadas. 2 REVISÃO DA LITERATURA 2 Barbosa e Theóphilo (2007) realizaram pesquisa com o objetivo de verificar as principais dificuldades apresentadas pelos alunos concluintes do curso de Ciências Contábeis de uma cidade de Minas Gerais na elaboração de suas monografias e quais os impactos que causaram na sua formação. Foram aplicados questionários a 77 alunos, 93,9% da população. Os resultados do estudo apontam que: quase 52% e 58% dos respondentes disseram que as disciplinas de metodologia e a de métodos e técnicas de pesquisa, respectivamente, eram importantes para a elaboração da monografia; 50% dos respondentes também apontaram dificuldades com métodos e técnicas de pesquisa; 42% afirmaram que o orientador teve compromisso em relação ao processo de elaboração da monografia; finalmente, apenas 33% deles acreditam que a monografia representa uma contribuição ao conhecimento na área contábil e ao desenvolvimento da sociedade e que será útil para futuras consultas a outros interessados. Essas dificuldades, apontadas pelos alunos da graduação, conforme constatado na pesquisa, parecem semelhantes àquelas observadas nos cursos de mestrado. A pesquisa realizada por Andere e Araújo (2008) analisa os cursos de pós-graduação (stricto sensu) com o objetivo de estudar a formação do professor de Contabilidade sob a ótica das quatro competências (aspectos da formação) do professor do ensino superior: (1) formação prática; (2) formação técnico-científica; (3) formação pedagógica e (4) formação social e política. Foram pesquisados 208 discentes e 12 coordenadores dos programas de pósgraduação por meio de dois questionários. Quanto à formação técnico-científica, foram questionados: se o Programa de Pós-Graduação está estruturado na preparação de pesquisadores – 89% dos discentes e 100% dos coordenadores afirmaram concordar, identificando uma direção totalmente favorável ao incentivo de pesquisas e atividades acadêmicas; e se a disciplina de metodologia de pesquisa científica é importante na grade do programa – 97% dos discentes e 100% dos coordenadores ressaltaram a relevância quanto ao oferecimento de disciplinas focadas no aprendizado de metodologias científicas para a completa formação do docente de ensino superior em Contabilidade. A pesquisa realizada por Venturini et al. (2008) identifica e verifica o perfil de 229 docentes permanentes dos cursos de pós-graduação stricto senso em Contabilidade no Brasil durante o triênio de 2004-2006. O estudo aponta que os docentes orientaram naquele triênio, em média: 13,45 discentes de graduação, 5,5 da especialização, 11,22 de mestrado, 0,94 de doutorado, 0,04 de pós-doutorado e 2,39 de alunos de iniciação científica, o que representa uma média total de 33 orientações no período. Observa-se que no período esses docentes orientaram 2.524 dissertações e 212 teses. Conforme se pôde observar, pesquisas relacionadas à disciplina de metodologia de pesquisa nos cursos de pós-graduação ainda são poucas e, dada a relevância do desenvolvimento das pesquisas na área contábil, torna-se relevante saber qual a opinião dos mestres em Ciências Contábeis quanto à importância dessa disciplina na elaboração de suas dissertações. 3 PROCEDIMENTOS DE PESQUISA Esta pesquisa teve como base as respostas de mestres em Ciências Contábeis do Brasil. O instrumento de pesquisa utilizado para coleta de dados foi um questionário, estruturado com 14 questões simples e objetivas de forma que seu total preenchimento durou, em média, 10 minutos. Aos respondentes foi dito que as respostas seriam tabuladas e tratadas em conjunto, de forma que não haveria identificação dos respondentes. O questionário foi confeccionado de forma a alcançar os seguintes objetivos específicos: • Avaliar a disciplina de metodologia da pesquisa e o docente responsável (questões 4, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 13 e 14); 3 • Diagnosticar problemas ocorridos durante a elaboração das respectivas dissertações e sua relação com o ensino da disciplina (questões 1, 2, 3, 5, 12). O questionário foi aplicado no período de outubro a novembro de 2009. Também foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com alguns respondentes que manifestaram interesse em fazer considerações adicionais. Quanto a oferta da disciplina de Metodologia é possível observar no Quadro 2 que a ela está presente em todos os programas, exceto no da UFC, que não disponibilizou essa informação. Quadro 2: Oferta da Disciplina de Metodologia e Carga Horária IES UF 1 UFBA BA 2 UFC CE 3 UnB/UFPB/UFRN DF 4 Fucape ES 5 UFMG MG 6 UFPE PE 7 UFPR PR 8 UFRJ RJ 9 UERJ RJ 10 Unisinos RS 11 FURB SC 12 UFSC SC 13 UNIFECAP SP 14 PUC/SP SP 15 USP SP USP/RP SP 16 Fonte: Capes, 2009. Carga Nome da Disciplina Horária Créditos Metodologia da Pesquisa em Contabilidade 51 3 Não há dados para pesquisa. Metodologia de Pesquisa 45 3 Metodologia de Pesquisa 1 18 2 Pesquisa em Contabilidade e Controladoria 30 2 Metodologia de Pesquisa em Contabilidade 60 4 Metodologia de Pesquisa Científica 45 3 Metodologia da Pesquisa em Ciências Contábeis 30 2 Metodologia de Pesquisa 45 3 Metodologia da Pesquisa 45 3 Metodologia da Pesquisa em Contabilidade 45 3 Metodologia da Pesquisa 45 3 Metodologia da Pesquisa 48 4 Metodologia da Pesquisa Científica 45 3 Metodologia da Pesquisa Aplicada à Contabilidade I 64 8 Metod Pesq Aplicada à Contabilidade e 105 7 Controladoria Utilizando-se de um processo de amostragem por disponibilidade, foram coletados emails de mestres titulados em três dos dezesseis programas de Pós-Graduação identificados: Multiistitucional e Inter-regional de Pós Graduação em Ciências Contábeis - UnB, UFPB e UFRN; USP e FECAPE – Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado. Dos 150 questionários enviados (e alguns aplicados pessoalmente), 50 retornaram. Desses, 46 foram respondidos por mestres oriundos do Programa Multiinstitucional e Interregional de Pós-Graduação em Ciências Contábeis: UnB, UFPB e UFRN, 2 da USP e 2 da Álvares Penteado. Diante da impossibilidade de realizar uma análise mais abrangente devido ao baixo percentual de respostas obtidas de mestres de outros programas, optou-se por focar o estudo apenas no Programa Multiistitucional: UnB, UFPB e UFRN. Para a análise dos dados recorreu-se a estatística descritiva. Foram analisadas algumas associações entre as variáveis estudadas, onde se aplicou a estatística qui-quadrado de Pearson (teste χ2). Esse teste não-paramétrico é indicado para detectar se existe relação significativa entre duas variáveis categóricas. Segundo Field (2000, p. 65), esse teste verifica se duas variáveis são independentes. Caso o valor de significância do teste seja pequeno (convencionalmente Sig. menor que 0,05) se aceita a hipótese de que elas são, de alguma maneira, relacionadas. 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS A análise dos resultados está dividida em três partes. Inicialmente descreve-se o perfil dos participantes da pesquisa. A segunda parte contempla uma caracterização da disciplina de metodologia da pesquisa oferecida nos cursos de pós graduação analisados, como forma de 4 ensino e avaliação empregados, assim como a percepção dos respondentes sobre a disciplina e o respectivo professor. 4.1 Perfil dos Respondentes A tabela 1 evidencia a classificação dos participantes da pesquisa quanto a faixa etária e o gênero. A maior parte dos respondentes (68%) tem até 41 anos e são do sexo masculino (72%). Dois indivíduos não responderam sobre a idade. Tabela 1: Perfil dos Respondentes – Faixa Etária e Gênero Gênero Total Faixa Etária Feminino % Masculino % Freqüência % 24 a 29 anos 4 40 6 60 10 20% 30 a 35 anos 4 31 9 69 13 28% 36 a 41 anos 1 11 8 89 9 20% 42 a 47 anos 1 12 7 88 8 18% Acima de 48 1 25 3 75 4 8% Não Respondentes 2 100 0 0 2 6% Total 13 28% 33 72% 46 100% Complementando a caracterização dos sujeitos da pesquisa, as tabelas 2 e 3 destacam, respectivamente, o ano de entrada no curso de mestrado e sua duração. Tabela 2: Ano de Entrada no Curso de Mestrado Ano Freqüência % 2000 1 2 2001 3 6,5 2002 3 6,5 2003 4 9 2004 5 11 2005 8 17 2006 4 9 2007 11 24 Não respondentes 7 15 Total 46 100 A maior parte dos participantes da pesquisa (50%) ingressou no curso a partir de 2005, contra 35% que começaram o curso em data anterior. Percebe-se que são mestres com pouca/ média maturidade, uma vez que, considerando o prazo máximo de dois anos para conclusão do curso, têm experiência que variam de dois a sete anos. Tabela 3: Duração do Curso Meses Freqüência % 18 a 24 meses 8 17% 25 a 30 meses 19 41% Acima de 31meses 3 7% Não respondentes 16 35% Total 46 100% 5 Considerando o prazo de 24 meses recomendado pela Capes, percebe-se que 17% dos respondentes conseguiram finalizar o mestrado no prazo e que 3 respondentes extrapolaram os 30 meses para conclusão. Analisando o rol (sem a aglutinação em classes), a média de duração dos cursos entre os pesquisados foi de 26,45 meses. A moda foi de 26 meses. 4.2 Avaliação da Disciplina Metodologia da Pesquisa e do Docente Todos os respondentes afirmaram ter cursado a disciplina de metodologia da pesquisa no mestrado. A carga horária da disciplina varia de acordo com o programa de pós graduação. No Multiinstitucional: UnB, UFPB e UFRN, a disciplina tem no mestrado três créditos o que equivale a 45 horas. Um dado interessante é que a maioria dos respondentes apresentou grande dificuldade em responder sobre a carga horária. Mais que isso, muitos não sabiam ou responderam equivocadamente, o que foi possível constatar com uma pesquisa na grade curricular dos programas analisados. Outro ponto interessante refere-se a adequação dessa carga horária (ver tabela 4). Tabela 4: Adequação da Carga Horária Insuficiente Suficiente Mais que suficiente Total Freqüência % 16 35 28 61 2 4 46 100 Mesmo apresentando dúvidas quanto a carga horária da disciplina de metodologia, a maioria dos pesquisados afirma que ela é adequada, ou seja, é suficiente para que os conhecimentos sobre o assunto possam ser transmitidos eficientemente. 35% não concordam e acreditam que o tempo destinado para a disciplina é pequeno diante do conhecimento a ser absorvido. Dois respondentes disseram que, de certa forma, algum tempo é desperdiçado com a disciplina, uma vez que acham mais que suficiente a quantidade de créditos a ela direcionada. Os instrumentos utilizados pelo professor para ministrar a disciplina podem ser visualizados na tabela 5. 41% dos respondentes confirmaram que a disciplina era ministrada com a exposição, pelo professor, dos assuntos a serem estudados e que havia “uma abertura” para a participação dos discentes. 26% disseram que a disciplina foi conduzida apenas com seminários apresentados pelos alunos. Tabela 5: Técnicas utilizadas no ensino da disciplina metodologia da pesquisa Seminário Aula Expositiva Aula Expositiva com participação Outras Total Freqüência 12 5 19 10 46 % 26 11 41 22 100 Uma questão que merece discussão é até que ponto permitir que alunos, que teoricamente não apresentem domínio sobre o assunto (no caso do curso de Ciências Contábeis, as deficiências são significantes e conhecidas), exponham o conhecimento para considerações posteriores do professor é uma forma interessante de agregação de valor para os futuros docentes. Será que a exposição por parte dos professores sobre os aspectos 6 metodológicos a serem considerados para só depois abrir para uma discussão entre os mestrandos não seria mais eficiente do ponto de vista da absorção de conhecimento? Dos participantes da pesquisa, 22% assinalaram outras formas de ministrar a aula. A análise das respostas permite identificar que o que eles denominaram de outras formas de ensino são, na verdade, uma combinação dessas técnicas. Por exemplo, 6 mestres afirmaram que a aula era conduzida com seminários e aulas expositivas com a participação dos alunos; 1 mencionou o uso de seminários, aula expositiva e aula expositiva com a participação dos alunos; 1, que eram feitos apenas comentários; 1, que todas as opções foram utilizadas; e 1, que se utilizou de seminários e aula expositiva. A análise categórica considerando o ano de entrada dos sujeitos de pesquisa evidenciou um resultado curioso: existência de discrepâncias de metodologia empregada mesmo quando os alunos são do mesmo período (ver tabela 6) Tabela 6: Técnicas utilizadas no ensino da disciplina Metodologia da Pesquisa – Análise por ano de Entrada 2000 Outras Seminário 2001 Expositiva Total Seminário Expositiva 2002 Outras Total Expositiva 2003 Expositiva com participação Total Seminário Expositiva com participação 2004 Outras Total Seminário Expositiva com participação 2005 Outras Total 2006 Expositiva com participação Seminário Expositiva 2007 Expositiva com participação Total Freqüência 1 2 1 3 1 1 1 3 2 2 4 3 1 1 5 1 3 4 8 4 4 1 6 % 100,0 67 33 100 33 33 33 100,0 50 50 100,0 67 17 17 100,0 12,5 37,5 50 100 100 36 9 55 11 100,0 Dez mestres não mencionaram o ano de entrada no curso. Uma justificativa para isso pode ser a existência no programa Multiinstitucional de duas turmas a cada ano – turma Brasília e Nordeste – com seus respectivos professores. Assim, cada professor pode utilizar uma forma própria de ensinar e avaliar seus alunos. Contudo, não seria mais eficiente realizar um planejamento entre os professores responsáveis pela disciplina, de forma a possibilitar uma análise das técnicas de ensino mais apropriadas, diante dos objetivos institucionais, obtendo-se um consenso ou uniformização? A forma de avaliação predominante utilizada pelos docentes nos cursos de mestrados é a elaboração do projeto de pesquisa como pode ser verificado na tabela 7. A opção outros, com 26% das indicações, refere-se a um mix das alternativas disponibilizadas. Nove respondentes (18%) afirmaram que foram avaliados conjuntamente pelos seminários 7 apresentados e pela elaboração do projeto de pesquisa; um assinalou as opções elaboração de artigo e projeto de pesquisa; um, trabalho, seminário e elaboração de projeto de pesquisa; e um, trabalho e elaboração de projeto. Tabela 7: Formas de Avaliação empregadas Trabalho Seminários Projeto Outros Total Freqüência 2 5 27 12 46 % 4 11 59 26 100 Percebe-se que a utilização do projeto de pesquisa como maneira de avaliar os discentes é bastante significativa estando presente em 39 das 46 respostas, ou seja, 85%. Para Matias-Pereira (2007, p. 42-43), o projeto de pesquisa “é uma etapa vital do processo de elaboração, execução e apresentação de uma pesquisa”, sendo o documento que evidencia o que será pesquisado, a motivação para o estudo e finalidade, os caminhos a serem percorridos para se alcançar os objetivos; enfim, permite a avaliação por parte da comunidade científica da viabilidade de uma pesquisa. Assim, constata-se que a disciplina de Metodologia é utilizada como forma de direcionar os alunos em seus projetos de dissertações, servindo como uma análise inicial das suas pretensões. Todavia, é valido salientar alguns comentários efetuados pelos respondentes sobre a forma de condução e avaliação da disciplina. Dois dos respondentes destacaram que a disciplina é ministrada no início do curso e o projeto de pesquisa trabalhado foi o utilizado no processo seletivo para o mestrado. Contudo, após a realização da disciplina, foi sugerida pela coordenação do curso e/ou pelo orientador a mudança de tema de pesquisa. Em entrevista semi-estruturada com alguns respondentes foi possível constatar que isso não é uma evento atípico. Ao contrário, é muito comum que o projeto de pesquisa trabalhado na disciplina lecionada no início do curso seja totalmente substituído. Outro participante da pesquisa mencionou que a discussão do projeto de pesquisa foi realizada sem uma avaliação mais criteriosa. Nas suas palavras, “foi uma disciplina muito ‘solta’”, o que prejudicou significativamente a fixação do conhecimento. Uma sugestão mencionada por outro respondente foi que a disciplina de metodologia da pesquisa fosse ministrada em duas etapas: a primeira, na parte inicial do curso, com a apresentação dos aspectos teóricos, normas da ABNT, etc.; a segunda, na fase final do curso, focada na elaboração do projeto de pesquisa, base da dissertação. A primeira disciplina poderia ser ministrada com aulas expositivas pelo professor da cadeira, autoridade do assunto, com a participação dos discentes. A avaliação poderia se basear na elaboração de um artigo e respectiva submissão a um periódico. A segunda disciplina, no final do curso, onde o aluno já tem claramente definido seu tema de pesquisa, seria avaliado pelo projeto de pesquisa confeccionado. As aulas poderiam ser conduzidas pelos próprios discentes, discutindo aspectos metodológicos das propostas com a colaboração dos outros alunos e orientação do professor. Os respondentes foram questionados sobre quanto do conhecimento que eles possuem sobre metodologia da pesquisa foi adquirido quando do cumprimento dos créditos dessa disciplina. A escala de avaliação variava de 0 (nenhum conhecimento) a 10 (todo o conhecimento). As respostas podem são evidenciadas na tabela 8. Tabela 8: Auto-avaliação do conhecimento adquirido sobre Metodologia Notas Atribuídas Freqüência % 8 0 - 4,9 5 - 6,9 7 - 8,9 9 - 10 Total 15 15 13 3 46 33 33 28 6 100 Do total de respondentes, 66% atribuem menos de sete ao valor agregado pela disciplina de metodologia da pesquisa sobre o conhecimento que eles têm sobre o assunto. Trata-se de um resultado preocupante, uma vez que 33% dos participantes de pesquisa atribuíram menos de cinco ao conhecimento aferido com após os créditos dessa cadeira. Esse resultado alerta para a necessidade de repensar quais são as competências que se esperam que os mestrandos, futuros professores orientadores, devam ter após a obtenção dos títulos. Focar apenas na elaboração de um projeto de pesquisa, que muitas vezes se quer terá continuidade pode estar tornando míope o ensino sobre os aspectos abrangentes e realmente importantes sobre metodologia da pesquisa. Questionados sobre a obrigatoriedade da disciplina nos cursos de pós graduação, a maioria (84,8% ou 39 respondentes) concordam; apenas 1 participante (2,2%) apresenta-se contrário a obrigatoriedade. 6 mestres não responderam essa questão. A percepção dos sujeitos de pesquisa sobre o professor da disciplina pode ser visualizada na tabela 9. A maior parte dos respondentes (67%) afirmou que o professor conseguiu passar o conteúdo de forma adequada, enquanto 33% responderam que não. Tabela 9: Didática e Conhecimento Atualizado do Professor de Metodologia da Pesquisa Freqüência Não 15 Didática Sim 31 Total 46 Não 5 Conhecimento Atualizado Sim 41 Total 46 % 33 67 100 11 89 100 A quase totalidade dos respondentes afirmou que o docente da disciplina apresentava conhecimento atualizado sobre os assuntos. A análise desses resultados levanta um questionamento importante: se os participantes da pesquisa atestam a capacidades do professor, alegando boa didática e posse de conhecimento atualizado, qual o motivo do nível de agregação de valor da disciplina ser aquém do desejado? Duas possíveis respostas podem ser elaboradas. Primeiro, o problema pode estar no desenho (ou formato) da disciplina como discutido anteriormente e não no professor. A ênfase dada a um objetivo específico da metodologia da pesquisa, que é o projeto de pesquisa, pode estar prejudicando a obtenção de conhecimento de forma mais aprofundada. Segundo, o tempo destinado a disciplina pode não ser realmente suficiente. Todavia, tais causas são apenas conjecturas que devem ser testadas em estudos futuros. 4.3 Processo de Elaboração de Dissertação Essa parte do questionário buscou identificar quantas horas em média os respondentes precisaram para elaborar a dissertação, se apresentaram dificuldades nesse processo, se foram ajudados diretamente pelo professor de metodologia da pesquisa e qual o grau de importância que eles atribuem a disciplina de sob análise para a elaboração da pesquisa realizada no trabalho de conclusão do mestrado. 9 Conforme tabela 10, 35% dos respondentes não souberam responder quantas horas foram utilizadas para a elaboração da dissertação. Considerando apenas os que responderam a questão pode-se verificar que 47% dos pesquisados utilizaram entre 55 e 500 horas; 30% precisaram de algum tempo entre 501 e 1.000 horas. Somente 23% precisaram de mais de 1.000 horas pra finalizar o trabalho. Tabela 10: Horas necessárias para elaboração da Dissertação Horas Freqüência % 55 a 500 14 30 501 a 1000 9 20 1001 a 1500 4 9 1501 a 2000 1 2 Acima de 2001 2 4 Subtotal 30 65 Não respondentes 16 35 Total 46 100 Tentou-se verificar se aqueles que terminaram mais rapidamente suas dissertações também haviam terminado o curso mais cedo do que os que precisaram de mais tempo para o trabalho final. Os resultados do cruzamento dessas duas variáveis podem ser observados na tabela 11. Tabela 11: Horas dedicados a dissertação x Prazo de Conclusão de Curso Horas Total Prazo 55-500 501-1000 1001-1500 1501-2000 Acima de 2001 18 a 24 meses 0 1 1 0 1 3 25 a 30 meses 8 4 2 1 1 16 Acima de 31 meses 2 0 1 0 0 3 Total 10 5 4 1 2 22 Apesar de não se poder fazer inferências estatísticas sobre a relação entre as duas variáveis (14 células apresentam freqüências esperadas inferiores a 5) os dados sinalizam que não existe uma relação entre o tempo dedicado a dissertação e a conclusão do curso. Entre os que terminaram a dissertação em menor tempo (entre 55 e 500 horas), 10 (100%) terminaram o curso em prazo superior ao recomendado pela Capes (até 24 meses). Conforme tabela 12, dos 46 respondentes, 35 (76%) apresentaram algum tipo de dificuldade, enquanto 11 (24%) disseram não terem tido problemas. Dentre os problemas apontados, o mais citado foi a dificuldade de acessar dados (62,2% ou 23 indicações); seguido por falta de tempo para dedicação (37,8% ou 14 indicações); falta de conhecimento em metodologia de pesquisa (35,1% ou 13 indicações); não ter feito monografia na graduação (32,4% ou 12 indicações); e dificuldade de acessar referencial teórico (24,3% ou 9 indicações). Ainda foram citadas dificuldades pessoais com o tema, tratamento estatístico (análise quantitativa dos dados), problemas com o orientador, redação da dissertação, inglês e dificuldade do orientador com o tema com 5, 3, 2, 1, 1 e 1 indicações, respectivamente. Vale salientar que, nessa questão, o respondente poderia marcar até 3 alternativas. Um respondente assinalou 4 dificuldades. 10 Tabela 12: Existência de dificuldade na elaboração da dissertação e Indicação de falta de conhecimento em Metodologia de Pesquisa Dificuldade Não Sim Metodologia Mencionou Não mencionou Subtotal Total Freqüência 11 12 23 35 46 % 24 26 50 76 100 Considerando que 35% dos respondentes acreditam que a carga horária da disciplina de Metodologia da Pesquisa é insuficiente (ver tabela 4) e que apenas 16% reconheceram terem obtido mais de 70% (acima de 7) do conhecimento sobre metodologia da pesquisa durante a disciplina (ver tabela 8), é de se estranhar que 24% dos respondentes não apresentaram nenhuma dificuldade na elaboração da dissertação; e que entre os respondentes que apresentaram dificuldades, 50% não assinalaram a falta de conhecimento em metodologia da pesquisa (ver tabela 12). Também foi perguntado aos respondentes se o professor de metodologia auxiliou no delineamento da pesquisa. Conforme tabela 13, 56% afirmaram que não tiveram o auxílio do professor de metodologia no estudo por eles desenvolvido, enquanto 44% afirmaram que tiveram a colaboração do docente. Tabela 13: Auxílio do Professor de Metodologia no delineamento da pesquisa Não Sim Total Freqüência % 26 56 20 44 46 100 Os resultados para essa questão parecem corroborar com uma das considerações feitas anteriormente sobre o projeto de pesquisa desenvolvido como forma de avaliação na disciplina de metodologia. 85% dos participantes da pesquisa alegaram ter elaborado um projeto de pesquisa, porém, a maioria dos pesquisados afirmou não ter tido auxílio do professor de Metodologia no delineamento da pesquisa. Como explicar essa incoerência? Provavelmente o estudo desenvolvido na dissertação foi diferente da proposta contida no projeto de pesquisa, apresentado no início do curso. Naquele momento, a maioria dos alunos, vindos de uma graduação tecnicista, apresenta nenhuma ou pouca bagagem na pesquisa, inexperiência essa que impossibilita a elaboração de um projeto realmente viável. Todavia, esse é o projeto trabalhado, na maioria das vezes, na disciplina de metodologia. Quando da finalização dos créditos, os mestrandos deveriam ter conhecimento adequado e, sob a efetiva orientação dos professores orientadores, são capazes de elaborar um bom projeto de pesquisa e futura dissertação a ser defendida. Buscou-se relacionar se a ajuda do professor da disciplina de metodologia no delineamento exercia alguma influencia na existência de dificuldades por parte dos mestrandos. A idéia é a de que com esse auxílio os discentes não apresentariam dificuldades. Os resultados podem ser visualizados na tabela 14. Tabela 14: Relação Auxílio do professor no delineamento da pesquisa e dificuldades na elaboração da dissertação Auxílio Não Freqüência Freqüência Esperada Dificuldade Total Não Sim 8 18 26 6,2 19,8 26 11 Sim Total % of Total Freqüência Freqüência Esperada % do Total Freqüência Freqüência Esperada % do Total 17,4 39,1 3 17 4,8 15,2 6,5 37 11 35 11 35 23,9 76,1 20 20 46 46 100 Qui-Quadrado (x2) 1,54 2 Nível de Significância de x (ρ) 0,214 De acordo com a estatística qui-quadrado de Pearson (χ2) e o seu nível de significância (ρ), apresentados na tabela 14, não existe associação significativa entre as variáveis auxílio do professor e dificuldade, o que significa dizer que independente de terem sido orientados ou não pelo docente, a maioria dos alunos apresentou alguma dificuldade na elaboração da dissertação. Entretanto, é possível que o auxílio do professor no delineamento da pesquisa tenha evitado problemas referentes a metodologia da pesquisa. Assim, também se averiguou, entre os alunos que receberam orientação do docente, se eles indicaram falta de conhecimento sobre os aspectos metodológicos como problema enfrentado (ver tabela 15) Tabela 15: Auxílio do professor e problemas de Metodologia Auxílio Não Sim Total Freqüência Freqüência Esperada % do Total Freqüência Freqüência Esperada % of Total Freqüência Freqüência Esperada % do Total Metodologia Mencionou Não mencionou 8 10 6,2 11,8 23 28,5 4 13 5,8 11,2 11,4 37,1 12 23 12 23 34,3 65,7 Total 18 18 51,4 17 17 48,6 35 35 100 Qui-Quadrado (x2) 1,697 2 Nível de Significância de x (ρ) 0,193 A tabela 15 mostra que entre os discentes que tiveram auxílio do professor de metodologia no desenho da pesquisa, 76,47% não mencionaram o problema de falta de conhecimento sobre metodologia, o que poderia corroborar com a hipótese levantada. Mas, entre os que não tiveram a ajuda do docente, o percentual que não mencionou esse tipo de problema também foi elevado (55,6%). O ρ-value da estatística 2 indica que o padrão de resposta entre os que mencionaram e não mencionaram problemas de cunho metodológico é igual, ou seja, ter tido a ajuda do professor no desenho da pesquisa não evitou problemas dessa natureza. Ou seja, não se encontrou evidência estatística sobre a relação conjecturada. Por fim, foi pedido aos participantes da pesquisa que mensurassem, numa escala de 0 (nenhuma relevância) a 10 (relevância máxima), qual o grau de importância da disciplina de Metodologia para a elaboração das dissertações. Os resultados podem ser vistos na tabela 16. Tabela 16: Grau de importância da disciplina de metodologia para elaboração da dissertação Nota Freqüência % 0 - 4,9 5 11 5 - 6,9 6 13 12 7 - 8,9 9 - 10 Total 10 25 46 22 54 100 Dentre os 46 respondentes, 24% atribuem pouca relevância ou relevância mediana a disciplina de metodologia para elaboração da dissertação (notas inferiores a 7). Todavia, a maioria reconhece a importância do conhecimento adquirido nessa disciplina para a execução de uma boa pesquisa. É importante ressaltar que essa avaliação se refere a disciplina de Metodologia em si e não a disciplina lecionada no curso, uma vez que as notas atribuídas ao conhecimento adquirido quando do cumprimento dos créditos dessa disciplina foram, na maioria, inferiores a 7 (66% dos respondentes, conforme tabela 8). Enfim, os participantes da pesquisa reconhecem que ter conhecimento aprofundado sobre metodologia cientifica é relevante para a execução de boas pesquisas, porém também apontam para gargalos significativos no ensino dessa disciplina no curso de mestrado. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A disciplina de metodologia da pesquisa desempenha papel fundamental nos cursos de pós-graduação, fornecendo subsídios para a realização de pesquisas de boa qualidade, como também capacitando profissionais para serem orientadores nos cursos de graduação e especializações. Em outras palavras, o ensino eficiente da disciplina de metodologia de pesquisa é imprescindível para o desenvolvimento dos estudos em Contabilidade ou qualquer outra ciência. Os participantes da pesquisa corroboram com a relevância da disciplina de Metodologia da Pesquisa, uma vez que a maioria dos pesquisados afirma que seu ensino deve ser obrigatório nos cursos de pós-graduação, atribuindo-lhe elevada importância a cadeira para elaboração de seus estudos. Todavia, problemas no seu ensino foram constatados. Muitos respondentes afirmam que sua carga horária é insuficiente diante da quantidade de conhecimento a ser absorvido e que as formas de ministrar aulas e avaliar os discentes apresentam limitações. A maior parte dos participantes da pesquisa afirmou não ter tido auxílio do professor de Metodologia no delineamento da pesquisa, mesmo sendo avaliados na disciplina através de um projeto de pesquisa. Em outras palavras, o tempo despendido na elaboração do projeto de pesquisa é de certa forma inútil, pois, geralmente, ele é totalmente substituído quando os alunos atingem maior grau de maturidade científica dentro do curso. Pior, a concentração na elaboração de um projeto de pesquisa parece tornar míope o ensino da disciplina, que não contempla uma análise mais abrangente do método científico. Tal conclusão foi obtida a partir do baixo nível de agregação de valor obtido durante os créditos da cadeira. Os problemas sinalizados parecem estar no desenho da disciplina e não nos docentes por ela responsáveis, haja vista que a maioria dos pesquisados afirmou que o professor tem boa didática e possui conhecimento atualizado sobre a matéria. Dessa forma, atenção especial deve ser direcionada ao planejamento da disciplina e o delineamento de quais competências se deseja dos mestrandos no tocante a Metodologia da Pesquisa. Como perspectivas para futuros trabalhos recomenda-se o estudo em outros Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis. REFERÊNCIAS ANDERE, M.A.; ARAÚJO, A.M.P. Aspectos da Formação do Professor de Ensino Superior de Ciências Contábeis: uma Análise dos Programas de Pós-Graduação. Revista Contabilidade e Finanças – USP, São Paulo, v. 19, n. 48, p. 91-102, set/dez, 2008. 13 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 14724: informação e documentação: trabalhos acadêmicos – apresentação. Rio de Janeiro, 2005. BARBOSA, K.; THEÓPHILO, C.R. Análise do Processo de Elaboração de Monografias pelos Alunos do Curso de Ciências Contábeis de uma Universidade no Norte de Minas Gerais. In: 7º Congresso USP de Controladoria e Contabilidade. 2007, São Paulo. Anais... São Paulo: USP, 2007. BEUREN, I.M. Como Elaborar Trabalhos Monográficos em Contabilidade. Teoria e Prática. São Paulo: Atlas, 2003. CUNHA, J.V.A.; MARTINS, G.A.; CORNACHIONE JR, E.B. Teses em Ciências Contábeis: uma análise de sua propagação. In: XXXII Encontro da Anpad. 2008, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ANPAD, 2008. COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES). Relação de Cursos Recomendados e Reconhecidos. 2009. Disponível em: <http://conteudoweb.capes.gov.br/conteudoweb/ProjetoRelacaoCursosServlet?acao=pesquisa rIes&codigoArea=60200006&descricaoArea=CI%CANCIAS+SOCIAIS+APLICADAS+&de scricaoAreaConhecimento=ADMINISTRA%C7%C3O&descricaoAreaAvaliacao=ADMINIS TRA%C7%C3O%2C+CI%CANCIAS+CONT%C1BEIS+E+TURISMO>. Acesso em: 17 out. 2009. CUNHA, J.V.A.; MARTINS, G.A.; CORNACHIONE JR, E.B. Pós-Graduação: O Curso de Doutorado em Ciências Contábeis da FEA/USP. Revista Contabilidade e Finanças – USP, São Paulo, v. 19, n. 48, p. 6-26, set/dez, 2008. FIELD, Andy. Discovering Statistics using SPSS for Windows. London: Sage, 2000. MATIAS-PEREIRA, Jose. Manual de Metodologia da Pesquisa Cientifica. São Paulo: Atlas, 2007. 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