A influência da disciplina de empreendedorismo no comportamento e nas atitudes empreendedoras: percepção dos alunos que frequentaram a disciplina no Centro Universitário UNIVATES Eloni José Salvi – Mestre – Centro Universitário UNIVATES [email protected] Cristina Marmitt – Mestre – Centro Universitário UNIVATES [email protected] Ana Lúcia Bender Pereira – Mestre – Centro Universitário UNIVATES [email protected] Tiago Miguel Both – Bolsista de Iniciação Científica – Centro Universitário UNIVATES [email protected] RESUMO Apesar da consolidação teórica do empreendedorismo, algumas lacunas carecem de averiguações complementares, dentre elas o impacto da pedagogia empreendedora sobre alunos de disciplinas que abordam o tema. A presente pesquisa teve como objetivo identificar, na percepção dos alunos que frequentaram a disciplina de empreendedorismo no Centro Universitário UNIVATES, a influência da mesma no seu comportamento e nas suas atitudes empreendedoras. Utilizando uma abordagem qualitativa de caráter exploratório, o estudo utilizou técnicas de pesquisa bibliográfica e grupos de foco. A população analisada foram alunos do Centro Universitário Univates que cursaram a disciplina de empreendedorismo entre os anos de 2004 e 2008. Foram formados 8 grupos de alunos, sendo cada um composto por 6 a 8 integrantes, num total de 41 entrevistados. A base teórica está fundada nos estudos sobre empreendedorismo, intra-empreendedorismo, comportamento e atitudes empreendedoras. Como resultado principal identificou-se que há a percepção de que a disciplina de empreendedorismo influencia no comportamento e nas atitudes empreendedoras de estudantes que a cursaram, promovendo características como busca de informações, planejamento e monitoramento sistemático e visão mais aberta. PALAVRAS-CHAVE: Disciplina de Empreendedorismo; Pedagogia Empreendedora; Características Empreendedoras; Comportamento Empreendedor. Abstract Despite the consolidation theory of entrepreneurship, some weaknesses need further investigations, among them the impact of entrepreneurial pedagogy on students. This study aimed to identify, in the perception of students that attended the discipline of entrepreneurship in the Centro Universitário UNIVATES, the influence of this discipline in their behavior and their entrepreneurial attitudes. Using a qualitative and exploratory approach, the study used techniques of literature search and focus groups. The population studied were Univates students that took this course of entrepreneurship between the years 2004 and 2008. Were formed eight groups of students, each one consisting of 6-8 members, a total of 41 respondents. The theory is based on studies of entrepreneurship, corporate entrepreneurship, entrepreneurial behavior and attitudes. As a main result it was identified that there is a perception that the discipline of entrepreneurship influences the behavior and entrepreneurial attitudes of students who attended, promoting characteristics such as information search, planning and systematic monitoring and more open view. KEY WORDS: Discipline of Entrepreneurship; Entrepreneurial Education; Entrepreneurial Characteristics , Entrepreneurial Behavior. VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br 1 INTRODUÇÃO O declínio na oferta de postos de trabalho na forma tradicional vem marcando nossos dias. O mercado de trabalho está passando por uma verdadeira revolução, na qual o emprego formal por prazo indeterminado está perdendo espaço, surgindo a necessidade de se encontrar alternativas de colocação profissional. Tal preocupação atualmente norteia a forma de agir de trabalhadores e empresas, com a proliferação do sistema de terceirização, que faz surgir um número cada vez maior de empresas de um só empregado. Esse cenário está desenhando uma nova realidade, na qual cada cliente é um mercado e cada empregado é um empresário (Davis, 1991). É um cenário onde empresários, com suas empresas, trabalham dentro de outras organizações, num sistema que começou no ramo automobilístico, com os chamados 'sistemistas'. Este é um sistema que, de certa forma, força a pró-atividade e iniciativa dos colaboradores da empresa, e cria uma nova dinâmica empresarial indispensável ao contexto organizacional atual. Após décadas de enfoque limitado, pede-se aos empregados que considerem o todo, que sejam inovadores e se preocupem com os clientes, que trabalhem em equipes e que determinem os seus próprios serviços e os coordenem com os demais, em vez de simplesmente obedecer a ordens. (Pinchot & Pinchot, 1994, p. 3) Dornelas (2001) identifica o momento atual como sendo “a era do empreendedorismo”. Segundo ele, “[...] são os empreendedores que estão eliminando barreiras comerciais e culturais, encurtando distâncias, globalizando e renovando os conceitos econômicos, criando novas relações de trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas e gerando riqueza para a sociedade” (p.21). Pessoas com espírito empreendedor criam novas oportunidades e novos negócios, sejam eles proprietários ou não do capital, pois o que os move é a necessidade de realização em alto grau (McClelland apud Filion, 1999). É uma nova postura, na qual tanto o empresário como seus colaboradores podem e devem contribuir para o aprimoramento dos negócios, pois “conceber o futuro e transformá-lo em realidade é a essência da atividade empreendedora” (Dolabela, 2009, p. 37). Nesse contexto de declínio na oferta de postos de trabalho na forma tradicional surge o ensino do empreendedorismo, onde as Instituições de Ensino Superior têm um papel fundamental na formação de novos empreendedores. O desafio dessas instituições passa a ser o de inserir o ensino do empreendedorismo como parte de todos os cursos superiores oferecidos, independente da área de conhecimento, focando o desenvolvimento da capacidade empreendedora dos estudantes, como ferramentas de suporte ao desenvolvimento de novas e inovadoras atividades, buscando assim a geração de novas fontes de emprego e renda e o consequente desenvolvimento local e regional. Entre essas instituições está o Centro Universitário UNIVATES, instituição comunitária, comprometida com o desenvolvimento regional e que desempenha o papel de oferecer à sociedade algo mais do que diplomas e habilidades profissionais, tendo em sua visão o compromisso com o empreendedorismo e em um de seus objetivos institucionais o foco em incentivar a formação de empreendedores e empreendimentos. Diante deste compromisso, o Centro Universitário UNIVATES oferece aos alunos, de todos os cursos de graduação, desde o ano de 2004, a disciplina de Empreendedorismo. Em alguns cursos a disciplina é parte da grade curricular e em outros está disponível como eletiva. Nestes cinco anos (2004 a 2008) 2600 alunos já frequentaram a disciplina, e ainda não se tinha avaliado o efetivo impacto de sua adoção com os acadêmicos. Um primeiro estudo já realizado com alunos que cursaram a disciplina de empreendedorismo, retratando uma avaliação prévia dos seus resultados, buscou identificar a influência da disciplina nas intenções de direcionamento profissional dos estudantes. Tendo como base opiniões de cerca de 400 alunos, a partir de dados coletados no início da disciplina e após o seu término, identificou-se alteração nas intenções de direcionamento profissional dos estudantes, com o aumento do número de interessados em desenvolver atividades como empreendedores proprietários de negócios (Martens e Freitas, 2006). O referido estudo considerou as opiniões a respeito das intenções profissionais dos estudantes, sem, contudo avaliar o efetivo impacto da disciplina no seu dia a dia profissional. Cabe salientar que o foco do estudo foi no desenvolvimento do empreendedor como gerador de novos negócios. Já a pesquisa ora proposta, investigou de forma mais profunda os resultados da disciplina de empreendedorismo, considerando seu impacto na vida pessoal e profissional dos acadêmicos, VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br adotando o conceito mais amplo de empreendedorismo, que envolve não apenas o empreendedor como gerador de um negócio próprio, mas também o intraempreendedor. Assim, o estudo teve como norteadora a seguinte questão de pesquisa: na percepção dos alunos que frequentaram a disciplina de empreendedorismo no Centro Universitário UNIVATES, qual a influência da mesma no seu comportamento e nas suas atitudes empreendedoras? Dado o problema apresentado, o objetivo geral deste estudo foi o de identificar, na percepção dos alunos que frequentaram a disciplina de empreendedorismo no Centro Universitário UNIVATES, a influência da mesma, no seu comportamento e nas suas atitudes empreendedoras. Para atingir o objetivo geral, se estabeleceu os seguintes objetivos específicos: - Verificar quais comportamentos e atitudes empreendedoras estão sendo exigidos nas atividades profissionais dos alunos; - Verificar possível adoção de comportamentos e atitudes empreendedoras dos alunos, em suas atividades profissionais; - Identificar quais comportamentos e atitudes dos alunos sofreram mudança após frequentarem a disciplina de empreendedorismo; - Identificar possíveis alterações no direcionamento profissional dos estudantes em decorrência da disciplina de empreendedorismo. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Segundo Rifkin (1995, p. 18) “o desemprego global atingiu seu nível mais alto desde a grande depressão de 1930. Mais de 800 milhões de seres humanos, no mundo, estão desempregados ou subempregados. Este número deverá crescer continuamente até o final do século [...]”. Um dos motivos dessa situação é o fato de a tecnologia ser utilizada na substituição da mão de obra humana. Técnicas como a reengenharia, o downsizing, entre outras vieram proporcionar às empresas alternativas que lhes possibilitam a redução de seu número de colaboradores e, ao mesmo tempo, aumento de produtividade. Atualmente, o surgimento da chamada “era pós-industrial” traz consigo os avanços tecnológicos que por sua vez provocam mudanças, tanto na forma de produzir como na sociedade como um todo. O surgimento da era da “Revolução da Informação” traz consequências, porém não tão importantes quanto as verificadas na da Revolução Industrial. Na verdade, pode-se dizer que os reflexos da Revolução Industrial, bem como os da Revolução da Informação serão absorvidos ao longo dos anos por meio do surgimento de novos postos de trabalho nas mais diversas áreas, “... em cinco ou dez anos os efeitos negativos da inovação desaparecem e o emprego volta a crescer” (Martins, 1996, p.124). A formulação de políticas de desenvolvimento regional pelos governos, em suas diversas instâncias, tem-se revelado insuficiente para alavancar a melhoria da qualidade de vida da população por meio da geração de novos postos de trabalho. Sendo assim, o estímulo ao empreendedorismo passa a ser uma ferramenta fundamental para que se alcance esse objetivo. A questão do desemprego tem sido uma das mais discutidas nos últimos tempos, embora não seja uma problemática recente. O questionamento sobre as causas continua na pauta das discussões entre Governo, Sindicatos, Empresas e Sociedade, porém sem que se tenha conseguido resultados concretos, ou pelo menos significativos. De certa forma, a busca de novos empreendimentos, por parte dos poderes públicos, tem voltado suas atenções para as grandes empresas que, teoricamente, geram um número maior de postos de trabalho, porém, sabe-se da importância do incentivo às pequenas e médias empresas, pois grande parte dos postos de trabalho são oferecidas por elas. Segundo Cohen (2000), no Brasil, as micro e pequenas empresas respondem por mais de 43% dos empregos. Somando as empresas médias (menos de 100 empregados, nos setores do comércio e serviços, ou menos de 500, na indústria), a taxa sobe para 60% dos empregos formais, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 1994, isso sem contar o mercado informal estimado em até 50% da economia brasileira. A partir do exposto acima, é fundamental destacar a importância das instituições de ensino na formação de novos empreendedores, e, entre essas instituições, a vinculação do Centro Universitário UNIVATES com seu compromisso de fortalecimento do desenvolvimento regional. VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Dentro dos cursos de Administração, a formação dos alunos está voltada para a função gerencial, focada nos problemas internos de suas organizações, quando deveria estar preocupada com o que ocorre além delas. Segundo Drucker (1999), todas as premissas por ele estudadas se baseiam nisso: “a área de atuação da administração é dentro da empresa; o principal trabalho da administração é gerir a organização”. E isso não pode ser tomado como verdade, pois as forças que exercem maior influência sobre as organizações vêm de fora, não de dentro. É preciso entender que, na atual conjuntura, não se encontrará lugar para todos os egressos dos cursos no mercado formal de trabalho. Por isso, faz-se necessário, ter presente, a importância de formar novos empreendedores, inovadores, geradores de novos empregos e não simplesmente gestores, embora estes sejam importantes para as empresas. Este novo perfil constitui um ponto diferenciador da Univates em relação às outras Instituições de Ensino Superior (IES) que fazem parte do Rio Grande do Sul. 2.1 O empreendedorismo A percepção da importância do empreendedorismo no desenvolvimento econômico e social tem provocado o surgimento de um grande número de pesquisas sobre o assunto. Segundo Filion (1999), mais de 1000 publicações surgem anualmente no campo do empreendedorismo, em mais de 50 conferências e 25 publicações especializadas. De acordo com o autor, o empreendedorismo é um dos raros assuntos que atraem especialistas de diferentes disciplinas, levando-os a discutir e observar o que é feito nas outras disciplinas com relação a esse tema. Diversos têm sido os aspectos pesquisados no que diz respeito ao empreendedor, porém observa-se uma concentração em três áreas básicas, conforme descrito por Tonelli (1997): a contribuição oriunda do surgimento de novas empresas; a identificação das características de personalidade comuns aos empreendedores e, em terceiro lugar, a diferenciação entre os atributos natos e desenvolvidos pelos empreendedores por meio do treinamento e/ou experiência com negócios. Por mais pesquisas sobre empreendedores que tenham sido realizadas até o momento, não se consegue chegar a uma definição de suas características que seja consenso. Segundo Logen (1997) o termo empreendedor foi utilizado pela primeira vez na língua francesa no início do século XVI, porém foi por volta de 1800 que o economista francês Jean Batista Say utilizou novamente o termo empreendedor em seu livro Tratado de economia política. Desde então, diversos estudiosos vêm formulando as mais variadas definições para o termo empreendedor e são estas que se passa a apresentar. Para Say (apud Logen, 1997, p. 19), “Empreendedor é o responsável por reunir todos os fatores de produção (...) e descobrir no valor dos produtos(...) a reorganização de todo capital que ele emprega, o valor dos salários, o juro, o aluguel que ele paga, bem como os lucros que lhe pertencem”. Segundo Drucker (2000, p. 27), “o empreendedor, dizia o economista francês, J. B. Say, por volta de 1800, transfere recursos econômicos de um setor de produtividade mais baixa para um setor de produtividade mais elevada e de maior rendimento.” Foi Schumpeter (1982) quem lançou o campo do empreendedorismo, associando-o claramente à inovação: “A essência do empreendedorismo está na percepção e no aproveitamento das novas oportunidades dos negócios (...) sempre tem a ver com criar uma nova forma de uso dos recursos nacionais, em que sejam deslocados de seu emprego tradicional e sujeitos a combinações” (Schumpeter, apud Fillion, 1999). Schumpeter descreve a contribuição dos empreendedores, para a formação da riqueza de uma nação, como sendo um processo de destruição criativa, que é o que mantém em marcha o motor capitalista a partir do desenvolvimento de novos produtos e formas de produzir e atende às expectativas dos novos mercados, destruindo o antigo e criando o novo. O que se pode perceber, a partir desses três conceitos, é um viés econômico, muito mais voltado para os reflexos sobre a economia do que sobre as características dos empreendedores. Todos os economistas que trataram do assunto, de certa forma, preocuparam-se com as questões quantitativas geradas a partir das ações dos empreendedores, desconsiderando os reflexos qualitativos destas. Além dos economistas, uma outra corrente de estudiosos, os comportamentalistas, que encontram seu maior expoente em David McClelland, professor da Universidade de Harvard, passou a buscar uma definição de empreendedor. McClelland passou a realizar suas pesquisas considerando que VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br as pessoas têm necessidades de realização e associava essas necessidades aos empreendedores, ou seja, um empreendedor seria uma pessoa com uma necessidade de realização em alto grau. Segundo McClelland (apud Filion, 1999) empreendedor é alguém que exerce controle sobre a produção que não é só para seu consumo pessoal. A análise desse conceito leva a uma conclusão que pode trazer polêmica quando se tem presente uma definição clássica de empreendedor enquanto proprietário de seu próprio negócio. Sendo o empreendedor responsável pelo controle da produção, esta pode dar-se em um ambiente, uma organização que não seja de sua propriedade. Filion (1999) discorre, em seu artigo “Diferenças entre sistemas gerenciais de empreendedores e operadores de pequenos negócios”, sobre as diferenças básicas, bem como as semelhanças existentes entre um e outro tipo de profissional. O processo gerencial de um empreendedor é composto dos seguintes itens: aprender, visualizar, criar, dar vida ao empreendimento, monitorar e aprender novamente. Enquanto que o processo gerencial dos operadores (gerentes não empreendedores) dá-se sem a preocupação de buscar qualquer tipo de inovação em suas atividades, sendo composto das seguintes etapas: selecionar um setor de negócios, desempenhar a maior parte das atividades, atribuir as tarefas mais corriqueiras aos empregados, alocar os recursos de forma parcimoniosa para a realização das atividades e monitorar e ajustar as rotas, porém sem grande dedicação a este item. Dentro da abordagem comportamentalista dos empreendedores, identificou-se que para a ocorrência de sucesso é preciso que eles possuam um elemento psicológico crítico denominado “motivação para a realização” ou “impulso para melhorar”. Na verdade, pode-se afirmar que há um perfil comportamental típico dos empreendedores, que facilita a obtenção de sucesso quando da iniciativa de começarem seus negócios. 2.1.1 Características básicas dos empreendedores Em se falando de características dos empreendedores é preciso antes de mais nada entender o que leva uma pessoa a iniciar um empreendimento. Segundo o descrito por Degen (1989), as possibilidades de iniciar um empreendimento passam por: Identificação de uma oportunidade; Observação de deficiências; Observação das tendências; Derivação da ocupação atual; Imitação do sucesso alheio. Outras formas de iniciar um negócio poderiam ser citadas, entre elas: exploração de hobbies, lançamento de modas, procura de outras aplicações para os produtos e/ou serviços já existentes, etc. Para que o empreendedor tenha condições de lançar-se no mundo dos negócios, é necessário possuir características pessoais que favoreçam tal comportamento. Filion (1999), Tonelli (1997) e Longen (1997) apontam as principais características do empreendedor como sendo: comprometido, autorrealizado, identificador de oportunidades, equilibrado, capaz de correr riscos, tomador de decisão, formador de equipes, persistente (lida bem com o fracasso), criativo, definidor de objetivos, planejador. Essas características derivam do trabalho seminal de McClelland (1961 apud Santos et al., 2005). Segundo o autor, as características fundamentais do empreendedor de sucesso são: a) iniciativa na busca de oportunidades; b) capacidade de correr riscos; c) persistência; d) comprometimento; e) objetividade no estabelecimento de metas; f) capacidade para buscar e valorizar as informações; g) persuasão e rede de contatos; h) independência e autoconfiança; i) exigência na qualidade; j) eficiência. A Teoria Visionária de Filion (1991) auxilia no entendimento de como se forma uma ideia de empresa e quais são os elementos que a sustentam. Segundo essa teoria, “a visão projetada sobre o futuro de seus negócios é o fator principal de sucesso de empreendedores bem-sucedidos” (Filion, 1993, p. 50). A visão é definida como uma projeção de uma imagem do lugar que o empreendedor deseja que seu produto venha a ocupar no mercado, do tipo de empresa necessária para alcançar esse objetivo, para onde o empreendedor deseja conduzir seu empreendimento. Filion (apud Dolabela, 1999) identificou alguns elementos que funcionam como suporte à formação da visão: Conceito de si, que é a autoimagem do empreendedor, a principal fonte de criação; Energia, que diz respeito à quantidade e qualidade do tempo dedicado ao trabalho; Liderança, que afeta o desejo de realizar e determina, em grande parte, o alcance da visão; Compreensão do setor, que envolve todo um processo VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br de funcionamento do ambiente e das empresas do setor; Relações, que envolve desde as relações familiares, amizades, conhecidos, até relações com pessoas de um campo de interesse. De acordo com o descrito por Robbins (2000), os empreendedores tendem a ser tipos independentes que preferem ser pessoalmente responsáveis por resolver problemas, definir metas e alcançá-las por seus próprios esforços. Os empreendedores valorizam a autonomia e particularmente não gostam de ser controlados. Embora não tenham medo de arriscar também não correrão riscos exagerados, preferindo avaliá-los e apostar naqueles empreendimentos onde observam maior possibilidade de acerto. Na verdade, o espírito empreendedor compreende uma diversidade de variáveis, as quais são peculiares de cada indivíduo, ou seja, são as características que permitem iniciar um negócio, organizar os recursos necessários e assumir os riscos e recompensas. “Definiremos espírito empreendedor (entrepreneurship) como um processo pelo qual indivíduos procuram oportunidades, satisfazendo necessidades por meio da inovação, sem levar em conta os recursos que controlam no momento” (Robbins, 2000, p.129). O espírito empreendedor é, portanto, uma característica distinta, seja de um indivíduo, ou de uma instituição, não vinculado diretamente à personalidade ou à cultura. Drucker (2000 p.33), afirma: “em 30 anos tenho visto gente de personalidade e temperamento, os mais variados possíveis, desempenharem-se bem, frente a desafios empreendedores”. Por outro lado, reconhece-se que existe uma vasta discussão a respeito do perfil empreendedor, se ele é inato ou não, ou até genético (Soares, 2006) e que esta é uma questão ainda em aberto. No entanto, a influência da educação familiar e do meio cultural tem parcela significativa na formação de empreendedores, e a possibilidade de treinamento e desenvolvimento de características empreendedoras pode auxiliar nessa formação, desde que haja energia e determinação para tal (Tonelli, 1997). Essa última colocação faz refletir acerca das assertivas apresentadas até o momento. Existem realmente características inerentes a todos os empreendedores? Ou tem-se simplesmente uma feliz coincidência quando os vários exemplos de empreendedores de sucesso mostram semelhanças em suas trajetórias? As características empreendedoras amplamente citadas na literatura sobre empreendedorismo são as propostas por McClelland (1967), e compreendem: busca de oportunidades e iniciativa, persistência, comprometimento, exigência de qualidade e eficiência, correr riscos calculados, estabelecimento de metas, busca de informações, planejamento e monitoramento sistemáticos, persuasão e rede de contatos, e independência e autoconfiança. Quando se fala de empreendedorismo o que vem à mente da maioria das pessoas ainda é o da criação de novas empresas, contudo, em toda a literatura sobre o tema, fica evidente que o conceito está ligado mais ao modo de ser do que a empreendimentos de qualquer natureza, e este modo de ser se aplica a qualquer pessoa independente de ser proprietário ou colaboradores das organizações, neste caso chamados de intraempreendedores. 2.1.2 Os intraempreendedores Os intraempreendedores são os empreendedores dentro das organizações, contemplando pessoas com idênticas características que a dos empreendedores proprietários, e são a grande força das organizações mais dinâmicas da atualidade. Na verdade, como afirma Angelo (2003, p. 83), "por necessidade, as empresas tendem a injetar nas equipes o ânimo empreendedor. Trata-se de induzir um comportamento proativo" na geração de ideias, projetos e negócios. Os intraempreendedores também são chamados na literatura como empreendedores corporativos. Ao entender o que significa o tema empreendedorismo, ficará mais claro ao leitor por que é possível cunhar o termo empreendedorismo corporativo e como as empresas poderão implementá-lo para promover as mudanças necessárias que levarão as organizações a praticarem a inovação, fator-chave para o sucesso. (Dornelas, 2003, p. 35) Qualquer colaborador que promove mudanças dentro do escopo de sua função ou fora dela, mas além de suas atribuições normais, pode ser considerado um intraempreendedor ou empreendedor corporativo (Hashimoto, 2006). Guilherme Emrich, em entrevista a Dolabela (2001) afirma que “... VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br numa empresa cabem tantos empreendedores quantos colaboradores ela tem. A situação ideal seria se todos os empregados, literalmente todos, fossem empreendedores". Trata-se também de desenvolver a liderança em diversos níveis da organização, em um ambiente de prospecção permanente de novas ideias, aproveitando o que cada um tem de melhor. Uma liderança capaz de estimular o empreendedorismo não se contenta em descobrir novas oportunidades no mercado ou em identificar lacunas na oferta dos concorrentes [...] o grande intraempreendedor é aquele capaz de descobrir, incentivar e aproveitar os pequenos intraempreendedores da empresa em que atua. (Angelo, 2003, p. 93) Pinchot & Pellman (2004) sugerem a criação dentro da empresa de equipes intraempreendedoras, ou até o que eles chamam de 'intraempresa', para incentivar o empreendedorismo corporativo, e Hashimoto (2006) chama a empresa de qualquer porte que incentiva e promove os processos internos de melhoria de 'empresa intraempreendedora'. Por outro lado, Pinchot (1989) atribui também a cada um a obrigação de buscar desenvolver atitudes empreendedoras e proativas, e descreve o que ele chama de os dez mandamentos do intraempreendedor. 2.2 O Ensino de empreendedorismo Dolabela (1999), em seu livro Oficina do Empreendedor, levanta várias questões à cerca da necessidade de disseminar a cultura empreendedora nas escolas e quais os motivos que estão por trás da necessidade de motivar e estimular os jovens a abrir o próprio negócio, ou ter atitudes empreendedoras na área que escolherem para atuar. Para Dolabela (1999) a autorrealização é um desses motivos, pois pesquisas indicam que o empreendedorismo oferece elevados graus de realização pessoal, por ser a exteriorização do que se passa no âmago da pessoa, por receber o empreendedor com todas as suas características pessoais e por fazer trabalho e prazer andarem juntos, no sentido dado por McClelland (1967), de que um empreendedor seria uma pessoa com uma necessidade de realização em alto grau. Estudos realizados por McClelland (1967) e seus colaboradores com grupos de executivos em diferentes culturas mostraram que os indivíduos têm necessidades de realização, de poder e de afiliação em graus diferentes. A necessidade predominante, entretanto, é a que influencia mais diretamente seu comportamento. Ele tomou por base a afirmação de que o ser humano é um produto social e tende a reproduzir seus próprios modelos. Assim, quanto mais empreendedores uma sociedade tiver, e quanto maior for o valor dado a eles, maior será a quantidade de jovens que tenderão a imitálos, incutindo na cultura da sociedade o espírito e as características peculiares do empreendedor. Os indivíduos com necessidade de realização são capazes de apresentar maior rendimento dentro de determinadas situações. Situações de rotina ou momentos em que são oferecidas recompensas ou outro tipo de satisfação não promovem satisfação de realização e, portanto, não criam condições para o “realizador” (indivíduo com necessidade de realização) apresentar um bom desempenho e um bom ajustamento no trabalho. Enquanto para alguns indivíduos o importante é ganhar dinheiro, alcançar status e poder, para o indivíduo com necessidade de realização o objetivo fundamental é o padrão de excelência por ele definido, e buscado à sua maneira. Os indivíduos com alto grau de necessidade para a realização buscam de maneira persistente o seu próprio aperfeiçoamento (Aguiar, 1981). A necessidade de realização dá-se no sentido de realizar algo e, por meio disso, obter satisfação. O indivíduo realiza-se naquilo que faz, e não nas possíveis recompensas ou efeitos decorrentes do trabalho realizado (Aguiar, 1981). A realização tem um caráter pragmático, no sentido de que todas as realizações humanas constroem-se pela ação empreendedora de pessoas com capacidade de agir para tornar reais seus sonhos, visões e projetos. Eles usam sua própria capacidade de combinar recursos produtivos, capital, matéria-prima e trabalho para realizarem obras, fabricar produtos e prestar serviços destinados a satisfazer necessidades das pessoas (Ribeiro e Teixeira, 2003). Dolabela (1999) cita ainda outros motivos para o ensino do empreendedorismo, entre eles: 1. O estímulo ao desenvolvimento econômico, que segundo ele, tem relação direta com o grau de empreendedorismo de uma comunidade. VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br 2. Apoiar a pequena empresa, pois da forma como está estruturada a produção do mundo, as pequenas e médias empresas têm um papel fundamental tanto na oferta de vagas de trabalho, na inovação tecnológica, na participação do PIB, como das exportações. (BNDES/Sebrae). 3. Apontar armadilhas a serem evitadas pelos futuros empreendedores, pois além da motivação para empreender, é necessário que o empreendedor esteja preparado, o que quer dizer, conhecer formas de análise do mercado, do negócio e de si mesmo para poder colocar a sorte a seu favor. O ensino de empreendedorismo no Brasil, embora ainda recente, apresenta resultados que já podem ser sentidos (Dolabela (1999). Alguns programas focam o ensino de empreendedorismo na criação de novos negócios, mas um ensino “concebendo o empreendedorismo como uma forma de ser, mais do que uma forma de fazer, irá desenvolver o potencial dos alunos para serem empreendedores em qualquer atividade que escolherem” (Garcia e Sermann, 2008). O primeiro curso na área surgiu em 1981 na Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. A partir daí vários cursos foram surgindo no Brasil. Em 1984, a FEA/USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo) passou a oferecer uma disciplina no curso de graduação em Administração. No mesmo ano, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) iniciou a aplicação de uma disciplina sobre criação de empresas no curso de bacharelado em Ciência da Computação. (Carvalho, 2003) No cenário internacional, segundo Cooper et al. (1977), um curso de empreendedorismo foi oferecido pela primeira vez na Harvard Business School em 1947, por Myles Mace. Peter Drucker começou um curso de empreendedorismo e de inovação na Universidade de Nova York em 1953. No Centro Universitário UNIVATES o tema empreendedorismo, voltado à criação de novos negócios, é abordado no curso de Ciências Econômicas desde a inclusão da disciplina “Elaboração e Análise de Projetos”, no primeiro semestre de 1988. No entanto, na disciplina Projetos I e II, que foi ofertada entre os anos de 1969 e 1987, os alunos também eram incentivados a elaborar projetos de negócios (BDI – Univates 2010). Segundo Streeter, Jaquette e Hovis (2002), há dois modelos de oferta do ensino de empreendedorismo nas universidades: programas amplos e programas focados 1. O primeiro oferecido para todos os alunos e o segundo para cursos específicos da universidade. Os programas amplos ainda se dividem em magnéticos, com ensino de empreendedorismo centrado em um curso e oferecido a todos os alunos, e radiante, no qual cada curso possui o seu próprio programa de ensino de empreendedorismo. O modelo adotado no Centro Universitário UNIVATES pode ser considerado amplo e magnético, pois é oferecido a todos os alunos por meio do curso de Administração. Mas mesmo havendo cursos de empreendedorismo disseminados por toda parte, há perguntas que continuam sendo feitas: O empreendedor nasce pronto? É resultado de genes favoráveis? É possível ensinar alguém a se tornar empreendedor? Dolabela (1999) levanta questões muito interessantes no que tange ao perfil do professor da disciplina e do melhor ambiente de aprendizado. Qual o papel do professor em um programa em que o conhecimento não é transmitido pelo mestre, mas gerado pelos próprios alunos? Para que o ensino do Empreendedorismo se torne mais eficiente, é preciso adotar metodologias próprias, diferentes das adotadas para o ensino convencional. Nesses termos, é necessária uma abordagem andragógica e fundamentada no “aprender fazendo”, que utilize técnicas como oficinas, modelagem, estudos de caso, metáforas e dinâmicas. Por isso, também o professor precisa se reconfigurar, tornando-se muito mais um incentivador e condutor de atividades do que alguém que dita procedimentos padrões. É necessário que também o professor seja empreendedor (Malheiros, 2004). Dolabela (2009) apresenta uma versão provocativa sobre a possibilidade de se ensinar alguém a ser empreendedor. Segundo ele “não é possível ensinar alguém a ser empreendedor, a pessoa aprende, isto é, desenvolve seu potencial empreendedor se estiver em contato com empreendedores e se o modo de ser empreendedor for um valor positivo na sociedade e na família” (Dolabela, 2009, p. 40). Além disso, coloca a família no centro do processo de aprendizado, ao afirmar que 1 Literalmente: university-wide programs e focused programs VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br “diferentemente do ensino convencional, a família é mais importante do que a escola para o desenvolvimento do espírito empreendedor dos filhos” (Dolabela, 2009, p. 40). Qual o melhor ambiente de aprendizado do futuro empreendedor? Dolabela diz que o melhor ambiente acadêmico do aluno-empreendedor é aquele onde se encontram e articulam as forças produtivas, econômicas, sociais e políticas. É ali que o aluno vai desenvolver sua percepção de negócio e aprender com os pares. Assim, a interação do aluno com o mundo exterior à sala de aula precisa ser intensa e direta. A aprendizagem em empreendedorismo ocorre por meio de um processo de despertar, de se autoconhecer. “No empreendedorismo, o autoconhecimento diz respeito à percepção das próprias forças, fraquezas, habilidades, preferências, competências, desejos, forma de ver o mundo, de construir a autoestima, de pensar sobre as relações sociais, a justiça, a ética” (Dolabela, 2009, p. 48 e 49). Mas o empreendedorismo não possui unicamente uma função utilitária, é preciso saber que: A educação para o empreendedorismo não deve ser confundida com a educação para gerenciar pequenos negócios: são objetivos muito distintos. O ensino do empreendedorismo procura estimular a cultura empreendedora desenvolvendo a sensibilidade individual para a percepção das oportunidades, ensinando o empreender responsável, despertando as características contidas no ser humano. (Friedlaender, Leszczynski e Lapolli, 2003). Filion (1991) tem dedicado grande parte do seu trabalho para a educação empreendedora, e afirma que o empreendedor possui um processo de aprendizagem próprio e utiliza a imaginação, a criatividade e a intuição como elementos fundamentais para chegar à “visão do negócio”. Dessa forma, o professor precisa rever os seus métodos de ensino e aprendizagem e promover uma maneira de ensinar que propicie ao aluno condições de questionar, refletir e relativizar ao invés de fornecer respostas prontas. Aprender não é a recepção passiva das informações que são transmitidas, mas sim um processo ativo onde o aluno investiga, reflete, incorpora e muda sua visão de mundo à medida que aprende. Para Filion (1999) não se pode avaliar uma pessoa e afirmar, com certeza, que ela vai ser bemsucedida enquanto empreendedor ou não. Mas pode-se dizer se essa pessoa possui as características mais comumente encontradas nos empreendedores. Esse autor conclui que a pesquisa sobre empreendedores bem-sucedidos permite aos empreendedores em potencial e aos empreendedores de fato identificarem as características que devem ser aperfeiçoadas para obtenção de sucesso. Para que ao final do processo de aprendizagem os alunos-empreendedores consigam desenvolver as características necessárias para poderem ser empreendedores de sucesso, o que deveria constar nos currículos dos cursos de empreendedorismo? Dolabela (1999) fala que a disseminação do empreendedorismo é vista muito mais como um processo de formação de atitudes e características do que como uma forma de transmissão de conhecimentos. Por esse motivo o autor fala novamente da importância de se ter pessoas, professores, dispostos a inovar, realizar, assumir responsabilidades, aceitar riscos e incorporar no processo de aprendizagem do empreendedorismo elementos como a emoção, o conceito de si, a criatividade, o não conformismo e a persistência. 3 MÉTODO DE PESQUISA Este estudo valeu-se de uma pesquisa qualitativa do tipo exploratória. A pesquisa exploratória, de acordo com Malhotra (2001) é uma metodologia de pesquisa com amostras pequenas, para prover critérios e compreensão do problema. Já para Triviños (1987), a pesquisa qualitativa não segue uma sequência rígida de etapas assinaladas para pesquisa quantitativa; pode-se dizer ainda que não requer o uso de técnicas estatísticas e deve considerar que a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicos na sua consecução. Quanto aos fins, o estudo foi exploratório (Malhotra, 2001) pois analisou mudanças no comportamento e atitudes empreendedoras dos participantes da pesquisa, sem intenção conclusiva. Segundo o mesmo autor, os resultados da pesquisa exploratória “são usados incorretamente quando são considerados como conclusivos e utilizados para fazer generalizações em relação à população pesquisada”. Quanto aos meios, foram utilizadas as seguintes técnicas (Vergara, 1997): VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br a) Pesquisa bibliográfica: para a fundamentação teórico-metodológica, foi necessário um estudo contínuo, baseado em livros, artigos, além de periódicos que abordam os assuntos referentes ao objeto e ao método de pesquisa. b) Pesquisa telematizada: foram realizadas consultas pela internet em outros estudos e artigos, que retratam aspectos referentes ao comportamento e atitudes empreendedoras. c) Grupo focal (ou grupo de foco): técnica de pesquisa realizada por meio de entrevistas semiestruturadas, coordenada por um moderador treinado, com um grupo de até 12 pessoas (Malhotra, 2001). Os grupos focais tiveram entre seis e oito participantes, e as entrevistas duraram entre uma e três horas. O moderador, experiente na condução de grupos focais, apresentava habilidades observacionais, interpessoais e de comunicação. 3.1 População e amostra A população da presente pesquisa foram alunos do Centro Universitário UNIVATES que já cursaram a disciplina de Empreendedorismo. Para tanto, foram identificados os alunos que a frequentaram entre os anos de 2004 e 2008. Os integrantes dos grupos focais foram identificados por um processo de seleção aleatório sistemático. De toda a sorte, em função da sua natureza exploratória, os resultados obtidos são válidos somente para os participantes do estudo, não podendo ser extrapolados aos demais integrantes da população. Os grupos focais foram formados por alunos que frequentaram a disciplina de empreendedorismo há mais e menos tempo, ou seja: de 2004A até 2006A, os alunos foram classificados como sendo de mais tempo; e de 2006B até 2008B, os alunos foram classificados como sendo de menos tempo. Também houve grupos distintos das áreas: Ciências Biológicas e da Saúde; Ciências Exatas e Tecnológicas; Gestão Organizacional; e Ciências Humanas e Jurídicas. Formou-se pelo menos um grupo de cada estrato supostamente discrepante, o que resultou um mínimo de oito grupos – quatro estratos de áreas do conhecimento com dois estratos temporais cada um. 3.2 O ensino de empreendedorismo no Centro Universitário UNIVATES A primeira disciplina de empreendedorismo do Centro Universitário UNIVATES foi oferecida no ano de 2003 como projeto piloto, sendo logo em seguida incluída na grade curricular dos cursos de graduação da Instituição. Entre 2003 e 2007, a proposta metodológica empregada na disciplina era inspirada nos processos de aprendizagem utilizados pelo empreendedor na vida real, submetendo o aluno a situações similares àquelas que encontraria na prática empreendedora e para isso eram utilizadas técnicas sugeridas por Fernando Dolabela em seu livro Oficina do Empreendedor e também no livro Aprender a Empreender disponibilizado pelo Sebrae,. A metodologia tinha como principal objetivo a criação de uma nova empresa, e o aluno trabalhava da ideia a execução do projeto. A metodologia utilizada na disciplina desde o princípio foi sendo ajustada de acordo com as necessidades de melhoria percebidas pelos professores que a ministravam e dos alunos que já a haviam frequentado. Em função disso, em 2008 a metodologia teve sua maior alteração focando, além da criação de novas empresas, no desenvolvimento da criatividade e inovação e no empreendedorismo social. O objetivo principal passou a ser o desenvolvimento da cultura empreendedora. 3.3 Coleta de dados Os dados foram coletados por meio de entrevistas com grupos focais, por meio de um questionário semiestruturado. Segundo Malhotra (2001), não é conveniente utilizar métodos plenamente estruturados ou formais para obter informações subjetivas dos respondentes, principalmente quando envolver questões pessoais. Os grupos são formados por “pessoas que tenham algum conhecimento ou interesse nas questões associadas ao estudo” (Rea; Parker, 2000, p. 40). Oliveira e Freitas (1998) apontam para alguns aspectos que devem ser observados para a realização do grupo focal, e que foram observados neste estudo: − equipe: importância de ter um moderador e outra pessoa para auxiliar e observar; − cronograma: deve-se ter tempo planejado com folga que permita redistribuir as atividades para o caso de ocorrerem imprevistos. VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br − grupo: importância da composição do grupo, com participantes com real interesse em contribuir, bem como assegurar a presença do número de pessoas necessário. − conteúdo: o roteiro da entrevista é algo vital para o sucesso da reunião, tanto na forma como atingirá o propósito da pesquisa, quanto no vocabulário e estrutura das colocações pelo moderador. − seleção do local e coleta de dados: ter um local adequado para a realização das reuniões, bem como utilizar recursos para aproveitar ao máximo os dados coletados. Equipamento para gravação da reunião é fundamental. 3.4 Tratamento dos dados As informações coletadas na pesquisa bibliográfica foram estruturadas e analisadas para embasar e dar prosseguimento à fundamentação teórica e análise das entrevistas. As entrevistas com os grupos focais foram gravadas em arquivos de áudio e transcritas com auxílio do software Transcriber 1.5.1. Os dados obtidos a partir das entrevistas foram tratados com a técnica de análise de conteúdo com enfoque qualitativo. A análise de conteúdo é uma técnica de refino, portanto delicada, e que exige, para satisfação da curiosidade do investigador, muita dedicação, presciência e tempo; além de intuição, de imaginação para perceber o que é importante e criatividade para escolher as categorias. Ao mesmo tempo deve ter disciplina e perseverança, rigor ao decompor um conteúdo ou contabilizar resultados ou análise (Freitas; Cunha Jr.; Moscarola, 1996, p. 7). O enfoque qualitativo se baseia na presença ou ausência de uma dada característica, ele serve para fornecer inicialmente as categorias necessárias para a análise do comportamento e atitudes empreendedoras a partir das entrevistas analisadas. De acordo com Triviños (1987) a análise de conteúdo se presta para o estudo das motivações, atitudes, valores, crenças e tendências. 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS Os resultados estão organizados à luz das características empreendedoras mencionadas na literatura. Também são destacadas observações relativas a mudanças de atitude no comportamento dos respondentes, assinaladas como posteriores à participação na disciplina de empreendedorismo. Dentre as dez características empreendedoras, os participantes do estudo assinalaram as que o mercado exige como sendo, principalmente, busca de oportunidade e iniciativa, busca de informações e exigência de qualidade e eficiência. Quanto à busca de oportunidade e iniciativa, os participantes do estudo afirmam que as empresas buscam “pessoas pró-ativas, que não se precise ficar cobrando [...], elas esperam que se aparecer uma atividade o funcionário se habilite a fazer a tarefa”, que “hoje o profissional tem que ir em busca, muitas empresas incentivam, mas essa tem que ser uma iniciativa do profissional”, e isto corrobora com Robbins (2000), ao afirmar que “os empreendedores tendem a ser tipos independentes que preferem ser pessoalmente responsáveis por resolver problemas, definir metas e alcançá-las por seus próprios esforços”. Identificam as pessoas pró-ativas como as “que estão vendo alguma coisa que os outros não estão vendo”, “que não fica parado esperando o seu trabalho chegar”, e que estejam comprometidas com as necessidades da organização, de tal forma que espera-se que o colaborador “tem que achar solução para tudo”, e isto é o diferencial de progressão na carreira, citando que “a pessoa que tem iniciativa dentro do serviço acaba crescendo, e aquela que se acomoda não”. Este comportamento é identificado como “espírito empreendedor [...] pelo qual indivíduos procuram oportunidades, satisfazendo necessidades por meio da inovação, sem levar em conta os recursos que controlam no momento” (Robbins, 2000, p.129). Outra característica é a busca de informações, “porque as empresas esperam que o funcionário vá atrás, busque novos conhecimentos”, identificando a necessidade de “atualização constante”, “porque a gente sente que não pode parar, é uma necessidade continuar estudando”, pois, para cumprir com as obrigações que as empresas exigem tem “que estar sempre atualizado fazendo cursos e pósgraduação, porque é isso que eles exigem”, mostrando que as empresas procuram ter colaboradores que promovem “mudanças dentro do escopo de sua função ou fora dela, mas além de suas atribuições normais” (Hashimoto, 2006). VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Quanto à exigência de qualidade e eficiência, afirmam que "o mercado busca hoje um pessoal qualificado” “que além de ser um profissional criativo e eficaz” “faça bem-feito e tente fazer o melhor possível”, os quais podem ser identificados como tendo necessidade de realização, que se caracteriza como um profissional, ou seja, “para o indivíduo com necessidade de realização o objetivo fundamental é o padrão de excelência por ele definido, e buscado à sua maneira. Os indivíduos com alto grau de necessidade para a realização buscam de maneira persistente o seu próprio aperfeiçoamento (Aguiar, 1981)... Também aparece com frequência o comprometimento, agregando elementos como “a lealdade, e a sinceridade”, e dizem que as empresas sentem que “faltam pessoas responsáveis”. Os alunos que frequentaram a disciplina há mais tempo indicaram principalmente a busca de informações, enquanto aqueles que frequentaram a disciplina há menos tempo apontaram mais fortemente a busca de oportunidade e iniciativa. Já as características empreendedoras correr riscos calculados e independência e autoconfiança não foram citadas. Adicionalmente, mesmo não sendo diretamente características empreendedoras, apontaram como exigências do mercado o relacionamento interpessoal, de ter “capacidade de se relacionar” e de “trabalhar em equipe”, vinculado a “uma boa comunicação, um bom relacionamento”, a experiência, associada aos estudos, pois “as duas coisas andam juntas, estudo e a experiência”, afirmando que embora o estudo seja indispensável, “a experiência, conta muito”, e a flexibilidade revelada em expressões como: “cada vez mais exigem a versatilidade”, e que “o mercado está procurando pessoas flexíveis”. Assim, de uma forma indireta, os entrevistados confirmam o que dizem Filion (1999), Tonelli (1997) e Longen (1997), os quais apontam as principais características do empreendedor como sendo: comprometido, autorrealizado, identificador de oportunidades, equilibrado, capaz de correr riscos, tomador de decisão, formador de equipes, persistente, criativo, definidor de objetivos e planejador. No grupo de alunos que frequentaram a disciplina há menos tempo, ainda se destacam a comunicação, dizendo que “a comunicação é muito importante, em todos os aspectos”, e o funcionário também tem de mostrar resultado, pois “o funcionário está ali para dar resultado e mostrar o retorno para a empresa”. Quanto à adoção das características empreendedoras, por parte dos entrevistados, aparecem em destaque busca de informações, com afirmativas do tipo “eu procuro sempre buscar novos conhecimentos” e busca de oportunidade e iniciativa, com afirmações que mostram ser esta característica também desenvolvida há pouco tempo, ao afirmarem que “eu estou buscando mais realmente agora”, ou “eu procuro sempre estar um passo à frente do que eu realmente vou ser cobrado”, “tu não precisa esperar o teu superior falar: tu pode fazer isso porque tu já sabe que tu pode fazer. Então eu vou lá e faço e quando a pessoa vê já está pronto” e, com menos frequência, foram citadas exigência de qualidade e eficiência e persuasão e rede de contatos. Nesta última, os colegas universitários se destacam, ao afirmarem que “nesse sentido a gente aprende bastante com o convívio com colegas”, pois “aprendi mais com a troca de experiência com os colegas”. As expressões apresentadas reforçam as afirmações de Dolabela (1999), quando fala da importância de se ter pessoas, professores, dispostos a inovar, realizar, assumir responsabilidades, aceitar riscos e incorporar no processo de aprendizagem do empreendedorismo elementos como a emoção, o conceito de si, a criatividade, o não conformismo e a persistência. Algumas diferenças apareceram no grupo dos alunos que frequentaram a disciplina há mais tempo em relação aos de menos tempo. Os alunos que frequentaram a disciplina há mais tempo tiveram maior percepção de terem adotado as características busca de informações e planejamento e monitoramento sistemáticos: “eu não fazia isso e depois da disciplina eu sei até quanto eu gasto em um ano”. Outra característica apontada como tendo sido adotada pelos entrevistados é a de terem desenvolvido uma visão mais aberta, principalmente os alunos que frequentaram a disciplina há mais tempo. No curso que frequentam ou frequentaram na Univates, os respondentes indicaram principalmente terem desenvolvido ou aprimorado a busca de informações, pois “aqui a gente tem muita informação” e “a gente que está no mundo acadêmico tem muita informação para ser tirada para ser usada”, e a persuasão e rede de contatos, com afirmativas do tipo “aqui dentro tu vai pegando os VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br conhecimentos até das empresas da região”, e destacam que “uma ferramenta muito importante nos dias de hoje é essa rede de relacionamentos”. A busca de oportunidades e iniciativa somente foi citada pelos alunos que frequentaram a disciplina há mais tempo. Apontaram também que o curso influenciou no desenvolvimento das características que o mercado exige. As frases mais expressivas neste sentido são: “eu não vejo uma forma de ter conseguido administrar situações sem que eu tivesse as informações que eu tinha na universidade”, “é totalmente diferente quando tu entra e quando tu sai”, “o curso de graduação é excelente, porque sem ele tu não consegue ir adiante, em hipótese alguma”, e “no meu caso eu cresci bastante desde que comecei a graduação”. Também lhes permitiu ter uma visão mais aberta, permitindo-lhes ter “uma visão de futuro bem diferente”, “quando tu está estudando tu vê o que mudou”, mostrando que é um processo de descoberta: “comecei a fazer a faculdade, aí eu consegui ter uma visão melhor das coisas”, e “fazer um curso de nível superior, abre bastante a cabeça”, apontadas principalmente pelos alunos que frequentaram a disciplina há mais tempo. A aprendizagem em empreendedorismo ocorre por meio de um processo de despertar, de se autoconhecer. “No empreendedorismo, o autoconhecimento diz respeito à percepção das próprias forças, fraquezas, habilidades, preferências, competências, desejos, forma de ver o mundo, de construir a autoestima, de pensar sobre as relações sociais, a justiça, a ética” (Dolabela, 2009, p. 48 e 49). Já a disciplina de empreendedorismo ajudou-os a desenvolver as características empreendedoras de planejamento e monitoramento sistemático, principalmente de como “fazer um planejamento”, pois “fez anotar as ideias, me fez reorganizar as minhas ideias”, mostrando a importância de planejar, “porque hoje todos os nossos projetos são calculados”, correr riscos calculados, permitindo “poder tomar decisões melhores, mais acertadas”, e busca de oportunidades e iniciativa, oportunizando “ser criativo, de pensar em novas oportunidades”, pois “a matéria ensina que seja lá o que tu for fazer, tu tem que buscar um aperfeiçoamento, tu tem que buscar novas ideias, tem que buscar se informar”, além de “correr mais atrás, ser mais pró-ativa”, estas sendo apontadas com mais frequência pelos alunos que frequentaram a disciplina há menos tempo. A característica empreendedora independência e autoconfiança somente foi apontada pelos alunos que frequentaram a disciplina há menos tempo. Os respondentes indicaram também que a disciplina influenciou a mudança no comportamento e atitudes empreendedoras, com expressões como: “a gente conseguiu atingir o nosso objetivo e aprendi também”, “veio mais do que eu esperava, da cadeira em si, ela me surpreendeu”, “supriu as minhas expectativas”, “essa cadeira foi excelente”, “eu gostei, adorei, eu aprendi muito”, “foi válido, e a gente aprendeu muito”, “ajudou, tanto é que eu estou pensando em abrir a minha própria empresa”, e “me ativou para o empreendedorismo, até me deu vontade de comprar uma loja”. Contudo, alguns afirmaram que isto não ocorreu, afirmando que “para mim não acrescentou muito”, e “para mim foi uma opção, então eu não aprendi”, sendo que todos estes são alunos que frequentaram a disciplina há mais tempo. De certa maneira, tanto os que afirmaram terem aprendido como os que afirmaram o contrário, confirmam a visão de Dolabela (2009) sobre o tema, pois ele apresenta uma versão provocativa sobre a possibilidade de se ensinar alguém a ser empreendedor. Segundo ele “não é possível ensinar alguém a ser empreendedor, a pessoa aprende, isto é, desenvolve seu potencial empreendedor se estiver em contato com empreendedores e se o modo de ser empreendedor for um valor positivo na sociedade e na família”. Os alunos que frequentaram a disciplina há menos tempo também apontaram que a disciplina contribuiu para que eles tivessem uma visão mais aberta, dizendo que a “disciplina clareou muito para mim até para criar um projeto depois”. Os respondentes não chegaram a identificar que houve mudança em suas escolhas ou direcionamento profissional em decorrência da disciplina de empreendedorismo. Alguns poucos disseram ter havido mudança, afirmando que “para mim sim”, ou que “na verdade essa ideia de abrir um negócio meu veio agora no primeiro semestre [...] isso foi um pouco depois do período da cadeira”, mas igualmente outros disseram que não dizendo que “durante a disciplina não”, ou que “mudança de escolha eu acho que não, eu já tinha mais ou menos a indicação”. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Após a análise dos resultados da pesquisa, pode-se inferir que a disciplina de empreendedorismo do Centro Universitário UNIVATES influenciou o comportamento e as atitudes empreendedoras dos alunos que a frequentaram. Percebe-se algumas diferenças nas percepções dos alunos que frequentaram a disciplina há mais tempo (semestre 2004A até 2006A) e menos tempo (semestre 2006B até 2008B) em virtude de uma mudança na metodologia da disciplina. Porém, ambos os grupos conseguiram identificar quais características empreendedoras o mercado exige, citando principalmente a busca de oportunidade e iniciativa, a busca de informações e a exigência de qualidade e eficiência, características estas abordadas e estimuladas na disciplina. Assim, como também foi possível verificar que ambos os grupos adotaram comportamentos e atitudes empreendedoras em decorrência da disciplina citando terem desenvolvido principalmente as características empreendedoras como a busca de informações e planejamento e monitoramento sistemático e também citam ter desenvolvido uma visão mais aberta das coisas. A pesquisa também mostrou que os alunos de uma forma geral creditam ao curso que frequentam no Centro Universitário UNIVATES o desenvolvimento e aprimoramento de algumas das características do comportamento empreendedor ressaltando principalmente a busca de informações, a persuasão e rede de contatos e a busca de oportunidades e iniciativa. Da mesma forma, quando falam da disciplina de empreendedorismo afirmam ter desenvolvido por meio dela as características de planejamento e monitoramento sistemático, correr riscos calculados e a busca de oportunidades e iniciativa. Com base neste estudo pode-se observar que é possível desenvolver o potencial dos alunos para serem empreendedores em qualquer atividade que escolherem (Garcia e Sermann, 2008) e que ainda, segundo Dolabela (1999), o papel do professor no processo de ensino-aprendizagem do empreendedorismo é muito importante, pois a lógica não é de transferência de conhecimento, e sim de construção individual e coletiva deste. Neste contexto, é preciso desafiar os alunos a serem agentes ativos do seu próprio conhecimento, adotando metodologias próprias diferentes das adotadas no ensino convencional. REFERÊNCIAS ANGELO, Eduardo Bom. Empreendedor corporativo: a nova postura de quem faz a diferença. Rio de Janeiro: Campus, 2003. BRUNO, Marcos Luiz. 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