EDIÇÕES PRIMO www.primo.org.br [email protected] Texto: Ricardo Moebus, Rodrigo Narciso, Izabel Stewart, Rodrigo Quintela, Gustavo Passos Colaboração Técnica: Sávio Nunes Ilustrações, diagramacão: Sophia Felipe Referências: Bill Mollison, Introdução à Permacultura Johan Van Lengen, Manual do Arquiteto Descalço Joseph Jenkins, “The Humanure Handbook” 2012 O Banheiro Vivo é seco, é compostável Primeiro Passo - No exercício de cuidar da água e do solo, construindo uma Casa Saudável, uma das grandes estratégias abraçadas pela Primo é a opção pelo banheiro seco. O banheiro seco, ou bason, é uma solução que não mistura as fezes com água, evitando assim a produção das chamadas águas negras, as águas servidas domésticas de mais difícil manejo porque são muito contaminadas e disseminadoras de doenças. O Banheiro Vivo fecha o ciclo de nutrientes. É chamado sanitário compostável porque transforma fezes humanas em composto orgânico seguro, sem mau cheiro e sem moscas, sem contaminar as águas e o solo, gerando adubo orgânico (compostagem) no final do processo. O Banheiro Vivo da Primo adaptou o modelo dos Institutos de Permacultura, como o IPEC, substituindo o coletor de alvenaria por um tambor de ferro, buscando maior simplicidade na fabricação e no manejo do adubo depois de pronto. Não produzir esgoto em casa, assumir o manejo de todo resíduo, respeitando os ciclos vitais da água, do solo, dos nutrientes, gerando adubo composto de fezes, serragem e papel higiênico, é o grande desafio do banheiro vivo. O primeiro princípio de funcionamento do banheiro vivo é que águas e fezes não devem ser misturadas, porque esta mistura não resolve nada e só aumenta o problema do que fazer com as fezes. O sanitário tradicional, com água, só esconde o problema, que termina sendo despejado diretamente nos cursos d’água, através do esgotamento sanitário, ou termina causando a contaminação do solo e das águas superficiais e profundas, quando despejado nas fossas. Segundo Passo – Terceiro Passo – O segundo princípio de funcionamento do Banheiro Vivo é que em vez de molhar é preciso secar, desidratar as fezes, evitando sua mistura com urina, cobrindo com serragem e armazenando em um coletor exposto ao sol. Este coletor deve ter uma chapa superior de ferro, ou ser todo feito de um tambor de ferro, para que possa esquentar bem com a luz do sol. Para aumentar a eficiência da luz solar, o tambor coletor deve ser posicionado para o norte, recebendo um maior tempo de luz ao longo do dia. Ao mesmo tempo precisa estar protegido da chuva para continuar seco, podendo ser pintado de preto para esquentar mais ainda. Desta forma, o coletor pode atingir uma temperatura acima de 50 graus, para matar os germes, desinfetando as fezes. Este é o terceiro princípio de funcionamento do Banheiro Vivo: a energia solar usada gerando calor para desinfecção e impedir a presença de moscas. Quarto Passo – Quinto Passo – O tambor quando está em uso, ou depois de fechado, deve sempre ter uma chaminé para enviar o mau cheiro para cima, através do ar quente que sobe do interior do tambor. Este é o quarto princípio de funcionamento do Banheiro Vivo: utilizando a energia solar, o ar frio entra por baixo e o ar quente sobe pela chaminé e sai com o mau cheiro bem lá em cima, como acontece com a fumaça em um fogão a lenha. Depois de cheio, o tambor deve ser trocado, fechado e deixado para secar mais ainda no sol, por 04 a 06 meses, para terminar de transformar as fezes misturadas com serragem e papel higiênico em adubo composto, que poderá ser usado como aditivo de nutrientes para o solo no cultivo de plantas, em especial as frutíferas, e sem gerar nenhum resíduo ou contaminante. Este é o quinto princípio de funcionamento do Banheiro Vivo: no ciclo dos nutrientes não existe esgoto, o que é excreção de um organismo é alimento para outros, e as fezes humanas, desidratadas e desinfetadas pelo sol, podem virar adubo, o húmus sapiens.