EL NIÑO, LA NIÑA O El Niño é o aquecimento anormal do Oceano Pacífico Equatorial que provoca mudanças na circulação da atmosfera, causando fenômenos como secas e enchentes em várias partes do globo. Em anos normais, sem a presença do El Niño ou La Niña, as águas do Oceano Pacífico Equatorial Oeste são mais quentes do que junto à costa oeste da América do Sul, onde as águas do Pacífico são um pouco mais frias. A circulação do ar que sobe no Pacífico Equatorial Central e que vai para o leste em altos níveis da atmosfera e desce no Pacífico Leste, em conjunto com os ventos alísios em baixos níveis da atmosfera, formam o que os meteorologistas chamam de Célula de circulação de Walker. Como as águas do oceano no Pacífico Oeste são mais quentes, há mais evaporação e formam-se nuvens numa grande área. Em regiões em que o ar vem de altos níveis da troposfera para níveis mais baixos, raramente há formação de nuvens de chuva. Se o ar sobe numa determinada região da atmosfera, deverá descer em outra. Se próximo à superfície (baixos níveis da atmosfera) os ventos são de oeste para leste, em altos níveis ocorre o contrário, os ventos são de leste para oeste. Assim, o ar sobe no Pacífico Equatorial Central e Oeste e desce no Pacífico Leste (junto à costa oeste da América do Sul). Os ventos alísios, junto à costa da América do Sul, favorecem o afloramento de águas profundas do oceano em um fenômeno chamado ressurgência. As águas mais frias têm mais oxigênio dissolvido e vêm carregadas de nutrientes e microorganismos vindos de profundidades maiores. Isso faz com que a costa oeste da América do Sul seja uma das regiões mais piscosas do mundo, pois surge também uma cadeia alimentar: pássaros se alimentam de peixes, que por sua vez se alimentam de microorganismos e nutrientes daquela região. Em anos de El Niño, os ventos alísios enfraquecem. Com isto, todo o oceano Pacífico Equatorial começa a aquecer gerando evaporação e formando nuvens, com movimento ascendente. Há um deslocamento da região com maior formação de nuvens e a célula de Walker fica bipartida. Pode-se observar águas quentes em praticamente toda a extensão do Oceano Pacífico Equatorial. Em anos de El Niño há uma mudança de posição do ramo ascendente da célula de Walker no Pacífico Equatorial que se desloca para o Pacífico Equatorial Leste. Formam-se então dois ramos descendentes: um na região que compreende o Nordeste Brasileiro e parte da Amazônia e outro na região da Indonésia. O ar que desce dos altos níveis da troposfera inibe a formação de nuvens, esta é uma das explicações para as secas que ocorrem na região da Indonésia e no norte e leste da Amazônia e norte do Nordeste em anos de El Niño. Não é somente o El Niño que pode provocar seca no norte da Região Nordeste do Brasil, o Oceano Atlântico tem papel fundamental no regime de chuvas da região. Porém, em anos de El Niño, em geral, é observada seca nesta região. O La Niña, que significa “a menina”, em espanhol, é um fenômeno que se caracteriza por ser oposto ao El Niño, ou seja, é o resfriamento das águas do Oceano Pacífico Equatorial, pode ser chamado também de episódio frio, ou ainda, El Viejo “o velho”, em espanhol. Com a evaporação e os movimentos ascendentes que geram nuvens de chuva, a célula de Walker, em anos de La Niña, fica mais alongada que o normal, devido a maior intensidade dos ventos alísios, e as águas mais quentes ficam represadas mais a oeste que o normal. A região do nordeste do Oceano Índico, a oeste do Oceano Pacífico, passando pela Indonésia, tem grande quantidade de chuvas. No Pacífico Equatorial Central e Oriental ocorrem os movimentos descendentes da célula de Walker. Eles ficam mais intensos que o normal, inibindo, e muito, a formação de nuvens de chuva. Com os ventos alísios mais intensos, a ressurgência também irá aumentar no Pacífico Equatorial Oriental, emergindo mais nutrientes das profundezas do Oceano. Em geral, os episódios La Niñas têm freqüência de 2 a 7 anos, porém tem ocorrido em menor quantidade que o El Niño durante as últimas décadas. Os episódios La Niña têm duração de aproximadamente 9 a 12 meses, e somente alguns episódios persistem por mais de 2 anos. Nos últimos anos, o CPTEC/INPE (leia: ceptéq ínpe) vêm monitorando as condições atmosféricas e oceânicas para alertar as comunidades meteorológica, climatológica e oceanográfica para a possibilidade da evolução de uma situação de El Niño ou La Niña através de seus boletins. As previsões climáticas são fundamentais para a tomada de decisão por parte dos Governos Federal, Estaduais e Municipais e, também, pela iniciativa privada.