A imigração açoriana para o Brasil meridional Desde a descoberta da América do Sul, a questão de imigração era sempre presente e muito forte na história brasileira. Hoje a população brasileira é uma mistura de descendentes portugueses, indígenas, africanos, europeus, árabes, japoneses e outros. Algumas imigrações eram planejadas, outras não desejadas e não foram raros os casos quando a migração significava uma esperança de uma vida melhor. Entre todas as imigrações tem uma que significativamente marcou a história do Brasil Meridional e a cultura dela está presente até hoje, a imigração açoriana. A imigração portuguesa era constante e não era vista como algo estranho, mas apesar disso a dos açorianos tem o seu caráter específico. Em 1948, Florianópolis comemorou “250 anos da vinda dos açorianos à Ilha de Santa Catarina” e com isso foram feitos novos estudos que trouxeram aspectos novos no assunto da migração açoriana. Os estudos que se têm como os mais completos, são os do Walter F. Piazza, nativo da Ilha de Santa Catarina, quem dedicou a sua vida profissional aos açorianos, os seus descendentes. Outras fontes importantes sobre o movimento açoriano são: as pesquisas antigas, como por exemplo a do Oswaldo R. Cabral, “Os Açorianos”, impressa nos “Anais do Primeiro Congresso de História Catarinense” (1950) e os documentos, que se encontram nos arquivos históricos nas cidades de Lisboa, Angra, Rio de Janeiro e Florianópolis – cartas da autoridades dos dois continentes, cartas régias, regulamentos, contratos e outros. No meu trabalho tentarei explicar quais eram os motivos da imigração açoriana para o Brasil Meridional – as razões que a Corte Lisboeta apresentou e as que realmente causaram esta migração. Vou trabalhar com estudos brasileiros, que me parecem hoje mais completos e novos, e entre outros com documentos históricos que se encontram nos anais das Ilhas dos Açores. 1 1. As ilhas dos Açores O arquipélago das Ilhas dos Açores foi povoado pelos portugueses a partir de 1439 – principalmente de Algarve e de Alentejo, mas entre outros também flamengos, árabes, franceses e bretões. Muito dos recém– chegados eram cristão–novos, judeus ibéricos, que por causa das perseguições do catolicismo foram obrigados a converter a sua religião. Com a sua imigração às ilhas dos Açores, ficaram longe da Europa e da inquisição da Igreja Católica. As ilhas foram entregues aos fidalgos da Baixa Nobreza1, que se determinaram capitães do donatário e cuja tarefa era colonizar, administrar e desenvolver o novo território em benefício do Donatário2, ou seja em benefício do Rei de Portugal, o maior dos Donatários. Também, aqui nas Ilhas, foi implantado o velho sistema de vassalagem – em troca de docilidade e rendimentos, o Donatário entregava as Ilhas nas mãos dos capitães do donatários, os quais recebiam direto ao rendimento da terra e do negócio. Alguns capitães recusavam morar nas Ilhas e passavam a administração às mãos de Ouvidores, que os substituíam e delegavam no lugar deles. Assim a administração nas ilhas funcionava através de sistema de capitanias, representadas através de capitão do donatário. Em pouco tempo os donatários se tornavam senhores absolutos, o poder deles crescia através das terras que possuíam e dos negócios com os produtos açorianos. Além disso, o capitão do donatário recebia a redízima (10%) de todos os dízimos cobrados na capitania e tinha o monopólio dos moinhos, do comércio do sal e dos fornos de cozedura de pão3. O cargo do capitão do donatário era de caráter hereditário e durante os anos, criou–se nas ilhas uma aristocracia forte, 1 Tratava–se de fidalgos de sangue ou não, sem título nobiliárquico e sem cargos públicos, nomeadamente escudeiros e cavaleiros. Podiam eventualmente ser nomeados pelo Rei para desempenhar um cargo ou um serviço episódico. 2 Titular hereditário dos territórios ultramarinos descobertos, habitualmente era o próprio rei, mas também poderia ser um familiar seu vassalo. 3 http://pt.wikipedia.org/wiki/História_dos_Açores 2 em cujas mãos estava a terra e todos os negócios. Muitas famílias ficaram sem terras para cultivar, enquanto outras se transformaram em grandes proprietários de terra e assim, durante os séculos, a massa popular pobre crescia. Por isso, quando no século XVII aconteceu a crise agrícola nos Açores, causada por diferentes motivos, o Rei resolveu ajudar a população açoriana e usá–la na sua política "uti possedetis" no sul do Brasil. Durante a época dos Descobrimentos, as ilhas ocupavam a tarefa de ponto estratégico de abastecimento dos navios, assim como ponto de comércio com os produtos produzidos nas ilhas e os que vinham das terras novas como Índia, China e Brasil. Os produtos açorianos como vinho, aguardente, linho, laranja e limão eram exportados para Lisboa, Madeira e Brasil. As principais atividades eram cultivação de cereais, criação de gado e tinturas, como pastel e urzela. Com as descobertas marítimas no século XVI, vieram novos produtos de agricultura e as ilhas começaram a produzir milho, batata, laranja e cana–de–açúcar. Além disso, existia grande produção de trigo, tornando as Ilhas num grande celeiro de abastecimento, tanto da metrópole, como das frotas em trânsito pelo arquipélago. 2. Fatores econômicos e sociais da migração açoriana Os fatores que levaram à migração açoriana são muito diferentes entre si, mas que em conjunto, tiveram o mesmo fim: a emigração açoriana. Uma das razões, considerada por muitos historiadores, é a sobrepovoação nas Ilhas. Durante três séculos a população apresentava um crescimento acelerado, atingindo um número elevado que as ilhas não poderiam comportar. Os documentos disponíveis daquela época falam em números diferentes e talvez por isso variam os dados entre os pesquisadores. No livro de V. F. de Farias 3 “De Portugal Ao Sul do Brasil 500 anos” o número dos habitantes da Ilha do Faial é de apenas 13. 902, ou seja, com 30 mil menos do que Walter F. Piazza cita no seu livro “A epopéia açórico–madeirense 1747– 1756”, além disso V. F. de Farias anota só 9.192 habitantes na Ilha do Pico e 8.606 habitantes na Ilha de São Jorge. Pela tabela que registra a situação demográfica do séc. XVIII (anexo 1) podemos observar que a densidade nas ilhas, além de Santa Maria, São Miguel e Terceira, era maior do que hoje em dia. Na minha opinião, a situação de sobrepovoação ocorria unicamente na ilha do Faial, cuja densidade demográfica era três vezes maior em comparação com a situação contemporânea. Alguns historiadores afirmam que por causa do excesso de população havia muitas pessoas desabrigadas, na margem da miséria e também não eram poucas as mulheres que se prostituíam nas ruas. Me parece que esta afirmativa está ligada a um outro fator, talvez o mais significativo de todos, o problema da administração insulana, que deixou muitas pessoas sem terras e sem a possibilidade de sustentar as suas famílias. Outro fator era a riqueza, que estava concentrada nas mãos dos poucos, da “nobreza agrária,” que não permitia a fruição econômica dos que se encontravam no nível mais baixo na hierarquia social. Muitas pessoas que vieram às ilhas eram semi–livres, mandados pelo rei para ajudar os usufrutuários das terras. A Corte Lisboeta prometia terra aos camponeses, promessa que nunca foi cumprida e que levou ao início da pirâmide social. A agricultura era a principal fonte financeira nas ilhas, e para que os Donatários não perdessem muito de seus lucros, os camponeses deviam pagar todos os custos, taxas e tributos, restando lhes só 1/5 de tudo! Além disso, as famílias açorianas eram numerosas e se o homem era servo, a mulher dele também era, as crianças deles nasciam servos e como servos morriam – destino fatal e pré–destinado, sem 4 possibilidade de mudança. Muitos ilhéus sonhavam com a “terra da promessa”, Brasil, onde tinha terra para todos, e talvez uma vida melhor. Outro fator era o comércio interno das Ilhas. Os lucros dos negócios vinham dos produtos, que eram exportados para o continente ou para a costa africana, esquecendo se dos produtos necessários para a vida quotidiana do ilhéu. O mercado interno era muito pouco diversificado e o comércio fazia–se em trocas diretas ao invés de dinheiro – as ilhas abasteciam Lisboa com trigo e em troca recebiam sal. Trocas, muitas vezes desproporcionais, impediram os ilhéus de acumularem uma quantidade mínima de dinheiro. As trocas alimentícias contribuíram para as crises alimentares que ocorreram no início do séc. XVIII. A baixa produção de trigo e a restrição de produção e exportação de cana–de–açúcar levou a problemas financeiros e produção limitada dos produtos açorianos. Entre os anos 1742 – 1745, na ilha do Faial, não foi produzido nada de trigo e nas outras ilhas a situação era muito parecida com esta. A falta de trigo causou crise alimentar, que seguiu em problemas econômicos, afetando a vida de muitas pessoas nas ilhas, principalmente daquelas que na hierarquia insulana se encontravam nos níveis mais baixos. Além do trigo, a produção de açúcar também caiu, devido à excelente produção brasileira de cana–de–açúcar e grande exportação do Brasil para Europa. Os açorianos não podiam oferecer nada em troca da comida que não se produzia nas ilhas. Além da baixa produção agrícola nos Açores, a economia insulana foi influenciada pela proibição (1736) do transporte de ouro ou pedras preciosas da colônia do Brasil pelos mercadores insulares. A restrição se devia ao tráfico ilegal de metais preciosos que ocorriam nos mercados europeus. As ilhas são de caráter vulcânico o que é considerado um outro fator da migração açoriana. Erupções e tremores – nada que o ilhéu não conhecia. Nos arquivos açorianos se encontram diversas cartas, que falam 5 sobre as atividades vulcânicas que muitas vezes assustaram os ilhéus, algumas vezes os deixaram sem casas ou causaram pestes. As erupções, sejam pequenas ou grandes, sempre traziam consigo o tremor e o medo das possíveis conseqüências. Já no século XVI algumas famílias açorianas migraram para o Maranhão em busca dum futuro melhor, em busca de terras calmas e esperança de ter sua própria terra. Depois do abalo de terra em 1720 na ilha do Pico, os moradores começaram novamente a olhar ao Brasil, como a possibilidade de vida melhor. E o último dos fatores, mas talvez o fator mais significativo, era a decisão política. Os problemas sísmicos; as crises alimentares e econômicas; e a superpopulação faziam a vida do açoriano difícil e muito deles sonhavam com uma vida nova, sua própria terra e melhores condições de vida. Por isso, já desde a metade do séc. XVII mandavam cartas ao Rei, pedindo autorização para migrarem para o Brasil. No mesmo tempo, Portugal estava começando com a sua política de “uti possidetis”, quem ocupa domina, no Brasil Meridional, onde pouco mais de 3.000 pessoas ocupavam uma área de 50.000 km². A Corte Lisboeta precisava de voluntários que povoassem os territórios no sul do Rio da Prata, assegurando desta maneira uma infra–estrutura para a expansão e o domínio português nestas regiões. 3. A colonização do Brasil e a política “uti possidetis” O século XV. é considerado a época das grandes descobertas marítimas – Portugal com a sua expansão pela costa africana e Espanha com a descoberta do Novo continente. Os dois reinos queriam proteger os seus futuros investimentos e os negócios nas terras novas. Para isso em 1494 foi assinado o Tratado de Tordesilhas (Anexo 2), que dividiu o mundo em duas partes entre Portugal e Espanha. A divisão foi marcada 6 370 léguas a oeste de Cabo Verde – tudo que estivesse a oeste seria de Espanha e a leste pertenceria a Portugal. Em 1498, Vasco da Gama atingiu a Índia e com isso se abriu o caminho marítimo para os negócios com o Oriente. Pelo Tratado de Tordesilhas, Portugal dominava esta parte do mundo e em pouco tempo começou a dominar os negócios com os países do Oriente, tornando–se um dos impérios marítimos mais forte. Em 1500, Pedro Álvares Cabral atingiu a costa brasileira e ainda no mesmo ano fundou a primeira colônia portuguesa na América do Sul – Santa Cruz (Brasil). O lucro das revendas das especiarias do Oriente, sobretudo da pimenta e da noz–moscada, era grande e como inicialmente não foram encontradas riquezas minerais no Brasil, o Rei não tinha grande interesse pelas terras brasileiras e raramente mandava expedições para explorá–las. Logo no começo foi descoberto o pau–brasil, cujo extrato se usava para tingir tecidos e da madeira se fazia mobília e construções de barcos. A verdadeira colonização do Brasil começou só nos anos 30 do século XVI, quando começou a cultura da cana–de–açúcar e a fabricação de açúcar. Para as plantações de cana–de–açúcar era preciso mão de obra, e como não havia pessoas para trabalharem, logo criou–se o importante triângulo de negócios: Portugal – África – Brasil. Os negociantes portugueses levavam escravos da costa africana para trabalharem nas plantações brasileiras de cana–de–açúcar e depois vendiam o açúcar em Portugal e no resto da Europa. O atual território do Brasil formou–se ao longo de quase cinco séculos de conquista, exploração e dominação. Os limites das fronteiras foram demarcados através de guerras, acordos diplomáticos ou ocupações de terras ainda desocupadas. No começo, a colonização foi feita através de missões jesuítas e 7 expansões bandeirantes no sul da colônia. No século XVIII. a política expansiva mudou e Portugal implantou a estratégia de “uti possidetis” – lei internacional, segundo a qual uma determinada área pertence a quem realmente a ocupa. A nova estratégia foi primeiramente aplicada na região de Minas Gerais, onde no séc. XVIII foi encontrado o precioso ouro. Com referência na mesma lei, no início do século XX, aconteceu a grande colonização da região Norte, Amazônia, que foi causada pela extração de borracha. Entre os séculos XVII e XVIII no Noroeste do Rio Grande do Sul foram edificadas as reduções jesuítas dos Guarani, chamadas Os Sete Povos das Missões. As colônias portuguesas, sejam ao sul ou ao norte do Brasil, sustentavam e afirmavam os direitos da coroa portuguesa sobre a região. Sob motivos econômicos – o ouro em Minas Gerais ou religiosos – as missões dos jesuítas no sul da colônia, Portugal efetivamente ocupava os territórios que não lhe pertenciam pelo Tratado de Tordesilhas4. Por falta de minerais preciosos ou especiarias, os territórios no Sul do Brasil, hoje em dia os Estados de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ficaram por alguns séculos sem serem povoados. A coroa portuguesa queria dominar a região do Rio da Prata por onde passava a prata explorada em Potosí e nos Andes, no Peru, pelos espanhóis. A ilha de Santa Catarina foi escolhida como ponto estratégico nesta colonização de “uti possidetis”. Já na segunda metade de século XVII, os portugueses começaram a conquistar o interior da região meridional através de criação de gado, enquanto o litoral foi povoado em função da atividade militar. Apesar de diversos contratos de demarcação de terras brasileiras entre Portugal e Espanha, os debates no Sul do Brasil continuavam. Os portugueses já tinham construído algumas fortificações pequenas na região meridional, mas estas não eram capazes de defender os territórios que eles queriam dominar. 4 Pelo Tratado de Tordesilhas o meridiano que demarcava os territórios portugueses dos espanhóis, passava ao norte de Belém do Pará e ao sul de Laguna, Santa Catarina. 8 Perceberam que para isso precisavam fortalecer a sua posição no Rio Grande de São Pedro, pois a possibilidade de perder estes territórios era muito grande. Com isso, surgiu a necessidade de construir um sistema de fortificação militar que seria suficiente forte para proteger as terras conquistadas no Sul. Para que o sistema militar fosse mais resistente era preciso ocupá–los com presença humana – isso foi o início da política “uti possidetis”, que a coroa portuguesa usou nas preparações do Tratado de Madri. Com o tratado assinado em Madri (1750), Espanha e Portugal esperavam que finalmente os limites das fronteiras na América do Sul fossem marcados. A preocupação do D. João V era tão grande, que as preparações portuguesas para o tratado, dirigidos por Alexandre Gusmão, natural de Santos, Brasil, começaram antecipadamente. O diplomata ocupou o lugar de secretário particular do soberano português e foi ele quem levou os debates à feliz conclusão em benefício de Portugal. Para definir as linhas convencionais na América do Sul, Gusmão não usava as demarcações do Tratado de Tordesilhas, mas a posse efetiva de terra “uti possidetis”, quem ocupa o território, também o possui. As preparações de Portugal para os debates eram completas – possuía mapas perfeitos dos territórios na América; o ouro em Minas Gerais já era descoberto – Portugal já não precisava entrar em guerras por causa da Colônia do Sacramento, por onde passava a prata espanhola do Peru; percebia que as terras austrais poderiam ser usadas para criação de gado, e consequentemente dar muito lucro. Uma das maiores preparações de Portugal era exatamente a povoação dos territórios ainda não povoados e ao mesmo tempo "a melhor maneira de preparar as condições para o Tratado de 1750 foi a fixação de "casais" açorianos e madeirenses no Brasil–Meridional, preenchendo o vazio demográfico, realizando, assim, a política do "uti–possidetis", em benefício da Coroa Portuguesa."5 5 Walter F. Piazza, A epopéia Açórico–Madeirense 1747–1756, Florianópolis, EdUFSC/Lunardelli, 1992, p. 48. 9 Depois de anos de preparações, debates e conflitos, dia 13 de janeiro de 1750, o Tratado de Madri foi assinado pelos dois lados. Portugal devolveu à Espanha a Colônia do Sacramento, mas no mesmo tempo triplicou o seu território – ficou com os Sete Povos das Missões e a região da Amazônia. Foi legitimado o princípio do “uti possidetis” que motivou a vinda dos casais açorianos para o Brasil Meridional e a fundação da capitania D'el Rei de São Pedro do Rio Grande do Sul. O povoamento dos casais açorianos no Sul foi só uma das ferramentas políticas de Alexandre Gusmão, mas se tornou uma das partes mais importantes para a história do Brasil Meridional. 4. As preparações para os transportes 4.1. Na colônia do Brasil Em 11 de agosto de 1738, foi criada a “Capitania da Ilha de Santa Catarina” e o primeiro governador nomeado foi José da Silva Paes. Situada entre Rio de Janeiro e rio da Prata, a ilha ocupava um ponto muito estratégico, e a tarefa principal do Governador era fortificar a defesa da região contra os ataques espanhóis. Para que a defesa da ilha fosse ainda mais eficaz e forte, era preciso povoá–la – e é aqui onde começa o povoamento açoriano no Sul do Brasil. Os açorianos, afligidos pela miséria e na esperança de uma melhor condição de vida, pediram ao rei que fossem transportados ao Brasil. O provável transporte dos Açorianos era visto como solução de dois problemas – primeiro, o da miséria em qual se encontravam os ilhéus e segundo, a necessidade de povoar as regiões ainda desabitadas no Brasil. Dia 31 de Agosto de 1746 o Rei aprovou, pelos custos da Fazenda Real, o transporte dos Açorianos. Na minha opinião o Rei não concordou plenamente com o transporte dos açorianos para aliviá–los da miséria, visou a oportunidade de usá–los na sua política de “uti possidetis”. A Corte Lisboeta percebia como era importante o povoamento daquelas 10 terras e nada melhor poderia ter ocorrido que o pedido dos ilhéus. Para estimular um número maior de açorianos, foi lhes oferecido transporte gratuito, assim como apoio após o desembarque no Brasil. Apesar de que a colônia de Santa Catarina ainda não era economicamente rentável, a sua localização estratégica era tão importante para a Coroa portuguesa, que esta não se preocupou com as despesas advinda desta colonização. 4.2. Nas Ilhas dos Açores As promessas Para garantir o projeto de povoamento, o João V. prometeu aos açorianos diversas vantagens da migração ao Brasil – a viagem pelos custos da Fazenda Real; apoio durante o primeiro ano no Brasil; cada família receberia 1/4 de légua de terra6; duas espingardas; duas enxadas; um machado; um enxó; um martelo; um facão; quatro facas; duas tesouras; uma serra; uma lima; duas verrumas; dois alqueires de sementes; duas vacas; e uma égua. No primeiro ano dar–lhes–iam farinha suficiente para o sustento de cada pessoa. As mulheres casadas, ou solteiras, entre 12 – 25 anos, receberiam dois mil e quatrocentos reis e por cada filho, dez tostões – dinheiro que lhe serviria para arrumar roupa para as suas famílias. Os homens deveriam ser isentos do serviço militar. Os alistados/candidatos para os transportes O Corregedor das Ilhas tinha a tarefa de supervisor no “alistamento” e informador da Corte Lisboeta sobre a situação dos transportes. Imediatamente mandou fazer as listas necessárias das pessoas que voluntariamente queriam se estabelecer na colônia do Brasil. O número dos alistados variava entre 7.090 e 7.817, mais 2.370 pessoas alistadas da Ilha de Madeira. Isso refere que no mínimo 9.460 pessoas queriam 6 Medida itinerária antiga cujo valor é variável segundo as épocas e os países, geralmente, em Portugal, a légua vale 5 quilómetros. 11 imigrar ao Brasil (Anexo 3). De acordo com os documentos disponíveis, acredita–se que nem todos os alistados foram transportados. O critério para os transportes era o limite de idade e a prática da religião católica. Nas primeiras embarcações poderiam participar somente homens com não mais de 40 anos, mulheres com no máximo 30 anos e crianças. A limitação da idade dava–se pela desejo régio de formar famílias jovens nas terras novas. Depois dos primeiros anos dos transportes, o Conselho Ultramarino sentiu uma falta de candidatos para os assentos – isso se devia ao fato de que as viagens eram perigosas, o número de mortes era alto e os açorianos estavam com medo. Para motivar as pessoas, o Rei liberou a ida à colônia brasileira para as pessoas mais velhas, como sogros e pais das famílias, e pessoas ainda solteiras. E neste caso o transporte, até o porto e a alimentação, foi à conta do Corte Lisboeta. Segundo o historiador Avelino de Meneses, os primeiros alistados eram pessoas pobres, homens principalmente agricultores e mulheres que trabalhavam em serviços domésticos. Foi ordenado que as Câmaras oficias escolhessem Companhias de Ordenanças que seriam formadas por dois “mandantes” e pessoas de “maior graduação e capacidade” – Capitães, Alferes e Sargentos. As companhias, formadas de quarenta até cinqüenta homens, deveriam estar em cada navio de transporte para governarem e cuidarem de todos dentro da embarcação. “Regimento” Antes de assinar o contrato com o futuro Assentista, o Conselho Ultramarino publicou o “Regimento” dos transportes, que deveria garantir maior segurança e disciplina durante a transportação. Segundo o “Regimento” em cada navio os homens deveriam se separar em dois grupos e cada grupo deveria ter um 12 Mandante, que observaria a disciplina a bordo. As mulheres, junto com as suas crianças até sete anos de idade, deveriam estar separadas dos homens e trancadas nas câmaras do navio. Seriam escolhidos 24 homens para fizer vigilância de cada uma das portas das câmaras, trocando a guarda de quatro em quatro horas. A chave dos quartos das mulheres ficaria com o Capitão ou com o Mandante do navio. Homens fiéis seriam escolhidos para levarem as refeições às câmaras das mulheres e crianças. Os homens eram proibidos de falar com as mulheres – seja esposo com esposa, filho com mãe ou irmão com irmã. Só o Capitão ou o Mandante do navio poderiam dar licença, mas durante a conversa um deles deveria estar presente. Dentro das câmaras poderiam entram só o cirurgião ou o capelão, mas de novo, só na presença obrigatória do Capitão. A separação das mulheres dos homens pode parecer rigorosa, mas teve o seu fundamento moral. Na minha opinião, como a viagem seria de longa duração, esta separação foi feita para proteger as mulheres dos homens – o Conselho Ultramarino queria protegê–las das prováveis ações contra elas. Por outro lado, as mulheres foram as que mais sofreram nestes transportes – trancadas dentro das câmaras pequenas, durante o maior tempo do trajeto, como se fossem prisioneiras, sem poder conversar com os maridos ou filhos. Assim os transportes se tornavam verdadeiras torturas para as mulheres e para as crianças, que as acompanhavam. Pelo “Regimento” durante a viagem, o capelão deveria realizar uma missa pelo menos nos dias Santos e só nesses dias as mulheres poderiam sair das câmaras. Depois de cada missa o “Regimento” deveria ser lido em voz alta para relembrar cada pessoa de suas obrigações. O “Regimento” foi feito para proteger os açorianos e assegurar lhes uma boa viagem. Ao mesmo tempo me parece que os alistados eram um certo tipo de “mercadoria” do reino português, que seria 13 instaurada no Brasil Meridional. O Conselho Ultramarino queria garantir a segurança de sua mercadoria durante todo o trajeto e, através do estatuto, mantê–la em sua devida ordem. 5. Os transportes O número das pessoas, já inscritas nos transportes, prometia um grande lucro financeiro para os proprietários dos navios. A Corte Lisboeta recebeu muitas propostas para que os transportes fossem efetuados. O primeiro contrato de transporte de 1.000 pessoas, foi assinado no dia 7 de agosto de 1747 entre a Corte Lisboeta e Feliciano Velho Oldenberg. O Assentista iniciou o cumprimento do contrato com o transporte feito em 1747 pelos barcos “Jesus, Maria, José” e “Santa Ana e Senhor do Bonfim”, que em dois dias completaram a sua capacidade e levaram a bordo um total de 473 pessoas. Seria uma viagem longa e difícil, mas repleta de esperanças e sonhos de uma vida melhor. Em menos de três meses e mais de 8. 000 quilômetros, os navios atingiram a Ilha de Santa Catarina, infelizmente o elenco não estava completo – 12 pessoas morreram na viagem. Em 1748, foi feito o segundo transporte pelo mesmo contrato. Os barcos “Jesus, Maria e José” e “São Domingos e Almas” levaram 590 pessoas e apenas 506 chegaram vivas ou seja, 84 pessoas morreram! O terceiro e o último transporte de Feliciano Velho Oldenberg foi feito pelo barco “Jesus, Maria, José”, trazendo ao Brasil 230 pessoas. A alta taxa de mortalidade nas viagens foi causada por vários motivos – os barcos não possuíam espaço suficiente para todos a bordo; a quantidade de água era limitada e a higiene, mínima; as câmaras limpadas diariamente pelas mulheres permaneciam molhadas, resultando em problemas respiratórios devido à umidade do ar; a falta de comida fresca, frutas, legumes e vitaminas, causava fraqueza física e durante a 14 longa viagem muitos adoeciam de febres, infecções intestinais, pneumonias, crises de fígado, escorbuto ou avitaminose. Muitas vezes o destino dos açorianos parecia igual ao dos escravos da costa africana, que os negociantes levavam para a colônia brasileira. Muitos deles morriam durante a longa viagem por causa do mal de Luanda, doença que atingia fracos e fortes, homens e mulheres. Depois do segundo transporte, Feliciano Velho Oldenberg começou a ser criticado pelas autoridades sobre as condições desumanas nos barcos, perdendo para outro comerciante a possibilidade de assinar o próximo contrato de transporte para 4. 000 açorianos. O novo contrato de transporte para 4.000 pessoas das Ilhas dos Açores à Ilha de Santa Catarina foi assinado dia 3 de Julho de 1749 com Francisco de Souza Fagundes. O primeiro transporte do Francisco de Sousa Fagundes foi feito em dezembro de 1749 por três barcos – “Bom Jesus dos Perdões e Nossa Senhora do Rosário”, “Nossa Senhora da Conceição e Porto Seguro” e “Sant’Ana e Senhor do Bonfim”, que levaram um total de 1. 300 pessoas, mas desembarcaram apenas 1. 066. Os navios vieram com 234 pessoas à menos ou seja, nem com o novo Assentista foi resolvido o problema da mortalidade nas viagens! O segundo transporte, do contrato com Fagundes, também foi feito pelos mesmo navios, os quais entre dezembro de 1750 e janeiro de 1751 entraram no porto da Ilha de Santa Catarina. De 1480 pessoas embarcadas 21 morreram. Em 1752, vieram os navios “Bom Jesus dos Perdões e Nossa Senhora do Rosário” e “Nossa Senhora da Conceição e Porto Seguro” com total de 1. 000, de 1. 187 açorianos que embarcaram nas Ilhas. Com este transporte, o contrato de Francisco de Souza Fagundes foi completado. Durante os três transportes o Assentista levou à Ilha de Santa Catarina em total 4. 224 pessoas. Se acrescentarmos este número com o número de pessoas vindos através de Feliciano Velho de Oldenberg, 1. 15 213 pessoas, teremos um total de 5. 437 açorianos que vieram à Ilha de Santa Catarina entre os anos 1749 – 1752. Ainda antes de ser completado o transporte de 4. 000 pessoas, o Conselho Ultramarino assinou mais um contrato com Francisco de Souza Fagundes para transportar mais 1. 000 açorianos à Ilha de Santa Catarina. O contrato foi assinado dia 8 de setembro de 1751 e efetuado em 1752 pelos navios “Bom Jesus dos Perdões e Nossa Senhora do Rosário” e “N.Sra. da Conceição e Porto Seguro” que em total levaram ao Brasil 1. 100 pessoas. Desde o início da colonização, o Governador de Santa Catarina pedia a Corte Lisboeta, que lhe enviasse homens – soldados, para serem utilizados nas fortalezas recém construídas. O pedido foi ouvido somente alguns anos mais tarde, quando Francisco de Souza Fagundes obteve mais um contrato para transportar 500 madeirenses, 300 dos quais eram soldados. Em 1756, o navio com 520 pessoas embarcou à direção do Brasil, mas nunca chegou ao seu destino – naufragou no litoral da Bahia, na foz do rio Joanes e os madeirenses, que estavam indo com toda a esperança de uma vida melhor, morrem todos no naufrágio. 6. Totalizando os números dos transportes Os dois contratos dos transportes, totalizam 6. 500 pessoas que deveriam ser levadas ao Brasil Meridional. Pela documentação das Ilhas, sabemos que 6. 923 pessoas embarcaram nos navios e somente 5. 838 delas desembarcaram na Ilha de Santa Catarina! O número dos que chegaram é aproximado devido à variada informação que ocorre nas cartas das autoridades da Ilha, entretanto acredito que não seja uma variação muito significante. 16 Segundo os números (Anexo 4), a taxa de mortalidade foi de cerca de 15,7 % ou seja 1. 085 pessoas morreram durante as longas viagens através do Oceano Atlântico. Porém estes números elevarão caso levarmos em consideração a quantidade de pessoas que morreram após o desembarque na Ilha de Santa Catarina. 7. A formação das primeiras comunidades no Brasil Para 1. 500 pessoas, Santa Catarina não foi o ponto final. Depois do desembarque, o Governador escolhia os que pareciam mais fortes e menos doentes e os mandava à região do Rio Grande de São Pedro (hoje Rio Grande do Sul), onde deveriam fundar freguesias. Os outros 4. 500 açorianos povoaram o Estado de Santa Catarina, espalhando–se nos 500 quilômetros do litoral catarinense. As primeiras comunidades açorianas em Santa Catarina foram as de N. Sra da Conceição da Lagoa (1750) na Ilha de Santa Catarina; de São Miguel (1752) e de N.Sra. do Rosário de Enseada de Brito (1750) no continente. O brigadeiro José da Silva Paes e o sucessor dele, Manuel Escudeiro, sempre procurava instalar em média de 60 famílias em cada freguesia, condições de povoamento que lhes foram determinadas pela carta régia. 8. Cumprimento das promessas Para que os casais se deslocassem ao Brasil, foram lhes prometidos muitos benefícios, os quais a coroa portuguesa não conseguiu cumprir, seja por causa de falta de dinheiro ou outros fatores. Todos os casais deveriam receber 1/4 de légua de terra, mas às vezes eles próprios queriam ficar com menos terras, para que não estivessem muito longe um dos outros. Em outros casos, por falta de pessoas que 17 sabiam demarcar o território, foi dado menos terra e assim os açorianos foram enganados. As terras em Santa Catarina são diferentes das terras nas Ilhas dos Açores, pois são de origem vulcânica. Logo após o primeiro ano, foi constatado que as sementes de trigo que lhes foram distribuídos, não dariam frutos. As armas e as ferramentas foram confeccionadas em Lisboa e mandadas ao Brasil, mas as poucas espingardas recebidas pelos primeiros açorianos, eram de muito má qualidade e em pouco tempo enferrujavam e se tornavam inúteis. A respeito dos animais domésticos, há um documento em qual está anotada a distribuição de 49 éguas e 341 vacas aos casais e nada mais! A fundação de freguesias, além de pessoas, exigia mais uma coisa – vida espiritual. Para isso foram mandados padres açorianos à Santa Catarina, iniciando as construções de igrejas. A única coisa que não lhes faltou foram os produtos alimentícios. Em vez de farinha de trigo, receberam farinha de mandioca e foram lhes distribuídos peixes. Segundo as promessas régias, os homens seriam isentos do serviço militar. Depois do desembarque, o Governador começou a cobrar impostos contra o recrutamento para as tropas e os que não tinham dinheiro, que eram a maioria, foram obrigados a servir na companhia de ordenanças. Mais uma demonstração, de que o povoamento açoriano no Sul do Brasil foi realizado realmente com o objetivo de defesa militar. 18 Conclusão A imigração açoriana foi uma das melhores colonizações que a coroa portuguesa organizou e apoiou financeiramente. Com o povoamento dos casais açorianos no Sul do Brasil, foram resolvidos dois problemas que preocupavam a Corte Lisboeta. Primeiro – a miséria na qual se encontrava o povo açoriano e segundo – a necessidade de ocupar a região no sul brasileiro. O pedido do Governador das Ilhas dos Açores para que os ilhéus fossem transportados ao Brasil veio na época quando a diplomacia portuguesa estava começando a implantar a política do “uti possidetis”. Os açorianos olhavam para a “terra das promessas” com grande esperança de uma vida melhor e possibilidade de um futuro de alta qualidade para os seus filhos. E realmente lhes foi facilitada uma vida nova, cujo início não foi fácil. Tinham que mudar os seus hábitos alimentares – a impossibilidade de cultivar trigo lhes fez mudar para a farinha de mandioca. A alma agricultora do açoriano o ajudou e em pouco tempo já tinha inventado o engenho de farinha de mandioca, através do qual conseguiu produzir tal quantidade de mandioca, que além de abastecer os navios que paravam na Ilha de Santa Catarina, começou a exportá–la para as outras regiões no Brasil. Na colônia do Rio Grande do Sul, a terra não dava frutos e os açorianos tinham que ir em busca de outra fonte de sobrevivência – começaram com a criação de gado. Além da farinha de mandioca e a criação de gado, os açorianos exportavam tecidos e rendas. As últimas se produzem até os dias atuais por poucas mulheres, esta técnica antiga foi transmitida de geração em geração. A alma açoriana está presente e nas festas religiosas do “Espírito Santo” ou do “Boi–da–mamão”. A colonização açoriana, cheia de promessas régias, das quais poucas realmente cumpridas, implantou a cultura 19 açoriana no Sul do Estado de Santa Catarina e no Estado do Rio Grande do Sul e que até hoje está presente nas primeiras cidades fundadas na segunda metade do séc. XVIII. Na minha opinião, os açorianos que vieram para o Brasil, merecem ser chamados de valentes e corajosos – por deixar a sua terra natal; viajar 8. 000 km em navios frágeis, sem poder ver as suas famílias durante todo o longo trajeto; aguentar a comida deficiente; aclimatizar–se nas terras tropicais; e sobreviver para começar uma vida nova. Conseguiram conservar a sua cultura e hábitos até hoje em dia e além do mais – conseguiram realizar os seus sonhos de novos começos e vidas melhores! Para mim, estes são os heróis da Ilha de Santa Catarina! 20 Bibliografia • Anais do I Congresso catarinense de História, Florianópolis, Imprensa Oficial, 1950 • Arquivo dos Açores, Vol. III, Ponta Delgada, 1981 Vol. XI, Ponta Delgada, 1983 Vol. XIII, Ponta Delgada, 1983 Vol. XV, Ponta Delgada, 1984 • Cabral, Oswaldo Rodrigues, Os açorianos, Florianópolis, (s.e.), 1951 Nossa Senhora do Desterro, Lunardelli, Florianópolis, 1979 • Camara, Lourival, Estrangeiros em Santa Catarina, separata da “Revista de Imigração e Colonização”, ano I, n. 4, outubro de 1940 • Farias, Vilson Francisco de, Dos Açores ao Brasil meridional: uma viagem no tempo: 500 anos, litoral catarinense: um livro para o ensino fundamental, 2 edição, Florianópolis, 2000 De Portugal ao sul do Brasil: 500 anos • Flores, Maria Bernardete Ramos, Povoadores da Fronteira: Os casais açorianos rumo ao Sul do Brasil, EdUFSC, Florianópolis, 2000 • Gouvêa, Aguinaldo Luiz, Os açorianos – contos, Florianópolis, 2003, ISBN: 85–902506–3–6 • Meneses, Avelino de Freitas de, Os ilhéus na colonização do Brasil, Arquipélago – História, Revista da Universidade dos Açores, 2ª série, III (1999), p. 251–264 21 • Piazza, Walter F., A epopéia Açórico–Madeirense 1747–1756, Florianópolis, Ed. da UFSC, Ed. Lunardelli, 1992 Santa Catarina: sua história, Florianópolis, EdUFSC/Lunardelli, 1983 • Rosa, Victor Pereira da e Trigo, Salvado, Contribuição ao estudo da emigração nos Açores, Angra do Heroísmo, 1990 22 Anexos Anexo 1: Mapa da situação demográfica nas Ilhas dos Açores no séc. XVII Ilhas População Densidade hab/km² no séc. Densidade em 2001 XVII Ilha do São Miguel 44. 415 60 176 Ilha Terceira 22. 460 47 138 Ilha do Pico 19. 192 42 33 Ilha do Faial 43. 902 264 87 Ilha do São Jorge 11. 616 65 44 Graciosa 6. 799 95 77 Ilha de Santa Maria 4. 280 33 57 Ilha das Flores 4. 622 31 28 Ilha do Corvo 427 37 177 23 Anexo 2: Mapa do Tratado de Tordesilhas 24 Anexo 3: Números dos candidatos dos transportes Ilhas População Presente Alistados % Entre População e Alistados São Miguel 46415 328 0,73 Santa Maria 4280 – – Terceira 22. 460 912 4,51 Graciosa 6. 799 772 11,50 São Jorge 11616 2. 822 24,00 Faial 43. 902 1207 2, 75 Pico 19. 192 1. 776 9,00 Flores 4. 622 – – Corvo 427 – – 25 Anexo 4: Os contratos dos transportes Contrato Data da Partida Capitão ou Nome da Mestre do Embarcação Navio Número dos Mortos no Passageiros Mar Data da Chegada Feliciano Velho Oldenberg 21. 10. 1747 Jesus Maria José 236 06. 01. 1748 Santa Ana e 1000 pessoas 21. 10. 1747 S. do Bom (7.8.1747) Fim 16. 10. 1748 Jesus Maria José Luis Lopes Godelho 12 Pedro Lopes 237 Arraya Luis Lopes Godelho Pedro Lopes 310 Arraya Jesus Maria José Pedro Lopes 246 Arraya Santa Ana e Sr. do Bom Fim Francisco Manoel de Lima 220 N. Sra. da 4000 pessoas José Lopes Conceição e (1. 7. 1749) 04. 09. 1749 Silva Porto Seguro 480 Francisco de Souza Fagundes Outubro– 1750 461 06. 01. 1748 280 São 16. 10. 1748 Domingos e Almas 01. 10. 1749 Número dos Chegados Bom Jesus dos Perdões e N. Sra. Rosário Manoel 600 Correa Fraga Santa Ana e Sr. do Bom Fim 247 Bom Jesus dos Perdões e N. Sra. Rosário 554 N. Sra. da Conceição e Porto Seguro 679 109* Janeiro–1749 506 - 20. 12. 1749 248 20. 12. 1749 234 25. 12. 1749 1. 066 01. 01. 1750 18. 12. 1750 247 813 12. 01. 1751 546 Janeiro–1751 666 26 1752 Bom Jesus dos Perdões e N. Sra. Rosário Custódio Francisco 647 – 1752 1000 Fevereiro– 1754 1100 – – N. Sra. da Pedro Lopes Conceição e 480 Arraya Porto Seguro Bom Jesus dos Perdões e N. Sra. 13. 11. 1753 Rosário 1000 pessoas N. Sra. da (08. 09. Conceição e 1751) Porto Seguro Francisco de Souza Fagundes Custódio Francisco 647 Pedro Lopes 540 Arraya Francisco de Souza N. Sra. da Custódio Fagundes 26. 04. 1756 Conceição e Francisco 500 pessoas Porto Seguro 26. 09. 1754 520 520* * Madeirenses 27 Anexo 5: Os números dos açorianos pelos historiadores Data de Chegada Brito Coelho Mattos Fortes Boiteux Cabral Piazza Janeiro– 1748 461 461 461 451 461 461 461 Dezembro– – 1748 – – – – – 239 Janeiro– 1749 – – – – – – 208 Março– 1749 1600 – – 509 600 – 233 Setembro– 1749 – – – –109∗ –109∗ – 59 Dezembro– 1066 1749 – 1066 – 1066 1066 1066 Janeiro– 1750 – – – 1755 1540 1540 – Janeiro– 1751 – – – 1342 – – 1434 1752 – – – 1379 – 1478 1080 Março– 1753 500 – – – 615 – ? Fevereiro/ Março– 1754 – – – – – – 1187 Julho–1756 – – – – 502∗ 520∗ 520∗∗ Totais Apresentad – os 4024 4021 – – – 6000 Totais Somados – – 5545 4893 4525 5967 3627 ∗ Madeirenses ∗∗ Madeirenses (naufragos no litoral da Bahia não computados) 28