A IMPORTÂNCIA DA FEIRA DE CIÊNCIAS PARA OS ALUNOS DO 9º ANO DO
ENSINO FUNDAMENTAL
Luzilene Cordeiro PEREIRA1 [email protected]
Viviane Magno BORGES 1 [email protected]
Waldemar Borges de OLIVEIRA JUNIOR1 [email protected]
Luan Rodrigo Cunha DIAS 2 [email protected]
Jorge Raimundo da Trindade SOUZA3 [email protected]
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Universidade Federal do Pará (UFPA)
Universidade do Estado do Pará (UEPA)
3
Universidade Federal do Pará / Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemáticas
2
Resumo Feiras de ciências constituem-se em recursos importantes para divulgação de Ciências na
comunidade escolar. A construção de um experimento científico envolve o diálogo entre professor e aluno e
entre os alunos. Esse aprendizado dialógico no processo de ensino e aprendizagem é fundamental tanto para
o professor quanto para o aluno, pois é neste momento que o professor deve exercer sua principal função, de
orientador do processo de ensino e aprendizagem do aluno e não a de detentor absoluto do saber. Assim, o
objetivo deste trabalho foi de promover o desenvolvimento da criatividade e da habilidade investigativa nos
estudantes, para incentivar a pesquisa na escola. A investigação foi desenvolvida através do estágio
supervisionado realizado com trinta alunos do 9º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Checralla
Salim Khayat, pesquisas bibliográficas em livros e artigos sobre o tema em questão, execução de
experimentos a respeito à Química e aplicação de questionário para os alunos após a exposição. A pesquisa
revelou que os alunos se sentem estimulados com a realização do evento e que o uso das atividades práticas
durante a execução acabou despertando a criatividade dos participantes além de estimular a troca de
conhecimento. A análise mostrou ainda que a feira de ciência é uma alternativa importante para proporcionar
a estudantes e professores a busca de novos conhecimentos e para a difusão do conhecimento científico, e em
especial o ensino de química no ensino fundamental.
Palavras-Chave: Feira de Ciências. Ensino de Química. Ensino de Ciências.
Ensino da Química (ENQUI)
INTRODUÇÃO
O ensino da Ciência nas escolas entrou em crise no mundo ocidental em meados de 1957, e
foi a partir deste princípio que ocorreu uma grande revolução nos currículos escolares
(FRACALANZA; AMARAL; GOUVEIA,1987). Já a partir da década de 1960, as feiras de
Ciências aconteceram no Brasil e na América Latina, haja visto que este evento oferecia
oportunidades para que os estudantes pudessem expor suas produções cientificas escolares. Para
Brasil (2006) apud Hartmann e Zimmermann (2009), há um público diferente daquele que compõe
o ambiente de suas salas de aulas, no qual envolve a população em geral.
Para Mancuso (2000) apud Mota et al (2012) em primeira circunstância a feira de Ciências
era apenas demonstrativa e apenas anos mais tarde que foi se tornando trabalho com caráter
investigativo. Autores como Mezzari, Frota e Martins (2011) mencionam que é necessário a escola
realizar momentos de diálogo entre as disciplinas e momentos de interdisciplinaridade, e a partir de
então os conteúdos curriculares possam fazer sentido para a vida. Deste modo é necessário que o
professor seja mediador do conhecimento, utilizando recursos que facilitem o processo de
mediação.
Mezzari, Frota e Martins (2011); Mota et al (2012), acreditam que a escola deve reservar
tempo e espaço no seu calendário de atividades, para poder incluir os alunos nos projetos como as
feiras, pois além de apresentar vários experimentos, estimula a troca de conhecimento e acaba
despertando o interesse pela Ciência.
Essas ideias vão ao encontro de Mancuso e Moraes (2009), Neves e Gonçalves (1989) apud
Mezzari, Frota e Martins (2011), ao mencionarem que as feiras de Ciências podem promover uma
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interação entre aluno e professor, bem como entre escola e comunidade. Essas feiras surgiram com
o intuito de aproximar a teoria da prática nas salas de aulas, e os trabalhos escolares realizados
durante este evento não precisam ser exatamente na área de Ciências Físicas e Biológicas, por ser
um trabalho científico, vários temas podem ser abordados, tais como nos seus aspectos sociais,
educacionais, metodológicos e entre outra infinidade de temas.
Mancuso (2000 apud Dornfeld e Maltoni,2011) mencionam que:
A realização de Feiras de Ciências traz benefícios para alunos e professores e
mudanças positivas no trabalho em Ciências, tais como: o crescimento pessoal e a
ampliação dos conhecimentos; a ampliação da capacidade comunicativa; mudanças
de hábitos e atitudes; o desenvolvimento da criticidade; maior envolvimento e
interesse; o exercício da criatividade conduz à apresentação de inovações e a maior
politização dos participantes.
Mesquita e Guilarduci (2010) destacam que várias questões a cerca do projeto estão sendo
discutidas sobre sua importância nos dias atuais e que os professores podem estimular e a partir de
então gerar frutos entre os alunos, professores e até mesmo da sociedade. Muito se tem discutido no
ensino de Química a esse respeito, uma das questões seria em qual é a forma mais eficaz de trazer a
realidade em que a escola está inserida, e a do próprio aluno, para dentro das salas de aulas. A fim
de que o aluno tivesse ou desenvolvesse a capacidade de relacionar o seu dia-a-dia, com os assuntos
abordados e trabalhados pelos professores dentro da disciplina (MOTA et al, 2012).
As Feiras de Ciências se constituem palco para um trabalho baseado no ensino por projetos,
e por ser um evento institucional, implica a mobilização de muitas pessoas da comunidade escolar e
de outros espaços para sua realização. Como qualquer outra atividade de ensino-aprendizagem que
envolve criatividade e investigação na busca de soluções para uma situação problematizadora, a
realização de uma Feira Científico-cultural requer um pré-projeto, visto que um evento dessa
natureza depende de uma série de medidas e providências que devem ser pré-programadas
(BARCELOS; JACOBUCCI, G; JACOBUCCI, D.,2010,p.218-219).
Segundo Rosa (1995), o objetivo de uma feira de Ciências deveria ser o de demonstrar à
comunidade onde a escola se insere o trabalho de investigação executado pelos alunos ao longo de
um determinado período de tempo. O autor menciona ainda que para realizar um bom trabalho é
preciso ter organização e menciona as principais características dos trabalhos a serem mostrados:
1 - Adequação dos trabalhos ao currículo: O trabalho a ser mostrado na feira deve
refletir o tipo de assunto estudado em sala de aula.
2 - Regularidade: A atividade experimental regular, incorporada ao ensino de uma
forma dinâmica, é condição imprescindível para uma atividade eficaz em feiras de
ciências.
3 - Pesquisa: O trabalho apresentado deve ser um trabalho de pesquisa em ciências.
Deve-se pesquisar a bibliografia para saber qual o estado da arte naquele momento
ou para descobrir informações relevantes ao trabalho de investigação.
4 - Relevância: A pesquisa realizada deve ser relevante para a comunidade local,
pois um trabalho que vai ser desenvolvido ao longo dos meses pelos alunos, deve
ter algum tipo de apelo a eles e para a comunidade onde a escola está inserida.
5 - Cotidiano: A feira de ciências deve fazer parte do cotidiano da escola sendo
uma atividade prevista no calendário escolar desde o início do ano.
6 - Envolvimento: É importante que a comunidade se envolva com os projetos de
pesquisa.
7 - Realidade: Os problemas de pesquisa devem ser escolhidos no dia-a-dia da
comunidade de onde os alunos são retirados, partindo de suas vivências e
respeitando os seus níveis etários.
8 - Competição: O conceito de competição em feiras é indiscutível, porém o que
deve ser salientado para os alunos e professores é que o conhecimento adquirido é
o verdadeiro ganho (ROSA, 1995, p.225-226).
180
A partir destas reflexões, este artigo apresenta os resultados da pesquisa realizada no
decorrer do II estágio supervisionado no Município de Barcarena – PA, no ano de 2014, sobre a
primeira feira de Ciências com a finalidade de expor várias atividades experimentais e verificar se
os alunos se adaptaram com esse projeto e se conseguiram adquirir novos conhecimentos a respeito
dos conteúdos abordados.
OBJETIVO
Analisar a importância da feira de Ciências através das atividades práticas no ensino de
Ciências para alunos do nono ano do Ensino Fundamental.
METODOLOGIA
O estudo foi desenvolvido na Escola Municipal de Ensino Fundamental Checralla Salim
Khayat na turma do nono ano do ensino fundamental. Os 30 alunos envolvidos na pesquisa
possuem idades que variam de 15 a 21 anos, correspondendo a 18 alunas (60%) e 12 alunos (40%).
O desenvolvimento do trabalho foi de forma qualitativa – descritiva através da coleta de dados que
foram obtidos de questionários contendo perguntas sobre a feira de Ciências e as atividades
realizadas, além de perguntas sócio econômicas e o ensino de Ciências.
As atividades experimentais foram realizadas em conjunto com professor, estagiários e
alunos. Inicialmente houve a formação dos grupos e a seleção das atividades experimentais
abordando os conteúdos de Química, inseridos na grade curricular da turma. Após o embasamento
teórico sobre os conteúdos, os alunos escolheram cinco atividades experimentais importantes para a
disciplina, sendo elas: Vulcão; Areia movediça; Corrida brilhante; Cola derivada do leite; O que
sobe e o que desce.
Cada equipe escolheu uma atividade prática e deu início a pesquisa bibliográfica do tema
por meio de livros didáticos e internet, além das orientações de professores e estagiários. Depois de
finalizar a pesquisa cada equipe planejou a exposição dos resultados obtidos e a organização dos
seus stands. Durante a Exposição cada equipe teve a oportunidade de expor aos demais alunos da
escola, aos professores, aos pais e a toda comunidade escolar os resultados da pesquisa realizada.
Após a realização da Exposição Científica os alunos envolvidos responderam um questionário
envolvendo perguntas objetivas relacionadas ao projeto científico, e entre elas podemos citar as
principais “perguntas chaves”, conforme consta no quadro a seguir:
Pergunta 1:
Pergunta 2:
Pergunta 3:
Pergunta 4:
Pergunta 5:
Para você, as aulas de Ciências são?
O que dificulta o seu entendimento nos conteúdos de Ciências?
O que você acha que poderia ser feito para tornar as aulas de Ciências mais
atrativas e interessantes?
Para você os projetos de pesquisa foram satisfatórios para o entendimento
dos conteúdos abordados?
Depois de desenvolvido um projeto de pesquisa, você gostaria de participar
de eventos científicos como Feiras de Ciências, Exposições Científicas, para
apresentar os resultados?
Análise dos dados
Após a aplicação do questionário, foi feita uma análise dos dados, cujos resultados serão
mostrados neste trabalho através de gráficos e porcentagens.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pelos resultados obtidos, é possível perceber que as aulas de Ciências demonstram interesse
pela maioria dos alunos. De acordo com o gráfico 1 observa-se que 70% deles acreditam que as
aulas de Ciências são muito interessantes, apenas 30% responderam que as aulas são pouco
interessantes, e nenhum aluno respondeu em não gostar da disciplina. Pelos resultados constatou-se
que a disciplina de Ciências chama a atenção da maioria dos estudantes, pois desperta a curiosidade
dos mesmos, principalmente quando o professor da ênfase a assuntos relacionados ao cotidiano,
favorecendo o processo educativo.
Gráfico 1: Percentual de alunos que responderam sobre as aulas de Ciências.
Observa-se no gráfico 2 que quando perguntado aos alunos qual a dificuldade de entender os
conteúdos de Ciências, 60% dos estudantes afirmam que a falta de experimentos torna dificultoso o
entendimento dos conteúdos, 30% afirmam que a dificuldade ocorre devido ao pouco acesso aos
materiais didáticos e apenas 10% acreditam que falta interesse e participação da turma para que o
conhecimento ocorra.
Deste modo, o resultado torna-se satisfatório, ao saber que as atividades práticas despertam
interesse pelos alunos e torna–os mais participativos. Esses resultados estão de acordo com as idéias
de Mancuso (2000) apud Mota et al (2012) ao afirmar que as atividades práticas que ocorrem em
feiras de Ciências proporcionam ao aluno, momentos de conhecimento ligados à diversão e
entusiasmo, além do interesse dos mesmos se tornar maior através do projeto.
Gráfico 2: Percentual de alunos que responderam sobre a dificuldade dos conteúdos de Ciências.
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Quando perguntado aos alunos o que poderia ser feito para tornar as aulas de Ciências mais
atrativas e interessantes, observou-se que 50% da turma afirmaram ser os projetos apresentados em
feiras de Ciências ou exposições, já 30% responderam ser os trabalhos individuais e em grupos e
apenas 20% soube conceituar que as palestras tornam a disciplina atrativa. Essas afirmações são
citadas por Hartmann e Zimmermann (2009) ao mencionarem que a realização de Feiras de
Ciências em uma escola ou comunidade traz benefícios para alunos e professores e mudanças
positivas no trabalho em Ciências.
Gráfico 3: Percentual de alunos que responderam sobre as aulas de Ciências serem diferenciadas.
No gráfico 4 observa-se que, ao perguntar se os projetos de pesquisa foram satisfatórios para
entender os conteúdos abordados através das atividades experimentais, 60% dos estudantes
afirmaram que os projetos são fundamentais para uma melhor compreensão dos conteúdos e apenas
40% respondeu que o uso deles são pouco relevantes para sua compreensão. Esses resultados vão ao
encontro de Mesquita e Guilarduci (2010) ao ressaltarem que os projetos de pesquisas promovem a
aplicação do processo investigativo, além de serem espaços para aprendizagens múltiplas, assim
como ter um desenvolvimento psicológico e cognitivo através das múltiplas interações sociais.
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Gráfico 4: Percentual de alunos que responderam sobre a compreensão dos conteúdos.
De acordo com o gráfico 5, pode-se perceber que o projeto feira de Ciências despertou o
interesse dos alunos pela disciplina, além de torna-los participativos, observa-se que 80% dos
alunos gostariam de participar de eventos científicos e apenas 20% respondeu que não
participariam. Esses resultados vão de acordo com a opinião de Hartmann e Zimmermann (2009)
os projetos de iniciação científica desenvolvidos nas escolas proporcionam aos estudantes em
desenvolver sua capacidade de interpretar, estimar, fazer julgamentos e inferir, tornando promissor
para sua formação científica.
Gráfico 5: Percentual de alunos que responderam sobre a participação em feira de Ciências.
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CONCLUSÃO
Pelos resultados obtidos foi possível perceber que as equipes participantes interagiram
durante o evento, e eles demonstraram estar interessados e questionadores, pois através das
atividades experimentais expostas despertou a criatividade dos participantes, além de estimular a
troca de conhecimento. As pesquisas realizadas e os projetos desenvolvidos permitiram que os
alunos percebessem a importância de aprender Química. Pode-se concluir que a feira de Ciências é
uma alternativa importante para proporcionar a estudantes e professores a busca de novos
conhecimentos e para a difusão do conhecimento científico.
REFERÊNCIAS
BARCELOS, Nora Ney Santos; JACOBUCCI, Giuliano Buzá; JACOBUCCI, Daniela Franco
Carvalho. Quando o cotidiano pede espaço na escola, o projeto da feira de ciências “vida em
sociedade” se concretiza. Ciência e Educação, Uberlândia, v. 16, n. 1, p. 215-233,2010.
DORNFELD, Carolina Buso; MALTONI, Kátia Luciene. A feira de Ciências como auxílio para a
formação inicial de professores de Ciências e Biologia. Revista Eletrônica de Educação. São
Carlos, SP-UFScar, v. 5, n. 2, p. 42-58, novembro, 2011.
FRACALANZA, Hilário; AMARAL, Ivan Amorosino do; GOUVEIA, Mariley Simões .Flória. O
ensino de ciências no primeiro grau. São Paulo: Atual, 1987.
HARTMANN, Ângela Maria; ZIMMERMANN, Erika. Feira de Ciências: A
interdisciplinaridade e a contextualização em produções de estudantes de ensino médio. VII
Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências. Florianópolis, 2000.
MESQUITA, Adalgisa Reis; GUILARDUCI, Viviane Vasques da Silva. Projeto Feira de
Ciências da cidade de Barbacena, 2010.
MEZZARI, Susana; FROTA, Paulo Rômulo de Oliveira; MARTINS, Miriam da Conceição. Feiras
multidisciplinares e o ensino de ciências. Revista Eletrônica de Investigação e Docência (REID),
n. monográfico, p. 107-119, 2011.
MOTA, Claudia Conceição de Paiva et al. Feira de Ciências: atividade inovadora na formação
docente. Salvador: XVI ENEQ e X EDUQUI, 2012.
NEVES, Selma Regina Garcia; GONÇALVES, Terezinha Valim Oliver. Feira de Ciências.
Florianópolis: Caderno Catalogo Ensino de Física, 1989. p. 241-247.
ROSA, Paulo Ricardo da Silva. Algumas questões relativas a feiras de ciências: para que servem e
como devem ser organizadas. Caderno Catalogo Ensino de Física. Campo Grande, MS-UFMS, v.
12, n. 3: p. 223-228, 1995.
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