VidaBosch Janeiro|Fevereiro|Março de 2006 • nº 5 Tecnologia para a vida Robert Daly/Getty Images Futuro do presente Tecnologia de hoje indica a casa de amanhã CAPA_1BOSCH_n.indd 1 O rei do verão Além de delicioso, sorvete é nutritivo Florianópolis e arredores O que o litoral de Santa Catarina tem de melhor 1/13/06 6:51:37 PM editorial Boa leitura! Rachel Guedes Edu Lyra/Samba Photo 08 14 20 Leigh Beisch/Getty Images É com muita satisfação que apresentamos a você, caro leitor, a revista VidaBosch de roupa nova. Na edição em que completa um ano, ela ganhou mudanças no layout com o objetivo de unificar a aparência da marca mundialmente, por meio do novo design corporativo da Bosch. As transformações na nova identidade visual da Bosch começaram em 2004, com a revisão do nosso corporate design. O conjunto formado pelas cinco letras em vermelho e o logotipo (o induzido, uma peça desenvolvida por Robert Bosch há um século), que, por muitas décadas, têm dado a aparência à nossa marca, além de um novo slogan (“Tecnologia para a vida”), compõe uma unidade que reflete as principais características da empresa — qualidade, confiabilidade, integridade e durabilidade, com foco na qualidade de vida de seus clientes. Com o novo design, a VidaBosch estará integrada aos padrões de qualidade visual Bosch, mantendo sua identidade inicial de oferecer ao leitor informações sobre tendências, entretenimento, qualidade de vida e curiosidades, sempre com muito dinamismo, modernidade e inovação. O resultado, como você verá nas páginas seguintes, é um projeto que privilegia a elegância e o prazer da leitura. Que a mudança coincida com a entrada do novo ano, não é coincidência. É uma aposta de que 2006 vai ser um ano especial, para a VidaBosch e para seus leitores. Ryan McVay/Getty Images O ano muda, a VidaBosch também 02 Sumário 02 viagem | Um roteiro com o que há de melhor em Florianópolis e região 08 eu e meu carro | Ágil nas quadras, o levantador Maurício é tranqüilo na direção 10 torque e potência | O dilema dos caminhões: pagar pedágio ou enfrentar asfalto ruim? 14 casa e conforto | Como será a casa do futuro? As casas de hoje dão algumas pistas 20 saudável e gostoso | Descubra o lado saudável do sorvete 26 tendências | Por que a arte do design está cada vez mais disseminada 32 grandes obras | Hidrelétrica constrói túnel no rio para aumentar vazão da água 36 Brasil cresce | Guloseimas brasileiras fazem sucesso nos cinco continentes 40 atitude cidadã | Empresas juntam-se à ONU em prol da responsabilidade social 44 aquilo deu nisso | Limpador de pára-brisa e cadeira de dentista têm algo em comum 46 áudio | Nos displays dos auto-rádios, mais cores, animações e funções Expediente VidaBosch é uma publicação trimestral da Robert Bosch Ltda., desenvolvida pelo departamento de Marketing Corporativo (ADV). Se você tiver dúvidas, reclamações ou sugestões, fale com o Serviço de Atendimento ao Consumidor Bosch: (011) 2126-1950 (Grande São Paulo) e 0800-7045446 (outros locais) ou www.bosch.com.br/contato Presidente: Edgar Silva Garbade • Gerente de Marketing Corporativo: Ellen Paula G. da Silva • Produção e edição: PrimaPagina (www.primapagina.com.br), rua Campos Bicudo, 98, 3° andar, CEP 04536-010, São Paulo, SP, tel. (11) 3066.5115, fax (11) 3167.4141 / e-mail: [email protected] • Projeto gráfico e diagramação: Renata Buono Design ([email protected]), tel. (11) 3129-5083 • Tratamento de imagem e finalização: Inovater • Impressão: Globo Cochrane • Revisão: Dayane Cristina Pal ([email protected]) • Jornalista responsável: Jaime Spitzcovsky (DRT-SP 26479) Ellen Paula Sumario.indd 1 1/13/06 3:31:41 PM viagem Cassio Vasconcellos/SambaPhoto 2 | VidaBosch | VIAGEM_OK.indd 2 1/13/06 12:18:33 PM | Por Milu Leite Da ilha ao continente Um roteiro pelo melhor do litoral de Santa Catarina Galheta, em Florianópolis VIAGEM_OK.indd 3 1/13/06 12:19:28 PM 4 | VidaBosch | viagem Reinaldo Minillo/SambaPhoto N em só de Joaquina e Canasvieiras vivem as belezas de Florianópolis — menos ainda o litoral de Santa Catarina. Essas duas praias foram, por algum tempo, as grandes estrelas, mas a ilha e seus arredores, principalmente a rota Floripa-Garopaba, no sul do Estado, têm outras atrações irresistíveis. Difícil encontrar um ponto na capital catarinense que ainda faça jus ao hino da cidade (“um pedacinho de terra perdido no mar”), pois nela quase nada permanece bucolicamente “perdido”, mas é possível conhecer alguns locais na região menos manjados. Estar a passeio em Florianópolis significa ter o privilégio de poder decidir em cima da hora que tipo de coisa se quer curtir: o sossego de uma caminhada, com direito a cachoeiras (há uma centena de trilhas maravilhosas na ilha) ou o mergulho no mar (são 42 praias). Isso se deve não só às peculiaridades do seu relevo, que mescla planícies e montanhas, como também à urbanização desigual, que tem poupado da invasão humana tesouros da natureza, como as praias de Naufragados, do Saquinho e de Lagoinha do Leste, por exemplo, onde só chega de barco ou caminhando por morros. Um bom modo de conhecer a ilha é justamente fazer uma composição de atividades, ou seja, optar por uma caminhada, um passeio histórico, um banho de mar numa das ilhas que existem em torno da própria ilha e, finalmente, um giro pelas praias mais badaladas. A vida noturna também deve ser aproveitada. No verão, os bares e restaurantes são bastante animados e os cardápios, caprichados. Há, ainda, uma razoável opção de lugares para dançar, e a apresentação de DJs renomados costuma acontecer justamente nessa época do ano. Quando se cansar da ilha, aproveite para dirigir o carro até duas pequenas jóias que estão fora dela, no continente: a Guarda do Embaú e o Rosa, praias que ficam na BR-101, em direção ao sul do Estado, nos G.Evangelista/Opção Brasil Imagens municípios de Palhoça e Imbituba, respectivamente. Por que são obrigatórias? Além de lindas, essas cidadezinhas praianas misturam simplicidade com mordomias e algum refinamento. Diante de tantas opções, como montar um roteiro? A primeira providência é resolver onde ficar, e o conselho é que você finque bases na ilha, porque na porção continental da cidade não há muito o que ver. Então, decida-se entre instalar-se no norte ou no sul. Descarte ficar no centro se quer estar perto de alguma praia própria para banho. O norte é mais urbanizado, tem praias de águas mais calmas e menos frias. Por outro lado, reúne o maior número de praias lotadas, e muitas delas acabam ficando poluídas. O sul é menos populoso, as praias têm o mar frio e agitado, e muitas delas são de tombo. Obviamente, você pode (e deve) conhecer a ilha por inteiro, mas para isso terá de percorrer distâncias consideráveis (em alguns casos, em ruas sem asfalto e cheias de desníveis), já que Florianópolis tem cerca de 50 quilômetros de um extremo a outro e a extensão total de sua costa soma mais de 170 quilômetros. No sul A parte norte de Florianópolis abriga praias bonitas e concorridas, como a do Santinho VIAGEM_OK.indd 4 Se você gosta de turismo ecológico, seja radical e opte por uma caminhada até a praia de Lagoinha do Leste. São 2 horas de ida e volta, morro acima e morro abaixo, a partir de uma trilha que se abre à esquerda, a cerca de 50 metros da praia de Pântano do Sul. O caminho é bastante conhecido e, no verão, 1/13/06 12:36:10 PM viagem | VidaBosch | 5 Edu Lyra/SambaPhoto Ribeirão da Ilha, com seu conjunto arquitetônico histórico, guarda um pouco da Florianópolis dos tempos coloniais; mesmo bastante badalada, a Lagoa da Conceição (à esquerda) ainda mantém seus encantos e é parada obrigatória costuma ser muito usado, o que faz com que não haja problema para encontrá-lo. Lagoinha do Leste é uma das mais belas praias da ilha, com areias brancas e vegetação praticamente intocada, mar com ondulação perfeita e uma lagoa de águas escuras e limpas. Um passeio que, com certeza, agradará a todos, atletas ou não, é a ilha do Campeche, que fica bem em frente à praia de mesmo nome. As visitas são restritas a 400 visitantes por dia. Há três opções de saída de barcos até lá: a partir da ponta direita da praia da Armação (a viagem mais rápida, com cerca de 40 minutos e embarcações saindo a cada lotação), a partir da Barra da Lagoa e a partir do trapiche da Lagoa da Conceição (trajetos mais longos, e também mais bonitos). Todas as saídas dependem das condições do mar. É comum partirem botes diretamente da praia do Campeche, mas eles não costumam ter licença para fazer o transporte e, por isso, não são recomendáveis. Resista à facilidade de uma viagem de bote rápida, mas perigosa; porém, não resista aos apelos da ilhazinha. Ela reúne a maior amostra de inscrições rupestres da região. Para conhecer as inscrições, que datam de 5 mil anos, é necessário solicitar um guia (eles estão disponíveis na própria ilha), porque as trilhas nem sempre são visíveis. A grande pedida é ir à Caverna dos Morcegos, fazendo uma caminhada de noventa minutos em meio à mata nativa. Quatis são vistos a todo momento, mesmo por quem permanece na praia. Ao partir para a ilha do Campeche, lembre-se de levar água VIAGEM_OK.indd 5 e lanches — os dois restaurantes do local comumente estão desabastecidos. A sugestão para conhecer um pouco da história de Floripa é o Ribeirão da Ilha. O ponto forte dali são o cultivo de ostras e o conjunto arquitetônico açoriano (um pequeno grupo de casas e a igreja Nossa Senhora da Lapa do Ribeirão, de 1763). Vale uma parada num dos restaurantes locais para degustação de ostras. No norte Se a sua opção for pelo norte da ilha, o melhor a fazer é uma caminhada pela praia de Daniela, na direção do seu extremo esquerdo. Estacione o carro no final da rua que margeia a praia (certifique-se de não deixar nada de valor à vista porque é muito comum o arrombamento de veículos em toda a ilha) e caminhe pela areia, observando, à sua esquerda, o mangue (reserva ecológica onde é possível, com muita sorte, avistar pequenos jacarés). A Daniela tem águas tranqüilas, de temperatura agradável, por isso é adorada pelas crianças. Além disso, os golfinhos vez por outra aparecem por ali. Jurerê, Jurerê Internacional e Ingleses, assim como a praia Brava e o Santinho, são as mais badaladas. Jurerê já esteve imprópria para banhos nos últimos verões, Jurerê Internacional apresenta um crescente comércio de ambulantes na areia e a praia Brava reúne a moçada descolada da sociedade local. São praias bonitas, de mar azul, extremamente procuradas pelos turistas em todas as épocas do ano. 1/13/06 12:37:22 PM 6 | VidaBosch | viagem Sacha Quadrelli/Keystone concentração de banhistas acontece mais à direita da praia, onde há também as melhores ondas. Por essa razão, se você quer privacidade, aproveite a grande extensão da praia e caminhe um pouco mais, em direção ao Canto das Aranhas. O acesso para Moçambique requer atenção do motorista, porque há poucas entradas. Deve-se seguir por caminhos de terra e areia, e estacionar o carro entre árvores. Na BR-101 O Canto das Aranhas, próximo à praia de Moçambique: garantia de local tranqüilo em plena capital catarinense O cartão postal A Lagoa da Conceição é, atualmente, o point de Floripa. Localizado no interior da ilha, a cerca de 15 quilômetros do centro, o centrinho da Lagoa reúne bares e restaurantes e é passagem obrigatória para quem desce o Morro das Sete Voltas em direção às praias da Joaquina, Mole, Barra da Lagoa e Moçambique. Infelizmente, não há escolha quanto a isto: se você está em Florianópolis, vai ter de conhecer esses lugares, mesmo que tenha de enfrentar um congestionamento impiedoso para fazê-lo. Um modo de tentar evitá-lo é sair cedo de casa (antes das 9h) e voltar cedo (até as 15h). Se tiver que escolher entre a praia da Joaquina e a Mole, leve em consideração algumas particularidades: a Joaquina não é tão bonita, mas é mais indicada para as crianças. Além disso, há as dunas e a possibilidade de alugar esquis para brincar nelas. A Mole é uma praia linda, de mar verde e agitado, e que vive lotada. Tem bares e restaurantes praticamente na areia. É o ponto de partida para quem quer conhecer a Galheta (praia de nudismo). Se você optar pela Mole, dê uma esticada até Moçambique, praia mais selvagem que fica em meio ao Parque Florestal do Rio Vermelho, reserva ecológica da ilha. A maior Ao sul de Florianópolis, o ideal é reservar ao menos dois dias para conhecer a Guarda do Embaú, Garopaba e o Rosa, mas é possível fazer um rápido giro por essas praias percorrendo cerca de 180 quilômetros (ida e volta) num único dia, partindo bem cedo de Floripa em direção a Porto Alegre. Tenha cuidado com as lombadas — elas nem sempre estão sinalizadas — e com os buracos, que aumentam em quantidade e tamanho com um único dia de chuva. No caminho, você vai passar, ainda, por praias de beleza menor, mas que valem uma olhada, como a praia do Sonho e a Enseada do Brito. A praia do Sonho é urbanizada e popular. Ironicamente, é dali que partem os barcos para a ilha do Papagaio, cuja entrada é restrita aos hóspedes do luxuoso hotel de mesmo nome. A Enseada do Brito, por sua vez, serve de morada para muitos florianopolitanos que querem estar perto da ilha sem sofrer os abalos da superlotação que se dá na temporada. O vilarejo é pequeno e vive basicamente do cultivo de ostras. Arquivo Bosch A Bosch na sua vida VIAGEM_OK.indd 6 Artéria do motor Se o motor fosse um organismo, o cabo de ignição seria uma de suas principais artérias. Esse dispositivo transfere eletricidade para as velas de ignição, responsáveis por produzir a faísca que coloca o motor em funcionamento. Em viagens com o carro pelo litoral de Santa Catarina, por exemplo, é importante fazer uma checagem geral do sistema de ignição, uma vez que a umidade e a maresia podem prejudicar os contatos elétricos do cabo. Um cabo defeituoso costuma gerar falhas de funcionamento, aumento do consumo de combustível e elevação do nível de emissão de poluentes. A Bosch disponibiliza no mercado brasileiro uma linha de cabos de ignição de alta durabilidade, projetados para resistir a oscilações de temperatura e a variações nas condições de funcionamento do motor. 1/13/06 12:39:15 PM viagem | VidaBosch | 7 A Guarda do Embaú (a cerca de 70 quilômetros da capital) é sem dúvida a praia mais interessante da região. A surpresa de encontrar o rio da Madre como obstáculo para chegar à praia é arrebatadora e, por mais que você já tenha ouvido falar dela, vai ficar de queixo caído com sua beleza. Ao redor dela, o burburinho de bares, restaurantes de comida caseira e lojas lembra as cidadezinhas litorâneas de outras metrópoles. O mar da Guarda é disputado por surfistas de todas as partes do Brasil, por isso o vilarejo fica apinhado de carros. Tenha paciência para chegar até lá, porque não haverá arrependimento. Para ir a Garopaba é preciso retornar à BR-101. São mais alguns quilômetros até al- Na Guarda do Embaú, mesclam-se a beleza arrebatadora do mar agitado e as águas do rio da Madre cançar o vilarejo, que conta com nove praias. As melhores são sem dúvida nenhuma a da Silveira e a da Ferrugem. A Silveira é bem pequena, e costuma ser mais tranquila no começo da manhã ou já no fim de tarde. O caminho até a praia do Rosa tem mais 15 quilômetros, mas você pode fazer o trajeto por uma via asfaltada interior, livrando-se do tráfego da BR-101. Porém, esteja preparado para depois dirigir mais uns 8 quilômetros por uma estradinha de terra bastante sinuosa, com subidas e descidas que vão castigar o escapamento do carro. Em dia de chuva, é melhor esquecer esse passeio! A praia do Rosa tem areias brancas e relevo irregular. No meio, há uma lagoa aprazível. O mar é ondulado e cristalino. Entre agosto e novembro, é procurada pelas baleias-francas e seus filhotes. Depois de visitá-la, você pode voltar a Floripa e fazer outros roteiros : o litoral catarinense nunca enjoa. Aleruaro/SambaPhoto Arquivo Bosch Com areias brancas e relevo irregular, mar ondulado e ristalino, a Praia do Rosa é um dos pontos mais belos ao sul de Florianópolis VIAGEM_OK.indd 7 Onde se hospedar e comer Em Floripa • Hotel São Sebastião da Praia Avenida Campeche, 1373 – Campeche Tel.: (48) 3338-2020 • Pousada Vila Tamarindo Avenida Campeche, 1836 – Campeche Tel.: (48) 3237-3464 • Bar do Arante Nas areias da praia de Pântano do Sul Tel.: (48) 3237-7022 • Restaurante Uma Rosa Av. Afonso Delambert Neto, 315 – Lagoa Tel.: (48) 3232-2452 Na Guarda do Embaú • Pousada Zululand Servidão do Cumbatá, s/nº – Guarda Tel.: (48) 3283-2093 • Restaurante O Coquille Rua da Antena, s/nº Tel.: (48) 3283-2559 Em Garopaba • Pousada Kohphangan Rua das Baleias, s/nº Tel.: (48) 3254-0347 • Restaurante Embarcação Av. dos Pescadores, 295 – Centro Tel.: (48) 3254-3950 No Rosa • Pousada Villa Agrifoglio Estr. Geral do Rosa, s/nº Tel.: (48) 3354-0299 • Restaurante Tigre Asiático Servidão da Estr. Geral do Rosa, s/nº Tel.: (48) 3354-0170 Um ótimo site com mais opções de hotéis, restaurantes e passeios em Floripa e arredores é www.guiafloripa.com.br, que também tem um link para o guia Trilhas da Ilha, com informações e dicas das melhores saídas. O salva-vidas do ABS A função do ABS (Antilock Braking System) já é bem conhecida dos consumidores: ele evita o bloqueio das rodas durante uma freada, tornando mais fácil controlar o veículo em situações de emergência. No entanto, o que pouca gente sabe é que o sistema exige manutenção periódica e até a troca de componentes. Buracos, valetas e lombadas — como as que são comuns no litoral catarinense — podem danificar os sensores do ABS instalados em cada roda. Além disso, um fluido de freio de má qualidade pode danificar o sistema hidráulico do ABS. A Bosch lançou recentemente no mercado brasileiro sua linha de reposição para sistemas ABS. O objetivo é fornecer, a um custo inferior, componentes de reposição do ABS, como sensores de rodas e unidade hidráulica. As peças podem ser encomendadas em qualquer loja da rede Bosch Service. 1/13/06 12:42:00 PM eu e meu carro Rachel Guedes 8 | VidaBosch | Ágil nas quadras, tranqüilo na direção Maurício, ex-levantador da seleção brasileira de vôlei, é motorista cauteloso e fanático por caminhonetes euemeucarro.indd Sec1:8 1/13/06 4:00:44 PM | Por Guilherme Prezia A agilidade demonstrada em frente à rede contrasta com o jeito sereno e tranqüilo com que o ex-levantador da seleção brasileira de vôlei Maurício Camargo Lima, 37 anos, conduz o seu carro pelas ruas de Campinas, no interior de São Paulo. Poucos meses após anunciar sua saída definitiva das quadras, Maurício reserva agora boa parte de seu tempo para curtir a família em casa e a bordo de sua Toyota Hilux, comprada em 2005 pelo craque. Após 18 anos de carreira — passados entre treinos, jogos e hotéis —, Maurício tem, pela primeira vez, tempo para cultivar uma de suas paixões: os automóveis. Nesse universo das quatro rodas, o bicampeão olímpico — foi ouro nos Jogos de Barcelona (1992) e Atenas (2004) — não esconde sua preferência. “Gosto de caminhonete. A gente fica alto, guiando”, diz o atleta, parecendo esquecer de seu 1,84 metro de altura. No segmento de caminhonetes, o currículo de Maurício só perde para a quantidade de títulos conquistados nas quadras. “Já tive Ranger (Ford), S-10 (Chevrolet), Pajero (Mitsubishi) e agora estou com a Hilux (Toyota)”, afirma o levantador, que, além das duas medalhas olímpicas, coleciona outras grandes conquistas, como o tetracampeonato da Liga Mundial (1993 / 2001/ 2003/ 2004), o campeonato Mundial (2002), a Copa do Mundo (2003) e ainda o título de melhor jogador de vôlei do mundo (1995). Rotina apertada No entanto, para chegar a essas marcas invejáveis, Maurício teve de literalmente suar a camisa numa forte rotina de treinos e jogos. Por essa razão, o levantador nunca teve muito tempo para curtir seus carros. Usar o carro em saídas noturnas de final de semana ou viajar com os amigos sempre foi algo fora de cogitação para ele. “Treinava duas vezes por dia e tinha jogos em finais de semana”, relembra. Mesmo com a rotina apertada desde a adolescência, Maurício tirou carta aos 18 anos. Seu primeiro carro foi uma Parati, que servia basicamente como meio de transporte entre sua casa e o local de treino. Mesmo assim, o contato restrito com o carro não impediu o jogador de desenvolver gosto pela direção. “A minha paixão por carro começou logo euemeucarro.indd Sec1:9 após eu tirar carta. A partir daí, fui pegando gosto pelo negócio”. Engana-se quem acha que a ligação de Maurício com os automóveis está relacionada ao gosto pela velocidade. “Me considero um motorista prudente”, afirma. Há 19 anos com carteira de motorista, Maurício conta que nunca bateu o carro, nem se envolveu em algum acidente. Não por acaso, os critérios que ele mais usa para comprar um automóvel não estão no motor. “Para mim, o carro tem que ser seguro e bonito”. A prudência ao volante também se estende à manutenção do carro. Mesmo confessando não entender nada de mecânica, Maurício diz que procura cumprir as recomendações do fabricante e ficar alerta às luzes que eventualmente acendem no painel. Com um bom currículo também ao volante, o bicampeão olímpico diz que não se sente incomodado em guiar à noite ou em situações de chuva, muitas delas durante as constantes viagens do craque à cidade de São Paulo. A única medida tomada para enfrentar as chuvas, conta Maurício, foi a instalação de uma capota marítima em sua Hilux. O acessório impede que a chuva atinja objetos e malas colocadas na caçamba da caminhonete. Outra pequena modificação foi a instalação de uma película para escurecer o vidro de sua Toyota, de maneira a reforçar a privacidade e a segurança. Isso não significa, porém, que ele não goste de ser reconhecido no trânsito pelos fãs. “É legal parar no semáforo e todo mundo te reconhecer. Isso nunca me incomodou”, diz o levantador. Curtindo a família A paixão de Maurício por carros está hoje ligada aos passeios que ele faz acompanhado de sua esposa, Roberta, e de seus dois filhos, João Victor e Maria Eduarda. “Sempre que dá, vamos para praia”. Durante essas viagens, Maurício não dispensa outro acessório fundamental: o tocador de CD. “No carro, curto ouvir sertanejo, axé e MPB”. Mesmo assim, o craque diz que não é exigente com a potência nem com os equipamentos usados no sistema de som do carro. “Para mim, basta ter um CD comum para eu poder ouvir tranqüilo minhas músicas”. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Para ser visto Uma lanterna traseira ideal alia design à eficiência de iluminação, o que se traduz em segurança para o veículo. Um melhor equilíbrio entre esses fatores ocorreu com a introdução das lanternas see-through (“ver através”, em português), que têm lentes translúcidas. Esses modelos inovaram na distribuição da luz nos faróis translúcidos, que é feita por defletores instalados atrás das lâmpadas. Como não há lente entre a lâmpada e a capa externa do farol, esse sistema ilumina mais intensamente, o que é especialmente útil em viagens noturnas com chuva e neblina. No Brasil, a Bosch fornece, desde o ano 2000, lanternas see-through para toda linha Fiat. Arquivo Bosch Para ver melhor Além da prudência do motorista, dirigir na chuva exige que o veículo tenha palhetas eficientes de limpador de pára-brisa. Lançada pela Bosch no Brasil em 2004, as palhetas Aerotwin limpam melhor o pára-brisa. Como o nome sugere, o segredo do dispositivo é seu desenho aerodinâmico, que aproveita a força do vento para aumentar a pressão da borracha da palheta sobre o vidro. Além disso, o modelo pesa 65% menos do que um convencional, pois usa apenas peças em alumínio e borracha. Na Europa, a Aerotwin equipa veículos da Mercedes-Benz, Volvo, Porsche, Volkswagen e Audi, entre outras marcas. No Brasil, está disponível somente para reposição em veículos importados. 1/13/06 4:01:46 PM torque e potência Claudio Larangeira/kino.com.br 10 | VidaBosch | torqueepotencia3.indd Sec1:10 1/13/06 1:32:46 PM Por | Manuel Alves Filho Bolso vazio ou pneu furado? Caminhoneiros chegam a gastar até 30% do frete com pedágios, mas estradas com tarifas são as melhores do Brasil O motorista brasileiro está numa encruzilhada sem saída, como costumam dizer os caminhoneiros. Ao trafegar por rodovias em bom estado, é freqüentemente obrigado a deixar valores que considera exorbitantes nas praças de pedágio. De outro modo, quando circula por estradas onde não há cobrança desse tipo de tarifa, o usuário vê-se forçado a enfrentar trajetos repletos de buracos e outras deficiências, o que costuma acarretar perda preciosa de tempo e elevados gastos com a manutenção do veículo. Essa sinuca de bico ficou ainda mais evidente após a divulgação, em setembro último, da Pesquisa Rodoviária 2005, da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). De acordo com o levantamento, 72% dos 81.944 quilômetros inspecionados por técnicos da entidade estão em situação precária. No ranking das 20 melhores rodovias, conforme o estudo, 19 têm pedágios. A pesquisa da CNT, que avaliou itens como pavimento, sinalização e traçado da malha rodoviária federal e das principais rodovias estaduais, não deixa dúvida quanto ao retorno proporcionado pelos pedágios. As estradas pedagiadas levam larga vantagem em todas essas variáveis. De acordo com a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), entidade que representa 36 empresas do setor, a diferença se deve à maior capacidade de investimento da iniciativa privada em relação ao setor público. Segundo a ABCR, entre 1995 e 2004 as concessionárias aplicaram R$ 10,4 bilhões em obras de recuperação, melhoria e ampliação dos 10.117 quilômetros concedidos. Obviamente, parte dessa quantia saiu dos guichês das praças de pedágio ou de empréstimos que tiveram como garantia o dinheiro arrecadado nesses postos. Em 2004, a receita bruta do segmento foi de R$ 4,43 bilhões. Marcos André/Opção Brasil Imagens Privado X Público Aspectos das rodovias considerados ótimos ou bons Estado geral Privado 84,2% Estatal 19,7% Pavimento Privado 91% Estatal 38,7% Sinalização Privado 90,1% Estatal 31,9% Geometria da via (traçado) Privado Estatal 54,3% 11,1% Fonte: CNT/ABCR Buraco no bolso As estradas em mau estado de conservação significam • Aumento de até 38% no custo operacional dos veículos • Aumento de até 58% no consumo de combustível • Incremento de até 58% no índice de acidentes • Aumento do tempo de viagem em até 100% Pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes avaliou 82 mil quilômetros de estradas brasileiras e constatou que 72% estavam em situação precária torqueepotencia3.indd Sec1:11 Fonte: IPEA/GEIPOT 1/13/06 1:34:07 PM 12 | VidaBosch | torque e potência Marcos Peron/kino.com.br Ranking das estradas As melhores 1º Limeira (SP)/ São José do Rio Preto (SP) • Rodovia Washington Luiz (SP-310) 2º São Paulo (SP)/ Itaí (SP)/ Espírito Santo do Turvo (SP) • Rodovia Castello Branco (SP-280) 3º São Paulo (SP)/ Limeira (SP) • Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) 4º Sorocaba (SP)/ Cascata (SP)/ Mococa (SP) • Rodovia Santos Dumont (SP-075) 5º São Paulo (SP)/ Uberaba (MG) • Rodovia Anhangüera (SP-330) 6º São Paulo (SP)/ Taubaté (SP) • Rodovia Ayrton Senna (SP-070) 7º Araraquara (SP)/ São Carlos (SP)/ Franca (SP)/ Itirapuã (SP) • Rodovia João Melão (SP-255) 8º Campinas (SP)/ Jacareí (SP) • Rodovia D. Pedro I (SP-065) 9º Engenheiro Miller (SP)/ Jupiá (SP) • Rodovia J. Hipólito Martins (SP-209) 10º Piracicaba (SP)/ Mogi-Mirim (SP) • Rodovia Engenheiro João Tosello (SP-147) A tarifa paga pelos usuários representou, em 2004, 96% do faturamento das empresas privadas que administram rodovias no Brasil As piores 1º Maceió (AL)/ Salgueiro (PE) • BR-316 2º Araguaína (TO)/ Picos (PI) • TO-222 3º Posse (GO)/ Ilhéus (BA) • BR-349 4º Manaus (AM)/ Boa Vista (RR)/ Pacaraíma (RR) • BR-174 5º Maceió (AL)/ Paulo Afonso (BA) • BR-104 6º Curvelo (MG)/ Ibotirama (BA) • BR-135 7º Alta Floresta (MT)/ Cuiabá (MT) • MT-320 8º Salvador (BA)/ Paulo Afonso (BA) • BR-110 9º Teresina (PI)/ Barreiras (BA) • BR-343 10º Belém (PA)/ Guaraí (TO) • PA-483 Fonte: CNT torqueepotencia3.indd Sec1:12 Desse montante, 96% vieram da tarifa paga pelos usuários. Ao transitar por estradas em boas condições, apregoa a ABCR, o motorista não economiza apenas tempo, mas também dinheiro, uma vez que passa a gastar menos com combustível e com reparos no veículo. Além disso, destaca a associação, há que se considerar a redução dos riscos de acidentes, cujos custos sociais e financeiros são extremamente elevados. Mas se as rodovias pedagiadas oferecem tantas vantagens assim, por que os motoristas reclamam tanto das tarifas? “Porque os valores são absurdos”, responde o presidente do Movimento União Brasil Caminhoneiro, Nélio Botelho, que ficou conhecido por liderar uma greve nacional da categoria em 1999. Ele calcula que, dependendo da distância percorrida e do número de praças de pedágio existentes no trajeto, um caminhoneiro deixa até 30% do valor do frete no caixa das concessionárias. Embora reconheça que as estradas administradas pelo setor privado são muito melhores do que as que continuam aos cuidados da esfera estatal, o sindicalista considera “incompatível” a relação custo/benefício dos 1/13/06 4:09:11 PM torque e potência | VidaBosch | 13 Especialista sugere adaptar modelo do Chile, em que o motorista escolhe entre duas estradas paralelas: uma melhor, com pedágio, e outra um pouco pior, sem pedágio pedágios. “As rodovias poderiam estar em melhores condições e as tarifas, muito mais baixas”, sustenta. Nélio Botelho acusa os governos estaduais e federal de sucatearem deliberadamente a malha rodoviária como estratégia para justificar as concessões. O líder sindical afirma, ainda, que há uma distorção na distribuição das receitas advindas da cobrança de pedágio. “Cerca de 26% da arrecadação bruta são destinados aos Estados e à União, enquanto apenas 22% são de fato aplicados em obras”, estima. Para quem vive na estrada, a palavra pedágio é sinônimo de provocação. O caminhoneiro Alfredo Gonçalves Nesta, de Bueno Brandão (MG), inicialmente amarra a cara para falar sobre o assunto. Depois, vale-se da ironia. “Moço, a coisa tá feia. Tem tanto pedágio nessas estradas que as concessionárias já se tornaram minhas sócias. O único problema é que elas só querem dividir o lucro. O prejuízo sempre é meu”, afirma. Para o também caminhoneiro Josafá Mendes, de Itajaí, Santa Catarina, que acompanhava a entrevista, se a situação não mudar, chegará o momento em que a categoria vai trabalhar apenas para pagar o pedágio. “Por enquanto, tem sobrado umas quirelas para comprar o arroz e o feijão das crianças”. Exageros à parte, os dois caminhoneiros admitem que as rodovias pedagiadas oferecem mais conforto e segurança. Entretanto, ambos consideram o valor da tarifa exagerado. “Pelo que as empresas que administram as estradas oferecem, R$ 1 por eixo estaria bem pago”, estima Alfredo, que conta com o consentimento do companheiro. De acordo com Orlando Fontes Lima Júnior, professor do Departamento de Geotecnia e Transportes da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), há uma tendência entre os usuários das estradas, especialmente os caminhoneiros, de analisar esse tipo de situação a partir de uma visão imediatista, sem levar torqueepotencia3.indd Sec1:13 em conta os resultados que podem ser obtidos posteriormente. “Eles só percebem o que sai do bolso”, aponta. Assim, esses motoristas deixam de levar em conta que, ao trafegar por rodovias em boas condições, eles obtêm vantagens como redução no tempo de viagem, economia de combustível, menor gasto com a conservação do veículo e diminuição dos índices de acidentes. “Se a pessoa colocar tudo isso na ponta do lápis, ela vai chegar à conclusão de que é melhor rodar por estradas boas e pedagiadas do que por estradas ruins sem pedágio”, afirma Lima Júnior. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Meio-termo Mas não seria possível encontrar um meiotermo para essa situação? O professor da Unicamp, que é especializado em Economia dos Transportes, afirma que sim. Segundo ele, países como o Chile possuem sistemas viários compostos por duas estradas que correm quase que paralelamente. Uma é pedagiada e a outra, não. Enquanto a primeira oferece uma série de benefícios ao usuário, a segunda, mesmo não sendo tão boa, proporciona uma razoável condição de tráfego. “Esse modelo é o mais justo. O motorista que quer evitar congestionamentos e que pretende chegar em casa com maior rapidez e segurança, normalmente escolhe a rodovia com pedágio. Quem não quer ou não pode pagar pela tarifa, tem como alternativa a outra estrada”, explica o especialista. Na rodovia Castello Branco, o trecho entre o condomínio de luxo Alphaville, em Barueri (SP), e a capital paulista apresenta características que se aproximam do modelo chileno, observa o docente da Unicamp. Essa ligação é feita por duas pistas, uma principal (com pedágio) e uma marginal (sem pedágio). Naquela em que há cobrança de tarifa, o trânsito é menos intenso, a qualidade do pavimento é superior e a sinalização merece um cuidado adicional, para ficar em apenas três exemplos. Até que essa experiência seja ampliada e chegue a outros pontos do país, o motorista brasileiro só terá uma opção: continuar se queixando, seja na hora de pagar o pedágio, seja no momento em que passar por um dos incontáveis buracos da malha rodoviária nacional. Oficina para caminhões Os caminhões e ônibus que trafegam pelas rodovias brasileiras enfrentam, freqüentemente, pistas com desníveis ou mal sinalizadas, buracos, curvas perigosas e obstáculos dos mais diversos tipos. Nessas condições, é fundamental submeter o veículo a revisões periódicas, para que ele esteja sempre em ordem. A Bosch possui uma rede de oficinas autorizadas altamente capacitadas para atender a frota brasileira — a Rede Bosch Truck Service. Com 400 unidades espalhadas por todos os Estados brasileiros, esse grupo de oficinas é especializado na manutenção de sistemas elétricos e injeções diesel. Os mecânicos da rede são treinados em cursos ministrados pela própria Bosch, o que garante que as oficinas tenham profissionais gabaritados para trabalhar com a manutenção de todos os sistemas de injeção diesel, sejam os modelos mecânicos ou eletrônicos. A mão-de-obra qualificada é complementada por modernos equipamentos de diagnóstico, que tornam mais confiáveis, mais rápidos e mais eficientes a verificação e o reparo dos problemas. 1/13/06 4:09:44 PM 14 | VidaBosch | casa e conforto David Fairfield/Getty Images Teclados estão, aos poucos, dando lugar a sistemas touch screen, e a tendência é que eles, no futuro, sejam substituídos por comandos de voz casa e conforto.indd Sec1:14 1/13/06 4:12:22 PM | Por Nathalia Barboza Ryan McVay/Getty Images Casa do futuro, tecnologias do presente Residências da próxima década devem incorporar no dia-a-dia técnicas já disponíveis hoje, como comando por viva-voz e equipamentos multifunção casa e conforto.indd Sec1:15 1/13/06 4:13:04 PM 16 | VidaBosch | casa e conforto O “Quarto da Guria”,na Casa Cor RS: as portas do guarda-roupas atendem pelo comando de voz O homem sempre se divertiu imaginando a sua vida no futuro. Nos anos 1950 e 60, por exemplo, sonhava com robôs domésticos, carros voadores, teletransporte e fins de semana em estações espaciais. Hoje, ainda não vivemos como a família do desenho animado Os Jetsons, mas as engenhocas automáticas e cibernéticas disponíveis já permitem construir fantásticas casas inteligentes e nos dão pistas sobre o que está por vir nas próximas décadas. Em uma casa moderna, necessidades tão comezinhas como acender ou apagar as luzes em horários determinados, alimentar o cão, verificar em que cômodo as crianças estão já podem ser resolvidas à distância, por um computador central, pelo celular ou por um palmtop. Nesse sentido, a palavra-chave é conectividade. Em projetos de automação, hoje, são usados os painéis portáteis de cristal líquido casa e conforto.indd Sec1:16 (touch screen), que custam entre US$ 3 mil e US$ 5 mil. Mas, aponta o consultor em tecnologia Cleber Giorgetti, eles nem sempre são intuitivos — o usuário precisa decorar todas as opções para chegar ao caminho correto, passando, muitas vezes, por menus e submenus. Há, ainda, os pocket PCs (custam cerca de R$ 1.300) e os controles remotos, cada vez mais utilizados. Mesmo aí, porém, ainda há muito o que evoluir. “Qual a diferença entre apertar botões num painel colorido de cristal líquido ou num simples interruptor, se você precisa se deslocar até ele?”, questiona Giorgetti. Segundo ele, se a conectividade, hoje, ainda é em boa parte dependente de teclados, no futuro será mais usado o comando de voz, mais intuitivo e amigável. “Imagine-se falando o que você quer e a coisa acontecendo, sem você levantar da poltrona e sem precisar digitar nada”, sugere. O microfone poderia estar embutido num painel na parede, num controle remoto ou no celular, que vai reconhecer sua voz e não exigirá mais a digitação de códigos numéricos. A evolução pode ser como a que aconteceu no mercado de automóveis, avalia a arquiteta Virgínia Rodrigues, diretora da empresa de automação Marbie Systems. “Em dez anos, as residências terão o mesmo nível de facilidades que um carro. Não faz muito tempo, as pessoas viam a trava elétrica e o vidro elétrico como luxos”, compara. A arquiteta gaúcha Valéria Pires Fredo percebeu que qualquer solução deveria basear-se no que pensa e em como vive o usuário final. Quando estava elaborando um projeto de quarto de garota, reuniu-se com alunos do Colégio Farroupilha, em Porto Alegre (RS). Pediu aos estudantes que descrevessem o quarto de seus sonhos. O resultado foram inusitadas utilidades automatizadas. Uma 1/13/06 4:03:33 PM casa e conforto | VidaBosch | 17 Fotos Divulgação delas virou realidade no “Quarto da Guria” — ambiente que fez parte da edição deste ano da Casa Cor RS: as portas do guarda-roupas atendem ao comando de voz do dono. O recurso foi embutido num pocket PC, um “sonho” para os “guris e gurias” que participaram da pesquisa. Outro tipo de tecnologia que tende a se integrar aos objetos domésticos é a wireless (sem fio), que oferece flexibilidade e mobilidade, e deve aparecer com mais força em quatro ou cinco anos. O presidente da Asso- A tecnologia sem fio (wareless), por garantir flexibilidade e mobilidade tende a se integrar cada vez mais aos objetos domésticos e deve aparecer com mais força nos próximos quatro ou cinco anos casa e conforto.indd Sec1:17 Convergência O processo parece não ter volta. Segundo o Nomads, os arquitetos mais visionários imaginam que a casa do futuro fará a própria interface do morador com o mundo, com possibilidade de uso de equipamentos híbridos, que mesclem as funções de celular, palmtop, comandos de voz e até leitura de retina. A convergência de várias funções em um único aparelho já é fato consumado. Os microcomputadores já podem exercer o papel de aparelho de som, TV, gravador e tocador de CD e DVD. A arquiteta Virgínia Rodrigues cita uma máquina de lavar que se interliga à rede de dados, faz uma auto-análise e envia um relatório de manutenção para a assistência técnica. Há, ainda, geladeiras que controlam o estoque de alimentos e se conectam à internet e protótipos de microondas que A Bosch na sua vida Arquivo Bosch ciação Brasileira de Automação Residencial (Aureside), José Roberto Muratori, atesta que, tecnicamente, os problemas de segurança e confiabilidade do sem-fio por radiofreqüência já estão resolvidos. “Os centros de pesquisa já resolveram as questões de clonagem, interferências eletromagnéticas e alto consumo de energia. Agora, é uma questão de mercado”, avalia. Para ele, em breve, também será possível levar a fibra ótica para dentro de casa. As possibilidades são inúmeras (um único feixe de fibra ótica abastece de dados, voz e imagens um edifício de vinte andares), o problema hoje é o preço alto dos conversores da fibra para o cobre. Para a arquiteta Virgínia Rodrigues, a tendência é que a quantidade de cabos diminua na razão inversa do uso do sem-fio e da fibra ótica. Uma pesquisa do Núcleo de Estudos sobre Habitação e Modos de Vida (Nomads), ligado à Universidade de São Paulo (USP), constatou em 2002 que tanto a comunicação interpessoal como o acesso a fontes de informação estão cada vez mais mediados por dispositivos eletroeletrônicos de transmissão à distância, ampliando as soluções de interatividade. Mesmo assim, um outro estudo do núcleo atestou que, mesmo em casas providas de sistemas automatizados, ainda “não há uma significativa mudança espacial ou comportamental com a introdução desses equipamentos”. Show na cozinha Aliar o que há de mais moderno em refrigeração e recursos multimídias. A partir dessa proposta, a Bosch desenvolveu o Cool Media TV, uma geladeira conjugada com uma televisão de cristal líquido de 15 polegadas. Assim, o usuário pode, sem ter de sair da cozinha, conferir seus programas de TV favoritos e, tendo um aparelho de DVD instalado, assistir a filmes, shows ou mesmo ouvir um CD de música. O sistema inclui som com dois alto-falantes acoplados no refrigerador. Além do show de imagens na porta da geladeira, o novo equipamento da Bosch conta com um sistema de refrigeração capaz de, mesmo com falta de energia elétrica, manter os alimentos congelados por mais de um dia. O compartimento interno do refrigerador destaca-se pela versatilidade: as prateleiras podem ser dispostas de diversas formas, de acordo com as necessidades de cada usuário. Essa geladeira, por enquanto, ainda não está disponível no Brasil. 1/13/06 4:04:25 PM 18 | VidaBosch | casa e conforto Robert Daly/Getty Images Fibra ótica deve, em breve, ser levada para dentro de casa: um único feixe é capaz de abastecer de dados, voz e imagens um edifício de vinte andares casa e conforto.indd Sec1:18 1/13/06 4:05:12 PM casa e conforto | VidaBosch | 19 recebem e-mails com o “modo de fazer” de um prato. Isso não quer dizer, no entanto, que essas parafernálias todas já podem ser adquiridas nas melhores lojas do ramo. “O que está disponível é uma coisa, o que está na casa das pessoas é outra”, afirma o consultor Giorgetti. O principal problema está no bolso do usuário. “Costuma-se dizer que custa, em média, R$ 100 mil para equipar um imóvel com recursos mínimos de automação. Mas esse valor pode aumentar, dependendo da complexidade do projeto e do nível dos equipamentos escolhidos”, calcula. Para que a automação residencial atinja mais pessoas, avalia, é preciso “descer a pirâmide socioeconômica e alcançar a classe média, por meio da massificação da produção dos equipamentos, e melhorar a interface homem-máquina, o que tornará a tecnologia mais atraente”. Giorgetti ainda espera ver a indústria de automação amadurecer a ponto de criar “mais soluções voltadas para a interconectividade, disponíveis nas prateleiras do supermercado, e menos produtos customizados”. Um dos problemas nesse sentido é que nem sempre os produtos de ponta de diferentes marcas conversam entre si. “Para montar um sistema mais complexo, é preciso um profissional que trabalhe especificamente com a marca escolhida, pois muitas tecnologias não interagem entre si. Tudo o que for adquirido, dos cabos aos botões, terá de ser compatível com aquela escolha”, diz Giorgetti. “Em cinco anos, poderemos ter esse problema resolvido no Brasil, pois o mercado começa a fazer pressão para isso, assim como aconteceu com o celular, o DVD e, mais para trás, com o videocassete. ” Apesar desses obstáculos, a automação residencial está em franco desenvolvimento no país, com taxa de crescimento entre 30% e 40% ao ano, segundo a Associação Brasileira de Automação Residencial. Cerca de 30% casa e conforto.indd Sec1:19 dos lançamentos imobiliários vêm com um nível mínimo de automação e pelo menos 10% dos novos condomínios residenciais de alto padrão possuem soluções avançadas para serviços e utilidades. A evolução do mercado não se tem restringido apenas às grandes metrópoles, ela também atinge cidades como Londrina (PR), Goiânia (GO), Campo Grande (MS), Maceió (AL) e Vitória (ES). Com esse horizonte, Muratori, o presidente da associação, prevê que o setor não enfrentará crise nos próximos anos. A Bosch na sua vida Economia Mas, como garantir a economia de energia com tantos equipamentos conectados? O consultor Cleber Giorgetti diz que, na ponta do lápis, a redução no valor da fatura da concessionária não paga o alto investimento em equipamentos “em menos de 20 anos”. “Mas é possível optar por pequenas soluções, como sensores de presença, que podem desligar a luz e o ar-condicionado de um ambiente que tenha ficado alguns minutos vazio. De um modo simplista, esses sensores nem precisam ser conectados a uma central de automação; bastam um relé e o próprio sensor que, juntos e instalados, não custam mais do que R$ 50”, diz Giorgetti. Além disso, as casas inteligentes incluem outros parâmetros, como a conscientização ambiental, o que leva o usuário a soluções como um controlador da irrigação de um imenso jardim (o regador elétrico funciona apenas durante o tempo necessário para molhar as plantas, sem desperdício) e sistemas de reúso de água e captação da água da chuva. Praticante da arquitetura sistêmica, que adota recursos arquitetônicos para suprir as diretrizes bioclimáticas (temperatura e umidade) do local da construção, o arquiteto brasiliense Mário Hermes Stanziona Viggiano tem seu foco na questão ambiental. Para ele, a automação residencial é uma forma de auxiliar na redução da dependência dos insumos indispensáveis da casa (energia e água). Em seu projeto Casa Autônoma, ele instalou, por exemplo, um controlador automatizado de cargas que gerencia o sistema de geração de energia solar e cabeamento estruturado, responsável pela integração de sistemas distintos (segurança, informática, telefone). Arquivo Bosch Gasta-se, em média, R$ 100 mil para equipar um imóvel com recursos mínimos de automação, segundo o consultor em tecnologia Cleber Giorgetti Vigia eletrônico Alarmes residenciais com sensores infravermelhos já existem há bastante tempo. Mas só recentemente esses dispositivos têm evoluído em precisão. A Bosch lançou no mercado brasileiro um sistema eficiente e de custo acessível: a linha de Sensores Infravermelhos ISN. A principal característica do produto é captar com elevada precisão movimentos suspeitos dentro e fora da casa. O sensor detecta a diferença entre movimentos humanos e distúrbios ambientais, evitando, assim, disparos desnecessários do alarme. Outro recurso importante é o Pet Friendly, que também impede disparo acidental do alarme devido ao movimento de pequenos animais (cães, gatos e roedores). Os novos sensores podem ser adaptados a qualquer residência e também são indicados para uso em áreas comerciais, como lojas e consultórios. 1/13/06 4:05:56 PM saudável e gostoso Rachel Guedes 20 | VidaBosch | saudavel2.indd Sec1:20 1/13/06 1:09:26 PM Tentação gelada Desde a China antiga, há mil anos, o sorvete está entre as sobremesas mais apreciadas; consumido com moderação, pode fazer bem à saúde Leigh Beisch/Getty Images | Por Carina Martins saudavel2.indd Sec1:21 1/13/06 1:10:21 PM 22 | VidaBosch | saudável e gostoso Rachel Guedes N os bons e velhos tempos em que o estilo de vida das pessoas queimava eventuais excessos calóricos, tomar um sorvete na sobremesa ou em um passeio no meio da tarde era tido como hábito charmoso, gostoso e nutritivo. Predominava a idéia do gelado como uma sobremesa simples, mas especial, e com uma inegável complementação nutricional à refeição. E não podia mesmo ser diferente: com um passado milenar e aristocrático, e contendo uma vasta gama de nutrientes, o sorvete é naturalmente prazer e refeição. Há mais de mil anos, já era a sobremesa predileta da nobreza da China, que se deliciava com uma pasta feita de leite e arroz e colocada na neve para solidificar. Foram construídas até rudimentares câmaras frigoríficas para tentar preservar a iguaria além dos meses de inverno. Da aristocracia chinesa, ele foi apresentado à nobreza européia na Idade Média, seguindo o mesmo caminho do macarrão — levado por um encantado Marco Pólo e aperfeiçoado por seus compatriotas. No século 16, um italiano inventou o cremoso sorvete à base de leite, e, no século seguinte, outro conterrâneo criou uma máquina de fazer o doce, essencial para evitar a formação dos cristais de gelo que atrapalham a textura. Além das proteínas do leite, o sorvete traz também os nutrientes ligados a cada um de seus inúmeros sabores Pacote completo Hoje, com a vida sedentária aliada ao culto ao corpo, a delícia é vista por muitos como uma tentação pecaminosa — irresistível, mas um perigo para as curvas. No entanto, a verdade é que, com moderação, a sobremesa pode ser uma escolha saborosa e inteligente. Isso graças à sua composição rica. “Se for pensar só na presença dos nutrientes, é um alimento completo” diz a nutricionista Fabíola Marinho, de João Pessoa, na Paraíba. Os bons sorvetes de massa, por exemplo, são feitos à base de muito leite. Por isso, contêm minerais (como cálcio) e pro- saudavel2.indd Sec1:22 teína, importante para o aporte de minerais e vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e hidrossolúveis (todas as demais). Ou seja: não basta ingerir vitaminas, é preciso água e gordura para absorvê-las — e o sorvete vem com o pacote completo. Além disso, ele traz, ainda, as eventuais vitaminas ligadas aos ingredientes do sabor escolhido (os de fruta, por exemplo, têm vitamina C). Para refrescar um ou outro dia quente de verão, o sorvete não deve pesar na consciência de ninguém — é caloria com conteúdo, que pode até substituir um lanche. “Na Itália, muitas vezes eles substituem um copo de leite por um de sorvete”, diz o chef Ronald Menezes, do restaurante Yolanda, em Recife. Além do mais, pode-se recorrer às opções light e aos sorbets de fruta. 1/13/06 1:23:29 PM saudável e gostoso | VidaBosch | 23 Mas existe também quem pode fazer mais do que perdoar calorias, quem realmente aproveite e precise da energia extra. É o caso do público infantil, para quem o sorvete é uma excelente pedida. “Para crianças, é um alimento interessante, à frente de outros doces”, explica Fabíola. “Além de ser divertido e colorido, leva leite e é uma caloria distribuída. É uma opção saudável e gostosa”. E não e só isso: “O sorvete também é meio curinga: pode ser usado como um veículo para levar outras opções à criança, servido com frutas, por exemplo”. O chef Ronald Menezes, que também prepara as delícias da sorveteria Della Santa, em Recife, conta que seu sorvete de mel de engenho não apenas é o mais popular da casa, mas também muito procurado por convalescentes e pessoas em tratamento médico, em busca da energia extra, ferro e vitaminas, em forma de um tônico delicioso e de fácil deglutição. O bom e o mau sorvete É bom ficar de olho, no entanto, porque tanto o benefício extra dos nutrientes como o básico do sabor só estão presentes nos sorvetes de qualidade. Isso porque, para baratear os custos, muitos sorveteiros trocam os ingredientes naturais por artificiais. “Eles aumentam a gordura, que é barata, e cortam o leite, cortam a aromatização. Em vez de usar a graviola, por exemplo, usam o tal ‘sabor graviola’”, afirma Ronald. “O resultado é uma falta de riqueza no produto final”. O chef do restaurante Yolanda explica que existem três grandes defeitos para um sorvete: falta de gosto —“aqueles sorvetes que têm gosto de água” —, textura irregular e quebradiça e falta de criatividade nos sabores. Todos, segundo ele, causados pelo fato de o sorveteiro ser ruim ou cortar os custos, comprometendo a qualidade. Por isso, ele aposta em bases importadas da Itália e sabores locais e inusitados, como o procuradíssimo sorvete de cachaça. Não adianta querer vencer a tentação — afinal, uma sobremesa que encanta há mais de mil anos certamente tem um poder de sedução a que é difícil resistir. E nem vale a pena tentar. Porque basta escolher um dia especial e um sorvete de primeira para transformar o que parecia pecado em paraíso. saudavel2.indd Sec1:23 A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Para gelar rápido Uma regra básica na hora de fazer compras é deixar o sorvete para ser colocado só quando se está quase na fila do caixa. Caso contrário, a popular sobremesa pode chegar derretida à geladeira do consumidor. Para contornar esse problema, a linha Intelligent Frost Free de geladeiras Bosch oferece o dispositivo Fast Freezing, que resfria rapidamente os compartimentos do refrigerador e do congelador. O recurso é indicado não só no caso dos sorvetes, mas também no de outros alimentos que podem estragar se ficarem muito tempo fora da geladeira, como carnes, peixes e verduras. Ele é bastante útil, também, para gelar bebidas e cervejas com rapidez. E ainda evita o consumo desnecessário de energia: o sistema desliga automaticamente, assim que a temperatura ideal é atingida. Arquivo Bosch Para conservar Para preservar a qualidade dos alimentos, é importante mantê-los sempre congelados corretamente. Armazenar comida de forma indevida pode acarretar alterações químicas que mudam o cheiro, o sabor ou até põem em risco a saúde do consumidor. Nesse sentido, aumentar a eficiência no congelamento de alimentos é fundamental — e por isso a Bosch incorporou, na linha Intelligent Frost Free de geladeiras, o sistema de ultraconservação. Ele é composto de dois sensores eletrônicos que controlam de maneira rápida e independente a temperatura de cada compartimento da geladeira. Dessa forma, mesmo com uma variação da temperatura externa, o sistema consegue manter o interior da geladeira sempre em temperatura constante. 1/13/06 1:24:48 PM 24 | VidaBosch | saudável e gostoso Fotos Thomas Baccaro Tente fazer em casa Receita do chef Ronald Menezes, de Recife, mostra que sorvete caseiro também pode ser delicioso R onald Menezes está desde 2001 à frente do restaurante Yolanda, em Recife. O jovem chef formou-se na Bélgica, trabalhou com o célebre Paul Bocuse, em Paris, e especializou-se em dar um toque regional à culinária clássica francesa. Em 2002, recebeu o prêmio de Melhor Entrada e Sobremesa do Nordeste, oferecido pela Associação Brasileira de Restaurantes e Empresas de Entretenimento (Abrasel). saudavel2.indd Sec1:24 Ronald explica que a principal dificuldade de fazer sorvete em casa é a falta das máquinas que impedem a formação dos cristais de gelo. “Nunca vai ficar igual ao que a gente encontra em restaurantes ou sorveterias por causa dos amidos e do balanceamento, que é um processo industrial, mesmo nos sorvetes artesanais”, diz. Aos leitores da VidaBosch, porém, Ronald sugere um receita simples, que pode fazer sucesso mesmo produzida em casa. Como sorvete combina muito bem com outras sobremesas, o chef pernambucano ensina também a fazer uma torta de noz que fica irresistível quando misturada a sorvete de pistache. Restaurante Yolanda rua Francisco da Cunha, 881 | Boa Viagem | Recife Fone: (81) 3325-5395 1/13/06 1:25:49 PM saudável e gostoso | VidaBosch | 25 Torta de nozes com sorvete de pistache Massa • 1 colher de sopa de fermento em pó • 6 colheres de sopa de manteiga sem sal, à temperatura ambiente • 1 xícara de açúcar • 3/4 de xícara de farinha de trigo • 1 pitada de sal • 1 ovo grande Recheio • 80 gramas de nozes • 1/4 de xícara de açúcar • 2 colheres de sopa de leite • 2 colheres de sopa de manteiga sem sal Modo de preparo Prepare a massa: Numa vasilha, misture a farinha, o sal e o fermento. Misture a manteiga e bata na batedeira até que a massa fique fofinha. Misture o ovo batido e bata bem até que fique incorporado. Transfira para uma superfície e trabalhe um pouco com a massa. Abra-a sobre uma forma de 25 centímetros de diâmetro de fundo removível. Aperte bem. Leve ao forno médio por 20 minutos ou até que esteja cozida. Reserve. Numa panela, misture o açúcar e a manteiga. Cozinhe em fogo baixo, mexendo sempre, até que comece a dourar (uns 3 minutos). Coloque o leite lentamente e misture até que fique cremoso. Retire do fogo e misture as nozes. Coloque o recheio na torta e alise com uma colher. Leve de volta para o forno por mais 10 minutos. Retire e sirva com sorvete de pistache. Sorvete caseiro de doce de caju Ingredientes • 1 lata de leite condensado • 2 latas (medida) de leite • 4 gemas • 50 gramas de açúcar • 100 gramas de doce de caju cortado em pedacinhos saudavel2.indd Sec1:25 Modo de fazer Ferva o leite de vaca e o leite condensado. Junte o açúcar à gema e bata até ficar esbranquiçado. Misture ao leite e deixe ferver. Acrescente os pedacinhos de doce e espere mais uma vez que a mistura ferva. Retire do fogo e coloque no congelador por uma hora. No lugar do doce de caju, pode ser usado o sabor de sua preferência. Basta ajustar o açúcar. 1/13/06 1:27:07 PM 26 | VidaBosch | tendências Vencedores das últimas três edições do Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira (em sentido horário): luminária Bossa, prendedor de roupas multiuso, superfície pneumática, poltrona Pelicano, azulejos da Coleção Malarmé e cabideiro Giro tendencias2.indd Sec1:26 1/13/06 12:55:21 PM tendências | VidaBosch | 27 Fotos Divulgação/Museu da Casa Brasileira | Por Lia Hama A diferença que faz diferença Antes associado a produtos sofisticados e voltados a um público restrito, o design está presente nas mais diversas áreas – de computadores a válvulas de descarga A té pouco tempo atrás, o termo design estava associado a objetos caros e sofisticados, que ficavam restritos a um pequeno e endinheirado público consumidor. Felizmente, o conceito mudou. Hoje, a preocupação em criar um produto que, além de funcional, seja esteticamente atraente está presente nas mais diversas áreas e voltada para os mais diferentes públicos. Pode ser a fachada de um museu, um automóvel, um utensílio doméstico ou simplesmente a embalagem de um produto. Para tudo o que nos rodeia há profissionais pesquisando e criando coisas que sirvam não apenas para satisfazer necessidades básicas, mas também para trazer beleza ao cotidiano. “O design tem a função de diferenciar os produtos num mundo em que eles estão cada vez mais iguais”, afirma Adélia Borges, diretora do Museu da Casa Brasileira e professora de História do Design na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo. Prova de que o design é a alma do negócio? Um dos casos mais famosos é o da americana Apple. A empresa de computadores estava à beira da falência em meados dos anos 90, quando decidiu investir intensamente na fabricação de produtos que fossem esteticamente irresistíveis. Foi a partir dessa premissa que nasceram os iMac, computadores com design inovador que utilizam plástico translúcido e colorido no lugar da caixa bege que era padrão nos tendencias2.indd Sec1:27 1/13/06 12:56:42 PM 28 | VidaBosch | tendências Com os computadores e softwares modernos, hoje é mais fácil fabricar objetos sofisticados em larga escala PCs. Um dos mais recentes lançamentos da Apple é o iPod, tocador portátil de música digital que se tornou uma verdadeira febre mundial. Um de seus grandes trunfos é o visual limpo, prático e moderno, responsável por alçar o MP3 player à condição de ícone do consumo mundial. Outro exemplo? A chamada garrafinha Contour da Coca-Cola. Com seu design ergonômico (cabe perfeitamente na mão) e sedutor (cheio de curvas), desbancou os concorrentes e se tornou marca registrada do refrigerante. Pode ser reconhecida até mesmo no escuro. “O design é a alma das criações humanas”, resume o presidente-executivo da Apple, Steve Jobs. Graças às novas tecnologias, hoje é mais fácil fabricar objetos sofisticados em larga escala. A velha prancheta do designer cedeu lugar a computadores e softwares que dão tridimensionalidade e precisão aos projetos. “Eu diria que há poucos anos projetávamos de forma ‘analógica’. Hoje, projetamos de forma ‘digital’. O mundo virtual nos permite conceber os produtos já em três dimensões. Dos nossos computadores saem os desenhos e as bases de dados para fabricação de protótipos em máquinas e equipamentos. Essa mesma base de dados é traduzida para a fabricação dos moldes. Assim, encurtamos muito o prazo de desenvolvimento de projetos e ganhamos precisão e controle absoluto da forma”, diz o designer Guto Índio da Costa, premiado em Hannover, na Alemanha, no IF Design Award 2004, espécie de Oscar do desenho industrial mundial. A reviravolta das Havaianas Unir um design interessante a uma poderosa estratégia de marketing foi a fórmula encontrada pela São Paulo Alpargatas para trans- tendencias2.indd Sec1:28 formar as prosaicas sandálias Havaianas em objeto do desejo mundial. Fabricadas há mais de 40 anos no Brasil, as sandálias hoje são exportadas para 75 países e podem ser vistas sob os pés de celebridades como a atriz Nicole Kidman, a modelo Naomi Campbell e a princesa Stéphanie de Mônaco. “As Havaianas são um verdadeiro case do design brasileiro. Elas evocam uma informalidade que está em voga no mundo Lili Martins/Folha Imagem todo”, afirma Adélia Borges. Elas são a “essência da simplicidade sexy” e ostentam um design “maravilhosamente clean”, concorda Gity Monsef, diretora de criação do Zandra Rhodes Museum, respeitado museu de moda de Londres. Um dos segredos do sucesso das Havaianas é a borracha sintética usada em sua fabricação. De fato, por causa de sua matéria-prima, as sandálias “não deformam, não soltam as tiras e não têm cheiro”, como diz um antigo slogan da marca. Mas nada disso impediu que as vendas do produto despencassem de 88 milhões de pares, em 1988, para 65 milhões, em 1994. Foi nesse momento que a empresa decidiu dar uma guinada e investir no reposicionamento da marca. O objetivo era fugir do estigma de produto para as classes populares. Investiu-se em design, com a criação de novas cores e modelos — mais caros do que os que existiam antes. Em 1994, havia apenas um modelo em quatro cores. Hoje, são 40, que podem ser encontrados em dezenas de cores diferentes. “Além disso, foi criada uma mídia com pessoas famosas para mostrar que a sandália, além de utilitária, também é fashion. É brasileira e global. Calça de presidentes a trabalhadores. Ou seja, é absolutamente democrática e faz jus ao slogan ‘Todo Mundo Usa’”, diz o gerente de desenvolvimento da Havaianas, Edimar Ferreira de Andrade. Presença no exterior As Havaianas são um caso raro de produto de design “Made in Brazil” que faz sucesso no exterior. Apesar de a participação das criações brasileiras no mercado externo ainda ser tímida, ela vem crescendo. “O design brasileiro era praticamente desconhecido dez anos atrás. Isso mudou com os irmãos Campana”, diz Adélia Borges, diretora do Museu da Casa Brasileira, que promove um prêmio anual de design. A charmosa cadeira vermelha foi a peça que projetou Humberto e Fernando Campana no cenário mundial e marcou o início da fabricação em larga escala dos móveis da dupla. Feita de um emaranhado de cordas, ela passou a ser fabricada pela Edra, da Itália, e faz parte do acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA). Mais recentemente, 20 1/13/06 1:02:55 PM tendências | VidaBosch | 29 Fotos Divulgação Os irmãos Humberto e Fernando Campana (página ao lado) foram os pontas-delança do design brasileiro no exterior, com obras como a cadeira Corallo (página ao lado) e a célebre cadeira de cordas (ao lado), que faz parte do acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York tendencias2.indd Sec1:29 1/13/06 1:04:13 PM 30 | VidaBosch | tendências Fotos Divulgação/Museu da Casa Brasileira Design premiado: detalhe do cabideiro Huevos Revueltos (ao alto, à esquerda), o móvel da Linha Bandeirola (ao alto à direita), o pequeno carro 828/2 (acima) e o ventilador Spirit (página ao lado) A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Fogão sem fogo Uma maneira de dar um toque elegante e moderno a uma cozinha é usar, em substituição ou como complemento aos fogões convencionais, os ceramic cooktops. Ao invés de bocas com chamas alimentadas por gás, o sistema utiliza potentes resistências elétricas que aquecem uma mesa vitrocerâmica, uma espécie de vidro resistente a altas temperaturas. Com design diferenciado, os fogões ceramic cooktops da Bosch dispensam botões ou seletores: o controle de temperatura e outras regulagens são feitos com um simples toque no painel (tecnologia touch control). Ao todo, o ceramic cooktop da Bosch oferece 17 níveis de aquecimento, o que possibilita preparar receitas com maior precisão. Como não há produção de fogo, apenas de calor, o aparelho conta com luzes de advertência que avisam quando a mesa de cerâmica está quente, mesmo depois de o fogão ter sido desligado. tendencias2.indd Sec1:30 1/13/06 1:05:24 PM tendências | VidaBosch | 31 Simples e surpreendente Outros designers que têm despontado no Brasil são a dupla Luciana Martins e Gerson de Oliveira, da Ovo Design. Na 19ª edição do Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira, realizada em outubro último, ela foi vencedora na categoria Utensílios, com o projeto Huevos Revueltos. Trata-se de um conjunto de bolas de bilhar que, retiradas de seu contexto, ganham uma nova função: instaladas na parede, elas servem como cabideiro. “É um projeto absolutamente simples, mas surpreendente”, afirma Adélia Borges. É da Ovo Design também o conjunto de caixas modulares de acrílico Box in the Box. Contidas umas dentro das outras, elas formam diferentes jogos de cores, dependendo da forma como são encaixadas. Parte das criações da dupla pode ser vista na Galeria Melissa, espaço que reúne arquitetura, moda e design na rua Oscar Freire, em São Paulo. Entre os premiados estão também a Lixeira para Coleta Seletiva, de Adriano Carvalho, e a válvula Duo Flux, de Régis de Carvalho Romera e Laércio Oliveira de Figueiredo. Esta última dispõe de duas opções de descarga, uma mais forte e outra mais fraca, o que permite economizar água. Assim como a lixeira de coleta seletiva, o produto representa uma tendência importante do design atual: preocupação com o meio ambiente. É o caso da Estante para Diana B., de Álvaro Wolmer, que recebeu o primeiro lugar na categoria Mobiliário e traz um selo verde comprovando que a madeira utilizada vem de reflorestamento. Presença do design brasileiro no exterior cresceu, mas produtos nacionais ainda têm pequena participação no mercado internacional Espaço para crescer Apesar da nova safra de bons profissionais, ainda há um longo caminho para que o design daqui seja reconhecido lá fora, avalia Guto Índio da Costa, que também levou o prêmio de Equipamentos Eletro-Eletrônicos do Museu da Casa Brasileira, com o balcão Check-Out Station, da Itautec. “A importância do design brasileiro ainda é mínima. São raríssimos os produtos ‘Made in Brazil’ com penetração internacional e os cases de design nacional produzidos fora do Brasil. Nossa indústria precisa ganhar o mundo. Ainda somos muito focados no mercado nacional. Quando visitamos feiras fora do Brasil, são raríssimas as indústrias brasileiras que encontramos expondo produtos”, afirma o premiado designer, que, no entanto, já começou a trilhar o caminho de exportar tendências. Divulgação produtos brasileiros foram premiados no IF Design Award 2004, na Alemanha, entre eles, o ventilador Spirit, de duas pás, com lâmpada embutida, da Plajet, desenhado pelo escritório carioca Índio da Costa Design. Arquivo Bosch Ferramenta compacta e versátil As ferramentas a bateria podem ser um bom exemplo de como o design eficiente consegue conciliar beleza com funcionalidade. A parafusadeira a bateria GSR 10,8V, da Bosch, é um desses casos: incorpora o visual mais moderno que tem marcado esse tipo de produto, tem um formato compacto e um desenho anatômico – o que é fundamental para a segurança. O desenho da empunhadeira (a parte da máquina em que o usuário segura a ferramenta) foi desenvolvido para dar maior aderência à mão do operador. Outra solução interessante é a lanterna embutida, recurso ideal para tarefas em áreas com pouca iluminação. Para facilitar os parafusamentos, o equipamento é alimentado por uma bateria com tecnologia idêntica à empregada nos telefones celulares (íons de lítio), dispensando fios elétricos e garantindo potência (a parafusadeira tem dez níveis de ajuste de torque). tendencias2.indd Sec1:31 1/13/06 1:06:32 PM 32 | VidaBosch | grandes obras A construção das hidrelétricas de Capim Branco I e II, na região de Uberaba, deve consumir 250 mil metros cúbicos de concreto e 12,3 mil toneladas de aço. Grandes_obras.indd Sec1:32 1/13/06 3:35:45 PM grandes obras | VidaBosch | 33 Divulgação Um túnel no meio do rio | Por Alan Infante Usina no Triângulo Mineiro constrói atalho subterrâneo de um quilômetro no rio Araguari para aumentar geração de energia U m túnel de mais de um quilômetro de comprimento, 14 metros de altura e 12 de largura é a principal inovação de uma obra em Minas Gerais. Um atalho subterrâneo para encurtar o caminho para carros, motos e caminhões na rodovia Fernão Dias? Não. Uma extensão de uma linha de metrô em Belo Horizonte? Longe disso: trata-se do desvio que altera o curso normal do rio Araguari e que serve para aumentar a potência de uma usina hidrelétrica que está sendo construída no Triângulo Mineiro, região que antigamente era conhecida como Sertão da Farinha Podre. O inusitado artifício, utilizado pelos engenheiros no projeto da usina de Capim Branco I, permitiu que a hidrelétrica ganhasse um desnível de 14 metros entre a barragem e as turbinas, sem que para isso fosse preciso ampliar a área inundada. A importância disto está no aumento da potência do complexo, já que “energia hidráulica é a combinação de altura e vazão de água. É a queda multiplicada pela quantidade de metros cúbicos de água que passam por segundo”, explica o engenheiro Luiz Fernando Rezende, gerente de implantação do Consórcio Capim Branco Energia (CCBE), grupo responsável pelo empreendimento. Na prática, as palavras do engenheiro podem ser traduzidas da seguinte maneira: não adianta um chuveiro no alto de um Grandes_obras.indd Sec1:33 arranha-céu, nem um rio Amazonas com uma queda de 30 centímetros. É preciso aliar uma grande quantidade de água e um desnível considerável, como uma cachoeira. Mas como construir um paredão — da altura de um prédio de 19 andares (55 metros), no caso de Capim Branco I — no meio do rio? Depois de ouvir a pergunta, Rezende ri, como se já esperasse o questionamento. “Essa é a maior curiosidade dos leigos”, gaba-se. Como todo bom mineiro, antes de responder Rezende retrocede um pouco na história, mesmo porque Capim Branco não é o nome de uma, mas sim de duas usinas. Como assim? Simples: para reduzir o impacto ambiental que seria provocado pela formação de uma única represa em uma área de 133 quilômetros quadrados, como previa um projeto de 1965, os engenheiros da obra em execução optaram, em 1987, por construir duas barragens, o que permitiu que o complexo tivesse quase o mesmo potencial energético, mas com um espaço alagado significativamente menor, de 64 quilômetros quadrados (18,6 quilômetros quadrados na Capim Branco I e 45,1 quilômetros quadrados na Capim Branco II). A mudança resultou numa perda de geração de 14% (a potência será de 450 megawatts), mas com uma redução de 53% da área inundada, de acordo com Rezende. Túnel Projeto pronto, mãos à obra: o primeiro passo para levantar a barragem é, obviamente, deixar seco o trecho onde ela será construída. Para tanto, paralelamente ao leito, é escavado um túnel capaz de comportar toda água do rio — no caso de Capim Branco I e II, esses dutos foram de 220 metros e 400 metros de comprimento, respectivamente. 1/13/06 3:36:39 PM 34 | VidaBosch | grandes obras O cronograma da obra prevê que até março de 2007 o complexo esteja em pleno funcionamento Mar de números Alguns números da construção do complexo Capim Branco dão idéia da dimensão do empreendimento. As obras devem consumir 250 mil metros cúbicos de concreto, o suficiente para pavimentar com uma camada de cinco centímetros uma estrada de oito metros de largura e 900 quilômetros de extensão — praticamente a mesma distância entre Campinas (SP) e Brasília (DF) ou entre Fortaleza (CE) e Paulo Afonso (BA). Só nas duas barragens, o que exclui as demais dependências da usina, serão gastas 73 mil toneladas de cimento, ou o equivalente ao carregamento de 2.450 carretas de grande porte. As 12,3 mil toneladas de aço que serão empregadas na estrutura das hidrelétricas equivalem ao material empregado na fabricação de 20.500 Volkswagen Gol. Mas erguer um complexo do tamanho de Capim Branco também requer energia humana. No pico de obras, em outubro de 2005, quase 4 mil pessoas trabalhavam no projeto, entre engenheiros e operários. No canteiro, eram servidas diariamente 3.130 refeições, 2.452 cafés da manhã completos e 910 lanches da tarde. Os números da dispensa também são impressionantes. Por mês, as panelas da cozinha de Capim Branco preparavam 11,5 toneladas de arroz, 4,75 toneladas de feijão, 29 toneladas de carne, 3,5 toneladas de verdura e 16,5 toneladas de legumes. Além disso, eram consumidos 145 mil pães por mês, 21,25 toneladas de frutas, 11.250 litros de leite, 625 quilos de café e 1.500 litros de óleo. Grandes_obras.indd Sec1:34 O túnel no complexo hidrelétrico de Capim Branco tem 14 metros de altura e 12 de largura. Com ele, será possível elevar a capacidade de geração de energia Com o caminho subterrâneo pronto, são abertos os canais entre o rio e a entrada e saída desse desvio. Nessa fase, a água passa tanto pelo leito do rio como pelo túnel. A partir daí, começa o bloqueio do leito, com a montagem das ensecadeiras — barragens de pedra, brita e argila. Rio bloqueado Para isolar a construção da usina, é preciso bloquear o rio um pouco à frente do canal de entrada para o túnel e antes do canal de saída. Em Capim Branco I, as duas ensecadeiras foram construídas simultaneamente. A partir da margem direita do Araguari, os caminhões despejaram no rio pedras, brita e, por fim, argila, para impermeabilizar. Concluídas as contenções, resta um lago entre os dois bloqueios. Nessa fase é feito o resgate dos peixes e, depois, a retirada da água represada. Com o leito do rio seco, remove-se o material natural (chamado aluvião) e impermeabiliza-se o fundo. Começa, então, a construção da barragem da usina, que é bem mais alta e mais larga que as ensecadeiras, uma vez que sua função não é desviar, mas sim represar a água. Para se ter uma idéia, enquanto o Araguari, no trecho da Capim Branco I, tem 50 metros de distância de uma margem a outra, a contenção de concreto tem 610 metros de largura. Em Capim Branco II, foram utilizados 300 mil metros cúbicos de aterro nos dois bloqueios, enquanto na barragem devem ser gastos 3,4 milhões de metros cúbicos do mesmo material. Terminadas as obras, o túnel que desvia a água do rio é bloqueado e a represa começa a ser formada. Em poucos dias, o Araguari dá conta de encher os 241 milhões e 872 milhões de metros cúbicos de água que ficam 1/13/06 3:37:21 PM grandes obras | VidaBosch | 35 Fotos Divulgação A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Rapidez Nem só de grandes estruturas é feita uma hidrelétrica. Materiais menores também são fundamentais para o funcionamento de qualquer usina. Para a instalação de antenas e cabos de transmissão em Capim Branco, os construtores utilizam o Martelete GBH 2-24 DSE da Bosch. Leve e potente – pesa apenas dois quilos e tem um motor de 680 watts —, a ferramenta é capaz de romper concreto armado, metal e madeira. Seu diferencial é a praticidade, pois permite que pequenos serviços sejam realizados de forma rápida, segura e com conforto ao operador. Arquivo Bosch retidos nas barragens de Capim Branco I e II, respectivamente. Com a água no nível adequado, começam os testes para verificar o funcionamento das comportas e dos equipamentos da casa de força, onde ficam as turbinas e os geradores da usina. Pelo cronograma, até março de 2007 o complexo estará em pleno funcionamento, de acordo com Rezende. “Em janeiro já começamos a geração em Capim Branco I”, destaca. Investimento de R$ 817 milhões O complexo energético de Capim Branco está localizado entre as cidades mineiras de Araguari, Uberlândia e Indianópolis, numa região que deixou para trás o nome pelo qual era conhecida antigamente — Sertão da Farinha Podre — para se tornar símbolo de prosperidade no Estado. Consagrado pólo industrial e logístico, o Triângulo Mi- Grandes_obras.indd Sec1:35 neiro já desponta também como centro de produção biotecnológica. Dentre os crescentes investimentos que recebe, estão os R$ 817 milhões que o CCBE calcula que injetará na construção das usinas de Capim Branco I e II. Com capacidade de geração de 450 megawatts, o suficiente para atender quase 10 cidades como Araguari (102 mil habitantes, segundo o Censo 2000), quatro como Uberaba (252 mil) e duas como Uberlândia (501 mil), o complexo é uma promessa de bons resultados para os acionistas da CCBE — Companhia Vale do Rio Doce (48,42%); Cemig Capim Branco Energia (21,05%); Comercial Agrícola Paineiras, do grupo Suzano (17,89%) e Votorantin Zinco, do grupo Votorantin (12,63%) — que lucrarão com a venda de energia ou reduzirão seus gastos com consumo. Precisão Fazer a nivelação de vigas e colunas no leito de um rio não é tarefa fácil. O terreno acidentado dificulta o cálculo de alturas e distâncias, o que pode produzir resultados imprecisos. Um equipamento desenvolvido pioneiramente pela Bosch acaba com esse problema. O Nível a Laser BL 130 I é capaz de medir com precisão a distância — de até 130 metros — entre dois pontos, pois elimina automaticamente o diferencial produzido pelo declive. Por exemplo, se o aparelho estiver a uma altura de 30 metros em uma coluna e seu raio for projetado num ponto a 30,5 metros de outra, o acréscimo de metros produzido pela inclinação é descontado pelo Nível. 1/13/06 3:38:16 PM 36 | VidaBosch | Brasil Cresce.indd Sec1:36 Brasil cresce 1/13/06 3:53:10 PM | Por Maria Finetto Fotos Rachel Guedes As guloseimas brasileiras, que há muito seduzem os consumidores daqui, fazem sucesso também lá fora: em 2005, as vendas externas cresceram 5% Balas do Brasil adoçam o mundo inteiro Com exportações em alta, guloseimas brasileiras chegam a mercados tão diversos quanto Estados Unidos, África do Sul e Iraque, num total de 144 países A s guloseimas brasileiras, que há muito tempo seduzem os consumidores daqui — a ponto de alguns produtos marcarem época, como as balas Juquinha e Soft, os chicletes PingPong e Trident, o pirulito Zorro e os dropes Kids Hortelã e Halls — estão fazendo sucesso também lá fora. Terceiro maior produtor mundial de balas, confeitos e gomas de mascar, com 509 mil toneladas por ano (atrás apenas dos Estados Unidos e da Alemanha), o Brasil adoça o paladar de consumidores em vários pontos do planeta — exatos 144 países, de todos os continentes. Dos vizinhos argentinos, paraguaios e uruguaios aos mexicanos, canadenses, poloneses, angolanos, senegaleses e até os iraquianos, a lista de importadores aumenta a cada ano. Entre os mais novos estão os da África do Sul, porta de entrada para o mercado africano. “As balas e derivados são distribuídos de forma atípica — em caminhões Brasil Cresce.indd Sec1:37 — para Angola e Moçambique, por exemplo”, conta Dalva Antunes, gerente de projetos da Agência de Promoção das Exportações do Brasil (Apex-Brasil). Para impulsionar as vendas externas no setor, a entidade desenvolve desde 1998 uma parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab, que reúne 135 membros, dos quais 30 são fabricantes de balas e confeitos). “Em 1998, o mercado crescia menos. O setor tinha e tem competência em produção de candies (balas, dropes, pastilhas, balas de goma, chicletes, caramelos, confeitos e pirulitos), matéria-prima abundante (cana-deaçúcar e milho) e só nos faltava uma cultura exportadora. Nossos produtos não chegavam, na época, nem a 70 países. Foi quando os mais inteligentes decidiram investir de uma forma mais agressiva no mercado externo”, lembra o presidente da Abicab, Getúlio Ursulino Netto. A estratégia deu certo. As exportações brasileiras do setor, que em 1998 cresciam 8%, em 2004 saltaram 25%, segundo a associação dos fabricantes. Dados da própria entidade mostram que, no primeiro semestre de 2005, só no segmento de balas e confeitos o volume exportado somou 74,7 mil toneladas, equivalente a US$ 82 milhões. Para o setor como um todo, a estimativa é de que a expansão em 2005 tenha sido de 11%, mesmo com o dólar em baixa ao longo de boa parte do ano. Avanço gradual A conquista dos mercados foi feita pouco a pouco, através de feiras internacionais e “expondo nossos produtos lá fora”, conta Ursulino Netto. O esforço de divulgação das guloseimas brasileiras faz parte da parceria com a Apex-Brasil, que envolve recursos da ordem de R$ 5,8 milhões de julho de 2005 a julho de 2006. 1/13/06 3:53:45 PM 38 | VidaBosch | Brasil cresce Entre os mercados-alvos da parceria estão Angola, Congo, Senegal, Rússia, Cazaquistão, Bielorússia, Ucrânia, Estônia, Arábia Saudita e Emirados Árabes. O critério para escolha dos mercados “é o número de bocas potenciais para o consumo dos produtos”, brinca o presidente da Abicab. Não por acaso, os Estados Unidos, país que inventou os chicletes, são os maiores devoradores dos doces brasileiros. A disputa por mercados tão diversos foi acompanhada pelo aumento de ganhos de escala e pela sofisticação e diversificação dos produtos. A indústria introduziu chicletes light, balas refrescantes e vitami- O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de balas, confeitos e gomas de mascar – só perde para Estados Unidos e Alemanha nadas, embalagens com atrativos (recados amorosos, figuras para colecionar etc.) e sabores diferentes, entre outros recursos para agradar aos olhos e aos paladares de crianças de todas as idades. De Rio Claro para a China A trajetória da indústria brasileira do setor pode ser resumida na história de dona Irene Teixeira, que, na década de 40, fabricava balas em sua própria casa, em Rio Claro (SP), e vendia-as na estação ferroviária para os passageiros da Companhia Paulista de Estradas de Ferro. As vendas prosperaram e ela abriu uma pequena empresa, contratou funcionários, ampliou a linha para pirulitos, chicletes de bola, dropes etc. O empreendimento cresceu e virou a Riclan (dona de marcas como Buzzy, Pop Mania, Energy Mix e TNT), de onde saem, hoje, 200 toneladas de guloseimas por dia — ela é a maior produtora de balas geladas no Brasil e a segunda maior fabricante de dropes. Ao se aventurar no mercado externo, o primeiro destino foram os Estados Unidos. Depois vieram Inglaterra, Bélgica, China, Austrália, México e Argentina. Atualmente, as balas, dropes, chicletes de bola, piru- litos e gomas da Riclan são distribuídos para todo o território brasileiro e para 82 países. “O Oriente Médio foi a mais recente conquista da empresa”, diz a gerente de produtos, Claudia Arbex. As exportações da Riclan cresceram, aproximadamente, 5% de 2004 para 2005. As unidades brasileiras de multinacionais do setor também têm exibido resultados importantes. Fruto da fusão, desde 2001, entre a italiana Perfetti e a holandesa Van Melle, a Perfetti Van Melle está otimista quanto ao mercado externo. “A Perfetti mundial exporta para mais de 130 países. A unidade brasileira exporta para mais de 30 e, inclusive, abastece outras empresas do grupo espalhadas pelo mundo”, destaca a gerente de grupo de produtos, Euzilene de Moraes. A empresa exporta, por exemplo, 60% de sua produção de pastilhas (Mentos). Entre os mercados que a filial brasileira conquistou recentemente está o México. Os produtos enviados para lá saem das duas unidades da Van Melle no Brasil — em Vinhedo e Jundiaí, ambas no interior de São Paulo. A empresa tem registrado, ano a ano, aumento de 15% a 20% no volume de vendas, segundo Euzilene. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Para todos os tipos de balas Desde a dosagem dos ingredientes até a embalagem final, a Bosch tem máquinas para todo o processo de produção da indústria de balas e confeitos. “É a única empresa no mundo que cobre 100% da fabricação desse tipo de doces”, afirma Thomas Koblinsky Jr, sócio da Komatek, empresa responsável pelas vendas das máquinas para embalagens de balas. Não por acaso, muitos dos produtos que utilizam a tecnologia Bosch — de eficiência comprovada em diversos testes feitos no centro de pesquisa e desenvolvimento da empresa, na Alemanha — são líderes de mercado. Na área de embalagens de balas, a Bosch tem diversas máquinas com funções diferentes. As balas duras, depois de produzidas, são lançadas de forma aleatória em um recipiente e, em seguida, alinhadas uma a uma, de maneira que a distância entre elas seja sempre a mesma. A partir daí, há três possibilidades de embalagens feitas, por três máquinas diferentes. A BVH 1800 é a mais rápida — como o nome indica, embala 1.800 produtos por minuto. Ela faz embalagens unitárias de dupla torção. Brasil Cresce.indd Sec1:38 1/13/06 3:56:53 PM Fotos Rachel Guedes O mercado brasileiro de guloseimas é muito sensível ao poder aquisitivo: vendas aumentam quando sobram moedas no bolso do consumidor Brasil cresce | VidaBosch | 39 O bom resultado das guloseimas brasileiras no exterior compensa o desempenho modesto do mercado nacional. O setor é muito sensível ao poder de compra da população, explica Ursulino Netto, da Abicab. Balas, pirulitos, chicletes e outros doces são baratos, mas dependem da disponibilidade de renda. “São produtos acessíveis para todas as faixas de consumo, mas sujeitos às oscilações da economia. Se sobrar moedas no bolso, o consumidor compra balas”, afirma. Em 2005, segundo ele, o mercado interno ficou estabilizado o suficiente para cobrir parte dos custos fixos. O faturamento no segmento de balas, confeitos e gomas de mascar, estima o presidente da Abicab, cresceu 5% e ultrapassou R$ 2,5 bilhões, mas as exportações tiveram papel fundamental nesse resultado. A fabricante Perfetti Van Melle avalia que o mercado interno é maduro, sem grandes oscilações. Euzilene de Moraes, gerente de produtos, diz que há planos de ampliar a produção em 2006 para atender as boas perspectivas de vendas. Mais informações: www.abicab.org.br • www.apexbrasil.com.br Arquivo Bosch Esse tipo de embalagem também é feito pela BVH 1000, que é mais lenta, porém mais flexível, pois prepara também embalagens de torção única. Há, ainda, uma terceira máquina para as balas duras, que monta embalagens do tipo sachê, a MiniWrap2000. Nela, as balas entram por um tubo horizontal com papel-filme; em seguida, dispositivos chamados mordentes cortam e selam os pacotes. As balas moles, mastigáveis, passam por um processo um pouco diferente. Um cordão de massa de bala é cortado por uma faca automática nos tamanhos exatos. A partir daí, o processo segue como nas balas duras, com as máquinas formando pacotes de dupla torção. Para esse tipo de processo, a máquina ideal é a BVW 1200. Depois de embrulhadas individualmente, as balas precisam ser reunidas em um mesmo pacote, que agrupa uma determinada quantidade de unidades. Para isso, elas são pesadas em balanças de alta precisão e colocadas em um tubo de filme, nesse caso vertical, que é cortado e selado. As máquinas que cuidam desse trabalho são a SVB2510, de produção intermitente, e a SVE2510, mais rápida, que trabalha de forma contínua. Brasil Cresce.indd Sec1:39 1/13/06 3:57:35 PM 40 | VidaBosch | atitude cidadã Pacto Global, parceria entre a ONU e empresas, abrange compromissos ligados a direitos humanos, direitos do trabalho, proteção ao meio ambiente e combate à corrupção ATITUDE.indd Sec1:40 1/13/06 3:46:28 PM Ormuzd Alves/Folha Imagem Forças de paz As empresas, maior fonte de riquezas no mundo, e a ONU, instituição com maior experiência em ações humanitárias, juntam-se em iniciativa para estimular a responsabilidade social | Por Marília Juste A s empresas são, já há algum tempo, o maior produtor de riquezas no mundo. O faturamento de algumas companhias supera o Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos em determinado período) de vários países. A receita mundial de grandes multinacionais alcança, por exemplo, US$ 30 bilhões, cifra superior ao PIB de 111 países, como Uruguai, Paraguai, Equador, Bulgária, Angola e Bolívia. Pacto Global Esse grupo com grande capacidade de mobilizar recursos juntou-se, em prol da responsabilidade social, à instituição mundial com mais experiência em ações humanitárias: a Organização das Nações Unidas (ONU), cujos braços abrangem áreas tão distintas como educação (Unesco), infância (Unicef), trabalho (OIT), saúde (OMS), segurança (UNODC), refugiados (ACNUR) e desenvolvimento humano (Pnud), entre muitas outras. A idéia de aglutinar esforços dos dois lados partiu do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que, em 1999, propôs uma união em torno dos direitos humanos, direitos do trabalho, proteção ao meio ambiente e combate à corrupção. É o Pacto Global, que hoje conta com a adesão de mais de 2 mil empresas, instituições, associações e entidades. ATITUDE.indd Sec1:41 1/13/06 3:47:21 PM 42 | VidaBosch | atitude cidadã No Brasil, mais de 110 companhias e entidades já aderiram ao Pacto Global Dave Hogan/Getty Images “A intenção do pacto é tornar as empresas parte integrante do trabalho das Nações Unidas”, afirma Marielza Oliveira, coordenadora da Unidade de Parcerias Estratégicas do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), que coordena as atividades do Pacto Global no Brasil. Dez princípios Foram estipulados dez princípios para as empresas que aceitassem o desafio de Annan: o respeito e a proteção aos direitos humanos; o combate a violações desses direitos; o apoio à liberdade de associação no trabalho; a abolição do trabalho forçado; o fim do trabalho infantil; a eliminação da discriminação; o apoio a uma abordagem preventiva aos desafios ambientais; a promoção da responsabilidade ambiental; o incentivo a tecnologias que não agridem o meio ambiente; e o combate à corrupção em todas as suas formas, inclusive a extorsão e a propina. Quase um ano e meio após o desafio público do secretário-geral da ONU, em 26 de julho de 2000 o Pacto Global entrou em operação. Nessa ocasião, diversos países — inclusive o Brasil, representado pelo Instituto Ethos — apresentaram na sede das Nações Unidas em Nova York uma relação de empresas interessadas em se engajar na iniciativa. Hoje, mais de cinco anos depois, o Pacto Global é parte do dia-a-dia de empresas em mais de 80 nações. Em mais de 50 já existe um Comitê Nacional do Pacto Global — entre elas, o Brasil. O Comitê brasileiro foi criado em dezembro de 2003 e reúne não apenas o setor privado, mas também entidades da sociedade civil, universidades, agências da ONU instaladas no país e associações empresariais. Nesse mesmo mês, o Brasil foi a sede do terceiro fórum internacional do Pacto Global. Organizado pelo escritório mundial da iniciativa, o encontro ocorreu na pequena cidade de Nova Lima, em Minas Gerais. Esse engajamento brasileiro traduziu-se em uma participação expressiva no projeto das Nações Unidas: mais de 110 empresas do país, muitas líderes em seus setores, já formalizaram sua adesão ao Pacto Global. Os efeitos desse pacto entre empresas e ONU são, obviamente, positivos para o ATITUDE.indd Sec1:42 Idealizado pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, o Pacto Global entrou em vigor em julho de 2000; hoje já conta com mais de 2 mil empresas e entidades mundo. E, para as empresas, os benefícios também são grandes. “Toda empresa hoje, ou pelo menos a grande maioria, tem uma preocupação social”, observa Marielza. “O Pacto Global garante a elas que o trabalho que estão realizando está baseado em valores universalmente aceitos. É uma garantia das Nações Unidas de que esses objetivos são concretos. E que precisam ser aprofundados”, completa. Troca de experiências O Pacto oferece, ainda, um espaço de dimensões até então inéditas para discussão e troca de experiências corporativas. “Às vezes, uma empresa quer trabalhar por uma causa, mas não sabe exatamente o que fazer. Às vezes, ela sabe o que fazer, mas encontra obstáculos que à primeira vista parecem intranspon- íveis. O Pacto Global cria um fórum de contato entre essas companhias para elas discutirem entre si e aprenderem com as experiências umas das outras”, diz Marielza. Além disso, o Pacto Global traz uma base de informações importante para empresas que atuam em países diferentes. Muitos conceitos utilizados em atividades sociais variam de nação para nação. Uma empresa pode querer abolir o trabalho infantil, por exemplo, e ter de lidar com legislações discrepantes, que estipulam idades diferentes para o fim da infância. “As Nações Unidas oferecem, através do Pacto Global, informações para facilitar o trabalho social das multinacionais. Ao lidar com várias leis diferentes, elas têm o respaldo da ONU para nivelar suas metas por cima”, afirma a coordenadora do Pnud. 1/13/06 3:48:12 PM atitude cidadã | VidaBosch | 43 Para aderir ao desafio apresentado por Kofi Annan é simples. A empresa precisa apenas enviar uma carta de seu principal executivo ao secretário-geral da ONU (veja quadro nesta página). Nela, é preciso expressar apoio à iniciativa e a seus princípios e declarar alguns compromissos. O primeiro é advogar o Pacto Global publicamente. Isso se faz, primeiramente, informando funcionários, acionistas, consumidores e fornecedores. Depois, integrando os dez princípios nos programas de desenvolvimento corporativo e treinamento e na declaração de missão da empresa. Por fim, incluindo o compromisso em seus relatórios anuais e outros documentos públicos, e também emitindo comunicados à imprensa sobre o assunto. O segundo compromisso a ser assumido é o de publicar anualmente o progresso na implementação dos dez princípios na empresa. Com um projeto tão grande, com tantas empresas em tantos países, como a ONU pretende fiscalizar se os signatários estão cumprindo seu compromisso? Simples: ela não pretende. “O Pacto Global não é uma ferramenta fiscalizadora. O objetivo é educacional”, afirma Marielza Oliveira. “Oferecemos um espaço de troca de informações e experiências, um fórum de aprendizado. As empresas entram voluntariamente e seguem os princípios voluntariamente”, completa. Mais informações: www.pactoglobal.org.br Como participar Empresas brasileiras que pretendem aderir ao Pacto Global devem encaminhar uma carta ao secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan. Para isso, é preciso mandar a carta, um formulário de adesão e um envelope vazio e aberto com o endereço de Annan: Kofi Annan Secretary-Gerneral United Nations New York, NY 10017, USA Tudo isso deve estar dentro de um outro envelope, selado e endereçado a: Marielza Oliveira Ponto Focal do Pacto Global no Brasil Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) SCN Quadra 2 – Bloco A, Ed. Corporate Financial Center – 7º andar, Brasília, DF 70712-901 ATITUDE.indd Sec1:43 A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Empresas do futuro Em outubro de 2004, a Bosch uniu-se às então mais de 1.700 empresas em todo o mundo engajadas no Pacto Global (atualmente, o número passa dos 2 mil). Segundo a presidência da empresa, na Alemanha, a adesão à iniciativa formaliza um compromisso social já existente desde a fundação da Bosch. Em abril de 2004, o Grupo Bosch já havia publicado seus princípios de responsabilidade social, como o compromisso com os diretos humanos, com a igualdade de oportunidades para todos os seus colaboradores e com o apoio e a integração de pessoas portadoras de necessidades especiais. “A adesão da Bosch torna público para o mundo o trabalho que já realizamos”, afirma o gerente de Relações Corporativas da Robert Bosch América Latina, Carlos Abdalla. Um dos trabalhos que demonstram o compromisso da empresa nessa área está ligado a uma iniciativa brasileira, o Programa Fit For Global Approach (FFGA). A empresa desenvolve seus fornecedores potenciais, visando elevar os padrões de qualidade e fidelidade de entrega, além de prepará-los para ser exportadores. “Nosso trabalho é capacitar essas empresas, na maioria nacionais, para participar de um jogo mais amplo”, explica o diretor de desenvolvimento de fornecedores da Bosch, Cid Fontana Lopez. As ações do FFGA fazem parte de um projeto maior da Bosch, o programa de Lean Manufacturing (Manufatura Enxuta). Seu foco, explica Lopez, é eliminar perdas na produção. Os fornecedores selecionados, em geral, têm um grande potencial para exportação, mas restringido por desperdícios no processo produtivo e administrativo. A Bosch procura ajudar essas companhias a eliminar esse problema. As empresas escolhidas recebem um treinamento de 350 horas, ao longo de dois anos, dado por uma equipe da Bosch. São sete os módulos do programa: ferramentas de manufatura enxuta; ferramentas preventivas de qualidade; gestão do valor de manufatura enxuta; logística integrada; ergonomia, tempos e métodos de padronização do trabalho; suporte tecnológico; e gestão de pessoas e negócios. No final dos dois anos, a central de compras da Bosch, na Alemanha, avalia o trabalho realizado pelos fornecedores que passaram pelo programa. Se o resultado for positivo, eles têm a porta aberta para participar de cotações internacionais para a Bosch e, se qualificados, para passar a fornecer produtos. Em outubro de 2005, 17 empresas fornecedoras passavam pelo programa FFGA, totalizando 5.950 horas de treinamento, 408 treinamentos ministrados e mais de mil pessoas capacitadas pela Bosch. Os quatro primeiros fornecedores já haviam sido avaliados e aprovados. A Samot, da área de componentes de usinagem, já exporta seus produtos para a Bosch de outros países. A meta é atender, até 2008, 40 fornecedores. 1/13/06 3:49:18 PM 44 | VidaBosch | aquilo deu nisso Rachel Guedes Criado em 1926 para movimentar limpadores de pára-brisa, o motor CEP é bastante versátil: permite alterar rotação, tensão, torque e consumo – o que o torna propício a aplicações diferentes aquilodeunisso.indd Sec1:44 1/13/06 3:42:25 PM aquilo deu nisso | VidaBosch | 45 1cm 12cm O motor de mil e uma utilidades Limpador de pára-brisa, cadeira de dentista, esteira de academia e painéis de publicidade têm algo em comum: um dispositivo com 12 centímetros de comprimento | Por Marília Juste U ma peça de apenas 12 centímetros de comprimento ajuda você em momentos tão diferentes como ao dirigir em dias de chuva, ao exercitar-se na esteira de uma academia e ao sentar-se em uma cadeira de dentista para acabar com aquela desagradável dor de dente. Trata-se de um motorzinho com grande número de utilidades: o motorredutor CEP. O dispositivo, desenvolvido pela Bosch em 1926, foi criado originalmente para movimentar os limpadores de pára-brisa dianteiros em automóveis. Percebendo o sucesso do equipamento na área automotiva, os engenheiros da empresa passaram a pesquisar outras aplicações para o pequeno motor. Facilitou a tarefa o fato de o motorredutor ser bastante versátil e permitir diversas opções de rotação, tensão, torque e consumo; além disso, cada combinação de diferentes regulagens pode dar origem a uma aplicação diferente. Uma dessas modificações foi feita pelos engenheiros brasileiros da Bosch. Com uma alteração no eixo e mais potência, o CEP foi adaptado, em 1999, para cadeiras de dentistas e camas hospitalares. “O sistema com o motorredutor CEP fica embaixo da cadeira ou da cama. Sua função é deitar e levantar o objeto quantas vezes forem necessárias”, explica Clecio Sanches, chefe de vendas da área de Negócios Industriais da Bosch. aquilodeunisso.indd Sec1:45 Na cadeira de dentista, o motor chega a ter uma potência de 86 watts — bem maior que a exigida para acionar os limpadores de pára-brisa (35 watts). Para essa aplicação, ele também atinge mais torque (força) que qualquer outro motor CEP: 4,8 kg/f (desempenho semelhante ao de um motor de portão eletrônico). Os outros motorredutores atingem no máximo 3 kg/f. Essas alterações mostraram-se certeiras e foram acompanhadas de crescimento nos pedidos de motores CEP para a área odontométrica. Mas os vôos do motorzinho nesse setor devem ir ainda mais longe. Em 2005, ele recebeu a Certificação Européia (CE), que constata que o produto está em conformidade com as regras do Mercado Comum Europeu. Esse selo, exigido para produtos das áreas de telecomunicação, farmacêutica, construção, eletroeletrônica, brinquedos e aparelhos médicos, abre as portas para os 28 países que compõem o Espaço Econômico Europeu (os 25 da União Européia, além de três membros da Associação Européia de Livre Comércio: Noruega, Islândia e Liechtenstein). Aos poucos, esse pequeno notável começa a disputar espaço em outros setores. Nas academias de ginástica, por exemplo, é o motor tipo CEP que movimenta as esteiras. Na publicidade, é o motorzinho que gira os grandes painéis rotatórios, aqueles outdoors que exibem várias propagandas alternadamente. O dispositivo também é usado em linhas de produção nas indústrias — máquinas gráficas, equipamentos que produzem velas, embalagens ou qualquer outro tipo de máquina que precise fazer um movimento de cima para baixo e de baixo para cima podem utilizar o motorredutor CEP. Nas indústrias de laticínios e fazendas, é o pequeno motor que agita os tanques de leite para não formar nata. Parte da versatilidade desse dispositivo vem de um plástico (polioximetileno) usado no eixo do motor. Esse material garante que o motor possa trabalhar sem ruídos e suportar vários ciclos de funcionamento. Além disso, se necessário ele pode ser programado para parar automaticamente (como no caso dos limpadores de pára-brisa de carros, que, quando desligados, param com a ponta do eixo sempre na mesma posição). Na Bosch do Brasil, as diferentes versões do motor tipo CEP são fabricadas em uma mesma unidade (em Campinas, no interior de São Paulo) e em apenas uma linha de montagem. Isso barateia o custo da produção do equipamento. A maior parte dos motores produzidos hoje ainda vai para a área automotiva (87%). O setor médicohospitalar vem em seguida, com demandas que não param de crescer. 1/13/06 3:43:02 PM 46 | VidaBosch | áudio Rachel Guedes No Brasil, 100 emissoras de rádio usam o sistema RDS para transmitir mensagens escritas a udio.indd Sec1:46 1/13/06 4:36:37 PM áudio | VidaBosch | 47 Festa no visor do seu rádio Displays dos aparelhos de som para automóveis podem fazer muito mais que apenas mostrar a faixa do CD ou a freqüência da estação | Por Guilherme Prezia E ngana-se quem acha que o mostrador de um auto-rádio não pode fazer nada além de exibir a freqüência da estação, a faixa do CD e uma ou outra faixa de luz colorida. A evolução dos displays possibilitou um grande ganho de funcionalidade nos aparelhos: os visores dos rádios mais sofisticados são capazes de exibir desde informações básicas – como o nome da rádio e da música que está tocando – até animações coloridas e gráficos com o controle das freqüências sonoras. Para ter uma idéia mais precisa da evolução dos displays, basta lembrar dos autorádios comercializados até a década de 80. Naquela época, a maioria dos aparelhos ainda não tinha visor de cristal líquido. Para sintonizar uma estação, por exemplo, era preciso girar com cuidado um botão no painel do aparelho, movendo, por meio de uma cordinha, um ponteiro que deslizava sobre um mostrador com as indicações das freqüências em AM e FM. Nesse padrão, imaginava-se que a sofisticação de um auto-rádio era proporcional à quantidade de botões e luzinhas. Até 20 anos atrás, em meados da década de 80, o lema do “quanto mais botões melhor” reinava entre os aparelhos eletrônicos. Prova disso são os filmes de ficção produzidos na época, como De Volta para o Futuro (1985) e Blade Runner (1982): em ambos, os carros futuristas eram apinhados de botões e luzes que ficavam piscando incessantemente no painel. O futuro idealizado para aparelhos ele- a udio.indd Sec1:47 trônicos na década de 80, no entanto, acabou não se concretizando. Ainda bem. E isso devido à popularização dos visores de cristal líquido, presente na maioria dos aparelhos eletrônicos produzidos atualmente – de simples calculadoras portáteis a celulares, passando pelos modernos laptops. “Os aparelhos portáteis não existiriam hoje sem a invenção dos mostradores de cristal líquido”, afirma a física Alaíde Pelegrini Mammana, do Centro de Pesquisa Renato Archer (CenPra), instituição que desenvolve em Campinas (SP) pesquisas na área de displays. Segundo Alaíde, os visores de cristal líquido, conhecidos no meio técnico pela sigla LCD (Liquid Crystal Display), consomem pouca energia. “Isso viabilizou aparelhos com displays de cristal líquido, pois eles não precisavam de muitas pilhas ou bateria para funcionar”, explica. Cristal líquido Atualmente, os mais modernos aparelhos de auto-rádio utilizam um painel de cristal líquido de alta resolução, semelhante ao dos aparelhos de celulares com visor colorido. Esse recurso possibilita que o visor do aparelho substitua os botões mecânicos por botões virtuais. Assim como acontece nos computadores, em que quase tudo pode ser operado por meio do clique do mouse, os novos auto-rádios são comandados basicamente por meio de um seletor, que permite ao usuário escolher as opções e regulagens que aparecem no display do auto-rádio. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Um rádio, 4.096 cores O auto-rádio Bremen, da Blaupunkt (marca da Bosch) é um dos aparelhos que reproduzem mensagens escritas no visor (RDS). Ele engloba o que há de mais moderno e sofisticado no mercado de auto-rádios. Seu display é capaz de exibir animações enquanto a música é reproduzida e oferece 4.096 opções de cores para iluminação. O próprio usuário pode escolher a cor predileta, a partir da combinação de azul, verde e vermelho. Mas os recursos do Bremen vão além: ele toca qualquer tipo de CD, inclusive com arquivos em MP3, e conta com a exclusiva tecnologia Dinamic Noise Covering (DNC). Através de um microfone instalado no teto da cabine, o sistema recebe informações sobre como está sendo reproduzido o som nos alto-falantes. Com isso, analisa quais são as freqüências com reprodução mais deficiente e compensa esse problema automaticamente, na equalização. O aparelho tem seis saídas de áudio: um canal central, uma saída de subwoofer, dois canais estéreos para os falantes instalados na parte da frente do carro e outros dois para os da parte de trás. 1/13/06 3:51:18 PM 48 | VidaBosch | Fotos Rachel Guedes áudio Tecnologia RDS permite que emissoras enviem mensagens para o auto-rádio Ao movimentar o seletor, pode-se acessar, por exemplo, um menu com opções para regulagens de equalização do som. Com esse recurso, o usuário consegue definir com precisão o tom da música, alterando a incidência de sons graves (como de um contra-baixo), médios (voz humana) e agudos (prato da bateria, chocalho). Até poucos anos atrás, essa regulagem podia ser feita somente com a instalação de um equalizador, aparelho com tamanho semelhante ao de um auto-rádio e que, portanto, ajudava a roubar espaço valioso no console central. A evolução dos displays possibilitou também a popularização de um recurso bastante útil para quem gosta de ouvir rádio: o sistema RDS. Através de um sinal, paralelo à transmissão do áudio, a emissora de rádio envia mensagens para o aparelho do usuário: qualquer tipo de mensagem escrita (anúncios, indicadores econômicos, cotações do câmbio), mas o mais comumente usado é o nome da estação e o nome da música que está em reprodução naquele momento. Pode parecer apenas um luxo tecnológico, mas quem nunca ficou em dúvida sobre o nome da rádio sintonizada e o nome de uma determinada música exibida na programação? Em evolução No Brasil, o sistema RDS ainda está restrito às rádios das principais cidades, num total de cerca de 100 emissoras. Em São Paulo, por exemplo, há 15 estações que transmitem informações em RDS. Segundo o engenheiro eletrônico Rubens Pedroso, que participou da implantação do sistema no Brasil, o RDS já está consolidando-se na Europa. “90% das emissoras européias utilizam o sistema”, observa. Mesmo registrando grande avanço tecnológico nos últimos anos, os displays ainda têm muito o que evoluir no segmento de auto-rádios. Nos próximos anos, os aparelhos deverão ganhar painéis de cristal líquido com uma resolução ainda maior, capazes de reproduzir animações, filmes e imagens com resolução semelhante à de um monitor de computador. E isso não é filme de ficção. a udio.indd Sec1:48 Com telas de cristal líquido, os displays ganharam mais cor e mais recursos 1/13/06 3:51:56 PM