A15 ID: 62044083 27-11-2015 DN+ XXI Governo Constitucional Presidente ameaça Costa com tudo o que pode fazer Tiragem: 27481 Pág: 3 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,50 x 30,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 8 "Entendo que hoje se virou uma página. Terminou urnciOlopolítico no governo e na Presidindoda República (...). Daqui porde...manas pode estar eleito um novo presidente e o que interessa é olhar para o futuro." PODERES Marcelo Rebelo de Sousa canclidawa Belém > Cavaco pode demitir António Costa? Cavaco Silva confrontou António Costa. O primeiro- ministro empossado confrontou o Presidente da República. No resto foi tudo multo formal. De acordo com a Constituição, o Presidente "só pode demitir o governo" se tal for "necessário para assegurar o regular funcionamento das instituições". Antes disso, terá de ouvir o Conselho de Estado. Tecnicamente, nada impede Cavaco Silva de demitir António Costa, precisa é de ter argumentos que provem que está em causa o regular funcionamento das instituições. > E, nesse caso, o Parlamento cairia? Não. Cavaco Silva pode demitir o governo, mas está impedido de dissolver o Parlamento. Mesmo que o Presidente não estivesse nos últimos seis meses, a Assembleia também não pode ser dissolvida no primeiro semestre após ser instalada. O Parlamento só pode ser dissolvido a 4 de abril e por um novo presidente. Confronto. Demitir o governo, vetar leis, pedir a sua fiscalização. Cavaco diz que quase todos os seus poderes permanecem intactos Cavaco Silva tem vários instrumentos ao seu dispor (ver caira): vetos políticos ou constitucionais, pedidos de fiscalização da constitucio nalidade de leis ou -sem poder De rosto crispado, que nunca se lançara bomba atómica da dissoluabriu ao longo da cerimónia da to- ção do Parlamento - mandar abaimada de posse, Cavaco Silva não xo o governo. abriu mão da prerrogativa dos seus Sobra pouco tempo para o exepoderes. De todos eles, exceto o da cutivo de António Costa tropeçar dissolução parlamentar, o único de nas próprias pernas: no imediato, a que "se encontra cerceado". aprovação do programa de governo O Presidente da República pro- socialista está garantida também meteu a sua "lealdade institucional" pelos votos do BE, PCP e PEV; as ao governo e ao recém-empossado eleições presidenciais acontecem primeiro-ministro no que for para a a 24 de janeiro (e uma eventual se- rio, e não resultando inteiramente "salvaguarda dos superiores inte- gunda volta a 14 de fevereiro): e o claro dos documentos assinados resses nacionais". No entanto, nes- Orçamento do Estado (sobre o qual entre os partidos a garantia de duses quatro parágrafos finais do seu ainda pairam algumas sombras) de- rabilidade no horizonte temporal discurso, Cavaco Silva sublinhou verá ser discutido e votado até mar- da legislatura, a tomada de posse e que não abdicava (o verbo é seu) "de ço. E Cavaco Silva deixa Belém a entrada em funções do novo exenenhum dos poderes que a Consti- 9 desse mês de março. cutivo constitui uma prova para a tuição atribui ao Presidente da ReAs ameaças do Precapacidade de diálopública", acrescentando que tem "a sidente podem cair go não só com as delegitimidade própria que advém de em saco roto. O candimais forças políticas ter sido eleito por sufrágio universal dato a Belém da área mas também com os Tudo farei para e direto dos portugueses". política do PSD e CDS, parceiros sociais e as Há um aviso: o Chefe do Estado Marcelo Rebelo de que o país não se instituições da socievigiará todos os atos do executivo e Sousa, disse ontem afaste da trajetória dade civil", alertou. Cavaco Silva disse que "tudo" fará que já chega de discoCosta notou, já "para que o país não se afaste da tir"se a crise deve concomo primeiro-miCAVACO SILVA atual trajetória decrescimento eco- tinuar ou não, se há nistro empossado, PRESIDENTE DA REPÚBLICA nómico e ¡dal criação de emprego e dissolução ou não, se o que "o governo propreserve a credibilidade externa". governo cai ou não. vém daAssembleia da Pode ser por aqui que o Presi- Não podemos brincar com coisas República - e é perante a Assemdente entenda que pode usar todos sérias", atirou. E lembrou a Cavaco bleia que responde politicamente". os poderes que tem à mão, como que o seu tempo também chegou E sacudiu qualquer tutela de Belém "demitir o governo, ouvido o Con- ao fim. "Entendo que hoje se virou ao programa de governo, dizendo selho de Estado, quando tal se tor- uma página. Terminou um cido po- que este só será discutido "no órgão ne necessário para assegurar o re- lítico no governo e na Presidência da de soberania que detém a compegular funcionamento das institui- República." tência exclusiva para a sua apreciações democráticas (o que significa ção-a Assembleia da República". que não o pode fazer simplesmen- Governo sem garantia de 4 anos Costa apontou ainda um horite por falta de confiança política)", O Presidente da República não ou- zonte de quatro anos para a sua gocomo se lê no si te da Presidência, viu Marcelo - e duvida que António vernação, quando se referiu que, referindo-se aos poderes presiden- Costa se aguente para toda a legis- "através de um processo de diálogo ciais inscritos na Constituição. latura. "Sendo o governo minoritá- político transparente e democrátiMIGUEL MARUJO, OCTÁVIO LOUSADA OLIVEIRA e RUI PEDRO ANTUNES dl > Mas poderia haver um outro governo do PS? co, se formou uma maioria estável que assegura, na perspetiva da legislatura, o suporte parlamentar duradouro a um governo coerente". Logo na parte inicial cia sua intervenção, Cavaco Silva disse que as dúvidas que levantou aos acordos assinados entre o N e os outros partidos de esquerda (BE, PCP e PEV) "não foram totalmente dissipadas". "Os referidos documentos são omissos quanto a alguns pontos essenciais à estabilidade política e à durabilidade do governo, suscitando questões que, apesar dos esforços desenvolvidos, não foram totalmente dissipadas", explicou-se. Cavaco notou que este executivo nasceu "de uma solução inédita na história da nossa democracia, suportada por uma maioria parlamentar que se comprometeu a não inviabilizar a entrada em funções de um novo executivo". "Desejo a vossa excelência, senhor primeiro-ministro, e aos membros do XXI Governo Constitucional, os maiores sucessos nas exigentes funções que agora iniciam", rematou o Presidente da República no seu discurso, apesar do rosto fechado e das palavras duras Caso Cavaco Silva avançasse para a demissão do governo, teria depois de indigitar um novo primeiro-ministro. Que poderia também ser da área política do PS. Ou de um qualquer outro partido. Teria, sim, de ter em conta, novamente, os resultados eleitorais de 4 de outubro. > Presidente tem prazo para demitir governo? Cavaco Silva poderá demitir o governo de Costa até 9 de março de 2016. dia em que tomará posse um novo presidente. Apesar de as eleições serem a 24 de janeiro, o poder para demitir o governo coloca-se apenas no plano da legitimidade e não da constitucionalidade. Não há "presidente de gestão". Só não pode mesmo dissolver a AR. Que outros poderes tem o Presidente? Até ao dia 9 de março o Presidente mantém o poder de vetar leis (incluindo matérias orçamentais) e de pedir a fiscalização preventiva ou sucessiva de constitucionalidade. O Presidente tem ainda vários outros poderes decorrentes da função, como ser o comandante supremo das Forças Armadas. Página 15