RELATÓRIO ANALÍTICO DO FILME O CLUBE DO IMPERADOR
Jaqueline Alves de S. Plácido
O CLUBE do imperador. Direção de Michael Hoffmani. Los Angeles: Universal, 2002. DVD
Para Ghiraldelli (2006), a filosofia é uma atividade realizada pelo filósofo com a
intenção de pensar a respeito de coisas consideradas pouco importantes sob vários pontos de
vista, é o que ele chama de “desbanalização do banal”, tal ideia é percebida claramente no
filme O Clube do Imperador no qual o professor Hundert procura ensinar aos seus alunos a
prática do pensamento como forma de se desvincular da repetição que nada produz, baseandose no pensamento de Sócrates. Ghiraldelli (2006), afirma que a filosofia desbanaliza aquilo
que muitos aceitam sem esforços para compreender o real, já que o objetivo do filósofo é
pensar sobre tudo que o cerca, não ignorando nada.
Segundo Ghiraldelli (2006), a filosofia se volta também para o estudo da problemática
da educação, dedica-se aos fatos ignorados pelos educadores. O filósofo é o profissional que
critica os modelos educacionais existentes que pouco valorizam a produção independente. No
filme O Clube do Imperador o filósofo da educação foi muito bem representado na figura do
professor Hundert que criticou a atitude do aluno Sedgewick Bell por não se interessar pelo
aprendizado efetivo, ao colocar sua esperteza acima da honestidade e da ética. O professor
tinha em alta conta as ideias socráticas e platônicas que valorizam o espírito criativo,
inovador, que consegue superar a mera reprodução do conhecimento. O autor (2006) é
coerente ao classificar o filósofo da educação como a figura que deve investigar as falhas
presentes nela, ao buscar promover mudanças que combatam o conformismo representado
pelas velhas normas estabelecidas.
De acordo com o autor (2006), a pedagogia molda as regras da educação, de modo a
guiar a criança contando com o auxílio de procedimentos técnicos para que o ensino seja
conduzido de forma a proporcionar a aprendizagem efetiva, a isso é dado o nome de didática.
É possível observar no filme a ação pedagógica refletida nas normas presentes no modelo de
educação apresentado, bem como a contribuição da didática quando o professor forma o
“clube do imperador” para que os alunos se sintam estimulados a estudar e aprender de fato a
Acadêmica do 2º período noturno do Curso de Pedagogia, do Instituto Superior de Educação da Faculdade
Alfredo Nasser, sob orientação da professora Ms. Bruna Milene Ferreira, no semestre letivo 2010/2.
história da cultura greco-romana. A teoria presente no texto (2006) e a prática encenada no
filme mostram o alcance do objetivo da didática unida à pedagogia para a concretização do
aprendizado do aluno.
No filme O Clube do Imperador a tentativa incansável do professor Hundert em fazer
com que os alunos aprendessem o conteúdo aliou-se à necessidade de promoção da ética. O
mestre procurava, por meio de seus ensinamentos, formar o caráter dos alunos, mas se
equivocou com Bell, ao ferir seus próprios conceitos sobre ética profissional, por alterar os
resultados dos exames para que esse estudante nada aplicado pudesse participar do concurso
oferecido anualmente pela escola. O professor acreditava que essa oportunidade poderia
estimular o aluno a se dedicar mais aos estudos tendo seu comportamento modificado pela
experiência, porém o pupilo o decepcionou quando no momento do concurso usou
ferramentas ilícitas ao copiar todas as respostas das questões em pauta em sua toga,
contrariando o professor e fazendo-o perceber que o aluno apenas o usou para ser o mediador
que o levaria às suas conquistas futuras, ao utilizar o conhecimento obtido através do mestre
para alcançar seus objetivos egoístas.
A mensagem transmitida pelo filme pode ser comparada ao conteúdo de um breve
conto de Machado de Assis, Um Apólogo (1998), que trata da história de uma agulha e de
uma linha que viviam discutindo quem tinha maior valor no trabalho de costurar vestidos para
as nobres. No fim das contas a agulha percebeu ser apenas quem abre caminho para que a
linha possa passar e atingir seu objetivo: ir ao baile com a sinhá. Em relação ao filme, o
professor foi apenas a pessoa que instruiu Bell para que ele, usando o que aprendeu de
maneira insensata, pudesse obter sucesso em sua vida profissional e particular. O filme e o
conto denunciam a existência nada moral de pessoas que se aproximam de outras apenas com
fins pessoais, fazendo do outro uma “ponte” para chegar onde se quer. O objetivo da filosofia
da educação, para Ghiraldelli (2006) é exatamente combater tal comportamento parasita ao
buscar a formação do cidadão autêntico e solidário.
REFERÊNCIAS
ASSIS, Machado de. Contos escolhidos. São Paulo: Zero Hora, 1998.
GHIRALDELLI, Paulo. Filosofia, filosofia da educação e o filósofo da educação. In:
Filosofia da educação. São Paulo: Ática, 2006.
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