. Boletim de Informações Sindicais Ano 5 n.º 88 30 de março de 2012 Em defesa da produção e do emprego brasileiros Grito de Alerta A União Geral dos Trabalhadores (UGT) e entidades sindicais que representam a classe trabalhadora e a patronal estão se unindo em defesa da geração de empregos no país. Para pressionar o governo a ampliar suas ações de combate à entrada de capital especulativo no país e, assim, reduzir os efeitos negativos que vive a economia brasileira, estão sendo realizadas manifestações de protesto em todo o país. Leia abaixo trechos da carta que está sendo entregue para o governo com as reivindicações do setor e com dados mostrando os perigos da desindustrialização no país. “A estagnação da indústria de transformação em 2011 é algo extremamente grave e preocupante. Por este motivo, entidades patronais e de trabalhadores se unem para ressaltar que apesar do forte crescimento do consumo, o setor industrial reduziu drasticamente a geração de empregos, agudizando ainda mais o processo de desindustrialização no Brasil”. Juros altos, câmbio valorizado, guerra fiscal favorecendo as importações, entre outros fatores, incentivam artificialmente a entrada de produtos importados, fazendo com que a indústria pouco contribuísse para o crescimento do PIB em 2011. Como consequência, o crescimento total da economia deverá ficar abaixo de 3%, após crescimento de 7,5% em 2010. Esses dados revelam o descompasso entre as ações promovidas pelo governo, e a realidade da indústria que demanda medidas emergenciais e efetivas. A desindustrialização não se iniciou nos últimos anos, mas vem se intensificando desde 2008. Em 1985, a indústria de transformação representou 27% do PIB, em 2011 deve ter chegado a menos de 16% e mantida a atual situação, chegaremos ao fim de 2012 com menos de 15%. Estamos regredindo e voltando a ser uma economia produtora e exportadora de produtos primários, cujas cotações dependem dos humores da economia internacional. As mercadorias importadas invadem nosso mercado, enquanto as exportações de produtos industrializados se reduzem. Em 2011, o déficit na balança comercial de manufaturados foi de US$ 93 bilhões. Visando contribuir para a construção de um Brasil próspero e com boas oportunidades para todos, é que estamos reunidos – representantes dos trabalhadores e dos empresários – para este alerta em defesa da produção brasileira e de um ambiente econômico favorável ao crescimento. [Propomos] Medidas emergenciais para a retomada da indústria nacional. As centrais sindicais, entidades empresariais e estudantes fizeram nesta segunda-feira, 26, em Porto Alegre, a primeira grande manifestação contra a desindustrialização programada no País. Empresários, estudantes e trabalhadores de indústrias gaúchas reuniram-se na Praça da Matriz, no Centro de Porto Alegre, para realizar o movimento “Grito de Alerta — O Brasil não pode Parar”, em defesa da indústria. 01 UGT Global Greve Geral na Espanha Trabalhadores espanhóis iniciaram uma greve geral de 24 horas O movimento é uma resposta para as reformas trabalhistas e cortes implementados pelo governo conservador para acabar com a crise. Desde o primeiro minuto de quinta-feira começou na Espanha a greve geral de 24 horas chamada pelos sindicatos para protestar contra a reforma trabalhista aprovada pelo governo de Mariano Rajoy. Em um comício na Puerta del Sol, os dirigentes sindicais que organizaram o protesto defenderam o direito à greve e disseram que esperavam uma grande adesão dos trabalhadores. "Temos uma torrente de razões para uma greve geral. Tivemos que desmontar o falso jogo de palavras daqueles que falam de reforma quando querem derrubar o estado democrático laboral", disse Cándido Méndez, da União Geral dos Trabalhadores da Espanha. "Aqui estamos nós, como em outros lugares de cidades de nosso país, homens e mulheres que não nos resignamos a ser condenados à pobreza e ao desemprego. Vamos ter uma greve, uma maré democrática vai percorrer as ruas”, disse o líder da Confederação de Comissões Operárias (CCOO), Ignacio Fernández Toxo. É a primeira greve geral contra o governo do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, que foi eleito em novembro e começou a trabalhar em dezembro em meio a uma profunda crise econômica na Espanha. “Não é aceitável que os trabalhadores paguem a conta da crise iniciada pelos especuladores e grandes corporações multinacionais”. “Repudiamos veementemente as políticas adotadas em vários países da Europa, e também as adotadas pelo Conselho Europeu, que oprimem a classe trabalhadora, indo na contramão do que deve ser uma política de recuperação econômica dos países em crise”. Otton da Costa Mata Roma, secretário de Relações Internacionais da UGT O protesto, convocado pelas duas centrais sindicais majoritárias, a UGT e a CCOO, ocorre quando ainda não completou os primeiros 100 dias de administração de centro-direita. A última greve geral em setembro de 2010, foi contra o governo socialista, que também implementou medidas de austeridade. Desde então, a crise econômica se aprofundou. Desemprego na Espanha atinge 23% do total e 50% entre os jovens. Cerca de 5,3 milhões de pessoas espanhóis estão desempregados.. O argumento dos sindicatos para a greve: "Eles querem destruir os direitos sociais e trabalhistas.”. O secretário-geral da UGT, Cándido Méndez, disse: "Esta greve foi um sucesso e democrático e social indiscutível. Teve ampla participação em todos os sectores e foi um grande ato de afirmação constitucional e democrática do povo espanhol”. Méndez fez as declarações na conferência de imprensa da UGT e CCOO para informar dados da greve geral - ele disse que "segundo os últimos dados que dispomos avaliamos que a participação varia de 97% na indústria e na construção e 57% no governo. "Portanto, uma participação média de 77%.”. 02 UGT Global Mais empregos para os jovens O emprego juvenil será o tema principal da próxima Conferência Internacional do Trabalho, que será realizada em junho em Genebra. A OIT quer escutar os jovens e espera que suas idéias e experiências se reflitam nos debates. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) está organizando durante os meses de março e abril reuniões em mais de 40 países de todo o mundo com o objetivo de escutar as opiniões dos jovens sobre a difícil situação do emprego juvenil. Antes da Conferência, a OIT designou março como o “Mês do emprego juvenil” e está consultando jovens desde Beirute até Bangkok e desde Lima a Lusaka. As consultas nacionais culminarão em um importante Fórum sobre Emprego Juvenil que será realizado em maio e do qual participarão cerca de cem jovens provenientes de organizações de empregadores, de trabalhadores e juvenis de todo o mundo. No Brasil, o evento deverá ocorrer nos dias 3 e 4 de maio. Enquanto o desemprego dos jovens atinge níveis recordes em muitos países, a OIT realizará um Fórum Global sobre Emprego de Jovens para discutir os desafios enfrentados pelos jovens no mercado de trabalho. O Fórum reunirá uma centena de homens e mulheres jovens de todas as regiões do mundo (entre 18 e 29 anos) envolvidos na promoção do trabalho decente para jovens. Os participantes vão compartilhar suas experiências e trocar impressões sobre a atual situação do emprego, discutir exemplos práticos de iniciativas bem-sucedidas que têm contribuído para a promoção do trabalho decente para a juventude. Como parte dos preparativos para o fórum foram lançados um concurso de vídeo e várias consultas nacionais sobre o emprego dos jovens para ajudar a moldar as conclusões de discussão e final desta iniciativa. (Notícias da OIT) Entidades querem maior participação Em uma carta aberta ao secretário-geral da Conferencia sobre o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, a Rio+20, a Confederação Sindical Internacional e diversas outras entidades internacionais da sociedade civil reivindicaram uma participação maior na elaboração do documento base da conferencia. A Rio +20 se realizará no Rio de Janeiro no próximo mês de abril. “Nós, organizações da sociedade civil e movimentos sociais que responderam ao apelo da Assembléia Geral das Nações Unidas para participar do processo da Rio +20, sentimos que é nosso dever chamar a atenção das autoridades competentes e cidadãos do mundo para a situação atual de grave ameaça aos direitos de todas as pessoas e de debilitamento da relevância da ONU”, inicia a carta. “Instamos os cidadãos do mundo a defender o futuro que todos nós queremos e fazer suas vozes serem ouvidas.” “Surpreendentemente, estamos testemunhando tentativas de alguns países de enfraquecer, ressaltar ou excluir sem uma discussão mais aprofundada, quase todas as referências às obrigações relativas aos direitos humanos e os princípios de equidade incluídos no texto base "O futuro queremos” para a Rio +20”, continua o documento. “Instamos aos Estados-Membros para que as negociações reflitam a maneira que Rio +20 deve ser: respeitar a agenda legítima do povo e do cumprimento dos seus direitos, da democracia e da sustentabilidade, juntamente com o respeito à prestação de contas, transparência e não voltar atrás nos compromissos.” “Estamos preocupados com a contínua exclusão de grandes grupos no processo formal de negociação do projeto inicial Rio +20. Pedimos que os grupos principais tenham a oportunidade de apresentar propostas e textos específicos para a consideração nos textos oficiais.” 03 UGT Global UGT cria instituto de estudos e pesquisas A Fundação do Instituto unanimidade pela plenária foi aprovada por Na 14ª Plenária da Executiva Nacional da UGT, foi ratificada a criação do Instituto de Altos Estudos da UGT. A entidade tem por objetivo apoiar tecnicamente a UGT e fortalecer as ações realizadas pelas secretarias operacionais, além de buscar estruturação para ampliação das lutas da central em prol da melhoria da qualidade de vida classe trabalhadora. O Instituto lutará pela construção de políticas públicas voltadas para a população, além de aumentar a apresentação de projetos que visem o desenvolvimento socioeconômico do Brasil, com melhor distribuição de renda, geração de emprego, erradicação da miséria, trabalho decente, jornada digna de trabalho, dentre outras bandeiras defendidas pela UGT. Pela igualdade de gênero e raça OIT lança curso à distância para disseminar conteúdos de igualdade de gênero e raça O Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil lançou no Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) o primeiro curso à distância, em língua portuguesa, para disseminação dos conteúdos do programa GRPE – Gênero, Raça, Pobreza e Emprego. Inicialmente, o curso será ministrado a uma turma piloto com o objetivo de colher eventuais sugestões para avaliação. Após a conclusão dessa etapa, o curso ficará disponível na Universidade do Serpro e existe a possibilidade de conceder acesso para pessoas de outros órgãos. O curso poderá ser acessado na página do SERPRO. Balanço de negociações de 2011 é positivo Mesmo com a inflação maior e crescimento econômico menor, o poder de barganha dos trabalhadores foi mantido em 2011 e o percentual de negociações que alcançaram aumento real ficou muito próximo ao registrado em 2010. De um total de 702 acordos fechados no ano passado, 86,8% conseguiram índice de reajuste acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Essa parcela ficou apenas 1,4 ponto percentual abaixo da verificada em 2010. O resultado foi considerado "extremamente positivo" pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), entidade responsável pelo balanço anual de negociações. Leia mais O UGT Global é o Boletim de Informação Internacional da União Geral dos Trabalhadores. A UGT é uma organização sindical constituída para defender os trabalhadores brasileiros através de um movimento sindical amplo, cidadão, ético, solidário, independente, democrático e inovador. Diretor de Comunicação: Marcos Afonso de Oliveira – MTb 62.224/SP Jornalista Responsável: Mauro Ramos 04