INFORMATIVO DA FEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES DAS INDÚSTRIAS GRÁFICAS, DOS SERVIÇOS GRÁFICOS E DA COMUNICAÇÃO GRÁFICA - FEVEREIRO DE 2013
REFLEXÕES SOBRE O 7 DE FEVEREIRO
90 anos cravados na memória do trabalhador gráfico
O Dia Nacional do Trabalhador Gráfico foi
instituído a partir de 1923, sendo a maior prova
da importância da categoria gráfica para a
organização dos sindicatos brasileiros no início
do século vinte. Esse dia foi fruto da histórica
greve dos gráficos de São Paulo, que a partir de
7 de fevereiro de 1923 e durante 58 dias,
questionou os desmandos da patronal sobre os
trabalhadores e terminou com várias
conquistas.
Privilegiados pela consciência política, e
consequentemente, pela compreensão de que
qualquer direito só é
possível a partir da
organização e da luta
concreta dos próprios
interessados, os
trabalhadores gráficos e
os dirigentes da época,
apostavam no poder de
mobilização do conjunto
da classe trabalhadora,
para alcançarem suas
reivindicações. Dentre
elas: redução da jornada
para 8 horas, regulação
do trabalho feminino e
infantil, aumento dos
salários, garantias
previdenciárias, o direito de greve e da liberdade
de organização.
Após 90 anos de justa comemoração do Dia
Nacional do Trabalhador Gráfico, queremos
compartilhar com os leitores uma breve reflexão
sobre as condições atuais e sobre a eficiência ou
não dos mecanismos de luta que estão sendo
usados pela categoria. Afinal, as experiências
do passado, mais do que nos proporcionar
orgulho e lembranças felizes, devem servir para
fundamentar as ações do presente. mas a
realidade é que nossa categoria perdeu muito
nessas décadas, nos quesitos consciência e
mobilização.
Em relação à profissão, as mudanças do
período são claramente percebidas. Aquele
profissional, chamado "artesão ou artista
gráfico", que lidava com tinta, papel e máquinas
rudimentares, cuja base principal eram as letras
gravadas em chumbo, precisa agora do auxílio
do computador, sendo quase impensável
qualquer impressão sem a utilização de
recursos tecnológicos cada vez mais rápidos e
modernos. O gráfico de hoje se confunde com
outros profissionais da computação ou do
desenho e algumas oficinas gráficas se
confundem com qualquer escritório. Ou seja,
perdeu-se parte
importante da identidade
da profissão gráfica
devido às transformações
tecnológicas e também,
devido ao dinamismo
próprio da conjuntura
histórica, social,
econômica e política do
mundo contemporâneo.
Em relação à categoria, o
reflexo desses fatores
ainda não podem ser
quantificados com
precisão. Mas é notório o
desconhecimento dos
direitos conquistados no
passado e, quem sabe por esse motivo, uma
postura passiva tanto no que se refere à defesa
dos direitos, quanto no que se refere à
organização e luta por sua ampliação. Alguns
resultados da alienação dos trabalhadores são:
perda do poder de negociação, desinteresse e
consequente enfraquecimento dos sindicatos,
facilitado pela presença de dirigentes pelegos
que defendem interesses próprios em
detrimento dos interesses da categoria, perda
ou redução de benefícios históricos como a
insalubridade e a Aposentadoria Especial e
ainda, a perda gradual da identidade da
categoria. Tudo isso fortalece as previsões de
desaparecimento da categoria gráfica ou sua
total descaracterização.
GRÁFICOS SEMPRE PRESENTES!
RESGATAR AS LUTAS DO PASSADO PARA GARANTIR O FUTURO DA CATEGORIA
Reconhecemos a importância de se comemorar o 7 de
fevereiro como parte da resistência da categoria. A
constatação das dificuldades atuais dos gráficos, bem como a
de todos os trabalhadores brasileiros, não significa que não
devemos nos orgulhar e festejar nosso passado de lutas.
Significa apenas, que não podemos nos esquecer de agregar
aos festejos, as ações políticas necessárias à garantia de que os
trabalhadores gráficos sempre estarão presentes nas lutas
gerais da classe trabalhadora. Para tanto é necessário unir a
categoria em torno dos ideais comuns e conscientizar os jovens
trabalhadores e trabalhadoras sobre a necessidade de
conhecer a história da categoria, de se indignar com as
imposições patronais e de lutar unidos em torno das
demandas e reivindicações atuais. Da mesma forma que em
1923 e de todos os anos que se seguiram, as principais palavras
de ordem continuam sendo ORGANIZAR E MOBILIZAR com
coragem e com a mesma determinação que, mesmo sob o
risco de perder, movia os lutadores do passado às históricas
greves que possibilitaram as grandes vitórias da categoria
gráfica. Salve o 7 de fevereiro! Parabéns a todos os
trabalhadores e trabalhadoras gráficas do Brasil!
ATENÇÃO SINDICATOS FILIADOS
Vamos preparar a coluna dos trabalhadores gráficos
na grande manifestação em Brasília no dia 24 de abril
Companheiros e companheiras, a FNTIG informa a
todos os Sindicatos filiados que a CSP-Conlutas e
várias outras organizações de trabalhadores no
Brasil, estão organizando uma grande jornada de
lutas que terá como ponto importante a
manifestação nacional em Brasília no dia 24 de abril
e será precedida por manifestações regionais em
todo o país.
Orientamos aos sindicatos que comecem a planejar
imediatamente sua participação, juntamente com
trabalhadores da base. Precisamos iniciar o debate
desde já para podermos participar com uma
representativa coluna de trabalhadores gráficos. A
marcha tem como objetivo dinamizar a luta contra os
ataques aos direitos dos trabalhadores e ao mesmo
tempo preparar a resistência, com uma plataforma e
um plano de ação comuns.
Para auxiliar na convocação e no convencimento
dos trabalhadores vários materiais - como cartaz,
jornal, além de uma cartilha contra o ACE (Acordo
Coletivo Especial) - estão sendo preparados e serão
enviados aos sindicatos com antecedência, para
que possam fazer os debates com a categoria:
Além do movimento sindical a meta é integrar os
diversos setores dos movimentos popular, sindical e
estudantil. Refletindo a ampla unidade que vem se
formando no movimento, a plataforma de lutas foi
definida assim:
80 anos do STIG-MG
PARABÉNS AOS GRÁFICOS MINEIROS
No último dia 12 de dezembro de 2012, o Sindicato dos Trabalhadores
Gráficos de Minas Gerais completou 80 anos de existência e apesar da
"idade avançada" segue representando, com vigor, os interesses dos
trabalhadores gráficos do Estado.
Nesses 80 anos o Sindicato atravessou momentos muito importantes para os
trabalhadores brasileiros:
- Nos primeiros anos - década de 30 e 40 -, sofreu com a perda de autonomia
imposta com as leis sindicais e trabalhistas criadas por Getúlio Vargas e com
o grande controle exercido pelo governo, por meio do Ministério do
Trabalho;
- O crescimento da organização dos trabalhadores na década de 50 e 60,
quando dentre outras ações, participaram da fundação da Federação
Nacional dos Gráficos;
- Os anos de chumbo da Ditadura nas décadas de 60 a 80 em que havia uma
rígida vigilância e perseguição por parte dos interventores indicados pelos
governos militares e órgãos de repressão que buscavam impedir qualquer
manifestação de insatisfação;
- O reflorescimento dos trabalhadores no cenário nacional com o
desenvolvimento do movimento denominado "Novo Sindicalismo" que
contribuiu imensamente para o fim da Ditadura Militar;
- As lutas que se seguiram ao fim da Ditadura e as grandes greves a partir de
1986 com a vitória da Chapa da CUT - Impossível esquecer a greve que se
alastrou nas gráficas da Lagoinha e Cidade Industrial em 86 e 87, as greves
de ocupação na Bates do Brasil e no Jornal Hoje em Dia em 1990, as grandes
greves dos trabalhadores da Editora Alterosa; as passeatas contra as Guerras
do Golfo e do Iraque; as colunas de trabalhadores gráficos que paralisaram
suas atividades para reforçar as passeatas pelo "Fora Collor";
- No início do século XXI também foram vários os momentos em que os
gráficos mineiros demonstraram sua indignação e, seguindo a orientação do
Sindicato, foram à greve para garantir seus direitos e reajustes.
Uma marca importante na trajetória do STIG-MG é a solidariedade de
classe: Sem Terra, Sem Teto, Metalúrgicos, Bancários e as diversas outras
categorias organizadas em todo o Brasil, sempre encontraram nesse
Sindicato um espaço para compartilhar suas lutas, derrotas e vitórias.
A prática da solidariedade, bem como a consciência política e a firmeza na
defesa dos interesses dos trabalhadores foi ensinada por grandes dirigentes
que passaram pelo sindicato desde os primórdios de sua existência e
orientavam as diretorias para a união da classe. Merecem destaque: Antônio
Luiz de Bessa, Francisco Martins Filho, Cícero Neves de Queiroz,
Waldemar Diniz, Bráulio de Morais , Galileu Tostes, Arturino Benevenuto
de Faria, João albuquerque, Amarílio Bandeira de Mello, José Gomes da
Silva, Octávio Xavier Ferreira, Edgar de Godoi da Matta Machado,
Floriano Peixoto de Paula, Nelson Gomes, Nelson Edy, Pedro Vieira,
Jayme Ferreira Maia, Robério Paulino, José Raimundo Costa, Wandercy
Lopes Duarte, Adauto Léles, Maria Imaculada, Graça Teodoro, Eliana
Lacerda, Marcela Marques e tantos outros dirigentes - homens e mulheres que dedicaram ou dedicam parte de suas vidas para manter o STIG-MG
como legítimo representante dos gráficos de Minas Gerais.
Nesse momento importante e feliz, a Federação Nacional dos Gráficos
parabeniza toda a categoria gráfica de Minas Gerais, bem como todos os
dirigentes que passaram pelo sindicato e, de forma muito especial, aos
dirigentes que estão à frente do STIG-MG nesse momento.
Sentimo-nos honrados de ter o STIG-MG como filiado e desejamos que o
sindicato possa existir sempre, honrando o nome daqueles, que em 1932,
tomaram a iniciativa de organizar a UTLJ - União dos Trabalhadores do
Livro e do Jornal, atual STIG-MG.
Gráficos aprovam greve em 1978
Chapa eleita em 1989
Sindicato apóia ocupação do
Incra-MG pelos Sem Terra.
EM DEFESA DE DOM PEDRO CASALDÁLIGA
Desde novembro de 2012, d. Pedro Casaldáliga,
bispo emérito da Prelazia São Félix do Araguaia,
no Mato Grosso, vem recebendo
ameaças de morte devido à sua luta pela
devolução das terras batizadas como
Marãiwatsédé aos índios da etnia
Xavante.
Nascido em 1928 na Espanha, D. Pedro
Casaldáglia mudou-se para o Brasil em
1968, no auge da Ditadura Militar. Desde
1971 é Bispo de São Félix do AraguaiaMato Grosso. Adepto da teologia da
libertação, adotou como lema para sua
atividade pastoral: Nada possuir, nada
carregar, nada pedir, nada calar e,
sobretudo, nada matar. É poeta, autor
de várias obras sobre antropologia, sociologia e
ecologia.
Como agora, Dom Pedro já foi alvo de inúmeras
ameaças de morte. A mais grave, em outubro de
1976, quando tentou socorrer duas mulheres
estavam sendo torturadas na delegacia de São
Félix. Por cinco vezes, durante a ditadura militar, foi
alvo de processos de expulsão do
Brasil, tendo saído em sua defesa o
arcebispo de São Paulo, Dom Paulo
Evaristo Arns. Em sua trajetória, sempre
se posicionou publicamente a favor das
lutas do povo. em 1994 apoiou a revolta
de Chiapas, no México, afirmando que
quando o povo pega em armas deve ser
respeitado e compreendido. Em 1999
publicou a "Declaração de Amor à
Revolução Total de Cuba".
Seu amor à liberdade inspirou sua luta
contra a centralização e hierarquia da
Igreja Católica e em várias outras lutas
em que se envolve ainda hoje, com 85 anos e
mesmo sofrendo do mal de Parkinson.
Em São Félix ele continua defendendo os
indígenas Xavantes, que desde a década
de 1960 lutam contra agentes do governo
brasileiro, grandes fazendeiros e
empresas multinacionais, pelo elementar
direito de viverem em paz nas terras que
lhes pertencem por direito. Devido a essa
luta, D. Pedro tem sofrido sérias ameaças
de morte e está sob "proteção policial".
A FNTIG junta-se às diversas entidades
que reconhecem o valor e a vida desse
grande homem e que organizaram um
"Comitê de Solidariedade a Dom Pedro
Casaldáglia".
Solicitamos que as entidades filiadas encaminhem
a assinatura do manifesto que pode ser acessado
no site http://cspconlutas.org.br/ e denunciem em
seus boletins a violência contra o povo Xavante e
ao bispo Casaldáliga.
Desde fevereiro de 2012, o Sindicato
dos Metalúrgicos de São José dos
Campos esteve à frente de uma forte
luta para impedir que GM demitisse
1.840 trabalhadores e fechasse um
grande setor da empresa.
A luta para barrar as demissões foi dura
e os companheiros tiveram que
mobilizar inclusive o Governo Federal,
chamado à responsabilidade pelo fato
de conceder incentivos ao setor
automobilístico sem se preocupar
sequer com a garantia dos postos de
trabalho.
Porém, após um ano de paralisações,
passeatas, idas a Brasília, fechamento de rodovias,
os metalúrgicos da GM de São José dos Campos
aprovaram um acordo que impedirá as demissões e
que certamente, incentivará outros trabalhadores a
não aceitarem passivamente o preço da crise
financeira alegada pelas empresas.
Saudamos a bravura dos trabalhadores da GM de
São José dos Campos pela grande vitória e
torcemos para que permaneçam vigilantes contra
novos golpes da patronal e do governo.
Chacina dos fiscais em Unaí completa nove anos sem solução da justiça
Em 28 de janeiro completou-se nove anos da emboscada
que matou a tiros quatro fiscais da Delegacia Regional do
Trabalho de Minas Gerais. Eles fiscalizavam trabalho
escravo no agronegócio e encontraram a morte na
Fazenda da família Mânica, a
mais rica e poderosa de Unaí,
onde foram recebidos a tiros por
jagunços contratados pelo Sr.
Antério Mânica.
Apesar de ter sido aprovada a
Lei 12.064, que criou o dia 28 de
janeiro como Dia Nacional de
Combate ao Trabalho Escravo, o
caso ainda não foi concluíodo
pela Justiça.
Enquanto a Justiça hiberna na
apuração de crimes contra
trabalhadores (não apenas os
fiscais mas também dos Sem
Terra de Felisburgo por exemplo
que completou cinco anos), a
situação do agronegócio em
Unaí segue atentando contra
tudo: a vida e a liberdade dos trabalhadores, a saúde da
população, o meio ambiente e contra a dignidade e a
esperança de todos que de alguma forma confiam na
justiça.
Sabe-se que o uso de agrotóxicos em Unaí é o mais alto
do nosso país, que por sua vez, lidera o ranking mundial
no uso dos venenos em plantações. Como consequência
disso, a incidência de câncer em Unaí é cinco vezes
maior do que no resto do Brasil. Os problemas de saúde e
adoecimentos ligados ao uso indevido ou à exposição a
agrotóxicos já foram
identificados em diferentes
estudos científicos que revelam
que este uso e/ou exposição é
responsável por doenças
respiratórias, no sistema
reprodutivo – infertilidade,
abortos, dentre outras – e
diferentes formas de
manifestação de câncer.
Portanto, a luta nesse caso não
se trata apenas de exigir a
punição dos assassínios, mas,
principalmente, dos mandantes
que, coincidentemente, são os
mesmos que matam pouco a
pouco a população de Unaí.
Contra isso trabalhavam os
fiscais na época e suas mortes
não podem ser em vão.
Pelo imediato julgamento e punição dos assassinos dos
fiscais do trabalho!
Pela fiscalização e controle do uso de agrotóxicos!
Pela preservação da vida com saúde, segurança e
dignidade da população de Unaí!
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Fevereiro 2013 - FNTIG - Federação Nacional dos Trabalhadores