| 42 | ZERO HORA > QUINTA | 8 | NOVEMBRO | 2007 Mundo > “Já tive o bastante. Não quero fazer parte desta m... de sociedade.” Pekka-Eric Auvinen, suposto atirador finlandês ➧ [email protected] Editor: Luciano Peres > 3218-4345. Editor Assistente: Rodrigo Lopes > 3218-4347 REPRODUÇÃO YOUTUBE, AP SEPPO SAMULI, AP América Latina Violência após manifestação contra Chávez Caracas Sobreviventes (foto ao lado) do massacre aparentemente cometido pelo estudante finlandês Pekka-Eric Auvinen (foto acima) são retirados da escola Jokela Terminou ontem em violência uma manifestação contra o projeto de reforma constitucional proposto pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que reuniu cerca de 80 mil pessoas no centro da capital, Caracas. N Escandinávia Estudante de 18 anos matou a tiros sete colegas e a diretora de sua escola, na cidade de Tuusula, e depois se suicidou, em crime que chocou o país Chacina escolar na Finlândia é anunciada em vídeo na internet Helsinque Uma das nações mais pacíficas do planeta – apenas 2,8 homicídios para cada 100 mil habitantes/ano, contra 23,9 do Brasil, por exemplo –, a rica Finlândia foi surpreendida ontem por um massacre escolar, um tipo de crime comum nos EUA, mas até então desconhecido no país. U m estudante de 18 anos invadiu seu colégio na cidade de Tuusula, 35 mil habitantes e a 60 quilômetros da capital, Helsinque, matou oito pessoas a tiros – sete colegas (cinco garotos e duas meninas) e a diretora da escola Jokela – e depois disparou contra a própria cabeça. Ele chegou a ser internado em um hospital, mas morreu horas depois. O caso chocou o país. Para tornar mais grave a situação, o assassino, ao que tudo indica, anunciou com antecedência o ataque, postando um vídeo de um minuto e 17 segundos no site YouTube, na terça-feira. Intitulado “Jokela High School Massacre – 11/7/2007” (“Massacre do Colégio Jokela”), o vídeo mostra a fachada da escola e em seguida duas fotografias de um jovem apontando uma pistola sobre um fundo vermelho. Embora a polícia não confirme oficialmente, o autor das imagens e da chacina seria o finlandês PekkaEric Auvinen, que usava o nome de usuário Sturmgeist89 (Espírito da tempestade89, em alemão). Em sua ficha no site, Auvinen se define como FINLÂNDIA RÚSSIA SUÉCIA Golfo de Botnia Mar Báltico Tuusula N Lago Laduga Helsinque Editoria de Arte “um existencialista cínico, um humanista anti-humano, um darwinista social anti-social, um idealista realista e um ateu endeusado”. – Já tive o bastante. Não quero fazer parte desta m... de sociedade. Estou preparado para lutar e morrer pela minha causa. Eu, como um seletor natural, eliminarei todos aqueles que considero deficientes, vergonhas da raça humana e fracassos da seleção natural – diz o jovem no YouTube. Colega achava que jovem estava “meio deprimido” Auvinen tinha uma conta anterior no YouTube com o nome de “Natural Selector89” (“Selecionador natural” e seu ano de nascimento), mas o portal a suspendeu devido ao conteúdo. No entanto, o finlandês conseguiu abrir uma nova conta com o apelido “Sturmgeist89” e postou vários outros vídeos, entre eles aquele no qual anuncia o massacre. Em outro, Sturmgeist89 mostra uma pistola, um carregador e várias balas, e depois é possível ver um jovem empunhando a arma com uma camiseta na qual se lê, em inglês, a frase “A humanidade é supervalorizada”. Todos os vídeos foram retirados ontem do site pelo YouTube. Além dos oito mortos, outras 12 pessoas sofreram ferimentos leves no ataque de ontem e não correm risco de vida. O colégio Jokela conta com aproximadamente 460 alunos com idades entre 12 e 18 anos – 300 do ensino fundamental e 160 do ensino médio. Os sobreviventes foram levados de ônibus até uma igreja próxima,onde receberam os primeiros socorros. Uma das testemunhas, a mãe de uma estudante, disse que cruzou com o assassino nos corredores da escola pouco após o começo do massacre. – Aonde você vai? – perguntou o jovem, com uma pistola .22 nas mãos. Tremendo, a mulher respondeu que tinha uma reunião com a professora de sua filha. – Não há mais reunião – retrucou o atirador, antes de dar meia volta e se afastar pelo corredor, segundo a mulher, que aproveitou para fugir. Tuomas Hulkkonen, um aluno que disse conhecer o atirador, contou a uma rede de TV que o rapaz vinha agindo “de modo estranho” ultimamente: – Ele se recolheu em sua concha. Imaginei que talvez estivesse meio deprimido. Mas nunca achei que ia acabar assim. ove estudantes que voltavam do protesto ficaram feridos ao serem atacados por um grupo de homens armados não-identificados no campus da Universidade Central da Venezuela (UCV), segundo o diretor nacional de Proteção Civil do país, general Antonio Rivero. De acordo com relatos de testemunhas à emissora de TV Globovisión, os atacantes, supostamente integrantes de grupos chavistas, entraram no campus usando máscaras e invadiram a faculdade de Serviço Social, onde houve confrontos e foram disparados alguns tiros. Conforme Ricardo Sánchez, um dos líderes dos movimentos estudantis que organizaram a manifestação anti-chavista, ao menos dois dos feridos foram baleados. Todos foram levados para o Hospital Universitário. Na manifestação, os universitários marcharam até o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) da Venezuela, onde pediram que o referendo sobre a reforma, previsto para o dia 2 de dezembro, seja adiado. O protesto foi organizado depois que Chávez ameaçou proibir as manifestações da oposição, durante seu programa Alô, Presidente, no domingo. Entre as mudanças mais polêmicas da reforma constitucional está a possibilidade de reeleição ilimitada do presidente – o que permitiria a Chávez se perpetuar no poder.