CONFERÊNCIA “PARA UMA REFORMA ABRANGENTE DA ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DO SECTOR PÚBLICO” 28-30 de Janeiro 2013. FCG – Audº 2 Senhor Governador Senhora Presidente do Conselho Nacional das Finanças Públicas Senhores Embaixadores Senhores Secretários de Estado Caros Colegas Senhoras e Senhores Conferencistas Senhoras e Senhores Participantes É com o maior interesse que a Fundação Calouste Gulbenkian retoma a organização, em parceria com o Banco de Portugal, de conferências sobre grandes questões da nossa economia. Permito-me recordar quando em 1973 entrei pela primeira vez na Fundação Calouste Gulbenkian para assistir a um memorável debate entre Jacques Rueff e Guido Carli, moderado por Vasco Vieira de Almeida, cujo tema foi o da reforma do sistema monetário internacional. Mais tarde, em 1976 e 1979 a Fundação promoveu duas importantes conferências internacionais sobre a economia portuguesa, em associação com o German Marshall Fund of the United States of America, tendo papel relevante na Comissão Executiva de tais conferências o então Governador do Banco de Portugal, Dr. José Silva Lopes, a quem uma vez mais presto as minhas homenagens. Mais tarde, o Banco de Portugal realizou aqui a generalidade das suas conferências sobre o desenvolvimento económico português no espaço europeu. Outras iniciativas do Banco de Portugal tiveram lugar nesta casa, tal como foram concretizados projectos de investigação cofinanciados pela Fundação Gulbenkian e pelo Banco de Portugal. Lembro ainda que o primeiro presidente da Fundação, Doutor José de Azeredo Perdigão, foi também o primeiro presidente do Conselho de Auditoria do Banco de Portugal, tal como, mais recentemente, aconteceu com o Doutor Emílio Rui Vilar. A conferência que hoje se inicia, é ainda co-organizada pelo Conselho Nacional das Finanças Públicas. Agradeço ao Doutor Carlos Costa e à Drª Teodora Cardoso todo o empenho posto nesta iniciativa, cujos primeiros passos foram ainda dados na presidência do Doutor Emílio Rui Vilar. Em nome das entidades organizadoras, queria manifestar todo o reconhecimento aos Profs. Pedro Pita Barros e Maximiniano Pinheiro, que organizaram esta iniciativa com elevada competência e o maior rigor. Devo ainda agradecer a participação de conferencistas estrangeiros e portugueses altamente prestigiados, bem como dos responsáveis de alguns dos mais importantes media. 2 Finalmente, devo ainda sublinhar todo o apoio prestado pelas equipas directivas das três instituições promotoras da Conferência. Foi escolhido um tema de decisiva importância perante os desafios que Portugal tem de enfrentar na crise mais complexa e profunda que as nossas gerações viveram - a reforma abrangente da organização e gestão do sector público. O sucesso desta reorganização tem uma importância determinante para o nosso futuro, não apenas pela necessidade de se impor a sustentabilidade das nossas finanças públicas como ainda para dispormos de forma convenientemente estruturada de uma organização capaz de proporcionar serviços com melhor qualidade e mais baixo custo. O acordo celebrado com as autoridades responsáveis pela gestão da ajuda externa a Portugal deu já lugar a um inegável sucesso na correcção do desequilíbrio externo, até mais rápida que do que se antecipava. Porém, devo sublinhar que se estima uma redução acumulada do PIB durante o período recessivo de 2009 ao final de 2013 superior a 7% e que o desemprego, em apenas dois anos, aumentou de 10,8 para 16%. É pois, agora, de fundamental importância que o cumprimento dos objectivos do défice público e da evolução da dívida pública em relação ao PIB possa ser articulado com políticas económicas que favoreçam o crescimento, dinamizado pelo aumento do investimento privado. Só assim será possível combater de forma sustentável o dramático aumento do desemprego e voltar a convergir com a Europa. 3 A análise dos bons casos de gestão de finanças públicas como foram nos anos 90 a Suécia, o Canadá e a Austrália, tal como no mesmo período aconteceu com a Finlândia, ajudar-nos-á a compreender que o saneamento das finanças públicas tem que ser feito através de políticas de grande profundidade, cuidadamente preparadas, elaboradas com elevado consenso político e social e, em especial, com a decisiva contribuição das comunidades académicas. Por outro lado, no nosso caso, importa aproveitar esta oportunidade para reforçar de forma estável os quadros da administração pública com técnicos de elevada qualidade, capazes de preparar com rigor e segurança as políticas orçamentais e lançar os processos que garantam uma execução bem sucedida, cumprindo metas e objectivos anteriormente assumidos e fixados. Esta é, aliás, uma condição indispensável para que, num período em que se exigem elevados sacrifícios a todos, se reforce a confiança e se mobilize a sociedade para um futuro com maior coesão social e melhor desenvolvimento económico. Artur Santos Silva 4