2015 – O ANO DO PRAGMATISMO POLÍTICO E ECONÔMICO - I
Nilson Pimentel (*)
Acontece que para a sociedade amazonense que sente a cada ano o alargamento das desigualdades entre seus
estratos ou camadas sociais, vê com descrédito as possibilidades de mudanças no cenário socioeconômico do
Amazonas.
Nesses últimos anos temos tido alguns percalços desestabilizantes que levaram ao desequilíbrio nas contas
públicas, principalmente quanto ao pagamento de dividas de curto prazo, provenientes de certos projetos
contratados em governo anterior, como a Ponte Rio Negro e Arena da Amazônia, dentre outros.
O aumento das despesas de custeio que balizou a desestruturação organizacional do Estado, com secretarias,
órgãos e instituições que desempenham funções paralelas ou sobrepostas, e outras que não desempenharam
nenhuma atividade de relevo, com tantos aumentos de cargos em comissão como ajustes de campanha ou de
“afilhados por QI”. Nesse cenário do passado que se encontra o Amazonas, o atraso não pode continuar.
Há de se entender que no Amazonas, o grave problema ou entrave não está na falta ou insuficiência de recursos
(receitas públicas) → financeiros, empréstimos, repasses, endividamento; (recursos naturais) → o imenso banco
de fatores de produção regional, talvez com exceção da energia que ainda é escassa; (recurso de capital
intelectual) →em uma cidade-estado Manaus com 2.020.301 de habitantes (IBGE-2014) possui 33 Instituições de
Ensino Superior que formam os recursos humanos que compõem o capita intelectual para atender as demandas
dessa sociedade.
Entretanto, tudo isto capaz de transformar o Estado do Amazonas em um dos estados brasileiros mais
prósperos, mas não acontece há décadas, pois predominam as formas mais absurdas, esdrúxulas e personalistas
de gestão pública.
E, para os especialistas é nada mais que um dilema, apresentado como um problema de governança na gestão
pública que a todos prejudica.
Entendo que o cenário para esse mandato do governante estadual deva ser pautado por renovações,
reestruturação organizacional do Estado, com o aprofundamento de adoção de estratégias na gestão pública
que privilegie o desenvolvimento regional, e as importantes demandas sociais (Educação, Saúde, Segurança,
Habitação, Saneamento, etc), além disso, o comprometimento por objetivos e resultados por parte dos gestores
públicos (secretários e demais diretores de Instituições públicas).
Não mais se permite na gestão publica estadual a inadequada continuidade da mesmice que se instalou no
Amazonas e que levou os municípios das nove sub-regiões ao grave estagio de estagnação econômica,
provocando aumento do fluxo migratório para Manaus, nessas últimas quatro décadas.
O que se tem visto, nesse tempo, foram descasos praticados, seguidos de governo para governo, como herança
maldita ou incompetência técnica na gestão pública.
Para se livrar da perversa “similaridade de gestão herdada”, o novo governante terá um foco em plataformas de
estratégias econômicas e sociais de curto prazo se quiser fazer um governo diferencial e que cumpra com as
promessas de campanha e arraste o Amazonas para o patamar de desenvolvimento econômico que tanto a
sociedade amazonense almeja.
Entende-se que importa ao novo governante compreender que os grandes desafios que se apresentam no
Amazonas poderão oportunizar as probabilidades de êxitos ao desenvolvimento regional que tanto se precisa,
sem contudo, buscar soluções de ontem, do passado, mesmo aquelas que porventura tiveram êxito, pois o
presente e o futuro requerem novas estratégias, novas arquiteturas estruturais que levem às novas soluções,
assim poderá formatar novos paradigmas para esse novo período.
Além da gestão pública eficiente, o novo governante deverá ter liderança inovadora que agregue e mobilize os
agentes econômicos e demais atores da sociedade na direção de seus programas e projetos, com visão
estratégica para solução satisfatória dos desafios que se impõem.
Por isso, a reconstrução organizacional pública do estado, a reformulação da Politica Industrial Estadual,
traduzida na Nova POLÍTICA DOS INCENTIVOS FISCAIS, se faz necessária e, que adote o alargamento e
aprofundamento dos objetivos do desenvolvimento econômico regional, mesmo com complexidade de
implementação, mas com o propósito de gerar transformações profundas na economia estadual.
E, nesse contexto, que os grandes projetos possam provocar arrastos econômicos de transformações radicais e
inevitáveis e, devem ser concebidos e implementados, a nível econômico e outros, essencialmente a níveis
sociais e, se assim não forem, podem criar sentimentos de frustações e perdas.
No entanto, podem também dar lugar a uma visão positiva e global, focada num futuro promissor de novas
oportunidades a todos os níveis: econômico, social, cultural e político. O foco não será imediatista, com
programas e projetos de governo, mas compromissos de Estado, objetivando um futuro mais promissor e a
grandeza do Amazonas.
Será com esta certeza e na compreensão das potencialidades regionais que poderá sedimentar um novo
Amazonas, na resolução dos grandes desafios apresentados, consolidando uma liderança agregadora,
mobilizadora e orientada para os resultados economicamente sustentáveis e socialmente justos, em conjunto
com os empreendedores privados buscando novos caminhos de progresso para o Amazonas.
Para esse novo estágio de governança pública há de se convir que o setor público deve contribuir para aumentar
a eficiência da economia e promover distribuição mais equânime das oportunidades e dos recursos e, é para isso
que o governo existe, sendo que, ainda existe no Amazonas uma gestão pública do atraso, patrimonialista, de
controle e excessos burocráticos, há muito o que se minimizar dentro desse contexto.
O Novo governante deve ousar, pois de outra forma não teremos como preparar o terreno para os próximos 50
anos.
(*) Economista, Engenheiro e Administrador de empresas, com pós-graduação: MBA in Management (FGV), Engenharia Econômica
(UFRJ), Planejamento Estratégico (FGV), Consultoria Industrial (UNICAMP), Mestre em Economia (FGV), Doutorando na UNINI-Mx,
Consultor Empresarial e Professor Universitário: [email protected].
Download

2015 – O ANO DO PRAGMATISMO POLÍTICO E