Instituto de Ciências da Saúde FUNORTE/SOEBRAS REVISÃO LITERARIA DE REMOÇÃO DE NÚCLEO Autor: Priscila Campos Sgrott Projeto de pesquisa apresentado ao programa de pós-graduação do Instituto de Ciências da Saúde – FUNORTE/ SOEBRAS Núcleo Florianópolis, como parte dos requisitos a obtenção do título de Especialista em Prótese Dentária. ORIENTADOR: Silvio Teodoro de Carvalho Florianópolis – 2009 Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois sem Ele nada seria possível e não estaríamos aqui desfrutando, juntos, destes momentos tão importantes para nós. Aos meus pais, Uilson e Zenita; pelo esforço, dedicação e compreensão, em todos os momentos desta e de outras caminhadas. Divido, pois, com vocês, os méritos de mais esta conquista. Entre todas as palavras, só encontro uma:OBRIGADA! Ao meu irmão, Maickon, pelo apoio e incentivo dado no decorrer de mais esta etapa da minha vida. A minhas companheiras(os) e amigas(os), o apoio, o mútuo aprendizado pela vida, a convivência profissional e a continuidade de nossas amizades. AGRADECIMENTOS Agradeço inicialmente, a Deus por ter me concedido o dom da vida e permitido chegar até aqui. Aos meus pais e familiares, sem os quais não teria conseguido alcançar esta vitória. Aos meus colegas de turma cuja participação nesta minha especialização foi fundamental para meu aprendizado. Aos meus professores, pelas lições de saber, pelas orientações constantes; pela contribuição, cada um na sua aréa, para o desenvolvimento de meu aprendizado que foi muito valioso. Agradeço em especial ao professor, professor Ronaldo Ruela, pelos momentos de aprendizagem constante, pela paciência, pela sabedoria em orientar e pelos conhecimentos transmitidos, pois a cada dia deparava com novos ensinamentos. Aos funcionários, o meu muito obrigado pelo carinho e dedicação com que agendavam os pacientes e pela amizade construída no decorrer do curso. A todos aqueles que, direta ou indiretamente, colaboram e colaboraram para que este trabalho tivesse êxito e fossem alcançados os objetivos propostos. Muito Obrigada, Priscila SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 07 2 PROPOSIÇÃO .................................................................................................... 08 3 RETROSPECTIVA DA LITERATURA ................................................................. 09 4 APRESENTAÇÃO DA TÉCNICA ........................................................................ 16 5 DISCUSSÃO ....................................................................................................... 25 6 CONCLUSÃO...................................................................................................... 32 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 33 REMOÇÃO DE NÚCLEO Priscila Campos SGROTT Orientador: Prof. Silvio Teodoro de CARVALHO Data da defesa: junho de 2009. RESUMO A remoção de núcleos se tornou um procedimento bastante freqüente na clínica odontológica devido à necessidade de se realizar um retratamento endodôntico ou substituir próteses insatisfatórias. Há vários métodos para remoção dos retentores, entre eles: a tração, o desgaste, a utilização do ultrasom e a combinação de técnicas. A vibração ultra-sônica tem se mostrado bastante eficiente na remoção de pinos intracanais cimentado com fosfato de zinco, pois evita perfurações, fraturas e preserva a estrutura dental e pode ser aplicada em qualquer região da boca. Vários trabalhos mostram a efetividade do ultra-som quando utilizado sozinho ou associado a outros métodos, pois diminui o tempo de remoção e a força de tração. Os alicates sacas-pino, hemostática e outros métodos, ficam mais limitados aos dentes anteriores até os pré-molares. A técnica de remoção de núcleos preconizada, utiliza a combinação de algumas técnicas associadas ao aparelho Coronaflex e tem se mostrado eficiente e segura. Palavras-chave: Coronaflex. Núcleo. Ultra-som. REMOVAL OF POSTS Priscila Campos SGROTT Adviser: Prof. Silvio Teodoro de CARVALHO Defense date: Junho 2009. ABSTRACT The removal of post if became a sufficiently frequent procedure in the dental clinic due to necessity of if carrying through a endodontic retreatment or substituting unsatisfactory prosthesis. Some methods for removal of the retainers exist, between them the traction, the consuming, the use of the ultrasound and the combination of techniques. The ultrasonic vibration if has shown very efficient in the removal of bolts intra-canals; cemented with zinc phosphat, therefore it prevents perforations, breakings and it preserves dental structure and it can be applied in any region of the mouth. Some works show the effectiveness of the alone ultrasound when used or in association to other methods, therefore it diminishes the time of removal and the snatch force. The pliers bag-bolts, forceps and other methods, are more limited to previous teeth until daily premolar. The technique of removal of posts praised, by uses the combination of some techniques associated to the Coronaflex device, and has revealed efficient and insurance. Key-words: Coronaflex, Posts, Ultrasonic vibration. 1 . INTRODUÇÃO A odontotologia, diariamente, expõe o cirurgião-dentista especializado em prótese, à necessidade de remover núcleos de dentes tratados endodonticamente. Infelizmente não é raro deparar-se com situações adversas, acompanhadas de sinais, sintomas e imagens radiográficas que caracterizam o insucesso do tratamento endodôntico. Quando há a indicação de confecção de pinos intra-radiculares, normalmente o cirurgião-dentista o faz da maneira mais adequada, tentando conseguir excelente adaptação e dificilmente imagina que precise removê-lo por algum motivo, o que, na prática, ocorre com certa freqüência. Presença de lesões periodontais, retratamento, pinos intra-radiculares inadequados, são indicações de remoção de núcleo. A remoção de núcleo pode vir a ser um procedimento tecnicamente difícil, pois podem resultar em fraturas radiculares, perfurações: enfim, danos à estrutura dental remanescente, que já se encontra frágil. Atualmente, a odontologia, vem sofrendo grandes avanços tecnológicos, o que oferece muitas possibilidades de se realizarem os procedimentos, assim como a remoção de núcleos. Por isso, o especialista em prótese, deve analisar muito bem o caso, esclarecer ao paciente suas dúvidas e informar os riscos de acidentes que podem ocorrer numa estrutura dental que já se apresenta fragilizada. Cabe ao profissional realizar sua tarefa pensando, primeiramente, na segurança e depois se preocupar coma questão de tempo. 2. PROPOSIÇÃO A pesquisa a ser realizada tem Descrever as indicações e técnicas de remoção de núcleo. como proposta: 3. RETROSPECTIVA DA LITERATURA Pesquisas feitas por Lopes, Costa Filho, Loriato [1985] avaliaram a eficiência do alicate saca-pinos na remoção de pinos metálicos com o objetivo de evitar acidentes durante o ato operatório. O núcleo deve sofrer um desgaste nas faces vestibular e palatina, conferindo superfícies planas, o que facilitará a apreensão e aumentará a estabilidade do alicate. O estojo é um anel metálico integrante do retentor, que circunda a margem cervical da raiz e tem o propósito de aumentar a resistência radicular à fratura e impedir a rotação do pino. Ele deve ser desgastado, com o auxílio de brocas, em toda a sua circunferência, a uma profundidade de 1 a 2 mm em direção apical, criando um espaço necessário ao seu deslocamento. O topo radicular deve possuir um plano mésio-distal rigorosamente perpendicular ao longo eixo do pino para evitar a fratura. O alicate deve ter seus mordentes perfeitamente apoiados e adaptados no topo radicular e o núcleo, adequadamente preparado. Pode-se concluir que o alicate saca-pinos é um instrumento de grande valia, eficácia e segurança na realização do trabalho e que os acidentes ocorridos são conseqüências da não observação criteriosa dos princípios abordados e da inabilidade do profissional. Bernardinelli et al [1986] demonstraram diversas maneiras de se removerem núcleos ou pinos intracanais de dentes uni e multiradiculados que necessitam de retratamento endodôntico. A remoção desses núcleos exige cuidados, pois fracassos do tratamento com possíveis fraturas ou perfurações podem ocorrer. Há vários tipos de pinos; entre eles: fios de aço simples ou embasados com resina, que permitem desgaste lateral; pré-fabricados e se ajustam bem ao canal, mas mantêm a linha de cimento favorecendo a sua remoção, e fundidos, ocupam toda a luz do canal o que causa maior dificuldade na remoção. Em dentes uniradiculados, cujos pinos são mais volumosos e profundos, a remoção se torna mais fácil devido à conformação anatômica, acesso e visibilidade. As técnicas para remoção são: Tração simples, para pinos pequenos e de fios de aço embasados com resina, que não suportam a ação de alavanca provocada por instrumentos manuais ou alicates. Tração ou desgaste, para pinos pré-fabricados, pequenos ou médios, não muito longos cujos remanescentes radiculares suportem as garras do saca-pino ou pequenogigante. Se o remanescente estiver frágil, a remoção por desgaste será a mais indicada. Nos dentes multiradiculados, o profissional enfrentará dificuldades como: acesso, visibilidade e a presença de dois ou mais pinos. Existe a necessidade de separar os pinos para que sua remoção seja mais simples e siga as mesmas técnicas dos pinos únicos. Os autores, Lopes et al. [1992], avaliaram o tempo dispendido na remoção de pinos metálicos fundidos através da tração e ultra-som. Foram selecionados 30 dentes unirradiculares e divididos em 3 grupos. No grupo I, os pinos foram submetidos à força de tração na máquina de Ensaio Universal – Instron onde a carga média para remoção foi de 26.400 quilogramas. O grupo II continha os dentes cujos pinos foram removidos através de um alicate sacapino utilizando também a força de tração e a media de tempo foi de 2 segundos e 50 centésimos de segundo. E no grupo III era composto pelos dentes que tiveram os pinos removidos pelo aparelho de ultra-som Enac OE- 7, com a ponta ST-09. O tempo gasto foi em média, 15 minutos, 33 segundos e 5 centésimos de segundo para fragmentar o cimento. O agente cimentante utilizado nos três grupos foi o fosfato de zinco. A remoção deve ser cuidadosa para prevenir possíveis fraturas radiculares. No presente trabalho, todos os pinos foram removidos, e os autores, ainda, afirmam que o tempo gasto depende também da habilidade do profissional com os diversos artifícios. De acordo com, Imura & Zuolo [1997], relataram a técnica de remoção de núcleos com a utilização do aparelho de ultra-som. Este é uma forma mecânica de energia e consiste em oscilações transferidas ao retentor metálico com a finalidade de dissolver o cimento presente. Sua freqüência gira em torno de 20 mil ciclos por segundo. A utilização do ultra-som apresenta vantagens como a perda mínima de estrutura dentária, economia de tempo, menor risco de perfurações e fraturas e a facilidade de aplicação tanto em dentes anteriores como em posteriores. O núcleo ou pino são removidos para que haja melhores reinstrumentação e reobturação dos canais, eliminação de irritantes presentes, de modo mais atraumático. Em dentes unirradiculares, se o pino for curto e cônico, se soltará apenas com aplicação do ultra-som. Se o pino for longo, cilíndrico, com paredes paralelas, o ultra-som deverá ser aplicado entre o metal e a parede do canal. Pode ser aplicado diretamente com a ponta de periodontia ou sobre uma lima hedströem a fim de dissolver o cimento apical; após um desgaste prévio realizado ao redor do núcleo. Ele é aplicado de 5 a 10 minutos sobre cada face do núcleo. Em dentes multiradiculados, deve-se cortar o núcleo para que os pinos sejam removidos separadamente; em molares superiores, o corte deverá ser no sentido próximoproximal e nos inferiores, no sentido vestíbulo-lingual. Oliveira et al [1999] compararam a força necessária para a remoção completa de pinos pré-fabricados quando submetidos ou não à ação da vibração ultra-sônica. Foram utilizados 40 incisivos centrais superiores cujos pinos foram cimentados com cimento de fosfato de zinco. Os dentes foram divididos em dois grupos, sendo o grupo controle, os vinte primeiros, submetidos apenas ao teste de tração: os outros 20 dentes, sofreram a ação ultra-sônica por 1 minuto sobre cada face oclusal, vestibular e palatina, totalizando 3 minutos, antes do teste de tração. Numa segunda etapa, inverteuse a condição dos testes; sendo que o grupo controle passou a ser os dentes que foram submetidos ao ultra-som e o grupo experimental, os dentes que sofreram apenas a tração. Assim sendo, cada espécime foi submetido a duas condições: remoção do pino sem vibração e remoção com vibração prévia. Os resultados comprovaram que em 67% dos dentes ocorreu a remoção do pino somente com a utilização do ultra-som e no restante observou-se uma força de tração menor para removê-los do que o grupo controle. Conforme Bergeron et al [2001] demonstraram o efeito das vibrações ultra-sônicas na remoção de pinos pré-fabricados de titânio, utilizando duas combinações de cimentos em dentes obturados. O teste foi feito em 96 caninos humanos extraídos e divididos em 8 grupos. Inicialmente os dentes foram divididos em dois grupos de 48, sendo um grupo obturado com cimento contendo eugenol (Roth’s 801 Elite) e o outro sem eugenol (AH 26). Cada grupo de 48 dentes foi dividido em dois outros de 24 dentes, onde os pinos foram cimentados com Fosfato de zinco e Panavia 21. Houve ainda mais uma divisão, onde cada grupo de 24 dentes foi subdividido em dois grupos de 12 dentes, totalizando os oito grupos. Nesta subdivisão, metade dos dentes recebeu vibração ultra-sônica e a outra não. O ultra-som foi inserido na interface pino/dente por 16 minutos; 4 minutos em cada face (mesial, distal, vestibular e lingual). Os dentes foram submetidos ao teste de tração na máquina Instron (Instron Corp.), à velocidade de 0,5 cm/minuto até o pino se soltar. O uso do AH 26 aumentou a retenção do pino, comparado aos obturados com Roth’s 801. Não houve diferenças estatísticas em relação aos pinos cimentados com fosfato de zinco ou Panavia 21. O artigo de Silva et al [2001], relataram a utilização do sacapinos M&V para dentes que necessitavam de retratamento endodôntico ou apresentavam próteses inadequadas. A utilização do saca-pino é pouco freqüente entre os profissionais, pois é considerado perigoso e de pouco domínio. O aparelho foi desenvolvido por Luiz Valdrigui e Hugo Jorge de Moraes na década de 1980 e tem como objetivo a tração do núcleo a partir de alavancas ancoradas nas porções proximais da base da raiz. Para sua correta utilização, é necessário um preparo prévio no remanescente radicular ao redor do núcleo, onde, é planificado e deixado perpendicular ao longo eixo do pino, que deve ser removido no sentido do seu longo eixo e não no da raiz. As paredes vestibulares e linguais do núcleo precisam ser desgastadas para que fiquem paralelas e permitam o correto encaixe do sacas-pino. Este aparelho está mais indicado aos incisivos e pré-molares, pois a visualização é direta e há maior facilidade no acesso. Segundo Castro Filho et al [2002] apresentaram um caso clínico em que removiam o pino intra-radicular com a associação de várias técnicas. A remoção de núcleo se faz necessária em dentes já tratados endodonticamente, que possuam pino e precisem de retratamento. Os autores afirmam existir vários artifícios para se removerem os pinos, e destacam dois: O saca-pino, que consiste em puxar o pino no sentido axial e empurrar a raiz no sentido apical; e o ultra-som que com suas vibrações exploram a interface pino/dente e fragmentam a película de cimento. O pino removido estava instalado no primeiro pré-molar inferior esquerdo que necessitava de retratamento. Foi confeccionado um sulco ao redor do núcleo com broca esférica ½ onde se adaptou a ponta do aparelho de ultra-som agindo dois minutos em cada face do remanescente. Para adaptar o saca-pino, as paredes mesial e distal do remanescente foram planificadas com resina composta. Após sua instalação o pino foi removido. A associação das duas técnicas foi a melhor opção, pois separadamente tomariam um maior tempo clínico e no caso do saca-pinos, poderiam causar fratura radicular e trauma. Conceição et al [2002] avaliaram a força de remoção por tração de pinos de fibra de vidro cimentados com quatro diferentes agentes de cimentação. Os pinos de fibra de vidro são passivos e paralelos, e sua retenção depende dos materiais utilizados para cimentação. Foram selecionados 40 dentes unirradiculares e divididos em quatro grupos de acordo com o cimento utilizado. Para a remoção dos pinos foi utilizada a máquina de ensaio universal EMIC DL-2000 à velocidade de 0,5mm/ minuto, até ocorrer o deslocamento do pino. As médias obtidas foram: 36,72 kgf para o cimento resinoso dual RELY-X (3M), 37,76 kgf para o cimento fotopolimerizável LUTEIT (JENERIC/ PENTRON), 40,89 kgf para o cimento resinoso de polimerização química CEMENT-IT (JENERIC/ PENTRON) e 52,04 kgf para o sistema adesivo dual SCOTCH BOND MULTI USO PLUS (3M). Não houve diferenças estatísticas significantes entre os três cimentos resinosos utilizados, porém o sistema adesivo de dupla polimerização diferiu dos demais talvez devido à capacidade de penetrar nos túbulos dentinários e de se unir química e mecanicamente ao pino de fibra de vidro. Berbert et al [2002] avaliaram o efeito de diferentes meios auxiliares e associações sobre a força de tração empregada na remoção de pinos intra-radiculares. Foram selecionados 50 dentes pré-molares inferiores e divididos em 5 grupos. Os núcleos foram cimentados com cimento de fosfato de zinco. No grupo I, houve desgaste de 1 mm na linha de cimento com broca diamantada 2200 em alta rotação e broca “long neck” na profundidade de 3mm em baixa rotação; em seguida, vibração ultra-sônica no interior da fenda por 30 segundos em cada face e a tração. O grupo II continha os dentes que sofreram desgaste na linha de cimento como o grupo I, vibração ultra-sônica na porção coronária do núcleo por 30 segundos sobre cada face e posterior tração. No grupo III, os dentes foram submetidos à vibração ultra-sônica na porção coronária por 30 segundos em cada face seguido de tração. No grupo IV, os dentes sofreram desgaste em sua linha de cimento e tração. O grupo V, possuía os dentes cujos núcleos foram submetidos somente à tração. Os resultados obtidos concluíram que houve maior efetividade e segurança na remoção dos pinos intra-radiculares quando se utilizou a associação do desgaste e do ultra-som na linha de cimento e tração, grupo I. Guimarães et al [2003] apresentaram uma técnica para tracionamento de retentores intra-radiculares pré-fabricados não metálicos, devido a grande preocupação com a estética em restaurações de dentes tratados endodonticamente. Os retentores não metálicos podem ser constituídos de zircônia (Cosmopost, Ivoclar, USA), fibra de vidro (Fibrecor, Jeneric/ Pentron Inc, Wallingford) e carbono (Reforpost, Ângelus, Londrina). Esses pinos oferecem vantagens como: resistência à fadiga e à corrosão, biocompatibilidade, estabilidade e preservação da dentina radicular. As raízes foram incluídas em resina acrílica ativada quimicamente, com o eixo do preparo para pino no centro do acrílico (luva de PVC), e perpendicular à base do mesmo, com o objetivo de que as forças laterais pudessem ser reduzidas quando a tração fosse aplicada. A inclusão possibilitou que uma corda de violão fosse passada pelo corpo de prova. O teste de tração foi realizado à velocidade de 1 mm/minuto na máquina universal de testes (Instron). A metodologia foi desenvolvida de modo que o pino se localizasse o mais próximo possível do longo eixo do dente e que qualquer força não axial fosse neutralizada de modo a não causar fratura. O retentor intra-radicular não fraturou com o teste de tracionamento, pois as forças de tração foram concentradas no agente de cimentação, direcionadas ao seu longo eixo. Segundo Rocha et al [2004] verificaram a influência do preparo com alta rotação sobre a resistência à tração dos retentores intra-radiculares em períodos variados após a cimentação. Foram selecionados 36 incisivos centrais superiores com os canais instrumentados, obturados e divididos aleatoriamente em 3 grupos. Os pinos foram cimentados com cimento de fosfato de zinco. O grupo I era composto pelos dentes que não sofreriam preparo do retentor com alta rotação; apenas tracionamento, 7 dias após terem sido cimentados. No grupo II, os dentes teriam seus retentores preparados 7 dias após a cimentação e em seguida o tracionamento. O grupo III continha os dentes cujos núcleos seriam submetidos a preparo 15 minutos após a cimentação e tracionados após 7 dias. O tracionamento dos retentores foi feito com uma máquina de compressão à velocidade de 0,5 mm/minuto. Os valores encontrados para as médias de força de tração foram: 17,80 kgf para o grupo III, 16,55 kgf para o grupo I e 13,87 kgf para o grupo II. Não houve diferenças estatisticamente significante entre as médias de forças nos 3 grupos. Na face incisal do núcleo, o preparo com o motor de alta rotação foi de 1 minuto e nas faces axiais, 3 minutos, totalizando 4 minutos. O preparo com alta rotação sobre a superfície coronária dos retentores cimentados não teve efeito na sua resistência à tração. Amorim & Fernandes Neto [2003] analisaram o efeito da vibração ultra-sônica na integridade de 3 cimentos e compararam a força necessária para a remoção completa de pinos fixados em corpos de prova. Foram utilizados 60 dentes divididos em 3 grupos, cada um com 20 unidades; sendo que 2 dentes de cada grupo foram mantidos como controle; não receberam vibração. Os dentes foram submetidos à ação da vibração ultrasônica através do aparelho ENAC Plus utilizando a ponta ST 09; regulado à potência máxima, com irrigação. Os pinos sofreram vibração durante um intervalo de 9 minutos divididos em 3 tempos de 3 minutos. Em cada tempo de 3 minutos, a extremidade livre do pino recebeu a vibração sobre as superfícies oclusal, vestibular e lingual. Os cimentos utilizados foram: cimento de fosfato de zinco, ionômero de vidro e agente de fixação resinoso. Todos os pinos fixados com fosfato de zinco se soltaram e 55% deles, totalizando 10 pinos, se desprenderam antes de 1 minuto. Entre os pinos cimentados com ionômero de vidro, 50%; 9 pinos soltaram-se entre o 6º e o 9º minutos. Os pinos cimentados com o agente de fixação resinoso não se soltaram do cimento com 9 minutos de exposição à vibração. Os grupos cimentados com fosfato de zinco e ionômero de vidro apresentaram trincas em maior número no sentido horizontal e uma trinca principal na vertical. O grupo fixado com o agente resinoso não sofreu quaisquer fraturas durante o tempo determinado para a aplicação da vibração. Os agentes cimentantes à base de fosfato de zinco e de ionômero de vidro são as melhores escolhas para fixar pinos pré-fabricados devido ao seu comportamento frente à vibração ultra-sônica. 4. APRESENTAÇÃO DA TÉCNICA A proposta de remoção de núcleo intra-radicular baseia-se na execução de algumas fases, e conforme o caso que se apresenta como tamanho do núcleo, adaptação, cimentação e presença ou não de material obturador apical, o núcleo pode sair sem que sejam realizadas todas as fases aqui preconizadas. No momento que se depara com o núcleo, é muito importante não reduzir a sua dimensão mésio-distal, pois em muitas situações é necessária a realização de uma perfuração no sentido vestíbulo-palatino para utilização do ultra-som e do aparelho Coronaflex. O primeiro passo consiste na remoção do ângulo cavo superficial da raiz/canal com o núcleo. Esta remoção é realizada com uma broca diamantada tronco-cônica fina (fig. 1) a uma profundidade de 1 a 2 mm, ao redor de todo o núcleo (fig. 2). Este desgaste tem por objetivo evitar ou diminuir a possibilidade de fratura oblíqua da parede de dentina do terço cervical da raiz. O segundo passo é realização de uma perfuração do núcleo, no centro de sua porção coronária no sentido vestíbulo-palatino. Este procedimento é realizado com uma broca esférica diamantada compatível com a estrutura do núcleo (fig. 3). Iniciando pela face vestibular, esta perfuração deve preservar estrutura do núcleo dos lados mesial e distal, atingindo a face palatina (fig. 4 e 5). A broca diamantada trabalhando no sentido perpendicular ao longo eixo do dente e do núcleo, promove vibrações que para alguns núcleos com pouca retenção, é o suficiente para soltá-los. O terceiro passo é a utilização de ultra-som (fig. 7) em todas as faces do núcleo (fig. 8 e 9) por um mínimo de quatro minutos, com uma ponta própria e sua força máxima. Esta vibração tem capacidade de ir quebrando a linha do cimento entre o núcleo e o dente. Também é muito interessante a utilização do ultra-som na perfuração realizada no passo anterior (fig. 10). Nessa situação é possível fazer suave pressão contra as paredes mesial e distal, além da força no sentido incisal, o que não era possível sem a perfuração do núcleo. Em seguida, pode-se tracionar o núcleo com uma pinça hemostática, pois em muitas situações o núcleo é removido neste momento. O quarto passo é a utilização do aparelho pneumático CORONAFLEX da Kavo (fig. 11). Instala-se a alça metálica, passa-se pela perfuração do núcleo (fig. 12) e prende-se na haste metálica (fig. 13). O aparelho é posicionado com sua ponta apoiada na haste metálica, de tal forma que quando acionado o aparelho, o direcionamento da força é realizado no longo eixo do conjunto raiz/núcleo (fig. 14), tracionando o núcleo (fig. 15 e 16). Para acionar o aparelho, é necessário o pedal estar ativado com o pé, e com o dedo indicador dar o disparo no próprio aparelho Coronaflex. O movimento da ponta do CORONAFLEX é curto, porém muito potente. A intensidade deste movimento pode ser calibrada na região posterior do aparelho. A sugestão, é que se inicie a remoção do núcleo com a menor intensidade, aumentando-se à medida que haja necessidade. Figura 1 - Broca diamantada tronco-cônica fina. Figura 2 - Núcleo sendo removido pela broca diamantada tronco-cônica fina. Figura 3 - Broca esférica diamantada compatível com a estrutura do núcleo. Figura 3 - A perfuração deve preservar estrutura do núcleo dos lados mesial e distal, atingindo a face palatina. Figura 4 - A perfuração deve preservar estrutura do núcleo dos lados mesial e distal, atingindo a face palatina. Figura 5 - A perfuração deve preservar estrutura do núcleo dos lados mesial e distal, atingindo a face palatina. Figura 6 - O terceiro passo é a utilização de ultra-som. Figura 7 - O terceiro passo é a utilização de ultra-som em todas as faces do núcleo. Figura 8 - O terceiro passo é a utilização de ultra-som em todas as faces do núcleo. Figura 9 - Utilização do ultra-som na perfuração realizada no passo anterior. Figura 10- Aparelho pneumático CORONAFLEX da Kavo. Figura 11 - Instala-se a alça metálica passando-a pela perfuração do núcleo. Figura 13 - Prendendo-a na haste metálica Figura 12 - O aparelho é posicionado com sua ponta apoiada na haste metálica. Figura 13 - Tracionando o núcleo. Figura 14 - Núcleo removido. 5. DISCUSSÃO Existem dificuldades relacionadas à remoção de núcleos, em dentes que necessitam de retratamento de canais, que merecem atenção especialmente dos endodontistas e protesistas. Em muitos casos, a estrutura dental se apresenta enfraquecida e a remoção dos retentores intra-radiculares requer cuidados e técnicas especiais para prevenir possíveis perfurações e fraturas [BERNARDINELI et al, 1986]. Os dentes precisam de retratamento devido à conformação inadequada de núcleos, presença de lesões periapicais e tratamento endodôntico insatisfatório [SILVA et al, 2001]. Alguns profissionais preferem o tratamento de lesões periapicais através da via cirúrgica, mas este procedimento é comprometido se irritantes presentes no sistema de canais não forem eliminados, além de ser mais traumático [IMURA & ZUOLO, 1997]. A remoção de núcleos tem como objetivo viabilizar a reinstrumentação e reobturação, removendo-os de modo mais atraumático possível, com um mínimo de tempo e sem danificar a estrutura dental remanescente. Há também as contra-indicações na retirada dos pinos do interior dos canais, entre elas: boa adaptação do retentor, pino extremamente longo ou de diâmetro largo com conseqüente enfraquecimento da dentina ao seu redor [HULSMANN, 1993]. Há diversos tipos de retentores intra-radiculares e também vários fatores que influenciam em sua retenção: comprimento, conicidade, diâmetro e acabamento da superfície. Comprimentos e diâmetros maiores aumentam a retenção dos pinos; os cilíndricos apresentam retenção superior aos cônicos [SHILLINGBURG, 1992]. Quanto à configuração da superfície do pino, existem trabalhos que revelam que os pinos rosqueados ou serrilhados, que se adaptam por fricção, são mais retentivos do que os de superfície lisa com iguais diâmetros [CHEUK & KARAM, 1988]. Os pinos de fio de aço, em geral, são de fácil remoção, quer sejam simples ou embasados com resina, pois permitem desgaste lateral. Os pré-fabricados, apesar de se ajustarem mais ao canal, mantém uma linha de cimento maior, o que favorece a sua remoção. Já os pinos fundidos, geralmente ocupam toda a luz do canal e são os que apresentam maiores dificuldades para sua remoção [BERNARDINELI et al, 1986]. A técnica ideal para remover os núcleos intra-radiculares é aquela que requer a remoção mínima de estrutura dental, com baixo risco de fraturas e perfurações [KLEIER & MENDOZA, 1996], devendo ser simples e de rápida execução [MACHTOU et al, 1989]. Diversos métodos e instrumentos têm sido propostos para remoção de retentores intra-radiculares, entre eles os fórceps especiais e pinças hemostáticas [KLEIER & MENDOZA, 1996], remoção por desgaste com brocas em alta rotação [TYLMAN & MALONE, 1978], remoção por desgaste brocas em alta rotação associadas a fórceps [SHELBY, 1976; TYLMAN, 1965; CHEUK & KARAN, 1988], instrumentos sacas-prótese associados a fios de latão [EWING, 1959; ROBERTS, 1973], vibração sônica ou ultra-sônica [KREEL et al, 1986; BERBERT et al, 1995; BUONCRISTIANI et al, 1994], aparelhos “sacas-pino” [WARREN & GUTMANN, 1979; SHEMEN & CARDASH, 1985; WILLIAMS & BJORNDAL, 1983; BANDO et al, 1985; GETTLEMAN et al, 1991; MACHTOU et al, 1989] e o kit Masserann. Na remoção por tração, estão incluídos os pinos mais fáceis; pequenos fios de aço embasados ou não com acrílico ou cimento, que não suportam a ação de alavanca proporcionada por um instrumento manual qualquer ou um alicate e facilmente se deslocam do dente. Podem ser associados a instrumentos rotatórios, que com pequenos desgastes de cimento ou resina na embocadura dos canais facilitam a ação de alavanca desses instrumentos. [BERNARDINELI et al, 1986]. Uma maneira muito utilizada para retirada dos retentores intra-radiculares é através do emprego de aparelhos, como o alicate saca-pinos e pequeno gigante, os quais são capazes de aplicar no topo radicular, uma força igual e com sentido contrário ao da extração do pino [LOPES et al 1999]. Há algumas desvantagens no uso destes instrumentos durante a remoção por tração. Devido ao seu tamanho, o uso fica mais limitado aos dentes anteriores até os pré-molares [LOPES, SIQUEIRA JUNIOR, ELIAS, 1999]. Há também, o kit Masserann para remoção de pinos ou instrumentos rígidos fraturados no interior do canal radicular, com a desvantagem de um excessivo desgaste da dentina ao redor do pino, enfraquecendo a raiz [OLIVEIRA et al, 1999]. Quando o pino for relativamente longo e fundido e não deixar visível uma linha de cimento, há a possibilidade de se realizar uma remoção por desgaste, pois o remanescente radicular se apresenta frágil e não serve de apoio às garras de um sacas-pino [BERNARDINELI et al, 1986]. Isto, porém, pode levar a problemas de enfraquecimento de raiz e perfurações. As brocas mais utilizadas são: Transmetal 153 e 154 – Maillefer; FG 2SU de 25 mm – Meisinger; LM 205 – Maillefer e brocas de aço com Vídia de 28 mm, que são eficientes no desgaste de metais. O importante é desgastar totalmente o metal e procurar manter a broca em contato com o pino, sem atingir a estrutura dentária. A remoção do pino por desgaste é um método mutilante, que promove acentuada perda de estrutura; enquanto que o ultra-som e a tração são mais conservadores [LOPES, SIQUEIRA JUNIOR, ELIAS, 1999]. O desgaste do pino deve ser realizado com visão direta, refrigeração ar-água e muito cuidado para a broca não deslizar fora do metal. O mais importante é que o operador tenha uma sensibilidade tátil bastante sutil para sentir a resistência do mental à pressão do contra-ângulo. O canal deve ser bem lavado a todo o momento para analisar a direção em que a broca vai seguindo em relação ao pino. À medida que a broca se aprofunda torna-se necessária uma tomada radiográfica para verificar a direção do desgaste e o remanescente a ser retirado. A porção mais apical do pino poderá ser removida por sondas ou instrumento de Hollemback. A remoção por desgaste deve ser empregada em casos especiais, onde outros métodos não podem ser aplicados, nestes casos, dar preferência ao uso de brocas em aparelhos de alta rotação [LOPES, SIQUEIRA JUNIOR, ELIAS, 1999]. Sempre que houver necessidade de se desgastar o pino metálico, os de liga de ouro, sendo mais moles, sempre são de mais fácil remoção que os de outros tipos de ligas [BERNARDINELI et al, 1986]. A técnica de remoção de pinos com ultra-som consiste em explorar a interface pino/dente, transmitindo a vibração através da extensão do pino com a finalidade de fragmentar a película do agente cimentante [CASTRO FILHO et al, 2002]. Os aparelhos de ultra-som se utilizam de movimentos vibratórios através de ondas que se propagam ao longo das pontas utilizadas e trabalham numa freqüência acima de 20 mil ciclos por segundo. Além da capacidade de promover dissolução de cimento, outras vantagens são citadas, como perda mínima de estrutura dental, economia de tempo, menor risco de acidentes, como perfuração ou fratura da raiz. As pontas do ultra-som são fáceis de aplicar em qualquer ponto, ao contrário dos outros aparelhos, que, em muitas situações não são eficientes [IMURA & ZUOLO, 1997]. A ponta ultra-sônica pode ser usada diretamente sobre o pino ou, no caso de o pino estar seguro por uma pinça hemostática, sobre esta. Uma alternativa adicional seria, caso haja espaço entre o pino e a parede dentinária do canal, introduzir uma lima Hedströem e sobre esta, colocar a ponta ultra-sônica [LOPES, SIQUEIRA JUNIOR, ELIAS, 1999]. Assim, a maioria dos autores afirma que a utilização do ultra-som facilita a remoção de núcleos intra-radiculares, o que contraria o trabalho de Bergeron et al. em 2001. O tempo gasto na remoção de pinos intra-radiculares por ultrasom, além da experiência profissional, depende de vários fatores tais como: comprimento, diâmetro, forma e adaptação do pino no interior do canal radicular; natureza do cimento utilizado e resistência da interface cimentocanal. Imura & Zuolo [1997] utilizaram o ultra-som de 5 a 10 minutos sobre todas as faces do pino metálico até que ele se soltasse. Berbert et al. [2002], avaliaram o efeito do ultra-som na remoção de núcleos metálicos cimentados com fosfato de zinco, padronizados a um tamanho de 7 mm. Os dentes foram separados em grupos e sofreram a ação do ultra-som por, no máximo, 2 minutos antes de serem tracionados. Muitos se soltaram apenas com a aplicação ultra-sônica e outros tiveram a força de tração diminuída quando comparados aos que não sofreram a ação do ultra-som. Os estudos de Amorim & Neto [2003] empregaram o ultra-som em pinos pré-fabricados, cimentados em cilindros metálicos, utilizando o fosfato de zinco, ionômero de vidro e cimento resinoso. No grupo cimentado com fosfato de zinco, todos se desprenderam; e, 55% foram com menos de 1 minuto. Na cimentação com ionômero de vidro, 50% dos pinos se soltaram entre o 6º e o 9º minutos e 27% nos primeiros 3 minutos. No grupo em que utilizaram o cimento resinoso, nenhum pino se soltou do cimento com 9 minutos de exposição à vibração ultra-sônica. Oliveira et al., em 1999, avaliaram in vitro a efetividade da vibração ultra-sônica na remoção de pinos. Os 40 pinos pré-fabricados foram cimentados com fosfato de zinco e tinham a extensão de 10 mm. A vibração foi aplicada por 3 minutos. Em 67% dos dentes, ocorreu a remoção de pino somente com a utilização do ultra-som. Em 8 casos, a força foi menor e em 5, mesmo após a aplicação do ultra-som, foi preciso uma força maior de tração para desestabilização dos pinos. Lopes et al [1992], dividiram 30 dentes em 3 grupos de 10 e em um deles utilizaram o ultra-som para remover os núcleos metálicos fundidos. Todos foram cimentados com fosfato de zinco e tinham 11 mm de dimensão intracanal. Em média, os pinos foram removidos em 15 minutos, 33 segundos e 5 centésimos de segundo. Bergeron et al., 2001, utilizaram o ultra-som por 16 minutos na interface pino/dente; 4 minutos sobre cada face mesial, distal, vestibular e lingual. Mas este foi ineficaz na remoção do núcleo. Quando os pinos são muito longos, paralelos, bem adaptados e instalados com cimentos resinosos, a vibração ultra-sônica não é eficiente para dissolver o cimento ao longo de todo o pino, impedindo sua remoção [IMURA & ZUOLO, 1997]. A associação de técnicas vem sendo muito utilizada pelos cirurgiões-dentistas na remoção de retentores intra-radiculares. A vibração ultra-sônica associada à força de tração minimiza o tempo de trabalho e a tensão induzida durante a remoção dos pinos cimentados convencionalmente, pois as vibrações atuam na linha de cimento, com o intuito de fragmentá-la facilitando assim sua remoção [KREELL et al., 1986]. A combinação desgaste mais ultra-som também é empregada nos casos onde há uma parede espessa de estrutura dentária. Com o auxilio de brocas, cria-se junto ao pino sulcos em direção apical às expensas da dentina. Tal procedimento reduz o tempo necessário para remoção do pino. [LOPES, SIQUEIRA JUNIOR, ELIAS, 1999]. No que diz respeito ao material de fixação, o cimento de fosfato de zinco tem sido muito utilizado. Não se une quimicamente ao metal ou à dentina; sua retenção acontece devido a penetração de seus cristais entre duas superfícies intimamente opostas [ROUSH, 1941]. Trabalhos que compararam a retenção de vários materiais de fixação mostraram que a capacidade de retenção do fosfato de zinco e a do cimento de Ionômero de vidro é similar, sendo superiores a do cimento de policarboxilato e a da resina para fixação, cujos valores de retenção foram os mais baixos [RADKE et al, 1998]. Conforme os autores, Amorim e Neto, 2003, apontaram os agentes cimentantes à base de fosfato de zinco e de cimento de ionômero de vidro como as melhores escolhas para fixar pinos pré-fabricados, devido ao seu comportamento frente à vibração ultra-sônica. Eles se soltaram antes do tempo estabelecido como limite para aplicação da vibração. Se a cimentação for feita com cimento resinoso, sua remoção se tornará mais fácil se utilizar aplicação do calor, com um instrumento aquecido ao rubro e a utilização da vibração, com brocas de baixa rotação na extremidade mais alta do pino [IMURA & ZUOLO, 1997]. A utilização de pinos pré-fabricados vem aumentando suas utilizações, tanto nas restaurações de dentes tratados endodonticamente como em dentes que necessitam de coroas protéticas, devido a retenção que o mesmo promove, dando um pequeno desgaste realizado na estrutura dental remanescente. A retenção desses pinos se dá através dos agentes de cimentação que são, na maioria, cimentos resinosos. CONCEIÇÃO, CONCEIÇÃO, SILVA, 2002, utilizaram cimentos resinosos para cimentarem pinos de fibra de vidro e avaliaram a força utilizada para removê-los. Acredita-se, que a utilização de sistemas adesivos associados a cimentos resinosos promove uma efetiva união à dentina radicular, e a capacidade de se unirem química e mecanicamente ao pino de fibra de vidro, o que é o suficiente para retê-lo ao canal. A nova técnica adotada, tem-se chamado de técnica mista, onde, utiliza a conjunção de algumas técnicas, no intuito de remover os núcleos intra-radiculares com segurança. Esta técnica está indicada, inclusive, para núcleos metálicos longos, porém cimentados com cimento de fosfato de zinco. A indicação proposta do aparelho CORONAFLEX pelo fabricante é para remoção de coroas unitárias e próteses fixas múltiplas, pela marca Kavo. Quando acionado, a ponta do aparelho promove um movimento curto, porém vigoroso. É importante salientar que é preciso a realização de uma perfuração, normalmente no sentido vestíbulo-palatino, que mantenha estrutura do núcleo dos dois lados da perfuração. Dessa maneira, é possível a adaptação de uma alça metálica na qual o aparelho possa ter sua ação. Por isto a parte coronária do núcleo deve ter uma estrutura mínima para suportar este preparo. Previamente à utilização do aparelho CORONAFLEX, a realização dos passos descritos, como alívio entre a raiz e o núcleo, utilização do ultra-som, são fundamentais para facilitar a ação do aparelho. 6. CONCLUSÃO De acordo com a revisão da literatura executada e, a apresentação da nova técnica, conclui-se que, existem diversas formas de se removerem núcleos intra-radiculares e que o uso do ultra-som quando não os remove, facilita a remoção por outras técnicas. A nova técnica proposta, possibilitam, ótimos resultados através da utilização da combinação de técnicas associadas ao aparelho CoronaFlex. Tendo-se uma execução de trabalho odontológico com segurança e eficiência. REFERÊNCIAS AMORIM, M.B.; NETO, A.J.F. Avaliação “in vitro” da vibração ultra-sônica em cimentos para pinos intra-radiculares. 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