21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental I-107 – AVALIAÇÃO DOS VOLUMES NÃO FATURADOS NO ABASTECIMENTO DE ÁREAS INVADIDAS E FAVELAS NA RMSP – UNIDADE DE NEGÓCIO NORTE Mario Alba Braghiroli (1) Tecnólogo em Construção Civil na modalidade Obras Hidráulicas pela Faculdade de Tecnologia de São Paulo (FATEC-SP). Gerente da Divisão de Controle de Perdas Norte – Sabesp. Rita de Cássia Piccolo Cardia Engenheira Civil pela Faculdade de Engenharia São Paulo (FESP/SP). Engenheira da Divisão de Controle de Perdas Norte – Sabesp. Endereço(1): Rua Conselheiro Saraiva, 519 - Santana – São Paulo - SP - CEP: 02037-021 - Brasil - Tel: +55 (11) 6971-4097 – Fax: +55 (11) 6971-4098 - e-mail: [email protected] RESUMO A Unidade de Negócio Norte, da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – Sabesp administra e opera os seguintes municípios: São Paulo (área norte), Bragança Paulista, Caieiras, Cajamar, Franco da Rocha, Francisco Morato, Joanópolis, Mairiporã, Nazaré Paulista, Pinhalzinho, Pedra Bela, Socorro e Vargem. A parte abrangida pelo município se São Paulo, corresponde a área ao norte do rio Tietê, com os seguintes setores de abastecimento: Brasilândia, Vila Nova Cachoeirinha, Casa Verde, Edu Chaves, Freguesia do Ó, Guaraú, Jaçanã, Jaraguá, Mirante, Perus, Pirituba, Santana, Vila Jaguara, Vila Maria e Vila Medeiros. A área é delimitada pelo rio Tietê com a região central de São Paulo e seus acessos principais são pela marginal do Tietê, Rodovia Anhanguera, Rodovia dos Bandeirantes, Rodovia Ayrton Senna, Via Dutra e Rodovia Fernão Dias. A Unidade de Negócio Norte vem atuando no Processo de Gestão Operacional para Redução de Perdas na Região Metropolitana de São Paulo. Neste processo está previsto que os volumes de água não faturados no abastecimento de áreas invadidas e favelas devem ser quantificados e aplicados na matriz de controle de perdas como usos sociais. O trabalho “Avaliação do Perfil das Perdas na Unidade de Negócio Norte” desenvolvido em 1997 e 1998, projetou volumes de perdas não físicas em áreas invadidas e favelas de 1.350.000 m³/mês, aproximadamente 14% do total das perdas. Em 2000, na Divisão de Controle de Perdas Norte – MNEP, foi desenvolvida e executada uma contratação específica para usos sociais: Avaliação dos Volumes não Faturados no Abastecimento de Áreas Invadidas e Favelas na RMSP – Unidade de Negócio Norte. PALAVRAS-CHAVE: Áreas Invadidas, Favelas, Usos Sociais, Perdas não Físicas, Volumes não Faturados. INTRODUÇÃO A existência de ocupações urbanas caracterizadas com “favelas” ou “áreas invadidas” remonta a algumas décadas e tem com causas diversos fatores sócio-econômicos de difícil equacionamento. Os problemas decorrentes deste tipo de ocupação, no aspecto de saneamento básico, são de importância extremamente significativa, principalmente quando se aborda o aspecto de saúde pública. Com a explosão demográfica ocorrida na Região Metropolitana de São Paulo, e principalmente na capital, o acesso da população de mais baixa renda à moradia própria foi muito dificultado, principalmente pelos aspectos econômicos. A partir deste fato começaram a ocorrer ocupações de áreas vazias, principalmente aquelas reservadas dentro dos planejamentos urbanos e dos projetos de parcelamento do solo, como áreas de lazer, verdes ou até mesmo ABES – Trabalhos Técnicos 1 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental institucionais. Em geral a propriedade destas áreas é do governo. Elas são invadidas e ocupadas de forma irregular, com características de ocupação bastante precárias. Com a ausência de uma política habitacional adequada, aliada ao aumento da taxa de desemprego atual, aprofunda-se ainda mais a crise de moradias acarretando um aumento significativo de favelas e áreas invadidas. Com a evolução de uma abordagem mais pragmática no tratamento dos problemas deste tipo de comunidade, o poder público acabou se deparando com questões legais, na implantação de sistemas adequados de abastecimento de água e coleta e afastamento de esgotos. Estes problemas decorrem inclusive da questão da titularidade dos terrenos, da ocupação ilegal de áreas de preservação ambiental ou reservada nos processos de parcelamento de solo para ocupação institucional, lazer ou outro destino não habitacional. Num determinado momento o governo estadual, através da Sabesp, passou a atender estas comunidades com abastecimento de água, até mesmo por questões de saúde pública, inicialmente de forma gratuita e precária e posteriormente, em função das pressões exercidas pela população envolvida, tendendo às mesmas características de sistemas implantados em áreas regulares. Neste processo de atendimento com infraestrutura de saneamento básico a estas localidades, acabam acontecendo situações indesejáveis, tais como, ligações clandestinas, desatualização cadastral e inadimplência elevada que caracterizam-se como hábitos nocivos que levam ao abuso no consumo de água. Outra forma de atendimento a estas ocupações, que acaba resultando nos mesmos problemas de atendimento precário, acontece quando as edificações que tem frente com o sistema viário oficial acabam obtendo pelo menos o abastecimento de água de forma regular e atendem indiretamente as demais edificações instaladas no interior das favelas. No caso do abastecimento de água, a forma pelo qual é distribuída, ou seja, pressurizada, permite facilmente a sua disseminação clandestinamente no interior desta ocupações urbanas. Como, neste caso, não existe um acompanhamento técnico, as possibilidades de contaminação da água potável são inúmeras e acabam se transformando num veículo de disseminação de doenças de veiculação hídrica. No caso do sistema de esgotos, fica muito dificultada a implantação de sistemas adequados e o que ocorre na maioria dos casos é o lançamento dos despejos no próprio sistema viário existente no interior destas ocupações. Do ponto de vista sanitário, esta situação é extremamente nociva. O próprio governo federal, conforme informações veiculadas na imprensa, em função dos resultados preliminares do Censo 2000, elegeu a legalização destas áreas com prioridade para o ano 2001. A legalização, neste caso, engloba todas as ações necessárias para dotar estas comunidades de infra-estrutura e regularização fundiária, com a conseqüente concessão de títulos de propriedade. METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO Os trabalhos para localização da áreas tiveram início a partir do banco de dados extraído do sistema comercial CSI, onde foram identificadas todas as ligações “tipo favela” da Unidade de Negócio Norte. Essas ligações foram separadas por setor de abastecimento e plotadas em plantas cadastrais de rede de água, transformando-se no material básico para os serviços de campo. Nos desenvolvimentos dos trabalhos de inspeção de campo foram identificadas outras áreas que apesar de não apresentarem ligações “tipo favela”, caracterizavam-se como de similar ocupação. A identificação das áreas foi complementada ainda com as valiosas informações do corpo técnico da Sabesp onde todas as unidades envolvidas foram consultadas no sentido de abranger o universo total destas comunidades da Unidade de Negócio Norte. Foram realizadas também, pesquisas na Secretaria de Habitação do Município de São Paulo – SEHAB e nas prefeituras dos demais municípios. 2 ABES – Trabalhos Técnicos 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental Após a identificação das áreas foram realizadas inspeções de campo precedidas de entrevista com o líder comunitário do local, às vezes, mais de um, para um levantamento das seguintes informações: 1. Nome da comunidade 2. Nomes dos líderes da comunidade/entidade 3. Número de habitantes 4. Número de moradias 5. Tipo da construção 6. Aspecto das construções 7. Adensamento 8. Existência de área com risco de acidentes 9. Situação do abastecimento 10. Infra estrutura existente 11. Acesso à comunidade 12. Observações Também foram tiradas fotos e traçados os limites de abrangência das comunidades nas plantas cadastrais de rede de água ou nas páginas do guia de ruas. Através da análise das fichas de caracterização, preenchidas pelos líderes comunitários, juntamente com o documentário fotográfico elaborado para cada área, foi realizada uma seleção de cinco núcleos com diferentes características de ocupação, de forma a possibilitar a adoção de parâmetros para determinação do número de domicílios e, consequentemente, a estimativa da população residente nessas áreas. Procurou-se atingir como amostra, um percentual mínimo de 1% do número de domicílios. Este valor é estatisticamente embasado em função do universo a ser amostrado ter baixa diversidade quanto às suas características principais, ou seja, edificações precárias, de baixo padrão. Além disso, contava-se ainda com outras fontes de informação, oriundas dos projetos do Programa Prosanear, elaborados para áreas distintas daquelas escolhidas com amostras, que serviram como comparação e validação dos resultados obtidos no micro-censo. Foram escolhidas áreas de tamanhos e características diferentes, visando obter resultados representativos para o universo de comunidades identificadas. Por exemplo, pesquisou-se apenas uma área com ocupação predominante de barracos de madeira, pois verificou-se nas inspeções de campo que este tipo de ocupação não é muito significante no universo das áreas identificadas. Predominam as edificações de alvenaria, apesar de rústicas, sem acabamento e de pequeno porte. Outra decisão baseada nos resultados das inspeções de campo foi o de amostrar apenas comunidades no município de São Paulo, em função deste abrigar praticamente 95% dos domicílios totais. O micro-censo foi aplicado nas seguintes comunidades: ü ü ü ü ü Comunidade Churupita – Setor de abastecimento Jaraguá Comunidade Jardim Alvina/Jardim Rincão – Setor de abastecimento Jaraguá Comunidade Jardim do Russo – Setor de abastecimento Perus Comunidade Beira Rio – Setor de abastecimento Casa Verde Comunidade Casa Verde – Setor de abastecimento Vila Nova Cachoeirinha Foram pesquisados 1.260 domicílios, sendo o resultado final estimado em 120.000 domicílios no município de São Paulo e 6.700 nos demais municípios integrantes da Unidade de Negócio Norte. Para a obtenção do índice referente à taxa de ocupação das áreas, foram considerados todos os domicílios, inclusive os que se encontravam fechados na ocasião da pesquisa. Feita a contagem dos domicílios estabelecidos em cada área, através dos limites definidos em campo, obtevese a área bruta efetivamente ocupada em cada comunidade amostrada através da utilização de plantas digitalizadas. ABES – Trabalhos Técnicos 3 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental Os dados obtidos, em termos de domicílios por hectare, foram ajustados e classificados em padrões (alto, médio e baixo), considerando-se principalmente as características apresentadas em cada área ocupada, que foram observadas na fase de caracterização. Nas Tabela 1 apresentamos a taxa de ocupação em domicílios/hectare e na Tabela 2 a taxa de ocupação adotada para cada comunidade amostrada. Tabela 1: Taxa de Ocupação em Domicílios/Hectare. Comunidade Área Número de Densidade Tipo de Tipo de Ocupada Moradias/ (domicílio Construção Ocupação (ha) domicílio /ha) Beira-Rio 1,04 272 262 Madeira Favela Jardim do Russo 2,40 (*) 258 108 Alvenaria Favela Casa Verde 0,54 72 134 Alvenaria Favela Jardim Alvina / Jardim Rincão Churupita 2,01 262 130 Alvenaria 2,44 397 162 Alvenaria Área Invadida Área Invadida Tabela 2: Taxa de Ocupação Adotada. Tipo de construção Classificação Densidade da Densidade (dom/ha) Alvenaria Baixa 108 Alvenaria/Madeira Alvenaria Média 134 Alvenaria/Madeira Alvenaria Média 130 Alvenaria/Madeira Alvenaria Alta 162 Alvenaria/Madeira Madeira Alta 262 Tipo de Ocupação Favela/Área invadida Favela/Área invadida Favela/Área invadida Favela/Área invadida Característica Principal da Área Ocupada Entorno: área completamente urbanizada Fundo de vale (córrego) Entorno: área completamente urbanizada Fundo de vale (córrego) Morro Características das Áreas Ocupadas - Fundo de vale com córrego a céu aberto - Áreas com ocupação esparsa - Ocupação em área completamente urbanizada - Fundo de vale com córrego - Morro - Áreas Planas - Beira de Córrego Favela/Área - Ocupação em área completamente invadida urbanizada - Beira de Córrego Com os dados resultantes das pesquisas efetuadas através do micro-censo realizado nas cinco áreas selecionadas, foi estimada a população atual que ocupa as áreas invadidas ou favelas nas áreas da Unidade de Negócio Norte inseridas no município de São Paulo. Conforme citado anteriormente, foram pesquisados e utilizados ainda como comparação aos dados resultantes do micro-censo, os valores da população e respectivas taxas de ocupação utilizadas em áreas semelhantes os projetos elaborados no contexto do Programa Prosanear na Unidade de Negócio Norte. A partir dos resultados do micro-censo, foram extraídos os valores referentes à população e número de moradias encontradas relativas a cada área recenseada. Para obtenção da taxa de ocupação por domicílio, considerou-se somente as informações relativas aqueles efetivamente ocupados, extraindo-se os domicílios que se encontravam fechados na ocasião da pesquisa. 4 ABES – Trabalhos Técnicos 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental Na tabela 3 estão as taxas de ocupação utilizadas no Programa Prosanear. Tabela 3: Taxas de Ocupação utilizadas no Programa Prosanear. Comunidade Número de Número de Taxa de Ocupação Domicílios Habitantes Airosa 534 2.243 4,20 Jardim Portal II 473 2.176 4,60 Jardim Campo Limpo 435 1.784 4,10 Palácio Monroe 106 485 4,57 Palácio Guanabara 404 1.714 4,24 Ipanema 269 1.100 4,09 Matimpererê 130 578 4,45 Jardim Fontális 1.113 4.034 3,62 Jardim Rincão I 523 2.290 4,38 Jardim Rincão II 336 1.241 3,69 Dos resultados encontrados observa-se que os dados relativos às taxas de ocupação encontradas nas pesquisas e nos projetos elaborados dentro do Programa Prosanear estão muito próximos, apresentando valores médios de 3,82 hab/dom e 4,08 hab/dom, respectivamente. Para a obtenção dos dados relativos a população das áreas caracterizadas por este trabalho, foi utilizada uma taxa de ocupação média de 4,0 hab/dom. Na tabela 4 apresentamos o número de domicílios x população estimada nas áreas de pesquisa. Tabela 4: Número de Domicílios x População Estimada nas Áreas de Pesquisa. Comunidade Setor de Número de Número de Número de Abastecimento Moradias Moradias Habitantes Pesquisadas Fechadas (pesquisa) Beira-Rio Casa Verde 272 90 608 Jardim do Russo Perus 258 47 789 Casa Verde V. N. 72 16 218 Cachoeirinha Jardim Alvina / Jaraguá 262 36 916 Jardim Rincão Churupita Jaraguá 397 63 1.325 Total 1.261 252 3.856 Número de Habitantes Total (estimado) 908 964 280 1.061 1.576 4.789 AVALIAÇÃO DO PADRÃO DE CONSUMO O padrão de consumo, a ser utilizado para a determinação do volume efetivamente distribuído às áreas invadidas ou favelas da Unidade de Negócio Norte, juntamente com os dados anteriores relativos ao padrão de ocupação e identificação das áreas de interesse, são os elementos básicos deste trabalho. Os procedimentos principais para determinação do parâmetro de consumo foram: ü Identificação através da análise conjunta do banco de dados comercial e dos respectivos “over lays” do número de ligações micromedidas em cada área amostrada; ü Identificação, através do micro-censo de cada área amostrada, das ligações micromedidas e aferição do número de economias em cada ligação; ü Identificação, através do micro-censo de cada área amostrada, do número de economias com ligações de água não cadastradas, ou seja, clandestinas. ABES – Trabalhos Técnicos 5 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental Além da determinação do padrão de consumo, foram levantados também os dados necessários à aplicação dos padrões estabelecidos anteriormente. Em todas as áreas identificadas e caracterizadas como área invadida ou favela foram obtidos os valores do consumo micromedido a partir do banco de dados comercial e dos “over lays”. As informações constantes do banco de dados comercial foram separadas por setores de abastecimento e municípios, compatibilizados com os setores fiscais e respectivas quadras. Estes dados foram tabulados de forma que as informações necessárias aos levantamentos dos consumos micromedidos, para as áreas caracterizadas, fossem obtidos de forma sintetizada. Para as áreas onde foram aplicadas o micro-censo, a delimitação das áreas nos “over lays” foi precisa, permitindo que os dados de entrada para a pesquisa do volume consumido no banco de dados, para a respectiva área, apresentasse como resultado, o volume real micromedido da comunidade em estudo. A partir desse levantamento foi feito ainda um levantamento do consumo por tipo de economia e tipo de cobrança, para cada ligação, obtendo-se o consumo médio por economia/mês para as ligações tipo normal, social e favela. O consumo médio foi obtido a partir da média de consumo de doze meses. O período de leitura utilizado referiu-se aos meses de setembro/99 a agosto/00. Os resultados levantados a partir do banco de dados comercial foram separados e identificados, para cada área caracterizada, por tipo de economia, tipo de cobrança, ligação e número de economias atendidas. Pretendeu-se, trabalhando com uma média de doze meses, incluir, no consumo médio, todas as variações que pudessem ocorrer no período, de forma a se obter um resultado que mais se aproxime da realidade. Essa média de consumo exclui ligações com consumo zero, mesmo sendo estas, ligações do tipo social ou favela, e ligações que se apresentassem dentro de uma faixa que não seja tão representativa no cômputo geral do consumo. É importante ressaltar que para as ligações clandestinas ou não cadastradas no banco de dados comercial, adotou-se como padrão de consumo o valor obtido para a ligação tipo favela. Isso se justifica pelo fato de que a tarifação tipo favela não conduz ao controle do desperdício por parte do consumidor, o que em muito se assemelha ao consumidor típico das ligações clandestinas. Na tabela 5 apresentamos os parâmetros de consumos médios nas áreas pesquisadas. Tabela 5: Parâmetros de Consumos Médios nas Áreas Pesquisadas. Densidade Consumo Médio Geral * Consumo Médio por Consumo Médio por (domicílios/ha) (m³/mês) ligação normal ligação favela (m³/mês) (m³/mês) 262 ** ** ** 108 15,33 12,92 26,29 134 24,62 8,28 40,96 130 20,34 15,56 23,09 162 13,25 11,25 28,09 * O Consumo Médio Geral é a média da soma do Consumo Médio por ligação normal e o Consumo Médio por ligação favela. ** não existem hidrômetros instalados nessa comunidade. AVALIAÇÃO DO VOLUME NÃO FATURADO Para avaliação do volume não faturado foram utilizadas as projeções de domicílios (economias) não cadastradas multiplicadas pelos padrões de consumo levantados nas áreas de micro-censo. 6 ABES – Trabalhos Técnicos 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental A avaliação foi realizada por favela aplicando-se o padrão de consumo similar ao tipo de ocupação, a Tabela 6 apresenta o resumo dos volumes não faturados para o município de São Paulo por setor de abastecimento. Tabela 6: Volumes não Faturados por Setor de Abastecimento. Setor de Abastecimento Número Número de Número de Total de Economias Economias Economias do Cadastro Não Comercial Cadastradas Edu Chaves Vila Maria Mirante Casa Verde Jaguara Brasilândia Freguesia do Ó Vila Nova Cachoeirinha Guaraú Jaçanã Jaraguá Perus Pirituba Total Geral 1.718 5.233 721 907 78 6.530 1.723 8.026 22.277 29.289 32.997 2.017 8.484 120.000 532 1.996 102 93 77 3.363 1.482 4.668 9.438 10.319 15.127 703 3.609 51.509 1.186 3.237 619 814 1 3.167 241 3.358 12.839 18.970 17.870 1.171 4.875 68.348 Volume Projetado não Faturado (m³/mês) 43.646 96.094 18.328 30.254 28 88.375 6.770 107.221 367.044 716.661 612.662 38.835 148.678 2.274.596 Volume Micro Medido (m³/mês) Volume Consumido Total (m³/mês) 7.219 45.081 2.108 1.695 1.318 50.904 26.821 74.114 189.689 97.464 197.134 10.647 74.685 778.879 50.865 141.175 20.437 31.949 1.346 139.279 33.591 181.335 556.733 814.125 809.796 49.482 223.363 3.053.476 As áreas caracterizadas como invadidas ou favelas apresentam, aproximadamente, 68.348 economias não cadastradas, podendo ser consideradas como clandestinas, consumindo um volume total da ordem de 2.274.596 m³/mês. A política tarifária atual considera a coexistência de três tipos de tarifas nesta áreas consideradas como invadidas ou de favelas. São elas: tarifa normal, tarifa social e tarifa favela. A regularização destas economias, em termos de abastecimento de água, passaria por um processo de recadastramento e individualização de ligações, além de obras de urbanização para permitir a implantação de redes de distribuição de água. Após a regularização, poderá ser aplicada um dos tipos de tarifa existente. A tarifa tipo favela deverá ser desconsiderada, pois é um incentivo ao desperdício de água. A seguir apresentaremos os valores que permitem avaliar, de forma global, as perdas financeiras decorrentes da manutenção da situação existente, que são: ü ü ü ü ü ü ü Número de economias não cadastradas – 68.348 Volume consumido pelas economias não cadastradas – 2.274.596 m³/mês Consumo médio mensal de uma economia com tarifa normal/social – 12 m³ Valor da conta média com tarifa normal – R$ 8,70 Valor da conta média com tarifa social – R$ 4,35 Consumo total com a situação regularizada – 820.176 m³/mês Volume efetivamente desperdiçado – 1.454.420 m³/mês Considerando os valores apresentados pode-se avaliar os seguintes valores de perdas financeiras: ü ü ü ü ü Receita potencial com tarifa normal – R$ 594.627,60/mês Receita potencial com tarifa social – R$ 297.313,80/mês Perda com volume desperdiçado (R$ 0,36/m³) – R$ 523.591,20/mês Perda total com tarifa normal – R$ 1.118.218,80/mês Perda total com tarifa social – R$ 820.905,00/mês ABES – Trabalhos Técnicos 7 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental CONCLUSÃO O trabalho apresentado faz parte de um estudo desenvolvido com o objetivo de dotar a Unidade de Negócio Norte de informações visando: ü a avaliação do volume não faturado; ü a avaliação da política tarifária, e ü a avaliação dos projetos e programas em andamento. Os volumes não faturados serão aplicados na matriz de controle de perdas como usos sociais, atendendo a primeira parte dos objetivos visados. Os demais objetivos têm a finalidade de subsidiar a elaboração de planos de ação para correção ou minimização dos problemas apresentados. Podemos verificar que as perdas financeiras podem atingir valores entre R$ 800.000,00 e R$ 1.200.000,00 por mês, considerando a receita potencial de um consumo disciplinado, com tarifa social ou normal e o custo da diferença do volume que estaria sendo economizado a um valor unitário estimado em R$ 0,36/m³. Para minimizar esta situação apresentada existe a necessidade de investimento na forma de: ü Recadastramento de ligações; ü Individualização de ligações, e ü Efetivação de ligações de água. A solução mais consistente é a parceria entre os governos federal, estadual e municipal para o desenvolvimento dos programas de saneamento e educação ambiental para as comunidades de baixa renda. BIBLIOGRAFIA 1. SABESP. Avaliação dos Volumes Não Faturados em Áreas Invadidas e Favelas na Unidade de Negócio Norte. Contrato 11.749/00 firmado com a Hagaplan Planejamento e Projetos S/C Ltda. São Paulo, SP, 2000. 8 ABES – Trabalhos Técnicos