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São Paulo, quinta-feira, 15 de outubro de 2015
Especial
Fotos: Divulgação/Imagens: Reprodução
Educação financeira
e previdenciária
deve e pode
começar na infância
No dia a dia, é um grande desafio explicar às crianças
que elas não podem ganhar tudo o que pedem e na
hora que querem
Thaís Restom/Portal Previdência Total
O
cenário instável da economia brasileira é um
bom momento para refletir sobre a importância do planejamento financeiro e do hábito
de poupar. E rememorando a semana em que se comemorou o Dia das Crianças, nada mais importante
do que já começar a ensinar aos pequenos o valor do
dinheiro e que nem sempre é possível comprar tudo
o que desejam.
A percepção sobre a necessidade de se prover educação financeira desde a infância vem ganhando espaço
no país. Segundo estudo recente da Boa Vista SCPC
(Serviço Central de Proteção ao Crédito), 88% dos
brasileiros consideram muito importante a educação
financeira para crianças, contra 76% registrado no
ano passado. O levantamento também revela que 49%
têm o hábito de poupar para os filhos.
Ricardo Humberto Rocha, professor de finanças do
INSPER e autor do livro "Como esticar seu dinheiro –
educação financeira para família", afirma que a partir
ao pedido dos filhos na
hora das compras.
Muitas vezes, nem é
preciso que os filhos
manifestem o desejo de ganhar um presente para
recebê-lo: 59,6% das mães compram produtos “supérfluos” sem que eles peçam, apenas pelo prazer
de vê-los usarem coisas
que gostam. “O estímulo
ao consumismo, não raro,
começa dentro de casa.
As mães querem sempre
satisfazer seus filhos,
o que é compreensível,
mas a vontade de agradar
as crianças não pode se
sobrepor às condições do
próprio bolso”, afirma a
economista-chefe do SPC
Brasil, Marcela Kawauti.
Para o educador financeiro Reinaldo Domingos
muitos pais têm dificuldade em transmitir o
significado do dinheiro
aos filhos justamente
porque eles não tiveram
esse tipo de orientação
no passado. “Um dos caminhos para essas famílias
educarem financeiramente suas crianças é estimulálas a identificar seus sonhos de curto, médio e longo
prazo, ensinando-lhes a investigar quanto custam
e, juntos, começar a poupar. A partir dos sete anos
isso pode se dar por meio de semanada ou mesada”,
acredita.
O crescimento da expectativa de vida e o recuo na
taxa de fecundidade do brasileiro são os principais
desafios para a sustentação da Previdência Social
no futuro, já que o número de pessoas beneficiadas
cresce muito mais do que aquelas que contribuem.
De acordo com o último levantamento do IBGE, a
expectativa de vida ao nascer no Brasil subiu para
74,9 anos. Por isso, os especialistas recomendam
que as crianças e jovens de hoje sejam educados o
quanto antes sobre a importância do sistema previdenciário para a garantia dos direitos dos idosos e
aposentados.
Marco Aurélio Serau Jr., professor e autor de obras
em Direto Previdenciário, acredita que a Previdência
Social, não só no Brasil como no mundo, está passando por um processo muito grande de transformação.
“Por tudo isso, a preparação e o planejamento previdenciário devem começar cedo, seja poupando em
planos de previdência privada, seja contribuindo ao
Regime Geral da Previdência Social desde o momento
permitido em lei”, diz.
O especialista diz que a Previdência Social sustentase a partir de uma base de contribuintes bastante
ampla, e para isso, a participação dos jovens e
crianças é fundamental. “Entretanto, visualizo que
a atual geração de crianças e adolescentes terá, no
futuro, uma cobertura previdenciária bem diversa da
atual, possivelmente de menor qualidade”, observa
Serau Jr.
Previdência privada e poupança são
opções para os pequenos
Conforme a expectativa de vida dos brasileiros aumenta,
a quantidade de planos de previdência privada contratados
cresce cada vez mais. É o que afirma a superintendente
comercial de Vida e Previdência da Porto Seguro, Fernanda Pasquarelli. “Esses pais, cientes de que suas crianças
viverão mais, procuram formar uma reserva financeira
como algo necessário para garantir o futuro delas. E o
plano de previdência possibilita que elas sejam beneficiadas
futuramente pelo recurso acumulado”, diz.
da pré-escola já é possível incentivar a criança a fazer
contas e ensinar-lhe o valor da moeda. “Nessa fase
é importante que os pais apresentem o conceito do
cofrinho e mostrem como é possível poupar dinheiro
para alcançar um objetivo no futuro”, diz.
Na opinião do especialista, as escolas têm um papel
diferente nesse processo. “Elas devem se preocupar
em ensinar corretamente português e matemática,
porque o maior problema que observo hoje é a dificuldade das pessoas para interpretar textos e fazer
contas. Se desde a infância esses ensinamentos forem
melhor trabalhados, as pessoas terão condições de
entender o mundo financeiro por conta própria”,
acredita.
Educar os filhos a consumir de forma responsável
não é uma tarefa simples. No dia a dia, é um grande
desafio explicar às crianças que elas não podem ganhar tudo o que pedem e na hora que querem. Uma
pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC)
e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas
(CNDL) comprova que a maioria das mães brasileiras
não está preparada para isso, já que 60% não resistem
Para Lúcio Flávio de Oliveira, presidente da Bradesco
Vida e Previdência e vice-presidente da FenaPrevi, a principal vantagem de investir em um plano de previdência
privada desde a infância é que, quanto maior for o prazo
de contribuição, menor será o valor do aporte exigido para
alcançar a meta pretendida. “O brasileiro ainda tende a só
se preocupar com previdência pública ou privada quando
está mais próximo da aposentadoria. Do ponto de vista
da indústria de previdência, portanto, o desafio é reduzir
a idade de ingresso e constituição dos planos”, afirma o
especialista.
O plano de previdência privada para uma criança
deve ter um responsável financeiro, que deverá optar
por uma das modalidades do produto: PGBL ou VGBL.
O primeiro é mais indicado para quem faz a declaração
do IR no modelo completo, porque permite a dedução
das contribuições da base de cálculo, até o limite de
12% da renda bruta anual. “Já o produto VGBL é para
quem faz a declaração simplificada, tem isenção do pagamento de imposto ou já usufrui da dedução fiscal de
12% em outros planos de previdência complementar”,
orienta Soraia Fidalgo, gerente de inteligência e gestão
de clientes da Brasilprev.
Ricardo Humberto Rocha, do INSPER, recomenda a
poupança para ensinar as crianças como guardar dinheiro. “A maioria dos pais não entende muito de finanças;
então esse investimento é mais seguro. Mostrar a elas
continuamente a movimentação da conta, como os gastos
e rendimentos, é igualmente importante. O VGBL renda
variável também é uma boa opção para educá-las sobre
planejamento financeiro”, finaliza.
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